terça-feira, 27 de abril de 2010

Descrição morfológica Tilletia ayresii

Fernando B. Alamy


O agente causal do carvão-da-braquiária é o fungo Tilletia ayresii, pertencente ao reino Fungi – de ordem Ustilaginales – da divisão Basidiomicota, família Tilletiacea, e seus principais esporos assexuados são os teliósporos e os sexuados são os basidiósporos, segundo Bergamin (1995).
O carvão da braquiária é uma doença conhecida em várias regiões do Brasil, como nos estados de São Paulo, Minas Gerais, e no sul de Goiás; pois essas regiões oferecem climas e condições favoráveis a esse patógeno. É considerada doença de importância secundária apesar de que possa causar um prejuízo em torno de 10% à 50% na pecuária bovina. (E. J. B. N. Cardoso).
As plantas afetadas espigam um pouco antes que as plantas sadias. Os soros tomam a posição das sementes e estão, inicialmente, recobertos por uma delicada membrana acinzentada que muito cedo se rompe, deixando exposta uma massa de esporos negros e pulverulentos. Em alguns casos, podem aparecer soros nas folhas situadas abaixo da espiga. (E. J. B. N. Cardoso).
No mesmo livro, Bergamin (1995) cita também que este patógeno apresenta especificidade quanto ao hospedeiro, são parasitas evoluídos e obrigatórios. Normalmente desenvolvem micélio monocariótico e dicariótico. Os esporos são facilmente disseminados pelo vento, podendo atingir hospedeiros localizados nas proximidades ou a grandes distâncias da fonte do inóculo.
Os teliósporos são esféricos unicelulares, dicarióticos e após a ocorrência de cariogamia e meiose, germinam, formando um promicélio ou tubo germinativo. Esta estrutura diferencia-se numa basídia septada que por sua vez origina os basidiósporos cilíndricos unicelulares e haplóides. A germinação do basidiósporo da origem à hifa primária. Através do processo de plasmogamia as hifas primárias unem-se aos pares e formam as hifas secundárias que penetram e colonizam os tecidos do hospedeiro, e preferencialmente órgãos florais, o que serve de complemento para o raciocínio de Bergamin (1995).
Os clamidósporos tem um período de viabilidade relativamente curto: alguns meses. Para haver inoculação necessita-se de um período úmido e fresco durante a floração, segundo H, Kimati (1980).
Em todos os casos de carvões aparece grande variabilidade genética, o que implica no aparecimento de raças patogênicas. A existência das raças deve-se em grande parte, ao mecanismo de recombinação genética que ocorre durante o processo de meiose. Bergamin (1995).
As medidas de controle é o emprego de variedades resistentes que, nos países agronomicamente desenvolvidos é um fato bastante corriqueiro. Aqui no Brasil muitas variedades são suscetíveis. Como nesse caso, também é preciso ao se proceder o melhoramento visando conferir a resistência deste patógeno. Existem pelo menos 12 raças fisiológicas no Brasil. (E. J. B. N. Cardoso).
Outro método de controle recomendado é o emprego de sementes sadias, selecionadas de campos isentos de doença, ou de sementes tratadas. O tratamento de semente mais indicado em:
1) Imersão em água a 20-30°C por 4 a 6 horas.
2) Imersão em água a 41-44°C por 1 minuto.
3) Imersão em água de 51-54°C por 10 minutos.
4) Esfriar e secar.

Também é recomendável eliminar as espigas afetadas a fim de diminuir a quantidade de inóculo no campo e a obtenção de sementes certificadas. (E. J. B. N. Cardoso).


A pesquisa feita teve como objetivo realizar uma descrição micológica do fungo Tilletia ayressi,de família, ordem e reino já anteriormente especificados. O trabalho acima apresentado também expõe um pouco mais sobre o grupo de doenças conhecidas como “carvões”, devido a presença de massas pulverulentas de coloração negra encontrada na parte aérea da planta doente.



Foram analisadas no laboratório de Microbiologia do IFGoiano - Campus Urutaí, folhas de braquiária contendo carvões da espécie Tilletia ayresii.
Foi utilizado o método de pescagem direta, que consiste em coleta do material desejado com a ajuda de uma pinça com formato de agulha, e o material coletado é colocado em uma lâmina para estudo e observação do mesmo. Na confecção da lâmina utilizaram-se lamínulas, corante lactofenolcotton-blue e o material coletado. Primeiramente foi colocado o material coletado na lâmina, depois foi aplicado o corante e a fixação da lamínula. A visualização foi feita em seguida, através do microscópio óptico e também com a lupa esterioscópio.
Para visualização futura, foi utilizada uma câmera fotográfica Canon modelo Power Shot A580 para registro. Logo após, utilizou-se esmalte para melhor fixação da lamínula na lâmina, e foi guardada a amostra para estudos posteriores.






















Figura 1. Aspectos morfológicos de Tilletia ayresii. A. panícula produzindo abundante massa escura e enegrecida de teliósporos(bar=150µm), B. Panícula desidratada e chocha, C. teliósporo maduro (escuro) e imaturo (hialino)(bar=45µm), D. teliósporo de parede espessa e superfície irregular(bar=8,5µm).



DESCRIÇÃO MICOLÓGICA

Na figura A apresenta uma panícula produzindo uma massa escura e enegrecida de teliósporos. As doenças causadas por esse fungo ficam conhecidas como carvões devido a presença de massas pulverulentas de panícula desidratada e chocha encontradas na parte aérea de plantas doentes (fig.B) (Index Fungorum).

Os teliósporos são de parede espessa e superfície irregular unicelulares, esféricos, binucleados, podendo apresentar superfície lisa ou ornamentada. São formados a partir do micélio dicariótico, de modo intercalar, a partir da diferenciação das células que compõe as hifas (fig.D). Estas desenvolvem-se normalmente , no interior de partes vegetais originárias de grãos e meristemas modificados. Os basidiósporos são ovalados, unicelulares, uninucleados, hialinos e normalmente não exibem ornamentações (fig. C). Estes esporos são produzidos a partir da germinação do teliósporos. Os basidiósporos podem se multiplicar por brotamento ou podem germinar e produzir um tubo germinativo, que dará origem a uma hifa. O micélio produzido por um basidiósporo é chamado de primário (monocariótico) e não tem capacidade de colonizar os tecidos da planta hospedeira. Em alguns casos dois micélios se unem formando e formam o micélio secundário (Christensen, J.P).

LITERATURA CITADA

BERGAMIN, A.F.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia. 3ª Ed. Ceres: Ave-Maria, 1991.
http://www.zeamays.com.br/doencas/carvoes.htm.
Acesso: 22/06/2010

http://www.canavialis.com.br/newsletter/CanaVialis_Results_Report_6Edicao.pdf.
Acesso: 23/06/2010

CARDOSO, E.J.B.N; Manual de Fitopatologia (Doenças das plantas cultivadas). São Paulo: Agronômica Ceres Ltda., 1980, Vol. 2.
Christensen, J.P; Corn smut caused by Tilletia ayressi. American Phytopathologycal Society 2: 1963.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Seguidores

Postagens populares da Ultima Semana