quinta-feira, 15 de abril de 2010

“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Pestalotia sp.”

GERALDO A. NETO


Os microrganismos geralmente interagem com a planta, vivendo dentro dela, invadindo seus tecidos, gerando então o processo infeccioso. Este por sua vez, ao colonizar a planta, retira os nutrientes para seu desenvolvimento, o que caracteriza, nestas circunstâncias, como um agente parasitário. Por isso, é importante saber a taxonomia dos agentes causadores de doenças, bem como sua causa, efeito e conseqüência.
Barnett e Hunter (1998) listaram as principais características morfológicas de Pestalotia sp.,: este fungo apresenta frutificações acervuláres, claras, discóides ou em forma de almofada, seu posicionamento é subepidérmico; conidióforos são curtos, simples, conídios são escuros, unicelulares, hialinos, fusóides, elipsóides, sendo encontrados parasitando plantas ou em condições de saprofitismo.
Dos coelomicetos o mais fácil de se identificar é o fungo pertencente ao Pestalotia sp. devido seu inconfundível apêndice axial. Os gêneros são separados por septação de conídios e número de apêndices, exceto para Seimatosporium sp. que se distingue de todos os outros devido a presença de um apêndice exógeno basal. Pestalotia sp. é o único gênero com conídios distoseptados dentro dos fungos acervulares (Sutton, 1998).
Deiscência irregular, conidióforos hialinos, irregularmente ramificado, septado, liso, formados a partir de células superiores. As células conidiogênicas são holoblásticos, anelídicas, indeterminadas, integradas cilíndricas, hialinas, lisas, com 1-3 proliferações percorrente. Conídios fusiformes, em linha reta ou ligeiramente curvados, formado por 6 células; célula basal é hialina, com paredes finas, truncada, com um apêndice, endógeno celular, simples ou ramificado dicotomicamente; a célula apical é cônica, prolongada, de parede fina, hialinas, com 3-9 apêndices apical, simples ou apêndices ramificados (Sutton, 1998).
De acordo com o INDEX FUNGORUM (2009) o gênero Pestalotia sp. apresenta a seguinte organização taxonômica: pertence ao reino Fungi, grupo dos fungos Mitospóricos e ao subgrupo dos Coelomicetos. Existem registrados 590 espécies, variedades e formas especiais de Pestalotia sp. válidos no mundo.
Negrão et al. (2009), fez o experimento com produção de mudas de eucalipto observou uma incidência em tubetes plásticos de Pestalotia sp..
Almeida et al., 2009, realizou a aplicação de ozônio e analisou os danos causados pós-colheita pelo fungo Pestalotia sp. e observou-se que os mesmos foram reduzidos.
Souza et al., 2007, nos mostra a eficiência do óleo essencial de Citronela na inibição de fungos fitopatogênicos, foi utilizado em diferentes dosagens para inibir o crescimento micelial do fungo. Mas ele não conseguiu inibir totalmente o crescimento da Pestalotia sp., em nenhuma das dosagens utilizadas, e nos mostra também, que o óleo de Citronela vem como uma possível forma de controle para alguns isolados de fungos fitopatogênicos.
Há fungos identificados em mudas, que são provenientes de sementes, que podem conter vários patógenos causadores de doenças fungicas, das quais Silva et al. (2008), identificou Pestalotia sp..
A cultura do coqueiro no estado do Paraná, é afetada por Pestalotia sp. A doença causa requeima foliar que abrange de manchas negras, ligeiramente arredondadas evoluindo para lesões de formato ovalado a elíptico com bordos negros, no sentido das nervuras, podendo atingir até 3 cm. Num estádio mais avançado, as manchas coalescem resultando uma seca de todo ou de grande parte do folíolo. Em períodos chuvosos e de alta temperatura, grande quantidade de conídios são formados na superfície do tecido hospedeiro. A doença tem sido muito mais agravante em plantas híbridas. Os conídios são produzidos em abundância nos acérvulos, podendo ser facilmente disseminados, principalmente pelo vento, insetos e respingos de chuva (Vida et al., 2003)
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Pestalotia sp.
Amostras contendo propágulos fungicas foram analisadas no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano-Campus Urutaí onde o fungo da Pestalotia sp. foi identificado.
As amostras foram coletadas de sementes de plantas denominada popularmente de “Pororoca”. As sementes estavam acondicionadas em condições de câmara úmida.
No dia 11 de novembro de 2009, o mesmo foi coletado da vasilha, onde se encontrava, para a análise e preparação de uma lâmina semi-permanente de suas hifas. Para coleta, foi utilizado um estilete contendo uma agulha na ponta, onde utilizando o método de “pescagem direta” e com o auxílio de um microscópio ótico depositou fragmentos miceliais em uma gota de corante azul-de-algodão. Logo após homogeneização dos fragmentos depositados, depositou-se uma lamínula sobre a gota e os fragmentos. A vedação foi realizada com esmalte de unha.Macro e microfotografias foram realizadas utilizando microscópio estereoscópio. Tiramos eventuais fotos do fungo, onde se foi observado pelo microscópio estereoscópico e fotografado por uma máquina digital Canon Power A580. As fotos foram colocadas na prancha, e serviu para explicar e exemplificar o desenvolvimento do trabalho.





DESCRIÇÃO MICOLÓGICA

Observou-se acérvulos sobre a superfície da semente com aspecto mucóide. Os conídios apresentavam de 2-3 apêndices, hialinos (transparentes), as células medianas são de coloração mais escuras, as células apicais são prolongadas, também hialinas e filiformes. Um conídio, pode ser denominado conidiósporos (termo utilizando antigamente), e é também considerado um esporo assexual. Também são chamados de mitósporos devido ao processo pelo qual são formados (pelo processo de mitose). São células haplóides, geneticamente semelhantes aos progenitores, sendo capazes de gerar um novo organismo se encontrarem condições favoráveis. A hifa de Pestalotia sp. representa um longo e ramificado filamento que em conjunto com outras hifas formam um talo de fungo (micelial), que é multisseptada.

REFERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

ALMEIDA, AM; FISCHER, IH; BERTANI, RMA; GARCIA, MJDM; FILETTI, MS, SPADOTTI, DMA. Doenças pós-colheita em frutos de goiaba “Cascão e Milênio”. Tropical Plant Pathology 34 (Suplemento ):219, 2009.
BARNETT, H.L. e Hunter, B.B. HUNTER, Barry B. The American Phytopathological Society, Illustrated Genera of Imperfect Fungi, Fourth Edition, 1998.
INDEX FUNGORUM, Disponível em:<>, acessado em novembro de 2009.
NEGRÃO, DR; SILVA JúniorR, TAF; PASSADOR, MM; HAYER, JFS; ITAKO, AT; FURTADO, El. Produção de mudas e incidência de doença em Eucalyptus citriodora sob diferentes sistemas de cultivo. Tropical Plant Pathology 34 (Suplemento):213, 2009.
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SILVA, GB, BATISTA TFC, LUSTOSA DC, OLIVEIRA fc, Souza VCS, NASCIMENTO GL. Prospecção de fungos associados a espécies vegetais em áreas petrolíferas na Amazônia. Tropical Plant Pathology 33(Suplemento): 241, 2008.
SOUZA, AEF; NASCIMENTO, LC; SANTOS,LAL; ARAÚJO, E; SOUTO,FM; Gomes, ECS; LOPES, EB. Ocorrência de doenças em palma forrageira (Opuntia fícus-indica) no semi-árido paraibano. Tropical Plant Pathology 34 (Suplemento ):135, 2009.
SOUZA, D.C.; Firmino,A.C.; Tozze Júnior, H.J.; Massola Júnior N.S. Eficiência do óleo de citronela na inibição de fungos patogênicos. Summa Phytopathol., Botucatu, v. 33 (Suplemento):64, 2007.
SUTTON, B.C. The Colelomycetes. Commonwealth Mycological Institute Kew, Surrey, England, 1980.
VIDA, J.B.; VERZIGNASSI, J.R.; TESSMANN, D.J.; OLIVEIRA, R.R.; AGUIAR, B.M.; CAIXETA, M.P.; NUNES, W.M.C. Mancha da Pestalotia na cultura do coqueiro na região norte do estado do Paraná. Fitopatol. Bras. 28 (Suplemento): 234, 2003.

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