A cercosporiose, causada pelo fungo Cercospora capsici Heald & Wolf, é uma doença de ocorrência comum na cultura do pimentão (Capsicum annuum L.) e podendo ocorrer em pimenta-do-reino (Piper sp.) . Esta é uma doença muito comum em regiões quentes ou durante o verão. Pode ocasionar intensa redução da área foliar da planta e, conseqüentemente, provocar a má formação do fruto, tornando este impróprio para a comercialização (Filha et al.,2010).
A doença se caracteriza pelas lesões acinzentadas e desfolha prematura da planta, caso ocorra um ataque severo. Os sintomas podem também ser observados no caule, ramos e pedúnculos dos frutos, onde as lesões tendem a ser maiores e mais alongadas (Matsuoka et al., 1996).
O patógeno apresenta ampla distribuição mundial, ocorrendo em países como Capsicum annuum: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola) (Leaf spot.): Brazil; Brunei Darussalam; China; Dominican Republic; India; Jamaica; Korea; Malawi; Mauritius; Mexico; Myanmar; North Carolina; Nepal; Pakistan; Philippines; Puerto Rico; Singapore; South Korea; Spain; Sudan; Tanzania; Trinidad and Tobago; Texas; Venezuela; Virgin Islands. Capsicum annuum var. annuum: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Cuba; Venezuela. Capsicum baccatum: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Colombia; Venezuela. Capsicum frutescens: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Brazil; Brunei Darussalam; California; China; Colombia; Congo, Democratic Republic of the; Costa Rica; Cuba; Eastern states; El Salvador; Guatemala; Haiti; Hawaii; Honduras; India; Mexico; Missouri; Mississippi; North Carolina; Nepal; Nicaragua; Oklahoma; Panama; Puerto Rico; Samoa; Texas; Venezuela; Virgin Islands. Capsicum frutescens var. cerasiforme: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Cuba. Capsicum frutescens var. fasciculatum: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Venezuela. Capsicum grossum: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Barbados. Capsicum sp.: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Brazil; California. Piper sp.: Cercospora capsici - (Passalora capsicicola): Philippines (Farr et al.,2010).
O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí, onde foram obtidos amostras de folhas apresentando sintomas de manchas foliares em área de cultivo de pimentão. As amostras contendo o inóculo do fungo foram analisadas em microscópio estereoscópico, após foi feita a assepsia do tecido em estudo e foram preparadas lâminas semi-permanentes contendo estruturas do patógeno, retiradas da folha do hospedeiro através de raspagem e depositadas sob fixador a base de azul-de-algodão para observação em microscópio óptico.
Também foram realizados cortes histológicos da folha do hospedeiro e colocadas em fixador a base de azul-de-algodão para observação em microscópio ótico da interação do patógeno com o hospedeiro.
Ao final das observações, foram tiradas fotografias utilizando câmera digital (Sony CANON Power Shot A580). As fotos contendo, diferentes estruturas fúngicas C. capsici, foram organizadas em uma prancha de fotos, onde as mesmas foram devidamente identificadas.
Os sinais do patógeno foram coletados utilizando estilete e pinça de relojoeiro e foram depositadas em meios de cultura ágar-ágar (AA) e as culturas mantidas em temperatura ambiente. Após o crescimento micelial , foi realizada a repicagem que consiste na retirada do fragmento micelial do ágar-ágar e transferido para o meio BDA (batata-dextrose-ágar), e mantido em temperatura ambiente para a observação do seu crescimento. Porém, em meio BDA não houve o desenvolvimento do patógeno (C. capsici).
Hospedeiro/cultura: Pimentão (Capsicum annuum L.)
Família Botânica: Solanaceae
Doença: Cercosporiose
Agente Causal (Teleomorfo): Cercospora capsici
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano campus Urutaí
Data de Coleta: 22/03/2010
Taxonomia: A fase anamórfica pertence ao Reino Fungi, e pertence ao grupo incerto Fungos mitospóricos, sub-grupo dos hifomicetos. A fase teleomórfica pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, classe Dothideomycetes, ordem Capnodiales, família Mycosphaerellaceae, gênero Cercospora sp.
Sintomatologia
Os sintomas da doença ocorrem principalmente nas folhas, que apresentam inicialmente, lesões aquosas translúcidas, de coloração verde-escura. Com o desenvolvimento da doença, as lesões tornam-se branca-acizentadas, de formato circular, apresentando anéis concêntricos, com bordos escuros e centro cinza-claro (Fig. 1A). As lesões podem coalescer, formando grandes áreas necróticas, que se desprendem das folhas. Sob condições ambientais favoráveis, pode ocorrer intensa desfolha, que favorece a exposição dos frutos diretamente a luz solar, bem como, ao ataque de organismos secundários. Os sintomas podem também ser observados no caule, ramos e pedúnculos dos frutos onde as lesões tendem a ser maiores e mais alongadas (Lopes e Ávila, 2003).
Etiologia
O fungo Cercospora capsici, causador da cercosporiose em várias espécies do gênero Capsicum, tem como sinônimo Phaeoramularia unamunoi (E. Castell.) Munt.-Cvetk e Cercospora unamunoi E. Castell. (Mendes, 2010).
O patógeno possui colônias anfígenas, conídios fasciculados, de cor marrom meio pálido ou marrom oliváreo, medindo 30 a 80 µm de comprimento por 4 a 6 µm de largura (Fig. 1D). Possui conídios hialinos, filiformes com 5 a 15 septos (Fig. 1F), medindo 5 a 150 µm de comprimento por 3 a 5 µm de largura (Fitopatologia.net, 2010).
O fungo sobrevive nos restos da cultura deixados no campo na forma de micélio e conídios; também sobrevive nas sementes contaminadas superficialmente (Agrofit, 2010).
A disseminação a longa distância pode ocorrer pelas sementes contaminadas, porém esta via não é muito comum. Os conídios no campo são disseminados pelo vento e respingos da água da chuva ou da irrigação por aspersão. Trabalhadores, insetos, implementos e pássaros também contribuem para a disseminação do fungo, pois em contato com a planta que foi infectada com o patógeno, este possuirá a fonte de inóculo em seu corpo, que em contato com uma planta sadia, iniciará o processo de infecção, onde os esporos germinam em até 48 horas em condições de umidade e temperaturas ideais.
Temperaturas entre 23-27 °C, UR superior a 90 % e solos de baixa fertilidade são condições que favorecem o desenvolvimento da doença (Agrofit, 2010).
Controle
O controle se baseia em plantar sementes de boa qualidade, adquirida de firmas idôneas, ou mudas comprovadamente sadias; Evitar o plantio próximo a culturas velhas; Adubar corretamente a plantação, com base na análise de solo; Fazer um bom manejo de irrigação, evitando aplicar excesso de água; Evitar plantios em épocas com alta intensidade de chuva, especialmente quando a temperatura for alta; Eliminar os restos de cultura logo após a última colheita; Fazer rotação de culturas por, pelo menos, um ano; Pulverizar preventivamente com fungicidas registrados para a cultura (Lopes e Ávila, 2003).
Uma das medidas de controle disponíveis tem sido o emprego de fungicidas de contato ou sistêmicos, registrados no Ministério da Agricultura. Os fungicidas a base de mancozebe (Mancozeb Sipcam – 200g/ 100L de água), (Manzate 800 – 2kg/ha) e (Unizeb 800 WP – 3Kg/ha) e o produto a base de triazol (difenoconazol) (Score – 30ml/100L de água), são os mais utilizados pelos agricultores para o controle de C. capsici (Agrofit, 2010).
Figura1. Cercospora capsici em plantas de pimentão A. Parte adaxial da folha do pimentão com sintomas de Cercosporiose, B. Parte abaxial da folha de pimentão com sintomas de Cercosporiose, C. Sinais de Cercospora capsici mostradas em lupa (Bar= 16mm), D. Conidióforo (Bar= 20mm), E. Conídios fasciculados, F. Conídios filiformes e hialinos (Bar= 18mm).
LITERATURA CITADA:
AGROFIT-Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Relatório de pragas de doenças-Cercospora Capsici. Disponível em < http://bi.agricultura.gov.br/reports/rwservlet?agrofit_cons&pragas.rdf&p_cs_praga=D&p_id_praga=&p_nm_cientifico=cercospora capsici&p_nm_vulgar=&p_id_cultura=593¶mform=no> Acessado em: 21/04/2010.
Farr, D.F., e Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Retrieved June 29, 2010, from
FILHA, M.S., MICHEREFF, S.J. Cercosporiose no Pimentão. Fitopatologia. net - Herbário virtual. Departamento de Fitossanidade. Agronomia, UFRGS. Disponível em
LOPES, C.A. e ÁVILA, A.C. Doenças do pimentão: diagnose e controle. Brasília: Embrapa Hortaliças, 2003.
MATSUOKA, K.; VANETTI, C.A.; COSTA, H.; PINTO, C.M.F. Doenças causadas por fungos em pimentão e pimenta. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.18, n.184, p.64-66, 1996.
MENDES, M.A.S.; URBEN, A.F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Dispoínel em
MONTEIRO, A.J.A.; COSTA, H.; ZAMBOLIM, L. Doenças causadas por fungos e bactérias em pimentão e pimenta. In: Zambolim, L.; Vale, F.X.R.; Costa, H. (Ed.) Controle de doenças de plantas: hortaliças. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2000. v.2, p.637-675.
SENDÍN, M.A.P.; BARRIOS, J.G. Incidência de Cercospora capsici em zonas de producción de pimiento (Capsicum annuum) em Cuba. Ciências de La Agricultura, Habana, v.21, p.19-24, 1984.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Cercospora capsici. Disponível em
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