terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DO MELOEIRO E DA MELÂNCIA (Citrullus lanatus)

Márcio Nunes de Oliveira

1 INTRODUÇÃO

A cultura do melão (Cucumis melo L.), no Estado do Pará, teve expressivo incremento na década de 70, principalmente na Região Bragantina. O aumento da área cultivada foi resultante do aproveitamento do adubo residual das áreas antigos pimentais dizimados pela podridão-das-raízes e pelo secamento-dos-ramos. Essas áreas possibilitaram, por longo tempo, maior rentabilidade econômica, porém favoreceram o estabelecimento de epidemias de doenças economicamente importantes, como a podridão-gomosa-da-haste e o míldiolanugento, que se tornaram fatores limitantes à expansão da área cultivada com o melão (Duarte, 2003).

Além disso, as condições climáticas favoráveis ao estabelecimento de cultivos de melão livres de doenças e mais produtivos, prevalecentes nos Estados do Rio Grande do Norte e de Pernambuco, contribuíram para o deslocamento das plantações de melão para a Região Nordeste. Atualmente, esses estados são responsáveis pela produção e pela exportação de melão para abastecer o mercado nacional e internacional. As áreas produtoras do Pará foram drasticamente reduzidas para 15 ha, concentrando-se a produção no Município de Nova Timboteua. A variedade mais cultivada é a NNE- 4, de casca de cor branca a creme, resistente à podridão-gomosa-da-haste (Duarte, 2003).

A cultura da melancia (Citrullus vulgaris) continua sendo explorada por pequenos e médio produtores, em municípios do Estado do Pará, principalmente das Regiões Bragantina e do Salgado. O maior município é o de Curuçá, onde são cultivados 5 mil há por ano, sendo a Pérola a cultivar mais plantada. Outro município que se destaca na produção estadual é o de Santa Maria do Pará (Duarte, 2003). É a cultura Cucurbitácea com maior produção a nível mundial. A Ásia produz cerca de 85% do total mundial; a China apenas contribui com 69% do total mundial. A Europa representa 5% da produção mundial. A Espanha é o principal produtor europeu, seguida da Grécia e da Itália. África produz cerca de 4,5% do total mundial. O Egito produz mais de 50% da produção do continente africano (Domingos, 2003).

A melancia é pouco afetada por doenças de origem bacteriana, embora a Erwinia possa causar estragos em regiões de elevada umidade relativa. As principais doenças que afetam esta cultura são provocadas por fungos e vírus (Domingos, 2003).

Para que as culturas tenham êxito, é necessário desenvolver medidas de controle a fim de prevenir a ocorrência de epidemias. O número de doenças detectadas na Amazônia ainda é pequeno se comparado àquele de doenças de etiologias diversas, descritas nos principais países produtores (Duarte, 2003).

O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito das principais doenças que afetam a cultura do melão e da melancia levando em consideração uma série de aspectos discutidos a seguir.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DOENÇAS FÚNGICAS DA CULTURA DO MELÃO E DA MELANCIA

2.1.1 Antracnose (Colletotrichum orbiculare (Berck & Mont.) Arx)

A antracnose das cucurbitáceas é conhecida desde o século 19, tendo sido descrita desde 1867. É mais freqüente em melão, melancia e pepino. Algumas variedades de abóbora são menos suscetíveis à doença (Duarte, 2003).

Sintomas

Os sintomas podem surgir em pecíolos, folhas, hastes, flores e frutos, tanto em plantas jovens quanto em adultas (Duarte, 2003).

No melão, as lesões foliares aparecem próximo às nervuras e são geralmente, de formato circular, de coloração pardo-clara a avermelhada, podendo atingir mais de 10 mm de diâmetro e causar distorções. A área necrosada pode se destacar, resultando em perfurações do limbo. Nos pecíolos de nas hastes, desenvolvem-se lesões parda, alongada e pouco deprimidas. Nos frutos, as lesões são circulares e profundas, e surgem no estádio final de maturação. Em condições de umidade elevada, massas rosadas de conídios formam-se sobre os tecidos das lesões (Duarte, 2003).

Na melancia, as lesões são irregulares, confinadas pelas nervuras secundárias, apresentando-se de cor que varia de parda a escura. Nos frutos jovens, podem surgir manchas escuras, que provocam malformação e aborto dos frutos. Nos pecíolos, nas hastes e nos frutos maduros, os sintomas são semelhantes aos do melão. Na fase final de maturação dos frutos, surgem lesões de aspecto oleoso, circulares e bastante deprimidas, que crescem à proporção que os frutos completam a maturação. Em condições de alta umidade, essas lesões tornam-se escuras e parcialmente cobertas com massas de esporos (Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Colletotrichum orbiculare (Berck & Mont.) Arx. O patógeno produz estromas escuros, contendo setas e conidióforos negros, em tecidos necrosados e superficiais do hospedeiro. Os conídios são hialinos, unicelulares e oblongos. Podem apresentar um septo central no período próximo à germinação (Duarte, 2003).

Epidemiologia

Nas áreas cultivadas, o fungo sobrevive em restos de cultura. A disseminação do patógeno é feita por sementes oriundas de frutos contaminados pelo vento e pelas chuvas. Os implementos agrícolas e os operários rurais também atuam como meio de propagação dos conídios. A infecção ocorre na presença de longo período chuvoso (Duarte, 2003).

A especialização patogênica foi comprovada, tendo sido identificadas sete raças do fungo patogênico, de acordo com a habilidade de infectar hospedeiros diferenciais pertencentes a diferentes gêneros, espécies e cultivares de cucurbitáceas (Duarte, 2003).

Controle

Em virtude da existência de especialização patogênica (Wassilwa et al., 1993), os melhoristas têm tentado encontrar resistência a raças específicas, porém os resultados obtidos em relação à antracnose-do-melão não têm sido satisfatórios.

O controle químico pode ser feito pela aplicação dos fungicidas benomyl, captam ou mancozeb (Kurosawa & Pavan, 1997). Outras medidas de controle recomendadas são: estabelecer cultivos com sementes produzidas em áreas livres da antracnose; e fazer rotação de culturas com espécies não-hospedeiras, pelo prazo mínimo de 1 ano.

2.1.2 Míldio-lanugento (Pseudoperonospora cubense (Berk & M. A. Curtis))

A doença destaca-se como uma das mais importantes da cultura das cucurbitáceas. Apresenta larga distribuição geográfica, tendo sido relatada em áreas produtoras de regiões tropicais e temperadas, onde as condições de umidade e de temperatura favorecem o estabelecimento dessa enfermidade. Pode infectar pepino, melão, melancia, abóbora e outras cucurbitáceas cultivadas no campo. Na Região Amazônica, tem sido relatada principalmente na cultura do melão. Esse fato parece estar relacionado com a especialização fisiológica do patógeno (Thomas et al., 1987).

Sintomas

Os sintomas aparecem principalmente nas folhas, como áreas pequenas e levemente cloróticas, tendendo para o amarelo-brilhante, sendo menos intensas na face inferior do limbo. De início, as lesões surgem nas folhas mais velhas, avançando progressivamente para as mais novas. À proporção que a folha se desenvolve, essas lesões podem permanecer cloróticas ou tornarem-se necróticas e pardas, com margens irregulares. Em condições climáticas favoráveis, formam-se inúmeros esporângios, que dão um aspecto aveludado à face inferior da lesão, que adquire uma tonalidade que pode varias de incolor a cinzento ou a vermelho, dependendo da intensidade de esporulação (Duarte, 2003).

As lesões podem permanecer isoladas ou coalescer, aumentando a área necrosada, o que provoca o secamento das folhas e expõe os frutos à escaldadura causada pelos raios solares, resultando na perda da qualidade e na redução da quantidade de frutos comerciáveis (Viana et al., 2003; Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Pseudoperonospora cubense (Berk & M. A. Curtis) Rostovzev, um parasita obrigatório, que infecta apenas espécies da família Cucurbitaceae. Produz esporangióforos ramificados, aéreos, que surgem através dos estômatos, e produzem esporângios ovóides, papilados e de paredes finas. Em condições favoráveis, produzem e liberam zoósporos flagelados. Quando há água livre na superfície das folhas, os zoósporos germinam, emitindo um tubo germinativo que penetra nos tecidos através dos estômatos, iniciando a colonização dos tecidos. A especialização fisiológica em P. cubense foi comprovada, tendo sido identificados cinco patotipos, de acordo com o nível de compatibilidade entre o patógeno e as espécies e as subespécies do hospedeiro (Thomas et al., 1987; Thomas & Jourdain, 1992).

Epidemiologia

Sendo um parasita bitrófico, o fungo é dependente do hospedeiro para a produção de inoculo. Na ausência de culturas cucurbitáceas, o patógeno deve sobreviver em alguma espécie nativa pertencente a essa família botânica. Os esporângios podem ser disseminados pelo vento, em curta e longa distância, sendo responsáveis pelo ciclo primário da doença na área afetada. Os esporângios são formados quando a umidade na superfície da folha atinge 100%, durante um período mínimo de 6 horas. A temperatura ótima está situada entre 15°C e 2°C. Quando o ar se torna mais seco, os esporângios são disseminados pelo vento. Para que os esporos germinem, é necessário que ocorra umidade livre durante 1 hora e temperatura em torno de 20°C, e, na maioria das vezes, os zoósporos nadam livremente por um período de até 20 horas. A elevação da temperatura estimula o encistamento rápido dos zoósporos sobre os estômatos, iniciando a infecção. A temperatura ótima para a formação dos cistos é de 25°C, enquanto a penetração do tubo germinativo é assegurada quando o período mínimo de umidade livre é de 2 horas (Duarte, 2003).

Controle

As medidas de controle recomendadas envolvem aplicações de fungicidas, uso de variedades resistentes e adoção de práticas culturais. Existem fungicidas de ação protetora e sistêmica, eficazes no controle da doença, entretanto a eficiência do fungicida pode ser reduzida se a cultivar for muito susceptível. Algumas raças do patógeno têm desenvolvido resistência a fungicida sistêmico metalaxyl com mancozeb ou em misturas (Duarte, 2003).

As cultivares comerciais de melão e de melancia são suscetíveis ao míldio-lanugento. Trabalhos recentes têm sido conduzidos a fim de incorporar genes de resistência a essas cultivares (Duarte, 2003).

As práticas culturais que contribuem para reduzir a incidência da doença são: a) evitar a formação de culturas muito próximas; b) aumentar o espaçamento entre as plantas para reduzir a densidade da folhagem; c) controlar a quantidade da água de irrigação.

2.1.3 Podridão-gomosa-da-haste (Dydimella bryoniae (Auersw.) Rehm)

Na Região Amazônica, a doença tem sido mais serva na cultura do meão, embora possa afetar todas as cucurbitáceas cultivadas. O uso de variedades resistentes e as aplicações de fungicidas para controlar as outras doenças da cultura têm aumentado a severidade da podridão-gomosa-da-haste. O patógeno é cosmopolita, ocorrendo nas regiões tropical e subtropical, mas, em abóbora-de-inverno, tem sido relatado em regiões temperadas (Duarte, 2003).

Sintomas

O patógeno pode infectar folhas, hastes e frutos. Nas folhas, surgem manchas circulares, com tonalidade que varia de cinza a pardo, localizadas nas margens. Essas manchas evoluem rapidamente, provocando a queima total das folhas. Manchas circulares podem se desenvolver nos cotilédones e nas hastes das plantas jovens (Duarte, 2003).

Sobre as hastes, aparecem cancros no tecido cortical, donde exsuda uma substância parda e gomosa. Corpos frutíferos do patógeno (picnídios e peritécios) podem se formar sobre os cancros, assemelhando-se a pequenos pontos negros. As lesões podem anelar a haste e causar a morte das plantas jovens. Nas plantas mais velhas, o crescimento das lesões nas hastes é mais lento (Duarte, 2003).

Nos frutos, formam-se, inicialmente, lesões encharcadas, que adquirem diferentes tamanhos, podendo produzir o exsudado gomoso. Nos tecidos necrosados, desenvolvem-se frutificações bem distintas. Na região tropical, a infecção pode ocorrer através das escaras (cicatrizes) florais e manifesta-se por uma rápida deterioração dos tecidos internos do fruto. A infecção inicia-se na base das flores, evolui para o pedúnculo e atinge a superfície do fruto (Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Dydimella bryoniae (Auersw.) Rehm, classificado anteriormente como Mycosphaerella melonis (Pass.) Chui & J. C. Walker. Os picnídios escuros que caracterizam o estádio anamórfico Phoma cucurbitarum (Fr.: Fr.) Sacc. Desenvolvem-se na superfície das lesões foliares, nas hastes e nos frutos. No interior, formam-se conídios cilíndricos e providos de um septo (Duarte, 2003).

As estruturas do estádio teleomórfico são mais raras e formam-se principalmente em áreas necrosadas da haste. Caracterizam-se por peritécios (pseudotécias) escuros, contendo, no interior, ascos e ascósporos bicelulados, hialinos, arredondados na extremidade e com uma constrição à altura do septo. A célula superior apresenta-se mais longa que a inferior. Embora tenham sido observadas variações em isolados do fungo, não foi identificada especialização fisiológica em relação ao hospedeiro (Keinath et al., 1995).

Epidemiologia

O patógeno sobrevive em restos de cultura e pode ser transmitido pelas sementes. A umidade é fator mais determinante para o estabelecimento da doença do que a temperatura ótima para iniciar a infecção situa-se na faixa de 20°C a 25°C, dependendo da cultura. O pico de dispersão dos ascósporos ocorre nas chuvas prolongadas e à noite, durante o período de formação de orvalho. Nas folhas, a penetração do fungo pode ocorrer diretamente através da cutícula, porém, nas hastes e nos frutos, ocorre através de ferimentos (Duarte, 2003).

Controle

O uso de sementes tratadas e a rotação de culturas durante 2 anos são medidas essenciais de controle. A doença pode ser controlada com aplicações de fungicidas eficiente, principalmente os de ação protetora, como o mancozeb. Há registro de isolados do fungo patogênico resistentes a fungicidas do grupo dos benzimidazóis (benomyl, carbendazin e tiabendazol), dificultando o controle químico nas regiões de ocorrência da doença (Keinath & Zitter, 1995).

2.1.4 Mancha-parda (Cercospora citrulina Cooke)

Ocorre em regiões tropicais e subtropicais. É mais freqüente em melancia, melão e pepino. Os maiores prejuízos têm sido relatados na cultura da melancia (Winstead et al., 1957).

Sintomas

Os sintomas manifestam-se principalmente nas folhas, porém podem se desenvolver nos pecíolos e nas hastes, em condições favoráveis à esporulação elevada. A doença não ocasiona lesões nos frutos. No início, os sintomas normalmente aparecem nas folhas mais velhas, na forma de manchas pequenas, circulares ou de formato irregular, com o centro pardo-claro. As lesões aumentam gradualmente, espalhando-se por toda a superfície do limbo. Em melão, as lesões apresentam-se com tonalidade acinzentada. O centro pode se desprender do restante do tecido. As margens podem ser escuras ou vermelho-escuras, envolvidas por áreas cloróticas, o que conduz ao amarelecimento e à senescência. Em melancia, as lesões formam-se inicialmente sobre as folhas novas. Infecções elevadas ocasionam a queda das folhas, concorrendo para a redução do tamanho e prejudicando a qualidade dos frutos (Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Cercospora citrulina Cooke, que produz conidióforos e conídios no centro acinzentado das lesões. Os conidióforos são hialinos, aciculares, retos ou curvos e multisseptados. Não foi relatada especialização fisiológica nesse patógeno (Duarte, 2003).

Epidemiologia

A doença ocorre em regiões tropicais e subtropicais. Os esporos de C. citrulina permanecem em restos de colheita e em Cucurbitaceae nativas. São disseminados pelo vento e em gotas de chuva levadas pelo vento. Para a infecção, a faixa adequada de temperatura é de 26°C a 32°C, sendo necessária a presença de água livre sobre a folha (Duarte, 2003).

Controle

Não se conhece resistência a essa doença. As práticas culturais são relacionadas com a eliminação de fontes de inoculo, por meio de destruição de restos culturais, remoção de plantas afetadas e de hospedeiros nativos. Constituem medidas de elevada importância. Aplicação de fungicidas eficiente, como benomyl, mancozeb e tiofanato metílico, contribuem para o controle mais adequado (Duarte, 2003).

2.2 DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

Plantas de melão e de melancia têm sido afetadas por diferentes tipos de vírus, como: o vírus-do-mosaico-do-pepino (CMV), o vírus-da-mancha-anelar-do-mamoeiro (PRSV-W), o vírus-do-mosaico-da-melancia (WMV) e o vírus-do-mosaico-da-abóbora (Sq MV).

2.2.1 Mosaico-do-pepino

O vírus-do-mosaico-do-pepino (CMV) é o relatado com maior freqüência em cultivares de cucurbitáceas na Região Amazônia. Tem sido mais prejudicial a culturas de melão e de melancia. Ocasiona clorose pronunciada em folhas e frutos, redução dos entrenós e do tamanho das folhas e retardamento no desenvolvimento da planta (Duarte, 2003).

2.2.2 Mosaico-da-melancia

O masaico-da-melancia causado por uma estirpe do vírus-da-manchanelar-dos-frutos-do-mamoeiro [(“Papaya ring spot virus” type Watermelon (PRSV-W)] é a principal virose associada às cucurbitáceas no Brasil, causando prejuízos consideráveis, principalmente quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento da planta (Kurosawa & Pavan, 1997). Apesar de conhecido, há vários anos no Estado do Pará, esta é a primeira vez que esse vírus causa perdas em mais de 50% da produção, em algumas áreas de plantio comercial de melancia e abóbora do Município de Igarapé-Açu (Duarte, 2003).

As folhas das plantas infectadas exibem amarelecimento das nervuras, mosaico e deformação das folhas. Os frutos podem apresentar deformações e mudança de cor. A disseminação é feita por mais de 20 espécies de afídios, principalmente Aphis craccivora Kock, A. Gorrypii Glovre, A. spiricolae Patch e Mizus persicae Sulzer. O vírus é transmitido mecanicamente e não há evidência de que seja transmitido por sementes (Provvident, 1997). O controle da doença deve ser feito controlando-se os insetos vetores com inseticidas, óleo mineral e cobertura do solo com material repelente (palha de arroz). No mercado, existem algumas variedades de abóbora com tolerância ao vírus, tais como Menina Brasileira, Piramoita e o hídrido Duda (Duarte, 2003).

2.2.3 Mosaico-amarelo-da-abobrinha-de-moita

O vírus-do-mosaico-amarelo-da-abobrinha-de-moita ou “Zucchini yellow mosaic virus” (ZYMV) já foi constatado em 22 países dos cinco continentes, causando grandes prejuízos em cucurbitáceas. No Brasil, já tinha sido constatado nos Estados de Santa Catarina e São Paulo, causando prejuízos às culturas do pepino e da melancia, respectivamente (Kurosawa & Pavan, 1997). No Pará, foi constatado recentemente por Poltronieri et al. (2000), causando perdas de produção de até 50% em alguns plantios de abóbora e melancia, localizados no Município de Igarapé-Açu, sendo este o primeiro registro de ocorrência na Região Amazônica. A doença é causada por um Potyvirus (Duarte, 2003).

O vírus incita o aparecimento de mosaico, deformações e extrema redução do tamanho da lâmina foliar, com acentuada redução no desenvolvimento das plantas, resultando em frutos deformados. Em variedades muito susceptíveis, pode não haver produção de frutos. O vírus é disseminado por pulgões, principalmente dos gêneros Aphis e Myzus, não sendo disseminado pelas sementes. Infecta um grande número de espécies pertencentes às famílias Apiaceae, Chenopodiaceae, Fabaceae, Asteraceae, Scrophulariaceae, Solanaceae, Lamiaceae, Aizoaceaceae e Amaranthaceae, (Provvidenti, 1997). O controle deve ser feito pela eliminação de plantas daninhas próximas aos plantios e pela utilização conjunta de inseticidas, óleos minerais e coberturas reflexíveis (casca de arroz ou cobertura de plástico), durante o desenvolvimento da cultura (Duarte, 2003).

Outros vírus muito prejudiciais em regiões tropicais e subtropicais podem ocorrer em cultivares de melão e melancia exploradas na Região Amazônica; não foram, porém, relatados. Destaca-se o vírus-do-mosaico-da-melancia, tipo 2 (WMV-2), e o vírus-do-mosaico-da-abóbora (SqMV) (Duarte, 2003).

Os insetos sugadores, como pulgões, mosca-branca e trips, são os principais vetores das doenças vitóricas em cucurbitáceas (Duarte, 2003).

O controle das viroses em culturas de meão e de melancia tem sido feito pelo controle de insetos vetores, por meio de aplicações de inseticidas eficientes, rotação de cultura, eliminação de plantas doentes e de restos culturais e utilização de cultivares resistentes (Duarte, 2003).

È difícil o controle das doenças de vírus em culturas de melão e de melancia, o que concorre para que ocasionem prejuízos elevados. A incidência e a severidade podem variar, dependendo de relações complexas entre patógenos, hospedeiros, vetores e condições ambientais das localidades onde ocorrem. É importante a identificação do vírus causal da doença, para adotar medidas eficientes de controle (Provvidenti, 1997).

2.3 DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

2.3.1 Podridão-dos-frutos (Erwinia carotovora (Jones) Holland)

Um tipo de podridão mole interna tem ocorrido mais nas culturas de melão cuja época de desenvolvimento dos frutos coincide com períodos chuvosos. Os ferimentos provocados na casca por insetos durante a postura dos ovos favorecem a penetração da bactéria (Kimati et al., 1980). Em associação com a podridão-dos-frutos-de-melão, próximos à maturação, têm sido constatada, com maior freqüência, a bactéria Erwinia carotovora (Jones) Holland. Os sintomas são caracterizados por um rápido apodrecimento da polpa do fruto, enquanto, externamente, a casca apresenta ligeira descoloração. A liquefação da polpa pode ser constatada quando se agitam os frutos com as mãos, e se ouve um ruído típico, que as sementes em suspensão no líquido produzem em contato com as partes ainda rígidas da polpa. Em virtude da liquefação da polpa, a doença é conhecida pelo nome vulgar de “barriga-d’água”. O controle deve ser feito por meio de medidas preventivas, incluindo épocas adequadas de plantio, pulverizações com inseticidas eficientes para as principais pragas, entre as quais, a mosca-das-frutas, rotação de cultura por 2 ou 3 anos, práticas culturais de drenagem e proteção dos frutos para evitar que entrem em contato direto com o solo.

2.4 DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES

2.4.1 Galhas-das-raízes (Meloidogyne incognita)

O parasita provoca galhas de tamanho irregular e variável no sistema radicular. É mais freqüente em solos explorados sucessivamente por cultivares suscetíveis ao nematóide. A espécie patogênica constatada com maior freqüência na região, infectando o melão e a melancia, é a Meloidogyne incognita. As plantas muito infectadas perdem o vigor e, em decorrência do impedimento normal de circulação da seiva, apresentam sintomas de deficiência mineral. As folhas murcham durante as horas quentes. Para o controle, devem ser desenvolvidas práticas de rotação de culturas com espécies que reduzam a população de nematóides no solo, como gramíneas, crotalária, mucuna-preta, feijão-guandu outras. A solarização do solo nas regiões tropicais não tem apresentado resultados eficientes e econômicos. Aplicações de nematicidas são antieconômicas, contribuem para a poluição do meio ambiente e podem formar resíduos tóxicos nos frutos (Viana et al. 2003).

2.5 TÁTICAS DE MANEJO

Medidas preventivas auxiliam o produtor a minimizar os riscos de cultivo, como: evitar plantio em áreas de baixadas, evitar plantio em áreas que recebam ventos que passam por cultivos de cucurbitáceas, eliminar os restos de cultura logo após a colheita, eliminar as plantas hospedeiras remanescentes, eliminar as plantas severamente infectadas, realizar pulverizações com fungicidas anti-oomicetos, fazer rotação de culturas e utilizar cultivares resistentes ou tolerantes, efetuar a aplicação de fungicidas de contato em alternância com sistêmicos, selecionar áreas de cultivo livres do patógeno, fazendo previamente um plantio com cenoura (cultura armadilha) para verificar a presença ou ausência de nematóides, realizar arações cerca de 10 dias antes do plantio, utilizar adubação equilibrada, fazer rotação de culturas com plantas não hospedeiras, manter o solo em período de pousio, revolvendo-o periodicamente (Alves, 2010).

3 CONCLUSÃO

A redução de produtividade pode está diretamente ligada aos níveis de doença nas folhas, pois têm alta correlação negativa com a produtividade de frutos. Para evitar perdas o produtor poderá utilizar o controle químico, que deverá ser preventivo ou em alguns casos nas fases iniciais de desenvolvimento da doença, também deve estar consciente de que os ferimentos favorecem o surgimento da doença.

Para os produtores, a resistência às doenças representa uma grande demanda, pois esta ação também interessa aos consumidores, cada vez mais ávidos por alimentos produzidos com menos defensivos, e com reflexos positivos para o meio ambiente.

Para o mercado de frutos grandes, torna-se necessário, além da introdução de resistência às principais doenças, a obtenção de plantas altamente produtivas e uniformes, para que o incremento da produtividade possa baixar os preços a nível de consumidor e permita uma remuneração adequada para os produtores.


4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DO EUCALIPTO (Eucaliptus sp.)

Luciano Pacheco Máximo

1 INTRODUÇÃO

O eucalipto (Eucalyptus sp.) ocorre naturalmente na Austrália, Indonésia e ilhas próximas. O gênero Eucalyptus pertence à família das Myrtáceas, com cerca de 600 espécies e sub-espécies, e apresenta uma ampla plasticidade e dispersão mundial, crescendo satisfatoriamente em diferentes situações edafoclimáticas, extrapolando àquelas das regiões de origem. Menos de 1 % dessas 600 espécies têm sido usadas com propósitos industriais. Assim, o uso do eucalipto na indústria mundial é baseado em duas espécies, principalmente: E. globulus, E. grandis e seus híbridos com E. urophylla (Cotterill & Brolin, 1997) E. viminalis e E. dunnii, predominam na região sul.

É cultivado para os mais diversos fins, tais como, papel, celulose, lenha, carvão, aglomerado, serraria, óleos para indústrias farmacêuticas, mel, ornamentação e quebra-vento, entre outros.

A importância da cultura do eucalipto para o Brasil pode ser avaliada pela participação do setor florestal na economia do país. Inicialmente, apoiado por incentivos fiscais ao reflorestamento, e também pelos Programas Nacionais de Siderurgia a Carvão Vegetal e de Celulose e Papel, o setor responde atualmente por 4% do PIB (produto interno bruto), setecentos mil empregos diretos e dois milhões de empregos indiretos (Silva, 1997).

A área estimada das plantações com eucaliptos no Brasil é de 2,9 milhões de ha.

O eucalipto é atacado por vários patógenos, principalmente fungos, desde a fase de viveiro até os plantios adultos. Geralmente, os problemas são observados nas plantações, ocorrendo nos mais variados locais, espécies e épocas do ano. A solicitação contínua de informações por parte de produtores e empresas sobre a identificação e o controle de doenças (Fao, 2000).

As doenças da cultura do eucalipto são bastante comuns e podem ser causadas por fungos, bactérias, vírus, nematóides e fitoplasmas. Elas podem ocorrer na cultura desde a fase de viveiro até a fase de campo. No entanto, as doenças de origem fúngica têm causado grandes danos à cultura do eucalipto (Grigolletti Jr. e Santos, 2001)

A ocorrência de doenças causadas por bactérias, nematóides, vírus, fitoplasmas é bastante esporádica, pois a grande totalidade das doenças em espécies florestais é de origem fúngica que incidem desde a fase de viveiro até os plantios adultos (Alfenas et al., 2004). Dentre as principais doenças fúngicas do eucalipto destacam-se o mofo cinzento e o oidio. O mofo cinzento é comumente encontrado em canteiros com alta densidade de mudas (700 mudas/m2), sob condições de alta umidade (acima de 70%) e temperaturas amenas (outono e inverno) (Santos et al., 2001).

B. cinerea infecta várias espécies vegetais além do eucalipto. É um parasita facultativo, que vive saprofiticamente no solo e sobrevive na forma de estruturas de resistência. Sua disseminação ocorre principalmente, pelo transporte dos conídios pelo vento ou pelo uso de substrato contaminado (Santos et al., 2001).

O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito das principais doenças que afetam a cultura do eucalipto levando em consideração uma série de aspectos discutidos a seguir.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DOENÇAS FÚNGICAS

2.1.1 Tombamento de mudas (Cylindrocladium candelabrum Viégas, Fusarium sp., Phytophthora sp., Pythium sp. e Rhizoctonia solani Kuhn.)

Com o emprego de técnicas de formação de mudas que desfavorecem sua ocorrência, como o caso de semeadura direta em tubetes suspensos, o tombamento passou a ser uma doença de importância limitada em viveiros de eucalipto e outras essências florestais. No caso de sementeiras efetuadas para obtenção de mudas para posterior repicagem ou para obtenção de mudas de raiz nua, a tendência de ataques mais severos e maior comparada a semeadura direta em recipientes. A doença acarreta redução no numero de mudas (Ferreira, 1991).

Sintomas

O tombamento afeta sementes em germinação, destruindo-as (pré-emergência), e plântulas recém-emergidas, atacando tecidos tenros e suculentos (pós-emergência). No caso do eucalipto, sintomas do tombamento de pós-emergência são semelhantes àqueles de outras plantas. O sintoma típico da doença caracteriza-se pela ocorrência de uma lesão na região do colo da mudinha, a qual pode se estender a alturas variáveis no hipocótilo, com aspecto encharcado de início e depois adquirindo coloração escura. A destruição dos tecidos acaba provocando o tombamento da mudinha e sua morte. Murcha, enrolamento e seca dos cotilédones e das primeiras folhas verdadeiras podem ser notados como sintomas secundários, dependendo da idade e do tamanho das mudas (Ferreira, 1991).

E comum a ocorrência da doença em reboleiras, especialmente em canteiros novos, semeados a lanço. Nestas reboleiras encontram-se, com freqüência, mudinhas em todos os estádios de desenvolvimento da doença a partir das primeiras afetadas no centro. Em canteiros de recipientes e mesas de tubetes onde se efetua a semeadura direta, a doença tende a ocorrer esparsamente. Isto se deve às distâncias que separam as mudas de um recipiente para outro, o que dificulta a disseminação do patógeno (Ferreira, 1991).

Etiologia

Os principais fungos causadores de tombamento ou “damping-off” são habitantes do solo onde podem sobreviver saprofiticamente ou através de estruturas de repouso como escleródios (Rhizoctonia), microescleródios (Cylindrocladium) clamidósporos (Fusarium) e oósporos (Phytophthora e Pythium) (Alfenas e Maria, 2006).

Epidemiologia

Propágulos dos fungos causadores de tombamento são disseminados através de água de chuva ou irrigação, vento ou partículas do solo aderidas a implementos agrícolas. Zoósporos de Phytophthora e Pythium podem se locomover ativamente a curtas distâncias em filmes de água no solo. A penetração dos fungos no hospedeiro dá-se diretamente através das paredes celulares da epiderme da raiz ou hipocótilo com a subseqüente invasão do micélio nos tecidos da planta que acabam por serem degradados pela ação de enzimas e/ou toxinas (Alfenas e Maria, 2006).

De modo geral, temperaturas favoráveis para o crescimento das plantinhas são as mesmas para o desenvolvimento da doença, embora a ocorrência de temperaturas suficientemente baixas para retardar a germinação das sementes e o crescimento das plântulas pode aumentar a incidência da doença pelo fato de induzir as plântulas a um período mais prolongado de suscetibilidade. Fungos causadores de “damping-off” variam bastante quanto às temperaturas ótimas para crescimento. C. candelabrum, por exemplo, tem seu ótimo de crescimento ao redor de 28ºC, enquanto que certas espécies de Pythium têm seu ótimo a temperaturas bem mais baixas. Em viveiros localizados em regiões do país onde existem variações sazonais marcantes, principalmente com respeito à temperatura, a época de semeadura pode ter efeito na ocorrência de “damping-off” ao retardar o crescimento das plantas e favorecer o desenvolvimento de fungos que preferem temperaturas mais baixas (Alfenas e Maria, 2006).

Quanto à umidade, a presença de solos úmidos e alta umidade relativa do ar são condições que favorecem a ocorrência do tombamento. A composição do substrato também afeta a ocorrência da doença (Alfenas e Maria, 2006).

Seu conteúdo em matéria orgânica pode, por exemplo, servir de fonte de inóculo dos patógenos. Por outro lado, pode conter também organismos antagônicos aos patógenos, como Trichoderma spp. Sua textura, entre outros efeitos, regula a umidade e a aeração do mesmo. A fertilidade do solo pode influir sobre o “dampingoff’, principalmente com respeito ao nitrogênio. Fertilização pesada com nitrogênio predispõe as mudinhas ao ataque dos patógenos, uma vez que prolonga o período de suscetibilidade das mudas, fazendo-as mais tenras por mais tempo. Com respeito à densidade das mudas, quanto mais denso for o estande, maior será a incidência do “damping-off’ (Alfenas e Maria, 2006).

Controle

Medidas culturais de controle incluem o emprego de sementes, substrato e água de irrigação livres de inóculo dos patógenos, cobertura do solo do viveiro com brita ou material similar, desbaste das plântulas germinadas o mais cedo possível, “roguing” das plantas doentes e mortas, fertilização das mudas sem excesso de nitrogênio, emprego de substratos que permitam boa drenagem e controle da freqüência da irrigação (Santos et al., 2001).

O controle químico pode ser realizado mediante fumigação do substrato com produtos de amplo espectro biocida, como brometo de metila e dazomet, e aplicação de fungicidas, sensu strictu. Devido ao alto custo, periculosidade no manuseio e impacto ambiental, a fumigação deve ser evitada. Deve-se ressaltar, no entanto, que tal tratamento é o único que funciona eficientemente para substratos contendo certos patógenos como Cylindrocladium e Fusarium, que são pouco sensíveis à maioria dos fungicidas comuns e apresentam estruturas altamente resistentes à ação destes produtos. O emprego dos fungicidas pode, por sua vez, ser efetuado através de rega ou pulverizações sobre o substrato e/ou mudas, em intervalos que variam conforme a necessidade. Tais tratamentos funcionam principalmente como protetores, mas também podem ter efeito erradicante. Para o controle de Pythium e Phytophthora recomenda-se metalaxyl e para Rhizoctonia, uma combinação de captan com um ditiocarbamatos (maneb, zineb ou thiram) ou com PCNB ou iprodione. Para o caso de tombamento causado por Cylindrocladium ou Fusarium pode-se empregar captan ou thiram. Uma alternativa ao controle químico para desinfestação do substrato é o uso de calor que pode ser aplicado de duas formas: aquecimento com vapor produzido em caldeira (80-90ºC por 7 a 8 horas) ou solarização (Santos et al., 2001).

O emprego de medidas biológicas de controle pode ser feito diretamente por meio da infestação do substrato com linhagens ou espécies eficientes de Trichoderma, fungo antagonista da maioria dos patógenos de solo. De forma indireta, pode ser executado através da escolha de substratos ricos em matéria orgânica que contenham naturalmente propágulos deste e de outros antagonistas (Santos et al., 2001).

2.1.2 Podridão de raiz (Phytophthora spp., Pythium spp.)

O eucalipto, de um modo geral, não apresenta, no Brasil, problemas de podridão de raiz em condição de campo, mas é comum sua ocorrência em viveiros com sistema de tubetes. Condições desfavoráveis para o crescimento das mudas, como a presença de substrato de má drenagem, que condiciona alta umidade e aeração inadequada, poderá predispor as raízes à infecção por fungos patogênicos presentes no substrato como Phytophthora spp. e Pythium spp. Basicamente, o controle deve ser feito de forma similar ao do tombamento (Alfenas e Maria, 2006).

Podridão de estacas (Cylindrocladium spp., Rhizoctonia solani Kühn, Fusarium spp., Botryosphaeria ribis Grossenb. & Duggar (sin. Botryosphaeria dothidea (Moug. & Fr,) Ces & de Not) e Colletotrichum sp.)

Sintomas

A podridão á bem característica, tratando-se de uma lesão escura que progride da base para o ápice da estaca. Pode ocorrer na região da junção estaca/ substrato ou em porções superiores da estaca. A lesão avança sobre os tecidos, induzindo a morte das gemas, impedindo o enraizamento e escurecendo a estaca por completo (Kimati, et al., 2005).

Sobre as lesões podem ser encontradas frutificações branco-cristalinas de Cylindrocladium ou peritécios marrom-avermelhados da sua fase teleomórfica, esporodóquios de Fusarium, pontuações escuras (picnídios) de B. ribis ou acérvulos de Colletotrichum com ou sem sua massa alaranjada de esporos (Kimati, et al., 2005).

Etiologia

Esta doença pode ser causada por várias espécies de fungos pertencentes aos gêneros Cylindrocladium, Fusarium e Rhizoctonia. No caso de Cylindrocladium são relatadas as espécies C.clavatum, C. parasiticum Crous, Wingf. & Alfenas e C. candelabrum. Botryosphaeria ribis e Colletotrichum sp. são também fungos constantemente encontrados em associação com a podridão. O inóculo é trazido para a casa-de-vegetação no solo ou substrato dos recipientes, na forma de conídios e/ ou fragmentos de hifas ou estruturas de resistência dos fungos (Ferreira, 1997).

Epidemiologia

Salpiques de solo aderidos a folhas e hastes das estacas trazidas do campo também são eficientes como fonte de inóculo, assim como a água de irrigação previamente infestada.

Outras fontes de inóculo podem ser as brotações sem sintomas, com infecção latente por patógenos secundários no jardim clonal, como B. ribis e Colletotrichum sp., e que se manifestam posteriormente na casa-de-vegetação após o estresse provocado pela estaquia (Ferreira, 1997).

Controle

Medidas de controle recomendadas visam a redução ou eliminação de inóculo através de métodos químicos, físicos e culturais, como no caso do tombamento. Adicionalmente, deve-se efetuar tratamento das estacas com hipoclorito de sódio e/ou fungicidas, tratamento das caixas e recipientes com hipoclorito de sódio e fungicidas e limpeza total da casa-de-vegetação, após uma ou duas safras de estacas, empregando-se hipoclorito de sódio e sulfato de cobre (Alfenas e Maria, 2006).

2.1.3 Mofo cinzento (Botrytis cinerea Pers.)

Trata-se de uma doença que ocorre no Sul e Sudeste do Brasil. Ataques mais severos ocorrem em canteiros com alta densidade de mudas e sob condições de alta umidade e temperaturas amenas (Ferreira, 1997).

Sintomas

A doença afeta tecidos jovens da parte aérea das mudas, causando a morte do ápice ou até mesmo da muda toda, especialmente de mudas jovens. Os sintomas iniciam-se por um enrolamento das folhas seguido de seca e queda das mesmas. Comumente, aparece cobrindo as partes afetadas um crescimento acinzentado formado por micélio, conidióforos e massa de conídios do fungo (Kimati, et al., 2005).

Etiologia

O agente causal, B. cinerea, que ataca várias outras culturas, é um patógeno facultativo que vive saprofiticamente no solo e sobrevive na forma de escleródios ou micélio dormente (Kimati, et al., 2005).

Epidemiologia

Sua disseminação dá-se principalmente pelo transporte dos conídios pelo vento (Kimati, et al., 2005).

Controle

O controle da doença poderá ser feito mediante redução da densidade das mudas, fertilização sem excesso de N, eliminação de plantas doentes e de folhas infectadas caídas. O controle químico pode ser feito com pulverizações de thiram, maneb, captan, acetato de trifenil estanho, iprodione ou vinclozolin (Alfenas e Maria, 2006).

2.1.4 Cancro de cryphonectria (Cryphonectria cubensis (Bruner) Hodges.)

O cancro do eucalipto é considerado uma das doenças mais importantes da cultura. A doença ocorre desde o Estado de Santa Catarina até a Região Amazônica. E uma doença que ocorre praticamente em todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo, onde o eucalipto foi introduzido. As temperaturas mais baixas da região sul do continente americano parecem limitar sua ocorrência (Ferreira, 1989).

A doença pode causar prejuízos quantitativos e qualitativos, notadamente em áreas onde a doença ocorre com maior incidência e severidade (costa do Espírito Santo, Vale do Rio Doce, Minas Gerais, e em certas áreas do Estado de São Paulo). A morte ou o tombamento pelo vento de árvores atacadas chega a ocorrer em proporções elevadas em áreas plantadas com espécies mais suscetíveis, causando reduções significativas no rendimento volumétrico. A madeira afetada, por sua vez, além de ter seu valor prejudicado para uso em serraria, também tem seu rendimento em celulose reduzido (Kimati, et al., 2005)..

Além disso, a brotação de tocos atacados também poderá ser prejudicada. Outro prejuízo é a morte de tocos de jardins clonais, que interfere no programa de produção de mudas por estaquia (Ferreira, 1989).

Sintomas

O cancro do eucalipto é uma doença que tipicamente só ocorre em plantações. Começa a se manifestar a partir do quinto mês de cultivo onde, até mais ou menos um ano, causa, com freqüência, a morte das plantas por estrangulamento do colo. Estas morrem de forma esparsa na plantação, geralmente em baixa proporção. Arvores recém-mortas caracterizam-se pela coloração palha de sua folhagem, resultante do secamento geral da copa. Este, por sua vez, é decorrente do desenvolvimento de uma lesão que estrangula o colo da planta através de um corte superficial da casca onde se observa um escurecimento que contrasta com a coloração clara dos tecidos sadios. Este escurecimento pode se estender internamente até o câmbio e às vezes até o lenho e verticalmente até 30 cm acima do nível do solo. É comum ocorrer arroxeamento ou bronzeamento generalizado da folhagem, refletindo deficiência nutricional, seguido por murcha generalizada da folhagem e morte da planta. A morte de árvores com mais de 1 ano de idade por estrangulamento do colo, sem a manifestação externa de sintomas nesta região, também pode ocorrer. Esta manifestação da doença, no entanto é rara. Frutificações do fungo (picnídios e peritécios) são produzidas freqüentemente na superfície da casca da região do colo lesionado, na forma de pontuações negras, salientes e pontiagudas (Kimati, et al., 2005).

Um outro tipo de sintoma, em árvores de idade superior a um ano, ocorre geralmente na região do colo da planta ou ainda nas partes mais altas do tronco. Caracteriza-se por fendilhamento de casca associado geralmente ao seu intumescimento. E resultante do desenvolvimento da lesão na parte externa da casca, sem atingir o câmbio e o lenho. Com isto, a planta continua a produzir tecido de casca, forçando a parte atacada a romper-se em tiras ou trincas. Frutificações do fungo comumente aparecem na superfície da casca na área lesionada. E um tipo de sintoma bastante comum, embora tenha pouco significado econômico uma vez que não está envolvido com a região do câmbio e do lenho da planta. Esta continua a se desenvolver normalmente sem sofrer maiores danos aparentes (Alfenas et al., 2004).

Outro sintoma bem característico é aquele que culmina com a formação de um cancro típico no tronco da árvore. Este sintoma aparece inicialmente na forma de uma depressão na casca. Quando em desenvolvimento, a área lesionada contrasta-se com a área de tecido sadio por sua coloração escura . (Alfenas et al., 2004).

O cancro típico aparece com a delimitação do desenvolvimento da lesão através da formação de um tecido caloso contornando a lesão. A medida que o calo desenvolve-se, os tecidos da área lesionada secam e tendem a romper em fitas, podendo expor o lenho (Alfenas et al., 2004).

Na superfície da casca lesionada formam-se, com freqüência, frutificações do agente causal. A região do lenho ligada à área lesionada fica escura, com o alburno inativo, sujeita à ação de forças mecânicas. E comum, em áreas onde a severidade da doença é alta, a ocorrência de árvores tombadas pela ação do vento. As dimensões atingidas pelos cancros típicos variam bastante, dependendo entre outros fatores, do nível de suscetibilidade da árvore e das condições ambientais, especialmente temperatura e umidade. Em certas áreas, para certas procedências de cancros bastante compridos que estendem-se desde a base do tronco até quase o ponteiro da árvore. A circunferência do tronco também é variavelmente afetada. Com freqüência são observadas árvores com tronco quase anelado pelo cancro e que, apesar disso, continuam vivas, embora tendam a ser dominadas pelas árvores adjacentes (Alfenas et al., 2004).

Cancros dos tipos superficial e típico descritos acima, geralmente se formam na base do tronco, embora sejam encontrados com freqüência em várias alturas no tronco das árvores. Neste caso, aparecem comumente ao redor do ponto de inserção de um galho seco ou desramado, por onde provavelmente o patógeno penetrou (Alfenas et al., 2004).

O sintoma de gomose também pode aparecer associado aos tecidos afetados pela doença, especialmente em E. citriodora, E. maculata e E. paniculata (Alfenas et al., 2004).

Etiologia

C. cubensis cresce bem em meio BDA, onde apresenta uma taxa de crescimento micelial máxima na faixa de 28 a 32ºC. A temperatura parece ser o fator básico que governa a distribuição geográfica do patógeno. Não se conhece hospedeiros nativos do fungo que serviriam de fonte primária de inóculo para o desenvolvimento da doença, mas acredita-se que sejam mirtáceas nativas. Não se conhece também os mecanismos de sobrevivência do patógeno e as formas de inóculo primário que ocorrem antes da introdução do eucalipto (Kimati, et al., 2005).

O fungo produz dois tipos de frutificações: picnídios e peritécios. Picnídios são formados na superfície da casca, geralmente dispersos. São completamente superficiais ou com somente a base imersa no substrato, piriformes e negros quando maduros. Os conídios são hialinos, unicelulares, elípticos, medindo 2,5-4,0 x 1,8-2,2 μm. Sob condições de alta umidade, estes são liberados dos picnídios na forma de cirros de coloração castanho-amarelada. A fase anamórfica tem sido denominada Endothiella sp (Kimati, et al., 2005).

Os peritécios geralmente se formam nas mesmas áreas onde são formados os picnídios, mas mais tardiamente que aqueles. Dependendo do tipo de casca, os peritécios podem ser encontrados isolados e dispersos, agrupados, ou em filas nas fendas da casca. As bases dos peritécios são geralmente imersas no substrato, de forma globosa e coloração escura. Os pescoços apresentam-se externamente à superfície da casca, com comprimento variando de 1 a 2 mm. Sob condições de alta umidade podem atingir até 5 mm ou mais de comprimento. São também escuros quando maduros. Os ascos são unitunicados, cilíndricos, fusóides, com anel apical refringente numa das extremidades e oito ascósporos. Os ascósporos são hialinos, bicelulares, cilíndricos a ovais (Kimati, et al., 2005).

Epidemiologia

A penetração do fungo deve ser por ferimentos, por rachaduras naturais de casca e pelos pontos de inserção de ramos com o tronco (Kimati, et al., 2005).

Controle

O uso de populações resistentes é, até o momento, a única medida viável de controle. Tal medida deverá ser empregada nas áreas onde o risco de perdas é maior, ou seja, nas regiões com temperatura e umidade favoráveis ao desenvolvimento da doença. Material genético resistente poderá ser obtido em dois níveis básicos: interpopulacional e intrapopulacional. No primeiro, são escolhidas as espécies e procedências que apresentam maior resistência. Duas das espécies mais plantadas no Brasil, E. grandis e E. saligna apresentam, de um modo geral, baixa resistência ao patógeno. Por outro lado, os níveis de resistência nestas espécies variam em função das procedências empregadas, especialmente em E. grandis. Dentre as espécies resistentes, E. urophylla é a mais recomendada para fins de celulose. A qualidade da madeira para determinados fins, a capacidade de rebrota e o rendimento volumétrico podem limitar o uso de espécies imunes (E. paniculata, E. robusta, E. citriodora, E. camaldulensis, E. microcoris, E. tereticornis e E. pilularis) (Ferreira, 1989).

Em termos intrapopulacionais, a espécie E. grandis é a que oferecem as melhores perspectivas para exploração da resistência. Esta é feita através de seleções de árvores fenotipicamente resistentes em povoamentos com alta incidência da doença e avaliação de sua resistência através do teste de progênies (Ferreira, 1989).

Outro método que vem sendo empregado é a produção de híbridos vigorosos e resistentes de E. grandis e E. urophylla, propagados vegetativamente através de estaquia (Ferreira, 1989).

2.1.5 Doença rosada (Phanerochaete salmonicolor (Berk & Br.) Jul.)

A doença rosada ou rubelose é típica de áreas tropicais úmidas, onde afeta também outras espécies arbóreas como citros, seringueira e cacaueiro. No Brasil, foi constatada nos Estados da Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, afetando diversas espécies de eucalipto, entre elas, E. camaldulensis, E. saligna e E. urophylla e seus híbridos. Raramente causa danos sérios no Brasil, apesar de acarretar altos índices de mortalidade e danos variados em outros países como Costa Rica, Índia e Zaire (Mora e Garcia, 2000).

Sintomas

A doença é inicialmente observada na forma de pústulas esparsas, de coloração rosada, sobre a superfície de ramos e do tronco. A partir destas pústulas desenvolve-se um micélio de mesma cor que circunda as partes atacadas. O fungo causa necrose nos tecidos da casca e no câmbio, podendo também atacar o lenho. Em conseqüência, ocorre um estrangulamento dos ramos ou tronco. Os tecidos morrem e as folhas ligadas às áreas afetadas amarelecem e secam. De modo geral, no entanto, as lesões ocorrem nos

ramos em regiões altas da copa, o que provoca brotações na parte inferior não afetada. Isso pode deformar as árvores e afetar seu crescimento. O fungo produz também corpos frutíferos resupinados na superfície das áreas afetadas, formando um himênio membranoso, macio, de cor rosa-salmão (Mora e Garcia, 2000).

Etiologia

P. salmonicolor, anteriormente conhecido como Corticium salmonicolor (Berk. & Br.), é facilmente isolado em meio de cultura, crescendo moderadamente em BDA. Neste meio, apresenta crescimento máximo na faixa de 24-270C. Pode produzir dois tipos de esporos: conídios e basidiósporos. A fase imperfeita não foi constatada no Brasil. Os basidiósporos são hialinos, lisos, piriformes a elipsóides, medindo 8-11 x 8-9,8 μm. São formados a partir de basídios subclavados, com 2-4 esterigmas cada (Mora e Garcia, 2000).

Inoculações com esporos têm fracassado, sendo mais comum o emprego de micélio obtido em ágar ou em pedaços de casca de Hevea spp. para reprodução de sintomas da doença (Mora e Garcia, 2000).

Epidemiologia

A doença tende a ocorrer epidemicamente em faixas de idade do hospedeiro específicas. No Estado de Pernambuco, a doença foi constatada em plantios de E. camaldulensis de 1,5 a 2,5 anos de idade, manifestando-se extremamente danosa aos 2,5 anos de idade. Na Índia, adquire nível epidêmico a partir do terceiro ano. Nos locais onde a doença foi constatada no Brasil, a precipitação anual está ao redor dos 2.000 mm ou mais, sendo as temperaturas médias anuais em torno de 23-24ºC. Mostra ser assim uma doença tipicamente de áreas tropicais úmidas (Kimati, et al., 2005).

Controle

No caso do eucalipto, pelas proporções de ocorrência da doença, o controle não tem sido empregado. Caso a doença torne-se importante, mesmo em plantios experimentais, recomenda-se a remoção e queima periódica de galhos afetados, pulverizações com calda bordalesa ou outros fungicidas cúpricos e a exploração da resistência genética (Mora e Garcia, 2000).

2.1.6 Mancha de cylindrocladium (Cylindrocladium candelabrum Viégas, C. ilicicola (Hawley) Boedjin & Reitsma, C. parasiticum (Crous, Wingf. & Alfenas), C. pteridis Wolf e C. quinqueseptatum Boedjin & Reitsma)

A ocorrência de manchas foliares em viveiros de mudas e em plantações de eucalipto á bastante comum. No entanto, dificilmente causa prejuízos sérios. A mancha de Cylindrocladium é uma doença característica de plantios, mas pode ser encontrada em viveiros. Tem sido observada desde 1973 em diferentes regiões do Brasil, desde a Amazônia até os estados do Sul. Esta doença foi constatada em mais de 15 espécies de eucalipto, sendo E. urophylla, E. citriodora, E. cloeziana e E. grandis (algumas procedências) as mais suscetíveis. Danos mais sérios têm ocorrido nos Estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e Região Amazônica, geralmente em épocas chuvosas, quando ocorre desfolha intensa das plantas atacadas (Crous e Wingfield, 1994; Kimati et al., 2005).

No entanto, a morte de plantas devida à doença não tem sido observada. Mesmo intensamente atacadas, as plantas recuperam-se com a emissão de novas folhas nos meses que se sucedem ao ataque. A colonização e desfolha reduzem a área fotossintética e o crescimento das plantas. Em condições ótimas de temperatura e umidade, espécies de Cylindrocladium spp. podem causar murcha, seca e morte de brotações de eucaliptos, especialmente de E. grandis (Kimati et al., 2005).

Sintomas

Manchas associadas a Cylindrocladium spp. têm forma, tamanho e coloração variáveis, dependendo da espécie de Eucalyptus e de Cylindrocladium e das condições ambientes (Kimati et al., 2005).

Desfolha intensa pode ocorrer, afetando grande proporção da copa das árvores. Os brotos não são atingidos, o que permite a recuperação das plantas quando as condições ambientes voltam a ser desfavoráveis à doença. Ramos também podem ser atacados pelo patógeno, onde aparecem lesões necróticas escuras, recobertas, com freqüência, por um crescimento esbranquiçado, constituído por conidióforos e conídios do patógeno. Nas folhas, as frutificações são encontradas com maior freqüência na sua face inferior (Kimati et al., 2005).

Etiologia

Esta doença é causada por fungos do complexo Cylindrocladium. Em viveiros, duas espécies foram constatadas em associação com a doença: C. candelabrum e C. ilicicola. A espécie C. scoparium tem sido comumente relatada no Brasil em associação com manchas foliares. Recentemente, no entanto, estudos taxonômicos indicaram que esta espécie deve ser tratada como C. candelabrum, já descrita anteriormente no Brasil. Conídios de C. candelabrum são cilíndricos, hialinos e unisseptados, medindo 29-39 x 3-5 μm. A forma das vesículas, estruturas ligadas aos conidióforos através de uma estipe, é outra característica utilizada para diferenciação de espécies de Cylindrocladium. Vesículas de C. candelabrum são geralmente elípticas ou ovais. C. ilicicola apresenta também conídios cilíndricos, hialinos, mas com 1 a 3 septos, predominando os com 3 septos, e medindo 47-77 x 5,0-7,5 μm em BDA. As vesículas são semelhantes às de C. candelabrum. O fungo desenvolve a fase perfeita cm meio de cultura e nas plantas afetadas. Esta caracteriza-se pela produção de peritécios de coloração laranja a vermelho, ascos clavados e ascósporos com 1 a 3 septos. A fase perfeita do fungo foi identificada como Calonectria pyrochroa (Desm.) Sacc (Santos et al., 2001)..

Em plantações, as espécies constatadas foram C. candelabrum, C. ilicicola, C. parasiticum, C. pteridis e C. quinqueseptatum. C. parasiticum, que também causa manchas em folhas de mogno (Swietenia macrophylla) na Região Amazônica, apresenta conídios cilíndricos, hialinos, com 1 a 3 septos, predominando os com 3 septos, medindo e 47-76 x 4,5-5,9 μm em BDA. Suas vesículas são globosas a subglobosas. Esta espécie produz fase peritecial em meio de cultura ou nos tecidos do hospedeiro, a qual foi identificada como Calonectria ilicicola Boedjin & Reitsma. Os peritécios são de coloração laranja a vermelho, os ascos clavados e os ascósporos uni a triseptados, com predominância dos uniseptados, medindo 27-55 x 4,0-7,7 μm. C. pteridis apresenta conídios cilíndricos, hialinos, uniseptados, medindo 45-101 μm e é caracterizado por uma vesícula clavada. C. quinqueseptatum, que ataca também fruta-do-conde (Annona squamosa), pinha (A. reticulata) e cravo da Índia (Syzigium aromaticum), diferencia-se das outras espécies pelas dimensões e número de septos de seus conídios. Estes medem 75-106 x 5-7 μm, com 1 a 7 septos, sendo a maioria com 5-6 septos. Esta espécie produz também a fase perfeita, tanto nas plantas afetadas como em meio de cultura. Trata-se de Calonectria quinqueseptata Figueiredo & Namekata, que forma peritécios ovóides e elipsóides, alaranjados e castanho-avermelhados. Seus ascos são clavados, os quais contêm 8 ascósporos irregularmente dispostos. Estes são hialinos, curvos, com 1 a 6 septos, medindo 30-80 x 4-7 μm (Santos et al., 2001).

Controle

O controle das manchas foliares causadas por Cylindrocladium sp. normalmente não é exigido no viveiro, quando as mudas são mantidas sob condições de bom arejamento, evitando-se o adensamento das mesmas. Pulverizações preventivas em viveiros de maior risco ou curativas em caso de ocorrência epidêmica da doença poderão ser efetuadas, empregando-se fungicidas cúpricos ou ditiocarbamatos (Kimati et al., 2005).

Em campo, verifica-se boa recuperação das árvores atacadas, mesmo após passarem por períodos de até 6 meses com relativo grau de desfolhamento, não sendo necessárias medidas de controle químico. A melhor alternativa para controle desta doença em plantações seria a exploração da variabilidade genética, empregando-se espécies/procedências mais resistentes. Dentre as espécies mais plantadas atualmente, E. cloeziana, E. citriodora, E. urophylla e E. grandis são as mais suscetíveis, enquanto que E. saligna, E. maculata, E. torelliana e E. microcorys têm se revelado as mais resistentes (Kimati et al., 2005).

2.1.7 Ferrugem (Puccinia psidii Winter)

Esta doença tem ampla distribuição geográfica no Brasil, afetando diversas espécies de mirtáceas nativas e cultivadas. Várias espécies de eucalipto são hospedeiras do fungo, entre elas E. citriodora, E. cloeziana, E. grandis, E. obliqua, E. pilularis e E. saligna. Os danos podem ser consideráveis, dependendo do local, manejo silvicultural e da espécie/procedência utilizada. A doença ocorre em viveiros e plantações (Alfenas e Maria, 2003).

Sintomas

Os sintomas da doença ocorrem inicialmente nos tecidos jovens de folhas e caule ainda em desenvolvimento. Começam por pontuações cloróticas que se transformam em pústulas ou soros, onde se expõem, com o rompimento da epiderme, massas pulverulentas de urediniósporos (uredósporos), de coloração amarelo-ouro. Estas pústulas podem coalescer, recobrindo a superfície das brotações do eucalipto quando o ataque é intenso. Em conseqüência, os tecidos afetados morrem e secam, adquirindo coloração negra, como se fossem queimados. Dependendo das condições ambientais, a planta pode reagir, emitindo novas brotações. Com o desenvolvimento das folhas e do caule, a massa amarela de esporos desaparece dando lugar a lesões salientes, rugosas, de coloração marrom. Nas folhas, estas lesões aparecem dispersas em ambas as faces do limbo e às vezes sobre a nervura principal. São comumente delimitadas por um halo escuro, arroxeado. Nos ramos, a característica verrugosa das lesões torna-se bastante típica. Como o ataque se dá antes das folhas completarem seu desenvolvimento, estas freqüentemente acabam ficando deformadas (Alfenas e Maria, 2003).

Árvores altamente suscetíveis podem ter seu crescimento comprometido pela doença, sofrendo um enfezamento quando severamente atacadas. Estas plantas podem ser dominadas pelas adjacentes que, menos afetadas ou sãs, continuam crescendo normalmente. Plantas que não são dominadas pelas vizinhas acabam se recuperando. A partir do segundo ano, a doença dificilmente causa prejuízos sérios (Alfenas e Maria, 2003).

Etiologia

P. psidii produz eciósporos uredinóides, urediniósporos, teliósporos e basidiósporos. Os uredósporos, que são formados durante a fase favorável ao desenvolvimento do fungo, apresentam forma variável, predominando os globosos, elípticos, piriformes e angulosos, medindo 14-20 x 18-27 μm. São equinulados e apresentam epispório hialino. Os teliósporos são de ocorrência mais rara, formando-se sob condições desfavoráveis ao patógeno, freqüentemente nos mesmos soros onde se formam os uredósporos (Alfenas, 1991).

São bicelulares, de forma variável, predominando os elípticos e oblongo-ovais. A ferrugem pode ter como fonte primária de inóculo mudas ou plantios jovens de eucalipto ou mirtáceas nativas hospedeiras deste fungo (Alfenas, 1991).

Epidemiologia

Ataques mais severos ocorrem em mudas e plantios jovens, com 3-12 meses de idade, sob condições ambientais favoráveis. A ocorrência de temperaturas moderadas e elevados índices de umidade relativa do ar são os fatores críticos que condicionam ataques mais severos. Períodos noturnos de molhamento foliar iguais ou acima de 8 horas e temperaturas entre 15 e 25ºC são condições altamente favoráveis à infecção (Alfenas, 1991).

Controle

As perdas que ocorrem pela redução temporária do crescimento e desaparecimento das plantas mais suscetíveis, aparentemente não compensam os gastos com aplicações de fungicidas no campo (Alfenas e Maria, 2003).

No caso de ataque intenso no viveiro, o controle químico com fungicidas é eficiente. Mancozeb, oxicloreto de cobre, triadimenol, diniconazole ou triforine são os produtos recomendados (Alfenas e Maria, 2003).

O desenvolvimento de um programa de melhoramento genético através de seleção é uma alternativa recomendável para o controle da ferrugem no campo. E. camaldulensis, E. pellita, E. urophylla, E. torelliana e E. citriodora apresentam alta resistência (Alfenas e Maria, 2003).

2.1.8 Oídio - Oidium sp.

Várias espécies de eucalipto são atacadas por Oidium sp., em viveiros, casa-devegetação e campo.

Em E. citriodora, o ataque deste fungo tem sido mais freqüente e importante, até o estádio fenológico adulto.

A doença também tem sido observada em viveiros de E. dunnii (Ferreira, 1989).

Sintomas

Brotações e gemas são preferencialmente atacadas e, quando não morrem, dão origem a folhas de limbo enrugado, afilado e geralmente com uma metade as mais estreita do que a outra. O ataque sucessivo às brotações resulta em superbrotamento, com perda da qualidade da muda. No campo, o sintoma toma maior importância pela perda da dominância apical, comprometendo a formação de um fuste reto para a produção de postes e mourões. Recobrindo as partes afetadas, ocorre, com freqüência, crescimento esbranquiçado, pulverulento, constituído por micélio e estruturas reprodutivas do patógeno, típico dos oídios (Ferreira, 1989).

Etiologia

É comum citar-se Oidium eucalypti Rostr. como sendo o agente causal da doença, porém nenhum estudo crítico, no Brasil, apresentou o correto nome. Até o momento, a fase teleomórfica não foi encontrada em condições brasileiras. Oidium sp. é um parasita obrigatório que apresenta micélio estendido na superfície do hospedeiro. Das hifas são emitidos haustórios para dentro das células epidérmicas para a retirada de nutrientes. As hifas também emitem conidióforos eretos e hialinos. Os conídios são produzidos em cadeia basipetal, hialinos, oblongos a ovais, unicelulares, com dimensões que variam de 13-20 a 21-36μm (Ferreira, 1989).

Epidemiologia

A doença dissemina-se facilmente através do contato entre plantas doentes e sadias ou pelo vento e respingos de chuva. A incidência do oídio em eucalipto é mais freqüente na época de estiagem (Ferreira, 1989).

Controle

Em viveiro, o oídio pode ser controlado com a aplicação de benomyl mais enxofre molhável. No campo, o oídio é importante na folhagem juvenil de E. citriodora. Com a troca desta folhagem pela adulta, a doença não ocorre mais, o que dispensa medidas de controle. A existência de indivíduos sadios ou pouco afetados em áreas altamente infestadas indica a possibilidade do uso da variabilidade genética para seleção de material resistente (Ferreira, 1995).

2.2 DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

2.2.1 Murcha vascular (Pseudomonas solanacearum E. E Smith.)

Esta doença, encontrada nos Estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais e Pará, é uma das poucas doenças bacterianas registradas em espécies florestais no Brasil. As espécies E. pellita, E. deglupta, E. pilularis, E. resinifera, E. tereticornis e E. urophylla (juntamente com seus híbridos comerciais) mostraram-se suscetíveis à doença. Ocorre em áreas recém-desmatadas reflorestadas com eucalipto, iniciando-se em árvores jovens com cerca de dois meses de idade (Kimati, et al., 2005).

Sintomas

Sintomas observados no campo são conseqüência da infecção sistêmica da planta pela bactéria. As folhas tornam-se cloróticas, com seca brusca e posterior queda devido ao bloqueio dos vasos de xilema. A doença é facilmente caracterizada pelos sinais apresentados, através do corte dos troncos das árvores. O xilema apresenta-se escurecido e, após alguns minutos, começa a exsudar pus bacteriano. O teste confirmativo da presença da bactéria pode ser feito através do corte transversal da haste com suspeita de murcha e sua imersão em água. Em poucos instantes, pode ser observada a corrida bacteriana na água, a partir dos vasos de xilema colonizados (Kimati, et al., 2005).

Etiologia

A bactéria associada à murcha vascular é P solanacearum. Existem, entretanto, consideráveis diferenças entre isolados quanto à patogenicidade. Esta bactéria vive no solo, em restos de matéria orgânica de matas e em plantas nativas hospedeiras (Kimati, et al., 2005; Robbs et al., 1988).

Epidemiologia

A penetração nas raízes da planta dá-se por aberturas naturais ou ferimentos. Uma vez no interior das raízes, dirige-se para o sistema vascular da planta, colonizando o xilema. A bactéria ataca fumo, solanáceas nativas e cultivadas, como tomate e pimentão, e bracatinga (Kimati, et al., 2005; Robbs et al., 1988).

Controle

Recomenda-se o plantio de espécies/procedências tolerantes ou resistentes. Outras medidas são: uso de mudas sadias, com sistema radicular bem formado, e plantio de mudas sem o afogamento do colo e dobramento das raízes (Robbs et al., 1988).

2.3 TÁTICAS DE MANEJO NA EUCALIPTOCULTURA

O manejo integrado de doenças pode ser definido como a utilização de todas as técnicas disponíveis dentro de um programa unificado, de modo a manter a população de organismos nocivos abaixo do limiar de dano econômico e minimizar os efeitos colaterais deletérios ao meio ambiente. Esse conceito desenvolvido originalmente no contexto da entomologia apresenta dois componentes, integração e manejo. Especialmente o componente manejo, que subentende o monitoramento da população do agente nocivo a determinação dos níveis de dano para efetivação das medidas de controle, é dificilmente aplicável no âmbito da fitopatologia. Isso porque para o monitoramento de populações de agentes microbianos, considerados os principais causadores de doenças em plantas, exigem-se técnicas laboratoriais e muitas são de difícil aplicação prática (Zauza, 2001).

Levando-se em conta os aspectos epidemiológicos das doenças e as características do processo produtivo florestal, o manejo integrado consiste na adoção de princípios e medidas que ao serem aplicados integradamente visam excluir e erradicar parcial ou totalmente as fontes de inoculo, proteger química, física, genética e, ou, biologicamente a planta contra patógenos e reduzir as condições favoráveis a multiplicação e disseminação de inoculo, bem como à infecção, a fim de minimizar os riscos de incidência e disseminação de doenças , otimizando o desenvolvimento da planta e sua produção sustentável (Zauza, 2001).

O desenvolvimento e a implementação das medidas de manejo integrado envolvem esforços em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, bem como em operação florestal propriamente dita.

Em face dos futuros desafios da atividade florestal, cada vez mais competitiva, devem-se considerar, nas pesquisas em Patologia florestal, os riscos de introdução de novas doenças, o melhor uso da resistência genética e da biotecnologia e os efeitos potenciais das mudanças climáticas sobre a incidência e severidade de doenças. Estrategicamente as pesquisas podem ser feitas em cooperação entre empresas florestais, universidades e institutos ou empresas publicas ou privadas de pesquisa, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico, a formação de recursos humanos e a sustentabilidade do setor florestal (Alfenas e Mafia, 2003).

O primeiro passo para a implantação do manejo integrado consiste na estruturação de um sistema de monitoramento florestal eficaz e em consonância com as linhas de pesquisa, desenvolvimento e operação a fim de obterem ganhos com o sinergismo entre as áreas correlatas, procurando-se integrar diferentes linhas de trabalho com a área de patologia florestal. Um modelo ideal consiste em concentra esforços para o monitoramento e a diagnose de anormalidades na cultura, integrando-se as áreas de silvicultura, entomologia florestal, patologia florestal, solos e nutrição florestal, incêndios florestais, e plantas daninhas(Alfenas e Mafia, 2006).

O desenvolvimento simultâneo e integrado dessas áreas é denominado “Proteção Florestal”, por exemplo, em sistemas de monitoramento deve-se observar a ocorrência de pragas e doenças, deficiências nutricional e plantas daninhas, bem como envidar esforços para se manter registros das condições climáticas ao longo do ano nas distintas microrregiões, dependendo dos recursos disponíveis , é possível que os recursos humanos destinados ao monitoramento no campo sejam úteis também no primeiro combate a incêndios (Mora e Garcia; 2000).

A importância epidemiológica das doenças na cultura do eucalipto varia de acordo com a fase do processo produtivo e com as condições de ambiente e manejo. Determinados patógenos causam perdas somente na fase de viveiro, outros apenas no campo e outros somente nos produtos da madeira. Alguns patógenos, no entanto, incidem em todo o ciclo da cultura. A partir dos dados acumulados de monitoramento classifica-se as doenças de acordo com sua importância relativa, para selecionar e estabelecer as medidas integradas de forma mais precisa (Ferreira, 1997).

3 CONCLUSÃO

Ao integrar patologia florestal e melhoramento genético, devem-se priorizar a determinação da base genética da resistência a doenças e a seleção de materiais superiores resistentes para plantio comercial.

Esses e outros exemplos demonstram que a integração da informação e do conhecimento é primordial para minimizar os custos, racionalizar e otimizar as atividades desde a produção de mudas ate o estabelecimento e condução da cultura no campo.

A escolha e a aplicação integrada dos princípios epidemiológicos (redução de inoculo, da taxa de progresso e do tempo) e das estratégias (exclusão, erradicação, proteção, resistência, terapia, escape e regulação) e respectivas medidas de controle durante o processo produtivo, são fundamentais para o manejo bem sucedido e econômico de doenças em culturas agrícolas e florestais.


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