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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Boletim Técnico: Cercosporiose incidente em folhas de Sansão do campo (Mimosa caesalpineafolia Benth) causado por Mycovellosiella robbsii Barreto & Marini

Felipe Soares de Paula
Acadêmico do curso de Agronomia

1. INTRODUÇÃO
O Sansão-do-Campo (Mimosa caesalpineafolia Benth) pertence família Fabaceae, divisão Angiospermae de origem brasileira com ciclo de vida perene é uma planta espinhenta de 5 a 8m de altura, dotada de copa baixa e densa, com tronco de 20 a 30 cm de diâmetro, revestido por casca com ritidoma escamoso. Folhas alternas espiraladas, estipuladas, compostas. As flores são pequenas, com longos estames, de coloração branca-creme, reunidas em espigas cilíndricas. Os frutos são do tipo legume (vagem), com cerca de nove cm de comprimento e contendo 5 a 6 sementes por vargem (LORENZI, 2008).
 Originário do semi-árido nordestino, possui crescimento é muito rápido e com cerca de dois anos já forma uma cerca viva imponente. É indicada também como quebra-vento, e está sendo largamente utilizada com esta finalidade em pomares comerciais, como de laranjas. Por ser uma leguminosa, o sansão-do-campo, fornece forragem de elevado valor protéico, e é uma das importantes alternativas para a alimentação de caprinos. Quando implantada em pastagens, como cerca - viva, deve ser protegida dos animais, pelo menos no primeiro ano. Atinge altura máxima de 8 metros (LORENZI, 2008).
O sansão-do-campo é uma árvore de crescente popularização, utilizado principalmente como cerca - viva. A madeira do sansão-do-campo também é bastante explorada. Ela caracteriza-se por ser dura, pesada, compacta, resistente a cupins, e muito durável mesmo quando enterrada. Dela podem ser feitas estacas, moirões, dormentes, postes, porteiras, carvão, etc. Devido à facilidade de propagação, pode se tornar invasiva em áreas desmatadas (LORENZI, 2008).
As cercosporioses são doenças cujo agente pertence ao grupo que é composto de muitos gêneros, além obviamente do gênero Cercospora sp. As cercosporioses são doenças muito comuns em regiões quentes ou durante o verão, pois, é favorecida por temperaturas acima de 25ºC e umidade do ar acima de 90%. Plantas com estresse são mais sensíveis à doenças. São transmitidas por sementes, sendo, desta maneira, disseminada a longas distãncias. A curtas distãncias, esporos do patógeno são espalhados pelo vento.(BERGAMIN FILHO et al.,1995).
O nome mais antigo disponível para este grande complexo de táxons morfologicamente indistinguíveis de Cercospora é Cercospora apii. Esta abordagem foi questionada por Chupp (1954), que afirmou em sua monografia que espécies de Cercospora são geralmente específicas. Chupp (1954) posteriormente formulou o conceito de que "uma espécie de Cercospora é específica ao gênero ou família da planta hospedeira", esse conceito levou à descrição de um grande número de espécies com base no hospedeiro identificado, levando a criação de mais de 3000 nomes que foram listados por Pollack (1987). Um total de 659 espécies de Cercospora foi reconhecido, com mais 281 sendo referidas sinonímias de C. apii. Esta decisão foi apoiada por vários experimentos de inoculação que foram realizados no complexo C. apii e que levantou dúvidas quanto à especificidade do hospedeiro e existia dentro deste complexo. Até o momento apenas algumas espécies, pertencentes a C. apii foram cultivados, e os dados moleculares abordando a especificidade ao hospedeiro dentro deste complexo ainda está faltando. Três cenários são possíveis ao examinar a associação de espécies hospedeiras de taxas pertencentes ao complexo C. apii. O primeiro cenário é que uma única espécie de Cercospora sp. ocorre em uma ampla gama de hospedeiros, a segunda é que existem várias espécies com sobreposição de critérios morfológicos e o terceiro é que algumas espécies de Cercospora são específicas, enquanto outras não (HLLIS e BOL, 1971).
O gênero Mycovellosiella possui 200 espécies descritas no Index ffungorun 2011.
Barreto & Marini (2002) descreveram pela primeira vez a ocorrência e  propuseram a nova espécie do agente causador da mancha foliar do sansão do campo como sendo M. robbsii.
O fungo M. robbsii pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Ordem Capnodiales, Familia Mycosphaerellaceae, gênero Cercospora sp. (INDEX FUNGORUN, 2011).
O presente trabalho tem como objetivo identificar e descrever a cercosporiose em sansão-do-campo, causada por Mycovellosiella robbsii destacando também os sintomas, etiologia, epidemiologia e controle.

 2. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi feito no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí.
As amostras de folhas de sansão-do-campo infectadas com cercosporiose foram coletadas na área do Instituto Federal Goiano campus Urutaí no mês de agosto de 2011. Estas foram levadas para o Laboratório de Microbiologia e colocadas em uma caixa do tipo Gerbox com papel filtro e água destilada, para o desenvolvimento das colônias fúngicas. Após 48h (quarenta e oito horas) apanhou-se as folhas da caixa e levou-as para a visualização em microscópio estereoscópico, com a finalidade de se encontrar propágulos fúngicos. Os propágulos foram coletados da superfície foliar com o auxílio de uma pinça e colocados em uma lâmina contendo uma gota de fixador lactofenol cotton-blue, em seguida colocou-se uma lamínula sobre a lâmina. Para visualização dos mesmos retirou-se o excesso de corante com papel higiênico, logo após vedou-se com esmalte e levou o conjunto para visualização em microscópio óptico.
A diagnose da doença e a identificação do patógeno foram feitas com base nos sintomas e na observação das estruturas fúngicas em microscópio ótico.
Foram realizados cortes histológicos utilizando lamina, onde os fragmentos foram depositados no fixador, sendo depositada sobre os fragmentos uma lamínula. Os sintomas da planta foram fotografados, primeiramente utilizando microscópio estereoscópico (lupa) e os sinais foram microfotografados utilizando câmera digital Samsung, para a confecção da prancha de fotos. Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas fúngicas no microscópio ótico e das frutificações fúngicas na epiderme das folhas no microscópio estereoscópico, utilizando câmera digital Canon® modelo Power Shot SD750.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hospedeiro/cultura: Sansão do campo (Mimosa caesalpineafolia Benth).
Família Botânica: Fabaceae
Doença: Cercosporiose (mancha foliar)
Agente Causal (Anamorfo): Mycovellosiella robbsii (BARRETO & MARINI 2002) Teliomorfo: Mycosphaerella sp. (INDEX FUNGORUM, 2011).
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí                                   
Data de Coleta: 20/08/2011
Taxonomia: A forma Anamórfica pertence à Divisão Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Ordem Capnodiales, Familia Mycosphaerellaceae, Reino Fungi. (ÍNDEX FUNGORUM, 2011).

Sintomatologia:
Plantas infectadas (Fig.1A) começaram a mostrar sintomas da doença oito dias após a contaminação com coloração clorotica e evoluindo para sintomas necroticos e o desenvolvimento dos sintomas (Fig.1D) e lento (até 24 mm diam em 19 dias). Inicialmente uma área fraca clorótica (Fig. 1B) aparece nas folhas e após alguns dias as lesões necróticas ficam generalizadas nas folhas e no centro das lesões pode se observar a presença de estroma. (BARRETO & MARINI, 2002).
Lesões em folhas vivas apresentam de 2-24 mm de largura, irregulares e subcirculares (Fig.1E) com uma periferia clorótico, nas lesões se observa um halo aquoso algumas vezes coalescente formando uma área necrosada unindo e levando à necrose de uma extensa da área foliar (Fig. 1C) e, finalmente, a queda das folhas. (BARRETO & MARINI, 2002).
Etiologia (sinais)
O gênero Mycovellosiella apresenta colônias efusas, marrom acinzentada ou marrom-escura e aveludada, micélio em parte superficiais, em parte imersos, estroma nomo ou rudimentar, Conidióforos macronematous ou semi-macronematous, geralmente muito ramificado, flexíveis, entrelaçamento, às vezes formando cordas de escalada com freqüência sobre os cabelos folha, pálido ou marrom Olivaceous, células conidiogênicas terminal, tornando-se simpodial, cilindrica ou clavadas, cicatrizada; às vezes pré conídios concatenar, correntes, muitas vezes ramificadas, simples, cilíndricas com extremidades arredondadas, estreitamente elipsoidal, fusiformes ou clavados, de cor marrom pálido ou marrom oliváceo, liso, geralmente 0-3 septos, mas ocasionalmente com mais de 3 septos. (ELLIS, 1991)
O fungo M. robbsii possui conídios (Fig. 1L) hialinos ou cinza, filiformes, retos ou ligeiramente curvados, os conídios são solitários, atenuados em direção ao ápice, muitas vezes, truncado na base com uma cicatriz larga, plana, conídios multisseptados (Fig.1I), incolor ou castanho claro. Ocasionalmente contritos, seu ápice sub-acutato, arredondado ou sub-truncado e base sub-truncada e são parasitárias em plantas superiores causadoras de manchas foliares. Micélio imerso na maior parte. Estroma presente com diametro 2,0-6,5 mm (Fig. 1F) apresenta Conidióforos (Fig. 1H) pálidos, em tufos, retas e flexíveis, raramente ramificados, marrons olivácea a marrom hialina, visível para o ápice. Apresenta dois tipos conidióforos anfígenos: o primeiro é fasciculado surgindo através da abertura de estômatos ou explosão através da cutícula, reto ligeiramente curvado e flexivel, e muito raramente ramificada 17,0-39,0 x, 3,0-4,0 µm, 1-5 septados, castanho, liso é o outro conidióforo oriundo do micélio externo, ligeiramente reto, não ramificado, possui de (12,5-31,5 x 3-5 µm) 0-3 septos, possui coloração marrom, superfície lisa. As células conidiogênicas (Fig. 1G) são terminais poliblásticas, simpodial. (BARRETO & MARINI, 2002).




 Figura1: Cercosporiose (Mycovellosiella robbsi) incidente em folhas de sansão do campo (Mimosa caesalpineafolia). A. Planta com sintoma no campo B. Lesões poligonais, escuras, marrons com halos cloróticos, C. Lesões confluentes de coloração marrom, D. Detalhe da lesão na fase adaxial (bar= 5,6 μm), E. Sinais no centro da lesão (Bar= 16,3 μm), F. Estroma (Bar=22,3 μm), G. Célula conidiogênica cicatrizada (Bar=4,5 μm), H. Célula basal, conidióforo e conídio (Bar=16,4 μm), I. Conídios multisseptados (Bar= 13,2), j. Conídio em estádio de germinação (Bar=14,3 μm), L. Conídio (Bar=20,4 μm).

Epidemiologia
Esporulação do fungo e observada nos tecidos necróticos das manchas nas folhas. Folhas infectadas caem posteriormente e produzem colônias idênticas  fonte de inoculos para a propagação da doença. O desenvolvimento das lesões sob as condições de período seco e relativamente lento, mais há doença especialmente no final da temporada de chuvas tropicais e onde a doença vem causando danos consideráveis ​​à folhagem de M. caesalpiniaefolia Benth no campo em qualquer estagio de desenvolvimento. Essa doença muito comun em regiões quentes ou durante o verão, pois, é favorecida por temperaturas acima de 25ºC e umidade do ar acima de 80%. Plantas com estresse são mais sensíveis à doenças. São transmitidas por sementes, sendo, desta maneira, disseminada a longas distãncias. As curtas distancias, esporos do patógenno são espalhados pelo vento e pela chuva. (BARRETO & MARINI, 2002).
Foi relatada a ocorrência de Mycovellosiella robbsii causando doença em sansão do campo na cidade de Caldas novas e Urutai, GO. (REZENDE, 2011).
O gênero Cercospora sp. é representado por aproximadamente 3.202 (três mil duzentos e dois) componentes sendo que muitos destes são causadores de danos às plantas, (INDEX FUNGORUM, 2011).
Foi relatado no mundo 13 gêneros de cercosporioses incidindo em plantas do gênero Mimosa sp, No mundo foi verificada, no Brasil (Braun & Freire, 2004), Equador (Chupp, 1953), Austrália (Hyde & Alcorn, 1993), cuba (Braun & Castaneda-Ruiz, 1991), Porto Rico (Stevenson, 1975), Colômbia (Chardon & Toro 1930), Argentina (Chupp, 1953), Índia (Yen, 1964), Jamaica, ( Sutton, 1993), Estados Unidos (Thaung, 1984) e Ilhas Virgens (Stevenson, 1975), mas não foi relatado nenhuma ocorrência do fungo M. Robbsii em Mimosa caesalpineafolia. (FARR & ROSSMAN, 2011).
Não foi encontrado na pesquisa em literatura nenhuma outra planta em que o fungo M. robbsii possa causar doença ou se hospedar.
Controle
O principal método de controle da cercosporiose é o químico mas o não possui produto registrado para M. robbsii. No entanto, uma prática alternativa é manejar a nutrição mineral para aumentar a resistência à doença (MARSCHNER, 1995).
O método de controle das cercosporioses, tanto químico quanto cultural, tem proporcionado resultados satisfatórios, porém, o mais eficiente tem sido o uso de cultivares mais resistentes (SOARES & LIMA, 1991).
Um levantamento realizado em mais de quinhentas localidades na China revelou grande variação na taxa de incidência de doenças registrando-se influências de estações do ano e variação da resistência entre as variedades cultivadas. São recomendados, como meios de reduzir a incidência, o uso de variedades resistentes, rotação de culturas, semeadura precoce, boa condução de poda para manter uma boa aeração da parte aerea da planta e o uso de fungicidas apropriados (PAN & YANG, 1999)
Devido a especie Mimosa caesalpineafolia ser uma cultura de baixo interesse comercial o controle biológico para M. robbsii. ainda não esta sendo desenvolvido nenhum estudo ou testes descritos em literatura.
No banco de dados do agrofit- Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários 2011 não existe nenhum relato de produto que possa controlar a M. robbsii em sansão do campo.
É importante frisar que essas práticas de manejo devem ser usadas de forma conjunta, de acordo com as circunstâncias e condições de cada região. É pouco provável que práticas de manejo adotadas de forma isolada sejam eficientes no controle da doença. (BERGAMIN FILHO et al.,1995).
4. LITERATURA CITADA:

AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em: Acesso em: 4 de novembro de 2011.
BARRETO, R. W & MARINI, F. S, Mycovellosiella robbsii sp. Nov. Causing leaf-spot on Mimosa caesalpiniaefolia. Fitopatologia. Brasileira,  Brasília,  v. 27,  n. 6, nov.  2002.
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, A. AMORIM, L.; Manual de Fitopatologia. 3ª Ed vol.1 São Paulo: agronômica Ceres, 1995.
CHUPP, C.. Uma monografia do fungo do gênero. Cercospora Ithaca, Nova York: 1954.
ELLIS M. L. Dematiaceous hyfhomycetes, commonwealth mycological institute kew, surrey, england,1991.
FARR, D.F., & Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Retrieved October 5, 2011, from /fungaldatabases/
HILLIS, M.S.; BOL, J.J.; Um teste empírico de bootstrapping como um método para avaliar a confiança na análise filogenética. 1993. Syst 42:182-192 Biol.
INDEX FUNGORUM. Disponível em: Acesso em 03 de Outubro de 2011.
LORENZI, H. Arvores brasileiras, manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil.2008. Vol.01 5ª edição.
MARSCHNER, H. Mineral nutrition of higher plants. 2nd ed. New York. Academic Press. 1995.
PAN, Y.Z.; WANG, J.C. The occurrence and control of peanut leaf spot diseases. Jouranal of Henn Agricultural Sciences, Shangqui, n.6, p.21-22, 1999.
POLLACK F.G. Uma compilação de nomes anotados Cercospora. 1987. Mycol Mem 12:1-212.
REZENDE, B.P.M. ; TAVAREZ, C.J. ; PAZ LIMA, M. L.. Ocorrência de Mycovellosiella robbsii em sansão-do-campo (Mimosa caesalpiniaefolia) na cidade de Caldas Novas, GO. In: 44 Congresso Brasileiro de Fitopatologia, 2011, Bento Gonçalves, RS. Tropical Plant Pathology. Brasilia, DF : Sociedade Brasileira de Fitopatologia, 2011. V. 36. p. 1191-1191.
SOARES, J.J; LIMA, E.F. Avaliação da resistência de cultivares a Cercosporioses.  Campina Grande: EMBRAPA, 1991. 12p.
 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Boletim Técnico: Cercosporiose da guariroba (Syagrus oleracea) causado por Passalora eitenii

Bruno Barboza dos Santos
Academico do curso de Bacharelado em Agronomia

INTRODUÇÃO

A guariroba (Syagrus oleracea) é uma palmeira nativa do Brasil (Figura 1), também conhecida por outros nomes populares, são eles: gueiroba, gariroba, palmito-amargoso, catolé, coco-babão, coco - amargoso. Possui como classificação científica os seguintes dados: Reino: Plantae, Divisão: Magnolipphyta, Classe: lipiopsida, Sub-classe: Commelinidae, Ordem: Arecales, Família: Arecaceae, Sub-família: Arecoideae, Tribo: Cocoeae, Gênero: Syagrus e Espécie: Syagrys oleracea (WIKIPÉDIA, 2011.)
A planta possui  estipe solitária, ereta, colunar, acinzentada, podendo atingir até 20 metros de altura, e 20 a 30 cm de diâmetro, com copa crispada e deflexa, suas folhas são grandes de até 3 metros de comprimento, bainha estreita, bainha caduca e flores que surgem em cachos durante a primavera até o outono, dispostas espiraladamente na copa; bainha fibrosa de 45-100cm de comprimento, pinas lineares de ápice acuminado e não pendentes; inflorescências interfoliares de até 70cm de comprimento, lenhosa, frisada, geralmente axilares, grandes, paniculadas e envolvidas por bráctea desenvolvida na forma de quilha (espata) que muitas vezes são lenhosas (cimba) (LORENZI, 2000)
As flores são numerosas, pequenas, curto-pediceladas ou sésseis, unissexuadas ou raramente andróginas, trímeras, actinomorfas, heteroclamídeas ou raramente monoclamídeas.  Androceu com 6 estames dispostos em 2 séries de 3, estaminódios frequentemente presentes. Gineceu de ovário súpero, tricarpelaro. Os frutos possuem aspecto lenhoso, indeiscentes e levemente elíptico, com polpa de coloração verde-amarelada, cujo mesocarpo possui amêndoas brancas oleaginosas, as quais são comestíveis, ocorre em cachos, são elipsóides, lisos, 4,0 - 5,5cm de comprimento com mesocarpo espesso, carnoso, adocicado e fibrosos, geralmente ocorrem entre outubro e fevereiro (LORENZI, 2004.)
Sua madeira é moderadamente pesada, macia, de boa durabilidade mesmo quando exposta ao tempo. A polpa do fruto é comestível e muito apreciada pelo gado e por porcos, a amêndoa além de fornecer óleo é também comestível, sendo até comercializada.  As folhas são usadas para confecção de vassouras e as flores são melíferas. A palmeira é bastante ornamental, sendo uma das mais cultivadas para a arborização urbana em diversas cidades do Brasil, muito utilizada em projetos de paisagismo, pois, além de ser uma planta de grande porte que propicia excelente sombra, é muito bonita e apreciada por muitos, também é ótima para plantios mistos em áreas de preservação permanente (LORENZI, 2000).
A propagação desta palmeira ocorre por sementes, embora cresça espontaneamente nas matas do Centro Oeste e Sudeste do Brasil, porém a planta prefere regiões de clima quente e solos bem drenados (WIKIPÉDIA, 2011).
Entre seus produtos destaca-se o palmito ou broto terminal, o qual tem grande aceitação pela sociedade, considerado por muitos como verdura de sabor amargo - o que de fato é quando comparado aos palmitos doces das espécies da Mata Atlântica, o palmito da guariroba é uma iguaria de largo aproveitamento culinário em alguns estados, inclusive algumas regiões de Goiás e Minas Gerais. Da semente se extrai óleo comestível (WIKIPÉDIA, 2011).
O seguinte trabalho teve como objetivo descrever o patógeno Passalora eitenii, considerando aspectos da taxonomia, sintomatologia, etiologia, epidemiologia e o controle do mesmo.

MATERIAIS E MÉTODOS

  Para a realização deste trabalho foram utilizados os seguintes matérias: Folhas de guariroba (Syagrus oleracea), microscópio estereoscópico (lupa), corante azul-de-algodão, seringa com agulha, lâmina, lamínula, microscópio e esmalte. Processos com observação na lupa da folha, captura do fungo, confecção da lâmina e fotos para a realização desse trabalho foram realizados no Laboratório de Microbiologia do IF Goiano campus Urutaí – GO.
O fungo foi coletado de uma folha de guariroba, da qual foi retirada através do método de pescagem direta (com auxilio de uma lupa para melhor visualização), com a agulha fixada em uma seringa as estruturas do fungo, as quais foram capturadas para em seguida ser realizada a confecção da lâmina. Para se fazer a lâmina é necessário colocar uma gota do fixador lactofenol-cotton-blue na superfície da mesma onde posteriormente será depositado o material coletado na folha de guariroba, após o termino se deposita, uma lamínulas em cima do material coletado. A vedação da lâmina foi realizada com esmalte ao redor da lamínulas. Observou-se a lâmina no microscópio óptico para a identificação das estruturas fúngicas.
Ainda usando o microscópio óptico iniciou-se o registro macro e microscópico utilizando-se a câmera digital Canon modelo Power Shot A580, concluído esse processo, baixou-se as fotos em um computador e utilizando o programa da Microsoft Office Picture Manager, editou-se as imagens, em seguida em outro programa Microsoft Office o Power Point, fez-se a montagem da prancha para ser colocada nos resultados e discussões do trabalho.






RESULTADOS E DISCUSSÃO

Hospedeiro/cultura: Guariroba (Syagrus oleracea)
Família Botânica: Arecaceae
Doença: Mancha-Foliar
Agente Causal (Anamorfo): Passalora eitenii
Local de Coleta: Cristalina - Goiás
Data de Coleta: Agosto de 2011.

Taxonomia: O teleomorfo pertence ao reino Fungi, divisão Ascomycota, classe Dothideomycetes, ordem Capnodiales, família Mycosphaerellaceae, gênero Passalora sp. O anamorfo pertence ao Reino Fungi, grupo incerto dos Fungos Mitospóricos, sub-grupo Hifomicetos.
  De acordo com INDEX FUNGORUN (2011), há apenas dois registros desse patógeno no Brasil até o presente momento. Já, o site USDA, apresenta que no Brasil já há até o presente momento três registros de Passalora eitenii, os quais foram descritos respectivamente por: Crous e Braun (2003); Medeiros e Dianese (1994); Mendes et al. (1998), Dianese et al. (1998).
Sintomatologia
Os sintomas primários da mancha foliar escura na guariroba podem observadas logo após a deposição do inóculo, na forma de pequenas manchas cloróticas, (sem ocorrência de encharcamento do tecido), a região central começa a sofrer necróses e posteriormente estabelecendo as lesões necróticas, com o passar de mais alguns dias, sendo estas lesões escuras e variando sua forma de circulares a irregulares as quais no futuro podem vir a coalescerem, se fundirem. A manifestação dos sintomas começa nas folhas, na sua face inferior, progredindo para as mais novas (BERGAMIN et al., 1995).
As lesões são geralmente menor (1 a 7 mm de diâmetro), de contornos mais uniformes, desenvolve frutificações do patógeno na superfície abaxial das folhas, na superfície adaxial ficam marrom escuro a preta, sendo que nas folhas severamente afetadas ocasiona a diminuição da área fotossintética, pois ocorre a coalescência das lesões e em seguida as mesmas caem com facilidade.
As manchas cloróticas são sintomas pleisonecróticos, as manchas de coloração marrom ou negra constituem sintomas holonecróticos e as frutificações do patógeno são os sinais da doença (PIO-RIBEIRO et al., 2005). Na face abaxial das folhas lesões apresentam no centro coloração páleo amarelada. Com presença de pulverulência, bordas necróticas.





Figura 1.: Sinais e sintomas de Passalora eitenii em folhas de Guariroba (Syagrus oleracea). A,B. Planta de guariroba de onde foram coletadas as amostras para realização dos estudos. C. Detalhe, confluência das lesões na face adaxial da folha.  D. Face adaxial apresentando lesões. E. Face abaxial apresentando lesões. F. Lesão na face abaxial. G. Lesão na face adaxial.


Etiologia
O agente causal da mancha foliar escura Passalora eitenii, produz hifas bem definidas, as quais se agrupam formando estroma (Fig. 2) na face abaxial de lesões mais velhas, produzindo numerosos conidióforos, não ramificados, os quais se reúnem em fascículos densos em círculos concêntricos, marrom pálidos a oliviáceos e conídios solitários, hialinos, em geral retos ou levemente curvos, arredondados no ápice e sem constrição, apresentando de um a nove septos, sendo mais freqüente três a quatro (BERGAMIN et al., 1995).
Outras características do fungo são conidióforos agregados em fascículos, emergindo de um estroma sub-cuticular na face abaxial de lesões velhas. Os conidióforos são lisos, retos, de coloração marron claro, não ramificados, maioria septados, medindo de 26-57µm x 4 µm, células conidiogênicas terminais, com cicatrizes escuras e pouco espessas. Os conídios são solitários, claros, retos a ligeiramente curvos, medindo de 32-70 µm x 4-5 µm, maioria com três septos, apresentando um hilo truncado e ápice obtuso. (MEDEIROS e DIANESE, 1994).

 Figura 2: Estruturas do patógeno. H,I. Lesões confluentes, escuras na face adaxial da folha. J. Conidióforo (bar= 40,3 µm), no detalhe em sua extremidade a formação de um conídio. L. Esporodóquio com presença de estroma. (bar= 41,9 µm) M, N. Conídio (bar= 52 µm), no detalhe a cicatriz no ponto exato onde se desprendeu da célula conidiogênica.  

Epidemiologia
O agente da mancha foliar escura (Fig. 2)  é um parasita facultativo, pois sobrevive de uma época de cultivo para outra, especialmente em restos de cultura e plantas voluntárias. O fungo P. eitenii estudado, é particularmente um agente patogênico ao gênero Syagrus sp. O inoculo inicial que dá início às infecções primárias pode ser produzido por estruturas de sobrevivência formadas por conídios e fragmentos de micélio produzidos nos tecidos dos restos culturais, especialmente nas folhas, na matéria orgânica do solo, em hospedeiros alternativos, ou mesmo em tecidos de plantas (BERGAMIN et al., 1995).
A disseminação dos propágulos ocorre logo após o início das primeiras lesões, a disseminação do inoculo, a curta distância, se dá por respingos de água, vento, insetos e movimento de fragmentos de material vegetal infectado, produzindo ciclos secundários de infecção. Ao serem depositados na superfície da planta, em condições favoráveis, dentro de seis a oito horas os conídios germinam, formando um ou mais tubos germinativos que irão penetrar através dos estômatos ou nas células da epiderme diretamente. Após um período de 5 a 14 dias, dependendo da espécie do fungo, do genótipo e idade das folhas do amendoim e condições ambientais surgem os primeiros sintomas. Tais patógenos podem ser disseminados a longas distâncias, através de estruturas fúngicas presentes, na parte externa e fragmentos de plantas infectadas como contaminantes (SHOKE e CULBREAT, 1997).
Os fatores que favorecem o desenvolvimento das manchas foliares escuras são: alta umidade relativa do ar (acima de 90-95 %), temperaturas iguais ou superiores a 19 oC, chuvas periódicas (maiores que 2,5 mm) durante o ciclo da cultura e o molhamento das folhas devido à alta umidade (proporcionado pelo orvalho ou pelas chuvas periódicas). A produção local de esporos é a principal fonte inicial de inoculo, visto que a disseminação ocorre só a pequenas distâncias, a não eliminação de restos culturais ou de plantas e o plantio de cultivares suscetíveis são fatores favoráveis para estas doenças (SHOKE e CULBREAT, 1997).
Controle
Ainda não se tem registros de controle práticas de manejo biológico e genético as quais possam ser realizados para esse controlar a incidência desse patógeno na cultura da guariroba.
Por outro lado, o controle da mancha foliar escura pode ser alcançado com boa eficiência através de estratégias básicas, como o uso de práticas culturais, que reduzem o inoculo inicial, retardando o início das epidemias, da adoção de medidas que diminuem a taxa de infecção, mantendo a ocorrência das doenças abaixo do nível de dano, juntamente com o uso sempre que possível, das medidas complementares, como por exemplo:  a  escolha de época de plantio para evitar condições favoráveis à ocorrência de epidemias, outra técnica de manejo recomendada é o controle de ervas daninha, para diminuir a formação de microclima junto às plantas, que favorece o desenvolvimento das doenças, além da mesma agir como hospedeiro alternativo para o patógeno, além do uso de mudas sadias, oriundas de boa procedência (BERGAMIN, et al., 1995).
 O controle químico com fungicidas tem sido recomendado para o controle das manchas foliares, porém ao optar pelo uso do fungicida, deve se atentar para os cuidados a fim de obter o máximo de eficiência: escolha adequada do produto, uso da dosagem recomendada, aplicação no momento adequado, método de aplicação, entre outros (BERGAMIN et al., 1995).
Segundo o Agrofit, 2011, fungicidas do grupo triazol como, difeconazole (Score 0,35 L/ha) e tebuconazole (Nativo-0,6 a 0,75 L/ha), ambos têm se mostrado eficientes no controle do agente da mancha foliar escura. Outros fungicidas como chlorothalonil (Vanox 500 SC-2,5 a 3,5 L/ha), por suas características de fungicida protetor, pode ser aplicado alternadamente com difenoconazole ou tebuconazole. O chlorothalonil e o tebuconazole reduzem a germinação de esporos e a intensidade de esporulação nas lesões, mas apenas o tebuconazole é capaz de reduzir a freqüência de infecção e aumentar o período de incubação após os tubos germinativos terem penetrado nas folhas da guariroba (AGROFIT, 2011).

LITERATURA CITADA

AGROFIT. Disponível em: HTTP://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_ cons/principal_agrofit_cons> consultado em: agosto de 2011.

BERGAMIN A.; KIMATI, H.; AMORIM, L.; Manual de Fitopatologia – Principios e Conceitos. Vol. 1; 3 edição. SP. Agronômica Ceres, 1995.

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LORENZI, H.; Hermes Moreira de Souza; Judas Tadeu de Medeiros Costa; Luiz Sérgio Coelho de Cerqueira; Evandro Ferreira: Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Instituto Plantarum, Nova Odessa, 2004 ISBN 85-86714-20-8;
LORENZI, H Árvores Brasileiras: Manual de identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil, Vol. 1;  3​ edição; Nova Odessa - SP. Instituto Plantarum, 2000.

MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp. Acesso em: 27/9/2011.

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PIO-RIBEIRO, G.; ANDRADE, G.P. & MORAES, S. A. Principais doenças do amendoim e seu controle. In: Santos, R.C. edO agronegócio do amendoim no Brasil. Embrapa Algodão, Campina Grande, PB. 2005. Cap. VII. p. 263-337.

SHOKES, F.M.; CULBREATH, A.K. Early and late leaf spots. In: KOKALIS-BURELLE, N.; PORTER, D.M.; RODRÍGUES-KÁBANA R.; SMITH, D.H.; SUBRAHMANYAM P. (Eds.) Compendium of peanut diseases. 2. Ed. New York: The American phytopathological Society, 1997. p.17-20.

WIKIPEDIA, disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guariroba, consultado em setembro de 2011.

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