quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cladosporiose do maracujá (Cladosporium herbarum) incidente em folhas de maracujá (Passiflora edulis).

Autor: Bernardo Piccolo Moreira Rezende

A Cladosporiose do maracujazeiro ou também chamada de verrugose, é causada pelo fungo Cladosporium herbarum, ocorrem sobre inúmeras espécies vegetais, especialmente como componente da micoflora de sementes (Ufrgs, 2010).
É uma doença relativamente importante, que surge principalmente em tecidos mais jovens, danificando o desenvolvimento da planta, e assim causando graves prejuízos em todas as zonas produtoras do maracujá no Brasil. Em viveiros pode causar a morte de mudas, enquanto em lavouras ocasiona má aparência dos frutos, que reduz o valor comercial para consumo in natura (Ufrgs, 2010).
O objetivo deste trabalho é identificar, descrever e apontar medidas de controle de C. hebarum incidente em folhas de maracujá.
Folhas de maracujá apresentando sintomas da cladosporiose foram coletadas no campo experimental do IF Goiano e levadas ao Laboratório de Microbiologia. Utilizando-se o método de “pescagem direta”, preparou-se lâminas semipermanentes utilizando corante azul de algodão. Após confecção da lâmina ela foi observada em microscópio ótico onde, foi analisado as estruturas morfológicas para caracterização. As lâminas semi-permanentes após analisadas foram vedadas com esmalte para visualização.
Hospedeiro/cultura: Maracujá (Passiflora edulis (Sims)).
Família Botânica: Passiflorácea.
Doença: Cladosporiose-do-maracujazeiro.
Agente Causal: Cladosporium herbarum (Pers.) Link (1816).
Local de Coleta: Fazenda Palmital, Urutaí, GO.
Data de Coleta: 21/03/10
Taxonomia: A forma anamórfica pertence ao Reino Fungi, grupo incerto dos fungos mitospóricos, sub-grupo hifomicetos (Kirk et al., 2001). A forma teleomórfica pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Sub-classe Dothideomycetidae, Ordem Capnodiales, Família Davidiellaceae, Gênero Cladosporium e Espécie Cladosporium herbarum (Index Fungorum, 2010).

Sintomatologia

A doença afeta preferencialmente os tecidos novos de folhas, ramos, flores e frutos. Nas folhas os sintomas manifestam-se no início com pequenas manchas, circulares, inicialmente translúcidas, e posteriormente uma área verde pulverulenta começa a se formar no centro em direção a borda, tornando a mancha obscurecida. Depois, os tecidos da lesão sofrem necrose e caem, ocorrendo as perfurações na folha. Nos ramos e ponteiros os sintomas são inicialmente semelhantes às das folhas, que se convertem em cancro de aspecto alongado, deprimido. Essas lesões são semelhantes a barquinhos de papel emborcados e, nestes locais, pela ação do vento, tornam-se fracos e quebradiços. Nos frutos, as lesões são superficiais, não atingindo as partes internas e, portanto, não afetando a qualidade das sementes e do suco, mas há uma redução do seu valor comercial. As lesões iniciam como diminutos pontos marrom-claros, levemente deprimidos. Pelo crescimento do tecido da casca adjacente à margem da lesão, a área afetada é elevada até um pouco acima do nível da superfície, originando verrugas de coloração palha, que podem coalescer, afetando grande parte da superfície do fruto (Ufrgs, 2010).

Etiologia

O patógeno é considerado um saprófita que se transforma em um patógeno de plantas em diferentes condições de estresse. A infecção do fungo forma uma colônia com estruturas com forma profusa, aveludada, na coloração verde-oliva ou marrom-olivácea. Os conidióforos são retos ou flexuosos, geniculados e sempre nodosos, claros a marrom-oliváceos, lisos, altos, com cerca de 250mm de comprimento e 3 a 6mm de largura. Os conídios são razoavelmente grandes, sempre em longas cadeias ramificadas, forma variando de elipsoidal a oblonga, arredondada em duma das extremidades, de coloração clara a marrom-olivácea, uni ou binucleados. a superfície do conídio apresenta pequenas verrugas bem distintas e apresenta 0-3 septos (Pio-Ribeiro, et al., 1997).

Epidemiologia

O fungo Cladosporium herbarum é um patógeno de plantas. Seus hospedeiros incluem Bryum , Buxbaumia , Gyroweissia , Tortula , e Dicranella (Cenargen, 2010). As sinomínias desse gênero são: Acrosporella Riedl & Ershad, (1977), Azosma Corda, (1831),Didymotrichum Bonord., (1851), Graphiopsis Trail, (1889), Heterosporium Klotzsch ex Cooke, (1877), Hormodendrum Bonord. (1851), Mydonosporium Corda, (1833), Myxocladium Corda, (1837), Polyrhizium Giard., (1889), Spadicesporium V.N. Boriss. & Dvoïnos., (1982), Sporocladium Chevall., (1826). As sinominias da espécie são: Byssus herbarum (Pers.) DC., (1815), Dematium herbarum Pers., (1794), Dematium vulgare Pers., (1822), Heterosporium epimyces Cooke & Massee, (1883). Foram descritas cerca de 500 espécies pertencentes ao gênero Cladosporium (Index Fungorum, 2010).
A disseminação do patógeno se dá através de mudas infectadas e pelo vento. A alta umidade é necessária para que ocorra a infecção, e as folhas jovens são muito mais suscetíveis que as adultas. No Brasil, no inicio da primavera, quando a temperatura é mais amena, a doença é mais severa em ramos e folhas. Temperaturas elevadas proporcionam ao patógeno causar lesões em brácteas e cálices de botões florais, sem prejuízos à frutificação, e em frutos que estejam protegidos pela massa vegetativa, devido ao microclima úmido e com temperaturas amenas (Ufrgs, 2010).
O agente causal é um fungo muito ativo em épocas de temperaturas amenas (15 a 22°C). Em estações ou regiões quentes só causa lesões em frutos devido ao micro clima úmido que se forma pelo envolvimento da massa vegetativa. Em ambientes de temperaturas amenas a cladosporiose é muito prejudicial na brotação primaveril, quando pode comprometer os ramos novos, através de lesões cancróticas, bem como perfurações e engruvinhamentos de folhas, com isso atrasam o início da safra. O mais recomendável é que tais brotações ocorram sob cobertura fitossanitária utilizando-se fungicidas à base de cobre (Yamashiro, 1980).

Controle

Os fungicidas dos grupos triazóis têm - se mostrado bastante eficientes para controle da doença, com diferença na eficiência curativa entre princípios ativos dentro de cada grupo. Existe atualmente quatro produtos químicos registrados no Ministério da Agricultura para o controle dessa doença, sendo eles: Constant tebuconazol (triazol), Elite tebuconazol (triazol), Folicur 200 EC tebuconazol (triazol) e o Triade tebuconazol (triazol) (Agrofit, 2010).
Além do controle químico, é importante considerar o manejo da cultura, devendo utilizar mudas isentas de doença, provenientes de plantações sadias, evitar introduzir em áreas novas e isentas de doenças, materiais, veículos, e ferramentas utilizadas em plantações doentes, efetuar uma poda vigorosa eliminando ramos, gavinhas e frutos doentes, sementeiras e novas plantações deve ser feitas o mais distante possível de áreas de maracujazeiros adultos, as aplicações de fungicidas devem ser realizadas na parte da manhã e não é indicado fazer aplicação em frutos devido a quantidade de resíduos de fungicida que fica no fruto (Ufrgs, 2010).
Dessa forma, o controle dessa doença exige a combinação de várias táticas. O histórico fitossanitários da área de plantio, o histórico do clima da região onde o maracujá vai ser cultivado e a diagnose e o monitoramento da doença são considerados os pilares de sustentação para se iniciar um programa de manejo integrado da cladosporiose. A partir daí deve ser levado em consideração outro aspecto iniciando pelo uso de variedades resistentes e o plantio de mudas sadias (Ufrgs, 2010).

LITERATURA CITADA:

AGROFIT, Disponível em: Acessado em junho de 2010.

CENARGEN, Disponível em: Acessado em junho de 2010.

INDEX FUNGORUM, Disponível em: . Acessado em junho de 2010.

KIRK, P. M.; CANNON, P. F.; DAVID, J. C.; STALPERS, J. A.; Dictionary of the Fungi. 9 th Edition, CABI Bioscience. Surrey, UK, 2001.

PIO-RIBEIRO, G.; MARIANO, R. de L.R. Doenças do maracujazeiro. In: KIMATI, H. et al. (Ed.). Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 3. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1997. v.2, p.525-534.

UFRGS, Disponível em: Acessado em junho de 2010.

YAMASHIRO, T. Doenças do maracujazeiro. In: RUGGIERO, C. Cultura do maracujazeiro. Jaboticabal: FCAV, 1980. p.94-98.

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