segunda-feira, 19 de abril de 2010

ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Ampelomyces sp

Bruno Barboza dos Santos


O gênero Ampelomyces sp. foi descrito em 1852 segundo Brian, 1980, sendo assim classificado como um Deuteromycota ou fungo imperfeito, classe artificial na qual incluem-se os fungos que apresentam como estrutura somática hifas septadas e dos quais só se conhece as estruturas de reprodução assexual, ou seja, fase conidial. Este pertence ao grupo dos fungos Mitospóricos, Coelomicetes.

Como características morfológicas a presença de micélio superficial ou imerso, possui formato de picnídio, escuros, de cor marrom, na maioria das vezes arredondado, com talo reduzido, bastante frágil, é septado, ramificados, seu corpo de frutificação se encontra protegido, não possui rostro nem ostíolo distintos, porém possuem uma ruptura deiscente apical no picnídio, não apresenta conidióforo, a célula conidiogênica é enteroblástica fialídica, determinada, discreta, variando de doliforme à poliforme, hialina, lisa, o picnídio por sua vez produz bastante conídios os quais são unicelulares segundo Barnet & Hunter (1998).

Seus conídios são hialinos, predominantemente ovóides, alguns quase globosos, raramente elevados, alongados ou fusiformes, são asseptados, possuem paredes finas, lisas, são retos ou curvados, constituídos de células poligonais ou de contornos irregulares, de coloração castanha (essa tonalidade castanha se acentua com o passar do tempo), o fungo é um hiperparasita, se desenvolve ao redor dos conidióforos do fungo oídio (Erysiphaceae) afirma Ponte (1968). Em outubro de 1965, o mesmo descreveu o que observou no estado de Minas Gerais, mais precisamente em Viçosa, quando coletou amostras as quais foram retiradas de folhas de quiabeiro (Hibiscus esculentus L.) atacadas de Oídio (Oidium abelmoschi Thum.) ele detectou a presença, em profusão, de um outro fungo, então hiperparasitando hifas e conidióforos sendo nomeado como sendo Oidium sp, foi ai que através de suas pesquisas descobriu que tratava-se de uma nova espécie pertencente ao gênero Cicinnobolus Ehrenb. a qual Ponte (1968) descreveu com o nome de C. priscii. Após as pesquisas o material foi incorporado ao Herbário Fitopotalógico da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza, Estado do Ceará (Brasil), instituição onde o respectivo estudo micológico foi realizado pode-se concluir que houve realmente a prevalência do gênero Ampelomyces cesati sobre o Cicinnobolus sp.

Falk et al., 1995, dizem que este parasitismo reduz o crescimento e podendo eventualmente, até matar a colônia de bolor, no caso a colônia do fungo Oidium sp.. Atualmente o fungo Ampelomyces sp. tem sido objeto de numerosas investigações, pois de certa forma ele promove o controle biológico do fungo causador do oídio pois a produção de esporos do oídio é reduzida ou até mesmo se ausenta em áreas parasitadas pela colônia do mesmo. Alguns sintomas são que hifas e conidióforos não infectados do oídio são transparentes, mas, por sua vez escurecem logo após a infecção. Uma vez que o hiperparasita começou a produzir picnídios, suas hifas e conidióforos aumentam várias vezes o seu diâmetro normal, e a cor castanha aumenta sua tonalidade na parede celular dos picnídios.

De acordo com o Index Fungorum (2010), o gênero Ampelomyces sp. apresenta a seguinte organização taxonômica: pertence ao reino Fungi, grupo dos fungos Mitospóricos e ao sub-grupo dos Coelomicetos. Neste banco de dados, existem registrados 18 espécies, variedades e formae speciales válidas pertencentes a este gênero no mundo.

Através relatos do Departamento de Agricultura (2010), ‘’Agricultural Research Service’’ o gênero Ampelomyces sp apresentou cerca de 61 hospedeiros os quais registrados em quase todo o mundo, além do Brasil houve incidência também na Venezuela, Espanha, Rússia, Canadá, Índia, entre outros. No Brasil Ampelomyces sp foi relatado em plantas de Tabebuia sp., no laboratório de quarentena vegetal situado em Brasília, DF.

Este trabalho tem como objetivo, apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Ampelomyces sp. encontrado em folhas de jiló, as quais foram analisadas no Laboratório de Microbiologia do IFGoiano campus Urutaí-GO.

Para a realização deste trabalho foram utilizados os seguintes materiais:

folhas de jiló (Solanum gilo), microscópio estereoscópico (lupa), corante azul- de-algodão, seringa com agulha, lamina, lamínula, microscópio e esmalte.

Processos como observação na lupa da folha, captura do fungo, confecção da lamina e fotos para a realização desse trabalho foram realizados no Laboratório de Microbiologia do IFGoiano campus Urutaí-GO.

O fungo foi coletado de uma folha de jiló (Solanum gilo) a qual estava sendo retirada através do método de pescagem direta com auxílio de uma lupa para melhor visualização, com a agulha fixada em uma seringa as estruturas do fungo foram capturadas para em seguida ser realizada a confecção da lamina.

Para se fazer a lamina é necessário colocar uma gota do fixador lactofenol-cotton-blue na superfície da mesma onde posteriormente será depositado o material coletado na folha de jiló, após o termino se depositou uma lamínula acima.

A vedação da lâmina foi realizada com esmalte ao redor da lamínula. Observou-se a lâmina no microscópio para a identificação das estruturas fúngicas.

Ainda usando o microscópio iniciou-se o registro macro e microscópico utilizando-se a câmera digital Canon® modelo Power Shot A580, concluído esse processo baixou-se as fotos em um computador e utilizando o programa do Microsoft Office Picture Manager editou-se as imagens em seguida em outro programa Microsoft Office o PowerPoint fez-se a montagem da prancha para ser colocada nos resultados e discussão do trabalho.



Figura 1. Aspectos morfológicos de Ampelomyces sp. encontrado em folhas de jiló (Solanum gilo). A. aspecto foliar na face adaxial, B. aspecto foliar na face abaxial, C. picnídio de coloração marrom clara hiperparasitando a hifa. D. hifas e conídios hialinos de Oidium sp. e picnídio hiperparasitando. E. conídio, cerca de bar=18,75μm, detalhe do picnídio e hifa de Oidium sp. F. conídio de Oidium sp.

Descrição micológica: Foi observado em amostras de folhas de jiló as quais apresentavam sintomas de doença do tipo oídio, a associação hiperparasítica do fungo Ampelomyces sp. O fungo apresentou picnídios de coloração marrom escura (Fig. 1CDE), picnídios, pois seus esporos se encontram protegidos dentro do mesmo e assim diferentemente da estrutura de um ascomiceto, eles não estão armazenados dentro de ascas, estão apenas inseridos dentro da estrutura de forma desordenada, o mesmo possui forma arredondada além de não possuir rostro e nem ostíolo bem definidos como se pode observar nas fotos C, D e E, foi possível através das fotos observar também que o gênero Ampelomyces sp. por ser um fungo mitospórico (Coleomiceto) é um fungo imperfeito, pois só apresentou formas teleomóficas, além de não possuir conidióforos, seus picnídios produzem muitos esporos pode se observar com clareza que os mesmos estão repletos de conídios, os quais por sua vez são hialinos e arredondados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


BARNET H.L. & BARRY B. H. Illustrated Genera of Imperfect Fungi. 4° Edição, APS PRESS The American Phytopathological Society St. Paul, (pág. 166), Minnesota, 1998.

PONTE, J.J. A new species of Cicinnobolus, parasite on Oidium, Thüm. Sydowia Annales Mycologia, Viena, 20: 239-241, 1968.

FALK, S.P., GADOURY, D.M., CORTESI, P., PEREIRA, R.C., Controle Parcial do Oídio em Uva pelo hiperparasitaquisqualis Ampelomyces. Phytopathology 85:794-800. Genebra, 1995.

College of Agriculture and Life Scienses. Disponível em: <http://www.nysaes.cornell.edu/pathogens/ampelomyces.html> acessado em 31/03/2010.

BRIAN C.S. The Coelomycetes Fungi Imperfecti with Pycnidia Acervuli and Stromata, Principal Mycologist Commonwealth Mycological Institute. COMMONWEALTH KEW Mycological Institute, Surrey, Inglaterra, 1980.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/names/names.asp> Consultado em 17/04/2010.

USDA (United States Department Of Agriculture). Disponível em: acessado em 21/06/2010.

MEDICINA AVANÇADA. Disponível em: <http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/1526> acessado em 31/03/2010.

Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp. acesso em: 23/6/2010.

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