Oidium anacardii em cajueiro (Anacardium occidentale L.)
Ranieri Martins Silva1
1 Acadêmico do curso de Agronomia
O cajueiro, Anacardium occidentale (Anacardiaceae), é considerado, por vários pesquisadores, originário da região litorânea do Nordeste do Brasil. Além desta, várias outras espécies do gênero são encontradas na Região Norte e apresentam ampla distribuição geográfica, sendo citadas em países de vários continentes.
Atualmente, o cajueiro é uma cultura de importância econômica, estimulada pela exportação do produto industrializado e pelo consumo interno. Do pseudofruto (pedúnculo hipertrofiado) são fabricados vários produtos, tais como sucos, cajuína, néctar de caju, caju em calda, caju-ameixa, caju cristalizado, geléia, doce em massa, licor, aguardente, vinagre e vinho. Do fruto (castanha), alem da amêndoa, destinada grande parte à exportação, é também extraído o LCC (líquido da castanha de caju) utilizado na indústria química para obtenção de resinas, fabricação de tintas, vernizes, esmaltes, lonas de freio para veículos, etc. Os principais importadores do LCC na forma bruta são os E.U.A. e Reino Unido e de ACC (amêndoa da castanha de caju), os E.U.A., Holanda, Canadá e Alemanha (Kimati et al., 2005).
Segundo dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cenargen) o levantamento de fungos no Brasil no estado de São Paulo (SP), Ceará (CE) e Nordeste (Ne), foi identificado o fungo Oidium anacardii associado à espécie hospedeira Anacardium occidentale L. (Anacardiaceae) [cajueiro] e também como hospedeira foi relatado em Anacardium sp. L. (Anacardiaceae), Mangifera indica L. (Anacardiaceae) [manga] (Cenargen, 2010).
Segundo dados do Index fungorum existe mais de 483 espécies validas em literatura, tem como sinonímia Acrosporium anacardii (F. Noack) JA Stev., (Index fungorum, 2010).
Dados do Systematic Botany and Mycology Laboratory existe 269 registros de fungo relacionados com a espécie hospedeira Anacardium occidentale, não foi relatado nenhuma outra espécie hospedeira do fungo Oidium anacardii, este foi citado na Índia, África do Sul, Brasil, Tanzânia, Porto Rico, West Indies Índias Ocidentais (Farr e Rossman, 2010).
O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica e identificar, descrever e apontar medidas de controle de Oidium anacardii incidente em folhas de cajueiro.
As amostras foram coletadas no sitio Herança no município de Ipameri Go, em setembro de 2010, e posteriormente levadas ao laboratório de microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí, para as devidas avaliações.
No laboratório, foram inicialmente observados e fotografados os sintomas da doença em folhas de cajueiro, em microscópio estereoscópio. Posteriormente foi preparada uma lâmina semi-permanente da amostra do fungo. Para coleta, foi utilizada uma pinça, onde utilizando o método de “pescagem direta” e com o auxílio de um microscópio estereoscópio depositou fungo sobre uma lâmina contendo gotas do corante fixador a base de azul de metileno. Logo após homogeneização dos fragmentos depositados, depositou-se uma lamínula sobre a gota e os fragmentos. A vedação foi realizada com esmalte incolor de unha.
A lâmina semi-permanente foi observada em microscópio ótico, onde foi confirmada a presença do fungo Oidium anacardii, também foram feitas fotos no microscópio ótico para posterior criação da prancha.
A morfometria para obtenção das dimensões do conídio, conidióforo e célula conidiogênica foi feita a calibragem do microscópio óptico para que pudesse obter os valores e feita a correção dos valores encontrados.
Hospedeiro/cultura: cajueiro (Anacardium occidentale L.)
Família Botânica: Anacardiaceae
Doença: Oídio
Agente Causal (Anamorfo): Oidium anacardii (F. Noack, 1898)
Local de Coleta: Sitio Herança
Data de Coleta: 18/09/10
Taxonomia: Pertence ao Reino Fungi, Divisão Classe, Ordem insertae sedis, grupo Fungos Mitospóricos, subgrupo Hifomicetos, gênero Oidium sp., espécie O. anacardii.
Sintomatologia.
Os sinais são caracterizados por um delicado crescimento branco-acinzentado, na superfície das folhas (Fig. 1A) e inflorescência, constituído por micélio (Fig. 1A), conidióforos (Fig. 1E) e conídios (Fig. 1C, D) do patógeno. O fungo emite haustórios para o interior das células epidérmicas, de onde absorvem os nutrientes (Fig. 1F). Em decorrência disto, o tecido afetado exibe pontos neuróticos, escuros, mais pronunciados na face inferior da folha. Com a evolução dos sintomas, pode ocorrer a queda prematura de folhas e flores. O patógeno pode penetrar no tecido da planta em qualquer fase de seu desenvolvimento (Kimati et al., 2005).
Etiologia.
O agente causal é o fungo Oidium anacardii. Seus conídios hialinos (Fig. 1C) são produzidos em conidióforos curtos, em cadeias eretas, formando um ângulo reto (Fig. D) com a superfície do hospedeiro. Na fase perfeita ou teleomórfica, Erysiphe polygoni, forma cleistotécios escuros, dotados de apêndices, sobre o micélio superficial, contendo vários ascos e, dentro destes, ascósporos hialinos e unicelulares (Kimati et al., 2005).
O patógeno pode ser facilmente disseminado pelo vento e pelos insetos. Como o crescimento é superficial, chuvas pesadas removem o micélio do limbo foliar ou de qualquer outro órgão afetado. As condições que favorecem a doença são alta umidade relativa, sem ocorrência de chuva, e temperatura em torno de 28°C (Kimati et al., 2005).
Presente estudo Descrito em Literatura
Estrutura | Diâmetro (µm) | Autor Braum |
Conídio Comprimento (µm) Largura (µm) Formato | 35-(31)-27,5 20-(17,5)-15 Elipsóide-cilindrico | 30-50 14-18 |
Conidióforo Comprimento (µm) Largura (µm) | 42,5-(40)-37,5 12,5-(11,25)-10 | |
Célula conidiogênica Comprimento (µm) Largura (µm) | 17,5-(15)-12,5 7,5-(7,5)-7,5 | |
Presença de corpos de fibrosina no conídio | | |
Presença de vacúolos no conídio | | |
Presença de constrição no conídio | Presente | |
Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de Oidium anacardii com os elementos morfológicos e morfológicos descritos por outros autores.
De acordo com dados de morfologia e morfometria apresentados e comparados com literatura mostra que o diâmetro esta apresentando características parecidas com a literatura.
Epidemiologia.
O fungo O. anacardii pode ser encontrado sobre plantas de cajueiro durante todo o ano, não obstante exerça sua patogênese com maior intensidade de julho a dezembro, quando as temperaturas variam de
Ao contrario do que ocorre no Brasil, nos paises africanos é mais comum o fungo infectar órgãos jovens, provocando quase sempre efeitos devastadores na produção. Após o período chuvoso o patógeno atinge seu pico populacional na África, geralmente de junho a setembro, afetando folhas, brotações, inflorescências e maturis (o conjunto pseudofruto + castanha jovem). Mudas e plantas jovens mostram-se extremamente suscetíveis (Stadnik et al. 2001).
Controle.
O controle do oídio do cajueiro pode ser feito com aplicações de benzimidazóis espaçadas de 15 dias. Duas aplicações são eficientes para eliminar o patógeno da superfície do órgão afetado, desde que a pulverização tenha atingido toda a copa da planta. Fungicidas a base de enxofre também são eficientes no controle da doença, tendo-se o cuidado de não aplicar o produto nas horas quentes do dia devido a problema de fitotoxidez (Kimati et al., 2005).
Tendo em vista o caráter secundário da doença, normalmente não são preconizados medidas para o controle do oídio do cajueiro no Brasil. Entretanto, testes conduzidos por alguns autores, utilizando o enxofre elementar, em pulverizações quinzenais, tem demonstrado eficiência no controle do patógeno. Na África, ao contrario, durante os picos populacionais do fungo, medidas de controle mostram-se indispensáveis. Caso não sejam adotadas, a infecção pode comprometer seriamente a produção, reduzindo-a quase completamente. Na Tanzânia, por exemplo, a produção pode ser aumentada de
De acordo com o Agrofit não encontra nenhum produto registrado para o controle de Oidium anacardii (Agrofit, 2010).
AGROFIT
BRAUM, U.A., A monography of the Erysiphales (powdery mildews). Nova
CENARGEM, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Banco de dados disponível em:
FARR e ROSSMAN (United States Department Of Agriculture). Disponível em:
H. KIMATI; L. AMORIN; J. A. M. REZENDE; A. BERGAMIN FILHO; L. E. A. Camargo Manual de Fitopatologia 4. ed.,São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.
INDEX FUNGORUM Banco de dados para consulta de táxons fúngicos. Disponível em:
STADNIK. M.J.; RIVERA. M. C., Oídios /[Eds.]: Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna SP., 2001.
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