A cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é originária da Nova-Guiné e foi levada para o sul da Ásia onde foi usada, de início, principalmente em forma de xarope. A primeira evidência do açúcar em sua forma sólida, data do ano 500, na Pérsia (Segato, 2006).
No Brasil há indícios de que o cultiva da cana-de-açúcar seja anterior a época do descobrimento, mas seu desenvolvimento se deu posteriormente, com a criação dos engenhos e plantações com mudas trazidas pelos portugueses (Cesnik, 2004).
Para o Brasil, a cana é especialmente importante, pois é cultivada em mais de
quatro milhões de hectares para a produção de açúcar e álcool, principalmente, mas ainda para fabricação de aguardente e alimentação de bovinos. É hoje o País líder na produção de açúcar, na exportação, e em área plantada com cana-de-açúcar, além de ser líder na utilização dessa planta como fonte de energia líquida renovável, o álcool, sendo ainda oúnico a utilizar este produto de forma exclusiva como combustível alternativo de veículos. Além de acarrear divisas para o País e contribuir para diminuição da poluição ambiental por combustíveis fósseis, a cadeia produtiva da cana-de-açúcar e seus produtos e subprodutos constitui uma importante fonte de distribuição de riqueza e de bem estar para inúmeras comunidades interioranas brasileiras, contribuindo para a diminuição do êxodo para as metrópoles e de seus conseqüentes problemas sociais.
Porem a cana-de-açúcar pode ser hospedeira de vários patógenos, como vírus, fungos, bactérias e nematóides, causando prejuízos a cultura. Portanto são necessário, algumas praticas de controle e manejo para que os prejuízos causados pelas doenças sejam minimizados (Sanguino, 1987).
O presente trabalho tem por objetivo destacar as principais doenças da cana-de-açúcar, enfatizando sua sintomatologia, etiologia, epidemiologia, para então adotar uma associação de praticas de controle fazendo com que os prejuízos causados pelas doenças fiquem abaixo do nível de dano econômico.
DOENÇAS CAUSADAS POR VIRUS
Mosaico – Sugarcane mosaic vírus – SCMV e Sorghum mosaic vírus - SrNV
Sintomatologia: Nas folhas novas, aparecem sintomas de mosaico. Touceiras tem desenvolvimento retardado, podendo ter sua altura reduzida a metade. Os sintomas mais freqüentes são em canaviais jovens e com bom crescimento vegetativo. Ocasionalmente em variedades extremamente suscetíveis, os colmos podem apresentar sintomas de riscas e estrias deprimidas que podem evoluir até a necrose do tecido sub-epidérmico. Neste caso o encurtamento dos entrenós e acentuado. (Bianchini et al., 2005).
Etiologia:SCMV e SrMV pertencem ao gênero Patyvírus, família Patyviridae. Varias estirpes foram encontradas para cada vírus, baseando em sintomas exibidos por hospedeiros diferenciais. Para o SCMV foram descritas na cana-de-açúcar as estirpes A,B,C,D,E,F,G,H,I,J,K,L e M que produzem sintomas variáveis e atacam diferentes espécies vegetais. A técnica de RFLP é empregada para destingir estirpes dos vírus sem necessidade de utilizar hospedeiros especiais (Bianchini et al., 2005).
Epidemeologia: Os vírus possuem numerosos hospedeiros alternativos no grupo das gramíneas, tanto ervas daninhas como plantas cultivadas. O SCMV e o SrMV são transmitidos por grande número de espécies de pulgões sendo a relação vírus-vetor do tipo não persistente. A transmissão primaria é feita por plantio de mudas infectadas. A transmissão mecânica é possível experimentalmente, mas no campo é insignificante. (Bianchini et al., 2005).
Controle: A medida mais eficiente e econômica de controle é o uso de variedades resistentes. A utilização de mudas sadias e eliminação de plantas doentes nas áreas de viveiro de mudas é uma pratica que, em alguns casos, pode contribuir para diminuir a incidência inicial, quando a pressão de inoculo na área de plantação não é intensa. Avanços na obtenção de variedades transgênicos resistentes ao mosaico é outra possibilidade para controlar a doença. Medidas de exclusão e quarentena são feitas para evitar a entrada de estirpes de vírus que ainda não ocorrem no pais. A recuperação de materiais infectados pelo uso conjunto da termoterapia e da cultura de meristema apical. (Bianchini et al., 2005).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Síndrome do amarelecimento da folha (Amarelinho)- Sugarcane yellow leaf vírus – ScYLV ou Fitoplasma
Sintomatologia: As nervuras foliares mostram intenso amarelecimento principalmente na face abaxial. Posteriormente o limbo se torna amarelo, e a nervura central amarela. Plantas afetadas têm sistema radicular pequeno e superficial. Nas condições de germoplasma, a sintomatologia é mais variada e pode chegar à morte do meristema apical e brotamento das gemas laterais, nos meses de outono e inverno (Segato, 2006).
Etiologia: pelos sintomas de amarelecimento das folhas, período do ano e condições climáticas, em que se manifesta, a doença pode ser comparado ao mal de outono ou declínio de outono anomalia atribuída a fatores genéticos. Não haveria neste caso agente causal biótico responsável pelo mal. Por outro lado, pesquisas recentes tem associado à doença a um vírus do gênero Luteovirus denominado Sugarcane yellow leaf vírus e fitoplasma(Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: O vírus e transmitido por pulgões e mudas infectadas enquanto que o fitoplasma é provavelmente transmitido pela cigarrinha (Bianchini et al., 2005).
Controle: A única medida de controle recomendada é a substituição de variedades que apresentam sintomas (Bianchini et al., 2005).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIA
Escaldadura das folhas – Xanthomonas albilineans
Sintomatologia: A dificuldade na identificação de plantas atacadas pela bactéria da escaldadura advém do fato desta apresentar três tipos de sintomas; latente, agudo e crônico.
Sintoma latente é o que prevalece na maioria das variedades, que apresentam tolerância e por isso convivem com o patógeno por anos, sem manifestar sintomas externos. A identificação da doença neste caso exige a aplicação de métodos sorológicos ou o isolamento do agente causal em meios seletivos.
No sintoma crônico, estrias brancas estendem-se por extensa área do limbo foliar podendo atingir a bainha, estas estrias podem evoluir para diversos graus de clorose foliar.
O sintoma agudo só ocorre em variedades suscetíveis, neste caso há queima das folhas como se as plantas tivessem sido escaldadas. A seca total das folhas dificulta a identificação, somente em alguns dias os colmos brotam lateralmente, exibindo os sintomas crônicos da doença. (Segato, 2006).
Etiologia: Xanthomonas albilineans é uma bactéria de crescimento lento, é gram-negativa, forma colônias amarelas brilhantes, convexas de bordas lisas, viscosas, porem não mucóides (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: A temperatura ótima para seu crescimento varia de 25 a 28oC. A bactéria se propaga por meio de mudas infectadas, facões de corte, colhedeiras, roedores. O patógeno tem um amplo espectro de hospedeiros, como o milho doce e varias outras gramíneas, incluindo ervas daninhas as quais desempenham um papel importante na sua sobrevivência. (Segato, 2006).
Controle: O controle da doença e feito com variedades resistentes e tolerantes ao patógeno. Onde forem cultivadas variedades suscetíveis, recomenda-se a aplicação das seguintes medidas de controle, tratamento térmico dos toletes para limpeza do material de propagação, preparo da área de viveiro para eliminar bactérias do solo e restos de culturas, no viveiro eliminar plantas voluntárias e plantas hospedeiras de bactérias, obter, manter, multiplicar matrizes livres de bactérias. Medidas quarentenárias são aplicadas em variedades importadas para evitar a entrada de novas raças da bactéria. (Segato, 2006).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Raquitismo das soqueiras - Leifsonia xyll subsp. xyll
Sintomatologia: Em geral o raquitismo das soqueiras não tem um sintoma característico. Normalmente se observa em crescimento irregular, com encurtamento de colmos evidenciando em anos de seca, quando o desenvolvimento da planta e prejudicado. Alem de estresse hídrico, outros fatores podem agravar os sintomas da doença tais como a presença de ervas daninhas solo compactado, deficiência ou excesso de adubo e presença de outras doenças.
Nas variedades mais suscetíveis pode-se observar internamente, na parte mais velha de colmos maduros na altura do nó, vaso com coloração alterada variando de alaranjado-claro a vermelho-escuro, podendo-se observar vírgulas e traços ou pontos localizados preferencialmente nas partes mais profundas do colmo. (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: A bactéria Leifsonia xyll subsp. xyll é restrita ao xilema, mede 0,25-0,5 x 1-4µm, é corineforme, reta ou ligeiramente curva , é aeróbica, gram-positiva. As colônias são circulares com margens internas, convexas e não pigmentada. É uma bactéria extremamente fastidiosa em seus requerimentos nutricionais (Matsuoka, 1975).
Epidemiologia: O patógeno e transmitido mecanicamente por facões, elementos de corte de colheitadeira e a introdução primaria em campo é feita por mudas infectadas. Na ausência da cultura a bactéria pode permanecer infectiva em restos de toletes e no solo por vários meses, sendo necessário transcorrer entre três a seis meses antes de um novo plantio (Matsuoka, 1975).
Controle: O controle é baseado em métodos de exclusão, utilizando mudas sadias para o plantio. O uso de tratamento térmico e toletes e gemas é o mais utilizado. O uso de cultura de meristemas é alternativa de saneamento para plantio dos viveiros primários . Por outro lado, o uso de variedades resistentes é um método de importância secundária, embora alguns programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar façam seleção para avaliar resistências das classes e variedades (Matsuoka, 1975).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Estria Vermelha – Acidoworax avenae subsp. avenae
Sintomatologia: A estria vermelha manifesta-se com dois sintomas que podem ocorrer conjuntamente, ou isolados com estrias finas e largas de 2 a 60 cm de comprimento ou com podridão no topo da planta. Nas lesões novas é comum notar-se a exsudação de bactéria. Posteriormente os sintomas estendem-se para os meristemas apicais, que se torna umedecido em conseqüência da morte dos tecidos, causando a podridão do topo. Esta podridão pode atingir os nós em variedades altamente suscetíveis. Canaviais assim afetados exalam odor característico, perceptível a vários metros de distancia (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: O talo bacteriano mede 0,6-0,8 x 1,5-1,9µm, é gram-negativa, é móvel e possui um flagelo polar. As colônias são circulares, translúcidas, de coloração branco-creme, convexas e baixas. O patógeno pode ser identificado mediante a utilização da PCR. (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: A disseminação do patógeno se da por respingos de chuva e vento e a infecção é favorecida por pequenos fenômenos produzidos pelo atrito entre as folhas. A disseminação a longas distancia é feita pelo vento, que desprende e transporta pequenas plaquetas de exsudados bacteriano aderido às folhas. (Bianchini et al., 2005).
Controle: O uso de variedades resistentes é o mais efetivo método de controle. Nas regiões onde as condições climáticas favorecem a ocorrência epífitas, não se podem cultivar variedades suscetíveis. (Segato, 2006).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS
Ferrugem Marrom – Puccinia melanocephala Syd. & P. Syd. (1907)
Sintomatologia: A coloração de pústulas (Fig. 1A), na pagina inferior das folhas variam de amareladas a marrom-escuro medem de 2 a 7mm de comprimento por 1mm de largura e mostram a formação de esporos subepidêmicos (Fig. 1B),com ruptura de epiderme para sua liberação. Em variedades muito suscetíveis as pústulas agrupam-se produzindo áreas de tecido necrosado. Plantas muito atacada tem crescimento retardado com folhas queimadas e sem brilho (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: O patógeno produz urediniósporos (Fig. 1C), marrom-escuros ovóides e elipsóides densamente equinulados (Fig. 1D), com 4 a 5 poros poros germinativos equatoriais. Os teliósporos podem se formar isoladamente em pústulas urediniais. São clavados, bicelulares, com célula distal dilatada, parede espessa e ligeiramente constritos nos septos. São lisos, marrom-escuro, com a célula basal mais clara, pedicelada. Os teleósporos são capazes de germinar e produzir basidiósporos, os quais não infectam folhas de cana-de-açúcar, indicando que P.melanocephala não é autoécio, e por tanto deve ter hospedeiro alternativo (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: A germinação dos uredósporos é favorecida pela presença de água na superfície de folha e temperaturas moderadas. Os esporos necessitam de mais de 8 horas de água livre na superfície da folha para infectar, enquanto que as temperaturas ótimas para a germinação estão entre 20 e 25oC. a suscetibilidade do hospedeiro varia segundo o estádio de desenvolvimento, sendo maior entre 2 e 6 meses. Altos níveis de adubação nitrogenada podem aumentar a severidade da doença (Segato, 2006).
O patógeno pode ser relatado em vários paises como Argentina, Austrália, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Republica Dominicana, Equador, Etiópia, Havaí Jamaica, Japão, México, Estados Unidos, Uganda, África do Sul (Farr e Rossman, 2010).
No Brasil o fungo ocorre nos estados de São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Minas Gerais Pernambuco e Ceara (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: O uso de variedades resistentes é o mais eficiente método de controle. Há possibilidade de se cultivar variedades com resistência intermediaria, ou menos suscetível em regiões de escape onde o ambiente e desfavorável ao patógeno (Segato, 2006).
Para o controle químico, existe um produto registrado no Agrofit que é azoxistrobina (estrobilurina) + ciproconazol (triazol) (Agrofit, 2010).
Figura 1. Aspectos morfológicos de Puccinia melanocephala. A. Folha de cana-de-açúcar (Saccharum officinalis) apresentando lesões de formato elíptico com halos vermelho amarelados (bar = 12 mm), B. Epiderme rompida do tecido apresentando picnídios de Darluca sp. (hiperparasita incidente no tecido) (seta) (bar = 9 mm), C. urediniósporos apresentando dois poros germinativos equatoriais (Pg) (bar = 10,7 µm), D. verificação de parede especa e equinulação do urediniósporo (Eq) (bar = 8 µm)
Ferrugem Alaranjada - Puccinia kuehnii E.J. Butler (1914)
Sintomatologia: Os primeiros sintomas da ferrugem alaranjada são pequenas pontuações amareladas e alongadas que evoluem gradativamente para pústulas (lesões) salientes, com coloração alaranjada a castanho-alaranjada, que não se tornam escuras.
As pústulas podem ocorrer distribuídas por toda a superfície da folha, porém, tendem a ocorrer agrupadas e próximas ao ponto de inserção da folha ao colmo. Em condições de alta severidade da doença, é comum a coalescência das pústulas e necrose das folhas que geralmente ocorre a partir das bordas (Oliveira e Mendes, 2008).
Etiologia: A ferrugem alaranjada causada por Puccinia kuehnii, pode ser confundida com a ferrugem comum Puccinia melanocephala, as pústulas de P. kuehnii são mais alaranjadas e os urediniosporos são mais leves, marrom-dourado, e de parede mais densa, com 5 µm de adensamento no ápice (Mendes e Freitas, 2005).
Epidemiologia: A germinação dos esporos ocorre em alta umidade, variando de 90 a 100%, e temperatura variando de 5 a 34oC, os esporos podem ser levados pelo vento, gotas de água de chuva, e ate mesmo roupas infectadas nas lavouras (Moreno, 2008).
O patógeno pode ser encontrado em paises como Austrália, Brasil, América Central, China Costa Rica Cuba, Guatemala Nicarágua, América do Norte e Taiwan (Farr e Rossman, 2010).
Controle: Nos lugares onde esse tipo de ferrugem ocorre, o controle e feito basicamente com o plantio de cultivares resistentes, porque o uso de fungicidas não é considerado pratico e nem econômico (Oliveira e Mendes, 2008).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Carvão – Ustilago scitaminea Syd. (1924)
Sintomatologia: Esta é talvez a doença de mais fácil identificação da cultura porque seu sintoma, o chicote é conspícuo. O chicote é uma modificação do meristema apical do colmo, induzido pelo fungo com tamanho variável, de alguns centímetros a mais de um metro de comprimento. O chicote é inicialmente coberto por uma película prateada que, ao romper-se, expõem uma massa de teliósporos pretos e pulverulentos facilmente destacados pelo vento (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: O agente causal do carvão, Ustilago scitaminea pertence a divisão Basidiomycota, classe Ustomycetes. É parasita de tecido meristemático e penetra nos tecidos não diferenciados, na base das escamas, das gemas e das folhas novas. Os teliósporos são unicelulares e dicarióticos, medindo 5,5 a 7,5µm de diâmetro, com pontuações na superfície. Na germinação a pro-basídia pode produzir basidiósporos ou hifas invectivas, dependendo da temperatura (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: As hifas invectivas são dicarioticas e penetram no hospedeiro em 8 horas. Foram detectadas raças diferentes do patógeno em diferentes zonas canavieiras do mundo. A transmissão é feita de forma aérea por disseminação a partir dos chicotes e por meio de plantios com plantas infectadas (Segato, 2006).
O patógeno esta distribuído em vários paises como África, Ásia, Brasil, Colômbia, Cuba, Havaí, Índia, Indonésia, Japão, Filipinas, Senegal, África do Sul, Sudão, Taiwan, Tailândia, Estados Unidos (Farr e Rossman, 2010).
No Brasil o patógeno ocorre nos estados do Nordeste, Sudeste, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Acre (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: O uso de variedades resistentes e a medida de controle mais eficiente e mais utilizadas nas regiões canavieiras. O uso de mudas sadias visa reduzir o inoculo inicial da cana-planta. Esta pratica retarda o inicio da doença, contribuindo para seu controle. Para se obter mudas sadias é possível fazer o tratamento térmico das mudas a 52oC por 30 minutos ou 50 oC por 2 horas, mas esta não é uma pratica com resultados garantidos (Bianchini et al., 2005).
Para o controle químico do patógeno, segundo o Agrofit, possui somente um produto registrado que é triadimenol (triazol) (Agrofit, 2010).
Mancha Amarela – Mycovellosiella koepkei Deighton (1979)
Sintomatologia: Embora a infecção ocorra nas folhas novas, os sintomas somente são visíveis nas folhas mais velhas. Inicialmente são pontos cloróticos que se evoluem para manchas vermelho-amareladas, irregulares e de tamanho variado. As manchas localizam-se em uma das faces das folhas e na face oposta observa-se manchas cloróticas de bordos limitados e visíveis contra a luz. A doença é muito grave, quando a planta floresce e perde a capacidade de produzir novas folhas. Havendo destruição destas folhas, não há síntese e acumulo de açúcar no colmo (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: A forma sexuada de Mycovellosiella koepkei não é conhecida. O fungo tem como sinonímia: Cercospora koepkei, Pseudocercospora koepkei, Cercosporidium koepkei. O micélio é liso, oliváceo e ramifica-se para formar ate 15 conidióforos. Estes são simples não ramificados, com cicatriz de conídios. Os conídios são fusiformes com 2 a 3 septos havendo porem isolados com 1 a sete septos. O isolamento do fungo em meio de cultura é difícil. As colônias são leveduriformes. (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: A doença predomina na zona litorânea chuvosa, visto que sua importância é maior nas regiões úmidas e quentes. (Bianchini et al., 2005).
O patógeno pode ser encontrado em paises como Brasil, China, Nepal, Papua Nova Guine, África do Sul, Taiwan, Tanzânia, Venezuela (Farr e Rossman, 2010).
No Brasil o fungo ocorre nos estados do Nordeste, São Paulo e Amazonas (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: Nas regiões tropicais úmidas, quentes e nubladas, onde a cana-de-açúcar floresce no período de chuvas, só o cultivo de variedades resistentes tem solucionado o problema (Bianchini et al., 2005).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Mancha Parda – Cercospora longipes E.J. Butler (1906)
Sintomatologia: Os sintomas ocorrem nas folhas maduras na forma de lesões elípticas a fusóides, marrom-avermelhadas e arredondadas. No geral as manchas possuem halos cloróticos de diâmetro bastante variado, às vezes muito maior que o próprio diâmetro da lesão. O tamanho da lesão varia de 5 a 13 mm de comprimento e 1 a 3 mm de largura. Quando em grande numero provoca a morte prematura das folhas (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: A frutificação do fungo dá-se em ambos os lados da folha. Os conídios são hialinos, obclavados, e quase cilíndricos, retos ou ligeiramente curvos com 1 a 9 septos (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: A disseminação dos esporos é feita pelo vento ou pela chuva. O fungo produz estruturas de reprodução em ambas a s superfícies da folha. Restos de folhas infectadas podem disseminar a doença para outros canaviais. A doença pode ser observada ao longo do ano, mas é mais pronunciada após chuvas pesadas combinadas com alta umidade e temperaturas amenas (Segato, 2006).
O patógeno pode ser relatado em diversos paises como África, Brasil, Índia, Nepal, Nova Guine, Somália, Tanzânia, Zimbábue (Farr e Rossman, 2010).
No Brasil o patógeno ocorre no estado de Pernambuco, e no Distrito Federal (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: O controle mais adequado é feito com o uso de variedades resistentes. Todas as variedades, atualmente cultivadas apresentam alta resistência, exceto a RB72454. (Segato, 2006).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Mancha Ocular – Bipolaris sachari
Sintomatologia: Os sintomas mais típicos manifestam-se nas folhas, na forma de numerosas manchas neuróticas elípticas, inicialmente pardas, mais tarde, marrom-avermelhada. A medida que crescem as lesões tornam-se alongadas e com centro de cor palha e frequentemente com halo amarelado. O tamanho das lesões varia de 0,5 a 3 cm (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: A mancha ocular é causada por Bipolaris sachari . em lesões maduras os conídios são produzidos em conidióforos que emergem, isolados ou em grupo dos tecidos necrosados. Estes são longos levemente coloridos, septados e produzem vários conídios na extremidade distal. Os conídios são longos, afilados, ligeiramente curvo, com 3 a 10 septos. (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: A temperatura ótima de crescimento é de 29oC, ocorrem na maioria dos invernos chuvosos (Bianchini et al., 2005).
No Brasil o fungo é relatado nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: O método mais pratico de controle é o uso de variedades resistentes nos locais onde a doença aparece sistematicamente todos os anos. Deve se evitar o plantio de variedades suscetíveis nas margens de lagos, rios e baixadas onde o ar frio e a neblina acumulam-se nos meses de inverno. A aplicação de vinhoto nas áreas de reformas de canaviais pode favorece o patógeno (Segato, 2006).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Podridão Vermelha – Glomerella tucumanensis (Colletotrichum falcatum) (Went 1893)
Sintomatologia: Esta doença pode se manifestar na cana-de-açúcar sob diferentes formas, de acordo com os órgãos afetados e estádio vegetativo. Durante a germinação do tolete, provoca o apodrecimento completo do tolete e os tecidos internos apresentam coloração vermelha, marrom e cinza de tonalidades variáveis, causando a morte de gemas e redução na germinação. Nos colmos, o patógeno causa internamente uma podridão vermelha, que dá o nome da doença (Bianchini et al., 2005).
Na nervura central das folhas aparecem lesões vermelhas (Fig. 2A) que mais tarde ficam com centro mais claro. O tamanho das lesões é variável, mas em folhas velhas pode atingir toda a extensão da nervura. Na parte inferior (abaxial) das folhas ficam com a superfície recoberta de pontuações negras (Fig. 2B), que correspondem a frutificações do fungo (Del Ponte, 2007).
Etiologia: A Podridão-Vermelha é causada pelo fungo mitospórico Colletotrichum falcatum. O fungo é um parasita obrigatório que infecta a planta por meio de conídios (esporos) e lesões nos tecidos vegetais. O fungo produz acérvulos sub-epidérmicos eruptivos com setas retas ou tortuosas, pardo-escuras, septadas e abundantes (Fig. 2CDE). Na base das setas estão conidióforos curtos (Fig. 2E), simples, hialinos, com conídios fusiformes unicelulares, hialinos e envoltos em massa gelatinosa que dá ao conjunto tom levemente rosado (Figura 2FG) com tamanho variando de 15,5-26,5 x 4-5 µ. (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: As lesões na nervura central são consideradas a maior fonte de inóculo durante a fase de crescimento da planta. Colmos afetados também são fontes de inóculo importantes. A disseminação do inoculo acontece pela ação dos ventos, chuva, orvalho e água de irrigação. Outros hospedeiros do fungo não são considerados fontes de inóculo representativas. Tanto a disseminação quanto a severidade dos sintomas estão relacionados com condições ambientais. Após o plantio, os sintomas são mais severos em condições de umidade excessiva do solo (Segato, 2006).
O gênero Colletotrichum possui 702 espécies relatadas até o momento (Index Fungorum, 2010). Sendo relatado em vários países como Australia; Bangladesh; Brasil; China; Costa Rica; Cuba; Dominican Republic; El Salvador; Florida; Ghana; Guatemala; Hawaii; Honduras; India; Indonesia; Jamaica; Japan; Malaysia; Mauritius; Mexico; Mississippi; Myanmar; Nepal; Netherlands; New Caledonia; Nicaragua; Nigeria; Panama; Philippines; Range of host; Reunion; Samoa; Solomon Islands; South Africa; Southern Africa; Sri Lanka; Taiwan; Tonga; Trinidad and Tobago; Vanuatu; Venezuela (Farr e Rossman, 2010).
O fungo C. falcatum incide em várias espécies vegetais no mundo: Carica papaya, Cynodon dactylon, Dactylis glomerata, Dichorisandra sp., Echinochloa crus-galli, Eremochloa ophiuroides, Erianthus giganteus, Imperata cheesemanii, Ophiopogon japonicus, Pisum sativum var. macrocarpon, Saccharum officinarum, Saccharum sp., Sorghum arundinaceum var. sudanense, Sorghum bicolor, Sorghum halepense, Sorghum vulgare, Sorghum vulgare var. saccharatum, Sorghum vulgare var. sudanense, Sorghum vulgare var. technicum, Syngonium sp., Zebrina pendula, Zoysia japônica, Zoysia tenuifolia. (Farr e Rossman, 2010).
Não existe relatos sobre Raças desse fungo ou até mesmo Formae specialis (Index Fungorum, 2010).
O fungo sobrevive por muitos anos no solo e nos restos culturais na forma de clamidospóros, conídios e micélio com paredes espessas. Este inóculo pode promover infecção primária dos toletes plantados no viveiro ou plantio comercial nas ocasiões de preventivo na fase de brotação é essencial para um bom estabelecimento da lavoura e para produtividades altas
Controle: O uso de variedades resistentes é o modo de controle mais efetivo e utilizado. Boas práticas culturais ajudam a reduzir a incidência da doença tais como a eliminação dos restos da cultura, boa drenagem do solo e boa procedência de mudas que garantam a rápida germinação dos toletes. A utilização de fungicidas foliares não é recomendada, pois apresenta baixa eficiência para o controle da doença (Segato, 2006).
Segundo a Agrofit (2010) não existe método de controle químico para a podridão-vermelha-da-cana-de-açúcar.
O método de controle mais eficiente é o uso de variedades resistentes, mas algumas práticas como eliminação dos restos da cultura, controle da broca-da-cana e plantio de mudas de boa qualidade podem diminuir a incidência.
Figura 2. Podridão vermelha (Colletotrichum falcatum) incidente em folhas de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum). A. sintomas nas nervuras centrais, B. sinais do fungo na nervura central, C. organização acervular emitida através das aberturas estomatais, D. detalhe do bulbo da base do acérculo e setas acerculares, E. células conidiogênicas, conídios e setas (Bar=40µ), F. massa de conídios hialinos (Bar=88µ), G. conídio hialino, falcado, amerosseptado e não gutulado (Bar=9µ).
Podridão-de-Fusarium e Pokkah-Boeng - Giberella fujikurol (Fusarium moniliforme), Giberella subglutinans (Fusarium subglutinans)
Sintomatologia: como o fungo pode estar presente no embrião das sementes e crescer juntamente com a planta a manifestação dos sintomas vai depender do estádio vegetativo do hospedeiro. Estando o fungo no embrião da semente, pode apresentar mau desenvolvimento do sistema radicular, perda de vigor, podridão das raízes e colo. A podridão do colmo está sempre associadas a injurias químicas e físicas (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: Os agentes causais na fase sexual são Giberella fujikurol Giberella subglutinans que correspondem na fase imperfeita a Fusarium moniliforme Fusarium subglutinans respectivamente.
Fusarium moniliforme produz grande numero de microconídios, poucos macroconídios e raramente produz clamidósporos. Microconídeos são formados em cadeia e macroconídeos em esporodóquio. Fusarium subglutinans produz colônias e macroconídios similares a F. moniliforme porem os macroconídeos são produzidos em falsas cabeças, em polifálides ou fálides. (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: O fungo não sobrevive por longos períodos no solo, mas tem a capacidade de colonizar sementes e plantas adultas de cana-de-açúcar. Assim o fungo permanece latente nos tecidos vegetais, até que condições adequadas de desenvolvimento apareçam. Portanto a principal forma de disseminação do fungo é através de mudas, (toletes) infectados. Como o fungo tem alta capacidade de produzir esporos, sua disseminação também é efetiva por meio de ventos e chuvas. Em regiões quentes após a colheita de cana crua pode favorecer a infecção na base do colmo (Segato, 2006).
No Brasil o Fungo pode ocorrer nos Estados de São Paulo, Pernambuco e Rio de Janeiro (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: O controle é feito quase que exclusivamente por variedades tolerantes ao fungo. O tratamento dos toletes com fungicidas é eficiente para a eliminação dos esporos superficiais. No tratamento térmico a eficiência dos fungicidas sistêmicos é aumentada quando efetuada a quente (Segato, 2006).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Podridão Abacaxi – Ceratocystis paradoxa (Thielaviopsis paradoxa) Moreau (1952)
Sintomatologia: O fungo penetra na planta por cortes ou ferimentos, sendo incapaz de entrar por aberturas naturais. Este fato faz com que ele seja observadoatacando restos de cultura anterior e colmos danificados. Na cana-de-açúcar, é particularmente importante porque as mudas são cortadas em toletes por ocasião do plantio, oferecendo então a porta de entrada para o fungo.
Em toletes recém-invadidos por Thielaviopsis observa-se, na extremidades um encharcamento do tecido que se inicia no corte e se aprofunda rapidamente, atravessando o tecido do nó sem dificuldade antes da formação do tecido avermelhado com substancias de defesa. A medida que a podridão avança, a colonização dos tecidos vai se alterando, passando para cinza, pardo-escura e finalmente negra.
O sintoma mais típico da doença é a fermentação dos toletes que exudam um odor agradável e característico de essência de abacaxi. Esta fermentação é mais acentuada nas fases iniciais do ataque enquanto o tolete tem reservas de açúcar (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: O fungo Ceratocystis paradoxa pertence a subdivisão Ascomycotina. Nas condições brasileiras o fungo é normalmente encentrado na forma imperfeita Thielaviopsis paradoxa. Este produz dois tipos de esporos: microconídeos e macroconídeos. Os primeiros são produzidos elongenamente nos conidióforos, são hialinos pequenos, eretos, eliminados na forma de bastonetes em cadeia. Nas hifas mais velhas formam numerosas ramificações que produzem conidióforos curtos, onde são formados macroconidios ovais pardo-escuros com volume 3 a 4 vezes maior que o do microconídio (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: Como a sobrevivência do fungo é favorecida pela alta umidade a doença ocorre, geralmente, em solos argilosos, encharcados e de difícil drenagem. Temperaturas baixas é outra condição favorável ao desenvolvimento do fungo, por isso o outono da Região Centro-Sul é a época mais comum de aparecimento da doença (Segato, 2006).
Austrália, Brasil, China, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala, Havaí, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Papua Nova Guine, África do Sul, Taiwan Venezuela (Farr e Rossman, 2010).
No Brasil o Fungo é Relatado nos Estados de São Paulo e Pernambuco (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: Como fator mais importante para a ocorrência de epífitas de podridão abacaxi, destaca-se o retardamento da brotação das gemas. Qualquer medida que estimule a brotação rápida dos toletes ou proteger as feridas por onde o fungo penetra, produz excelentes resultados no controle da doença.
Para o controle químico existe dois produtos registrados no Agrofit, que é azoxistrobina (estrobilurina) + ciproconazol (triazol), azoxistrobina (estrobilurina) + fludioxonil (fenilpirrol) + metalaxil-M (acilalaninato) (Agrofit, 2010).
Na região Sul e Centro-oeste e principalmente no estado de São Paulo a escolha da época de plantio já é suficiente para controlar o fungo. Todo plantio realizado nos meses de verão esta livre da doença. Quando se faz o plantio de mudas que já sofreram a termoterapia é indispensável a aplicação de fungicidas como benomyl ou propiconazole (Segato, 2006).
Podridões-de-Raízes – Complexos de Pythium spp.
Sintomatologia: Plantas atacadas apresentam falhas na germinação, baixo vigor, mau perfilhamento, crescimento irregular, enrolamento das folhas e são arrancadas com facilidade. As raízes novas apresentam extremidades avermelhadas, tendendo, mais tarde para parda e as lesões podem ocorrer em qualquer lugar das raízes. Na fase adiantada da podridão as pontas das raízes ficam encharcadas e moles com ramificações logo acima da lesão. Em ataque mais severo não ocorre à formação de raízes secundarias e as plantas enfezadas morrem no período de estiagem (Bianchini et al, 2005).
Etiologia: Todas as plantas cultivadas podem ser atacadas no estádio de plântula por uma ou mais especia de Pythium como P. acanticum, P. afertile, P. apharmidermatum, P. arhenomanes, P. catenulatum, P. deliense, P. ultimun. Embora as podridões de raízes sejam atribuída a complexo de Pythium spp. é fato conhecido a participação de outros patógenos como Pythiogeton ramosum, Fusarium spp. Rhizoctonia solani, entre outros (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: O patógeno ocorre nas áreas do canavial sujeitos ao acumulo de água ou seja em solos argilosos sujeito ao encharcamento e nos períodos mais quentes e úmidos do ano (Bianchini et al, 2005).
No Brasil o Gênero é relatado nos estados do Nordeste ,Sul, Rio de Janeiro e São Paulo (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: O melhor método de controle é o uso de variedades resistentes que são obtidas quando se faz a seleção em solos altamente infectados pelo patógeno. A drenagem do solo diminui as condições favoráveis à doença (Bianchini et al., 2005).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
Podridão-de-Marasmius - Marasmius sacchari Wakker (1896)
Sintomatologia: A podridão-de-Marasmius pode ser reconhecida pelo crescimento de micélio branco filamentoso nas bainhas basais, produzindo nestes o escurecimento e morte dos tecidos da região nodal abaixo da linha do solo. As necroses do colmo são pardas, envolvendo toda a região dos primórdios das raízes que são destruídas. O crescimento da planta é paralisado e as folhas mostram numerosa manchas necróticas e avermelhadas e uniformes semelhante à de deficiência de magnésio. Internamente, na base dos colmos, observa-se podridão profunda, estendendo-se por todo o interior dos estolões sob o solo (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: Há três espécies de Marasmius que infectem a cana de açúcar : M. sacchari, M. plicutus, M. stemopilus.
Sobre colmos, bainhas e raízes colonizadas há formação de corpo de frutificação branco, com 2 a 4 cm de comprimento. As lamelas são bem visíveis e a textura do cogumelo é frágil decompondo com facilidade (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: Este patógeno pode viver saprofiticamente no solo e só atacam plantas injuriadas. No Brasil ocorre muito em solos ácidos do cerrado. A transmissão se da por cordões de micélios, esporos remanescentes no solo e mudas contaminadas (Bianchini et al., 2005).
O patógeno é relatado em vários paises como Austrália, Barbados Brasil, Cuba Republica Dominicana, Haiti, Havaí, Jamaica, Malásia, México, Papua Nova Guine, Porto Rico, África do Sul, Tailândia, Venezuela (Farr e Rossman, 2010).
No Brasil o Fungo é relatado nos estados do Nordeste, e Minas Gerais (Cenargem Micologia, 2010).
Controle: Recomendam-se as correções da acidez e adubação adequada para permitir um enrraizamento profundo e aumentar o vigor das plantas. O uso de variedades resistentes é recomendável. Nas regiões onde as secas são constantes a irrigação é recomendável para obter um controle completo do fungo (Bianchini et al., 2005).
Segundo o Agrofit, para o controle químico da doença não possui nenhum produto registrado (Agrofit, 2010).
DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES
Sintomatologia: Os sintomas causados por nematóides podem ser facilmente confundidos com deficiências minerais, baixa fertilidade do solo, podridão de raízes e estresse hídrico. Na parte aérea das plantas novas, observa-se desenvolvimento irregular, amarelecimento, murcha, enfezamento da planta, em geral distribuídas em rebolearas. Nas raízes os sintomas variam de acordo com os nematóides predominantes: para Meloidogyne, observa-se a formação de galhas nas raízes com intumescimento nas extremidades: para Pratylenchus, observa-se a ruptura da epiderme das raízes, numerosos ferimentos e aparecimento do córtex: para Trichodorus as raízes são encurtadas, grossas, tortuosas, necrosadas e com ramificação nas laterais: para Helycotylenchus, nota-se mau desenvolvimento das raízes (Bianchini et al., 2005).
Etiologia: São considerados patógeno os seguintes nematóides Meloidogyne icognita Pratylenchus brachiurus, P. zeae Cricomema sp., Ditylenchus sp.Dentre estas a espécie e o gênero mais estudado tem sido M. icognita.
O ciclo de vida dos nematóides, esta relacionado com a deposição de ovos formando um aglomerado que é feito pelas fêmeas. Dentro dos ovos encontram-se juvenis de 1º estádio (J1), passando a juvenis de 2º estádio (J2). Após isso eclodem e vão parasitar os hospedeiros no caso raízes de quiabo. Após penetrar a raiz atravessam o parênquima cortical e começam a parasitar, eles através do aparelho bucal estilete injetam secreções, com isso formam células nutridoras. Daí sofre outra ecdise (J3) e logo em seguida (J4). As fêmeas são endoparasitas e sedentárias e estando sexualmente maduras são globosas, os machos tem corpo vermiforme e alongado e não possuem bolsa-de-copula . Sob condições de estresse podem trocar de sexo as formas juvenis femininas. Fatores abióticos influenciam o ciclo de vida, mas de modo geral dura em torno de três a quatro semanas (Bianchini et al., 2005).
Epidemiologia: O ciclo de vida do nematóide das galhas é de aproximadamente quatro semanas, podendo prolongar-se sob condições de temperatura mais favoráveis. Temperaturas inferiores a 20oC ou superiores a 35oC e condições de seca ou de encharcamento do solo afetam o desenvolvimento e a sobrevivência do nematóide. Geralmente, o quiabeiro sofre mais danos, pelo nematóide, em solos arenosos do que em solos de textura mais fina (Embrapa Clima Temperado, 2005).
No Brasil os nematóides podem ser relatados nos estados de São Paulo, e Pernambuco (Cenargem Nematologia, 2010).
Controle: Métodos de controle de nematóides correspondem o uso e variedades tolerantes, controle biológico e controle químico com nematicidas. Praticas agronômicas e culturais que manten os teores de matéria orgânica elevados tendem a estimular a flora e a fauna antagônica aos fitonematoides a atuar e controlar o problema (Bianchini et al., 2005).
Para o controle químico existem sete produtos registrados no Agrofit, dentre eles o carbofurano (metilcarbamato de benzofuranila), terbufós (organofosforado), abamectina (avermectina) (Agrofit, 2010).
MANEJO INTEGRADO DE DOENÇAS
O Manejo Integrado de Doenças é a associação de técnicas e métodos de controle, que tem por objetivo reduzir os custos de produção, promover um equilíbrio ecológico, reduzir a quantidade de inoculo, fazendo com que a doença fique abaixo do nível de dano econômico, reduzindo assim os riscos de intoxicação do aplicador, preservando assim a saúde do consumidor.
Para se obter um Manejo Integrado de Doenças correto é necessário a utilização dos princípios gerais de controle que são, evasão, regulação, terapia, proteção, imunização, exclusão e erradicação.
Para as doenças da cana, o principio de evasão podemos ter vários exemplos. Dentre eles a escolha do local da área de plantio e a época certa temos o exemplo de Podridões de Raízes (Complexos de Pythium spp) que deve ser evitado o plantia em áreas de encharcamento, para a Podridão Abacaxi (Thielaviopsis paradoxa) deve ser feito o plantio nos meses de verão, a Mancha Ocular (Bipolaris sachari), deve se evitar o plantio de variedades suscetíveis nas margens de lagos, rios e baixadas onde o ar frio e a neblina acumulam-se nos meses de inverno.
As medidas de regulação, pode se ter como exemplo a modificação de praticas culturais relacionadas ao ambiente e nutrição, como a Podridão de Marasmius (Marasmius sacchari), no qual se recomendam as correções da acidez e adubação adequada para permitir um enrraizamento profundo e aumentar o vigor das plantas. A Podridão Abacaxi (Thielaviopsis paradoxa) adotando qualquer medida que estimule a brotação rápida dos toletes ou proteja as feridas por onde o fungo penetra. A Podridão Vermelha (Colletotrichum falcatum) pode ser controlada eliminando os restos culturais, boa drenagem do solo. Outra medida é o controle de insetos vetores, como doença Amarelinho (Sugarcane yellow leaf vírus ScYLV ), no qual a transmissão é feita por pulgões. A solarização é um método para se controlar as doenças causadas por nematóides.
Nas medidas de terapia podemos citar como exemplo a termoterapia que pode ser utilizada para controlar as doenças, como o Carvão (Ustilago scitaminea), a Podridão- de-Fusarium (fusarium sp.).
No principio de proteção, o exemplo pratico é a aplicação de fungicidas, na parte aérea e nos toletes, a Podridão de Fusarium (fusarium sp.) é um exemplo que pode ser controlado por esta pratica.
Para o principio de Imunização deve ser citado o exemplo da utilização de variedades resistentes, que é a forma de controle mais utilizada para controlar as doenças da cana-de-açúcar. São vários os exemplos dentre eles podemos citar a Podridão -de-Marasmius (Marasmius sacchari), Podridões de Raízes (Complexos de Pythium spp.), Mancha Ocular (Bipolaris sachari), Podridão-de-Fusarium (Fusarium sp.), Podridão Vermelha (Colletotrichum falcatum), Mancha Parda (Cercospora longipes), Mancha Amarela (Mycovellosiella koepkei), Ferrugem Alaranjada (Puccinia kuehnii), Carvão (Ustilago scitaminea), Ferrugem Marrom (Puccinia melanocephala), Estria Vermelha (Acidoworax avenae subsp. avenae), Escaldadura das folhas (Xanthomonas albilineans), Mosaico ( Sugarcane mosaic vírus SCMV e Sorghum mosaic vírus SrNV).
No princípio de exclusão, são vários os exemplos que podem ser citados, dentre eles a utilização de mudas sadias, o processo de Quarentena, e a certificação de materiais, a micro propagação são os mais utilizados. E as doenças que utilizam estes métodos de controle são, Raquitismo das soqueiras (Leifsonia xyll subsp. xyll), Carvão (Ustilago scitaminea), Escaldadura das folhas (Xanthomonas albilineans), Mosaico ( Sugarcane mosaic vírus SCMV e Sorghum mosaic vírus SrNV).
Para o principio de erradicação são utilizados a eliminação de hospedeiros alternativos, a exclusão de plantas infectadas, o preparo do solo, erradicandoos patogenos presentes, a assepsia de materiais de propagação ou de corte são exemplos destas formas de controle as seguintes doenças, Escaldadura das folhas (Xanthomonas albilineans), Mosaico ( Sugarcane mosaic vírus SCMV e Sorghum mosaic vírus SrNV), Amarelinho- (Sugarcane yellow leaf vírus ScYLV ).
CONCLUSÃO
Através deste trabalho é possível concluir que a cana-de-açúcar abriga uma ampla gama de patógennos causando doenças à cultura, sendo que a maioria das doenças são causadas por fungos. E que necessário conhecer sobre a sintomatologia, epidemiologia, etiologia da doença para traças métodos eficientes de controle fazendo com que a doença fique abaixo dos neveis de dano econômico, e minimizar os impactos causados ao ambiente.
LITERATURA CITADA
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