Oídio (Oidium sp.) incidente em folhas de feijão (Phaseolus vulgaris L.)
Lucas P. Silva1 e Milton L. Paz Lima2
1Acadêmico do curso de Agronomia
2Professor do curso de Agronomia
Lucas P. Silva1 e Milton L. Paz Lima2
1Acadêmico do curso de Agronomia
2Professor do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos maiores produtores e o maior consumidor mundial de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), produzindo nos anos de 2002 e 2003, aproximadamente, 3,0 milhões de toneladas ano-1, em uma área cultivada de 4,2 milhões de hectares, o que implica uma produtividade média de 714 kg ha-1, considerada baixa, uma vez que em monocultivo com alta tecnologia tem-se obtido, em experimentos, mais de 4.000 kg ha -1 (Vieira et al., 1999).
O feijoeiro comum é afetado por inúmeras doenças as quais, além de diminuir a produtividade da cultura, depreciam a qualidade do produto e conseqüentemente seu valor comercial. Estas doenças podem ser de origem fúngica, bacteriana, virótica assim como as incitadas por nematóides.
O conhecimento das doenças, dos danos que causam e da época e condições favoráveis à sua ocorrência são fundamentais para que medidas de controle sejam adotadas. Neste contexto o combate as doenças torna-se imprescindível para melhorar as condições de desenvolvimento das plantas.
O oídio-do-feijoeiro é uma doença causada pelo fungo Erysiphe polygoni DC. O oídio pode afetar toda a parte aérea do feijoeiro. Ocorre sob condições de temperatura moderada e baixa umidade, comuns em plantios tardios na safra de seca. Nestas condições a doença pode assumir importância econômica quando a infecção ocorrer antes do florescimento. Os danos econômicos são mais severos se a doença ocorrer no início do ciclo da cultura (Kimati, H. et al, 2005).
Devido a tudo isso se faz necessário um controle efetivo da doença, levando em consideração vários aspectos do clima, modo de ação do patógeno e método mais de controle a ser empregado, para a minimização dos danos da doença e conseqüentemente aumento da produtividade da cultura.
O objetivo deste trabalho é identificar e descrever a ocorrência da oídio na cultura do feijão levando em consideração aspectos da sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hospedeiro/cultura: Feijão (Phaseolus vulgaris L.)
Família Botânica: Fabaceae
Doença: Oídio-do-feijoeiro
Agente Causal: Oidium sp. (anamorfo), Erisyphe polygoni D.C. (teleomorfo).
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano – campus Urutaí
Data de Coleta: 01/10/2010
Taxonomia: O anamorfo pertence ao Reino Fungi, grupo Fungos Mitospóricos, hifomicetos. Já a forma teleomórfica, pertente ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Leotiomycetes, Ordem Erysiphales, Família Erysiphaceae.
Sintomatologia:
Os primeiros sintomas são observados principalmente nas folhas, depois, podem passar para o caule e vagens. Os primeiros sintomas são manchas verde-escuras na parte superior das folhas, que se tornam pulverulentas e brancas, atingindo toda a superfície foliar (Fig. 1A).
As folhas acabam sendo todas cobertas por uma massa pulverulenta branco-acinzentada (Fig. 1B), composta de micélios e esporos do patógeno. Em casos severos, toda a superfície foliar é tomada pela doença, ocorrendo à desfolha prematura da planta. No caule e nas vagens infectadas, pequenas e malformadas, também pode ser observada a massa branco-acinzentada. As vagens acabam caindo, causando redução na produtividade da cultura.
Etiologia (Sinais):
Erysiphe polygoni DC., possui como sinonímias a Ischnochaeta polygoni DC. Sawada e a Microsphaera polygoni DC. Sawada. Esse fungo possui algumas variações quanto à patogenicidade, possuindo três formas especiais (Erysiphe polygoni f. muehlenbeckiae O. Sãvul. & Tud.-Bãn, Erysiphe polygoni f. polygoni DC. e Erysiphe polygoni f. robiniae-hispidae Nann.), e encontra-se também cinco variedades do fungo (Erysiphe polygoni var. epimedii F.L. Tai, Erysiphe polygoni var. fagopyri Y.S. Paul & V.K. Thakur, Erysiphe polygoni var. kailashi Y.S. Paul & V.K. Thakur, Erysiphe polygoni var. polygoni DC., Erysiphe polygoni var. rumicis Y.S. Paul & V.K. Thakur e Erysiphe polygoni var. sepulta Ellis & Everh.), (Index Fungorun, 2010).
A forma sexual corresponde ao gênero Oidium sp. o micélio produzido é hialino, septado e ramificado, com hifas que penetram nas células e produzem haustórios. Os conidióforos são curtos (Fig. 1C), com conídios cilíndricos e ovalados, unicelulares e hialinos, com 30-45 x 10-20 µm (Fig. 1D). Em relação a forma perfeita, ao ascos possuem dimensões 50-75 x 26-40 µm, apresentam ascósporos hialinos, elípticos ou ovóides, medindo 20-30 x 10-12 µm. O fungo apresenta várias raças fisiológicas (Kimati, H. et al, 2005).
Os conídios são facilmente disseminados pelo vento, insetos ou chuva. Períodos chuvosos são desfavoráveis a produção de esporos, estes que podem infectar a planta em qualquer fase de desenvolvimento, mas raramente a doença ocorre antes das fases finais do ciclo da cultura (Kimati, H. et al, 2005).
Epidemiologia:
Na cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.), Erysiphe polygoni DC. já foi encontrado em boa parte do território mundial. Brasil, Chile, China, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Jamaica, Quênia, Líbia, México, Nova Zelândia, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, Ruanda e Ilhas Virgínia, tem-se registros do patógeno ocasionando danos na cultura do feijoeiro (Farr e Rosman, 2010).
O agente causal dessa enfermidade (Erysiphe polygoni DC.) além da cultura do feijoeiro, no Brasil, ele já foi diagnosticado em associação com várias espécies vegetais, são elas: cajueiro (Anacardium occidentale L.) (Anacardiaceae), batata-baroa (Arracacia xanthorrhiza Bancr.) (Apiaceae), Begonia sp. L. (Begoniaceae), colza (Brassica campestris Hegetschw.) (Brassicaceae), colza (Brassica napus L.) (Brassicaceae), repolho (Brassica oleracea L. var. capitata L.) (Brassicaceae), Brassica sp. L. (Brassicaceae), Cucurbita spp. (Cucurbitaceae), soja (Glycine max Merr.) (Fabaceae), batata-doce (Ipomoea batatas L.) (Convolvulaceae), manga (Mangifera indica L.) (Anacardiaceae), salsinha (Petroselinum crispum Mill. A. W. Hill) (Apiaceae), ervilha (Pisum sativum L.) (Fabaceae),, rabanete (Raphanus sativus L.) (Brassicaceae), Vigna radiata R. Wilczek (Fabaceae) e feijão-fradinho (Vigna unguiculata L.) (Fabaceae) (EMBRAPA, Banco de Dados Brasileiro de Micologia, 2010).
Observou-se a interação do patógeno com a cultura do feijoeiro nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Bahia, sendo descrito primeiramente em 1959 pela Revista Ceres (EMBRAPA, Banco de Dados Brasileiro de Micologia, 2010).
Esta doença é favorecida pelas condições de seca e temperaturas amenas. Os conídios formam-se no micélio externo e asseguram a disseminação do parasita, através do vento e insetos. O desenvolvimento da doença é maximizado em condições de safra da "seca". Os conídios necessitam de uma alternância de períodos úmidos e de períodos secos para se formarem. Uma temperatura de 20ºC é ótima para o seu desenvolvimento.
Como o patógeno se desenvolve externamente ao tecido do hospedeiro, a ocorrência de chuva e a irrigação são desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Fato também que favorece a disseminação dos esporos do fungo pela ação do vento e insetos.
Segundo Farr e Rosman, (2010), o patógeno já foi identificado em 733 espécies vegetais em todo o mundo, mostrando sua alta capacidade de adaptação a diversos ambientes.
Controle:
O oídio pode ser controlado com a aplicação de fungicidas, o uso de cultivares resistentes e plantio realizado em épocas desfavoráveis ao desenvolvimento do patógeno. O controle químico pode ser realizado tanto com fungicidas protetores como sistêmicos aplicados pelo método convencional ou através da água de irrigação, via pivô central. O uso de controle alternativo, em alguns casos, pode ser viável.
Segundo Carneiro et. al, (2007), avaliando o efeito do óleo, do extrato de sementes e do extrato de folhas de nim no controle do oídio do feijoeiro, em casa de vegetação, mostrou que o óleo emulsionável de nim reduziu o número médio de manchas de oídio/folha quando comparados com a testemunha, mas o fungicida foi superior ao nim. A aplicação do óleo de nim reduziu, em média, 65% a intensidade da doença quando comparada à utilização da água no controle. A utilização de do extrato do nim seria pouco viável em lavouras de alto nível tecnológico, devido a baixa eficiência comparado com a utilização de fungicidas comerciais. Porém seu uso seria uma boa alternativa para produtores familiares, que não possuem um alto poder de capitalização, no controle do oídio-do-feijoeiro.
Existem trabalhos em diversas culturas mostrando a eficácia do leite de vaca no controle do oídio em diversas culturas. ? et al. (200?) avaliando o efeito do leite de vaca e seus possíveis mecanismos de ação sobre o controle de oídio em feijão observou-se que, aplicações em freqüência semanal promoveram controle do oídio de 37,94 a 79,96%. Aplicações de concentrações crescentes de leite de vaca interferiram nos parâmetros bioquímicos foliares de proteínas, açúcares totais e redutores, atividade de peroxidase e FAL, demonstrando ser um elicitor capaz de induzir a uma resposta de resistência, alterando a atividade de enzimas relacionadas com a defesa do feijão.
Não há a disponibilidade de cultivares resistentes, mas existe o controle desta doença pelo uso de cultivares tolerantes, mas ainda que recomendado, não tem sido satisfatório devido a grande variabilidade genética que o patógeno apresenta. Porém alguns trabalhos demonstram maior suscetibilidade de alguns grupos de feijão, Sannazzaro et al. (2003), avaliando o desempenho de doze cultivares de feijoeiro sob condições naturais de ocorrência do oídio, concluiu que deve-se evitar a utilização dos cultivares do grupo Manteiga, como Jalo e Pintado, em regiões ou safras com possibilidade de ocorrência de baixa umidade relativa e de temperaturas moderadas entre 20° e 25° C no pré florescimento, pois os cultivares desse grupo são mais suscetíveis. O tratamento fitossanitário para o controle do oídio deve ser adotado, sobretudo quando for utilizado cultivares do grupo Manteiga, em safras e localidades favoráveis à incidência da doença.
Em relação ao controle químico, a seguir encontram-se os fungicidas comerciais para o controle do oídio-do-feijoeiro, seu princípio ativo e recomendação de aplicação, registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento: Cercobin 700 WP (tiofanato-metílico) aplicar 70 g/L de água (800 L/ha da calda), Cerconil (isoftalonitrila + tiofanato-metílico) aplicar 1,5 a 2 kg/ha do produto, Cover DF (enxofre inorgânico) aplicar 300 g/100 L de água (400 a 500 L/ha da calda), Dithiobin 780 WP (mancozebe) aplicar 2 a 2,5 Kg/ha do produto, Kumulus DF (enxofre inorgânico) misturar 300 g em 100 L de água (400 a 500 L/ha da calda), Kumulus DF-AG (enxofre inorgânico) misturar 300 g em 100 L de água (400 a 500 L/ha de calda), Morestan BR (quinometionato) aplicar 400 a 600 g/ha (200 a 300 L/ha da calda), Sulficamp (enxofre inorgânico) aplicar 600 g/100 L água (200 a 400 L/ha de calda), Tiofanato Sanachem 500 SC (tiofanato-metílico) fazer a mistura de 100 ml do produto com 100 L de água (400 a 500 L/ha de calda), Viper 500 SC (tiofanato-metílico) aplicar 0,5 a 0,75 L/ha (700 a 1000 L/ha de calda) e Viper 700 (tiofanato-metílico) misturar 70 g/100 L de água (700 a 1000 L/ha de calda), (Agrofit, 2010).
Em regiões de incidência precoce e rotineira da doença, a rotação com espécies não hospedeiras como cereais e milho pode ajudar a reduzir o inóculo inicial (Kimati, H. et al, 2005).
LITERATURA CITADA:
AGROFIT Sistema Agrofit – sistema de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em:<>, acessado em 01 de setembro de 2010.
CARNEIRO, S.M. de T.P.G.; PIGNONI, E.; VASCONCELLOS, M.E. da C.; GOMES, J.C. Eficácia de extratos de nim para o controle do oídio do feijoeiro. Summa Phytopathologica, v.33, n.1, p.34-39, 2007.
EMBRAPA Banco de Dados Brasileiro de Micologia. Disponível em:Acessado em: 18 de outubro de 2010.
FARR & ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: . Acessado em: 01 de setembro de 2010.
INDEX FUNGORUM. Disponível em: . Acesso em: 01 de setembro de 2010.
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas;. 4ª Ed.vol. 2, p. 340-341 – São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.
SANNAZZARO A.M., OLIVEIRA S.H.F., WUTKE E.B., MARTIINS A.L.M., BORTOLETTO N., PEREIRA J.V.N.A. CASTRO J.L., SANTOS R.R., DORNELLES C.R.F. Severidade de oídio (Erysiphe polygoni DC) em cultivares de feijoeiro no estado de São Paulo. Arquivo Instituto Biológico, São Paulo, v.70, n.3, p.331-336, jul./set., 2003.
VIEIRA, C.; BORÉM, A.; RAMALHO, M. A. P. Melhoramento do feijão. In: BORÉM, A. Melhoramento de espécies cultivadas. Viçosa: UFV, 1999. p. 273-349.
O Brasil é um dos maiores produtores e o maior consumidor mundial de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.), produzindo nos anos de 2002 e 2003, aproximadamente, 3,0 milhões de toneladas ano-1, em uma área cultivada de 4,2 milhões de hectares, o que implica uma produtividade média de 714 kg ha-1, considerada baixa, uma vez que em monocultivo com alta tecnologia tem-se obtido, em experimentos, mais de 4.000 kg ha -1 (Vieira et al., 1999).
O feijoeiro comum é afetado por inúmeras doenças as quais, além de diminuir a produtividade da cultura, depreciam a qualidade do produto e conseqüentemente seu valor comercial. Estas doenças podem ser de origem fúngica, bacteriana, virótica assim como as incitadas por nematóides.
O conhecimento das doenças, dos danos que causam e da época e condições favoráveis à sua ocorrência são fundamentais para que medidas de controle sejam adotadas. Neste contexto o combate as doenças torna-se imprescindível para melhorar as condições de desenvolvimento das plantas.
O oídio-do-feijoeiro é uma doença causada pelo fungo Erysiphe polygoni DC. O oídio pode afetar toda a parte aérea do feijoeiro. Ocorre sob condições de temperatura moderada e baixa umidade, comuns em plantios tardios na safra de seca. Nestas condições a doença pode assumir importância econômica quando a infecção ocorrer antes do florescimento. Os danos econômicos são mais severos se a doença ocorrer no início do ciclo da cultura (Kimati, H. et al, 2005).
Devido a tudo isso se faz necessário um controle efetivo da doença, levando em consideração vários aspectos do clima, modo de ação do patógeno e método mais de controle a ser empregado, para a minimização dos danos da doença e conseqüentemente aumento da produtividade da cultura.
O objetivo deste trabalho é identificar e descrever a ocorrência da oídio na cultura do feijão levando em consideração aspectos da sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hospedeiro/cultura: Feijão (Phaseolus vulgaris L.)
Família Botânica: Fabaceae
Doença: Oídio-do-feijoeiro
Agente Causal: Oidium sp. (anamorfo), Erisyphe polygoni D.C. (teleomorfo).
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano – campus Urutaí
Data de Coleta: 01/10/2010
Taxonomia: O anamorfo pertence ao Reino Fungi, grupo Fungos Mitospóricos, hifomicetos. Já a forma teleomórfica, pertente ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Leotiomycetes, Ordem Erysiphales, Família Erysiphaceae.
Sintomatologia:
Os primeiros sintomas são observados principalmente nas folhas, depois, podem passar para o caule e vagens. Os primeiros sintomas são manchas verde-escuras na parte superior das folhas, que se tornam pulverulentas e brancas, atingindo toda a superfície foliar (Fig. 1A).
As folhas acabam sendo todas cobertas por uma massa pulverulenta branco-acinzentada (Fig. 1B), composta de micélios e esporos do patógeno. Em casos severos, toda a superfície foliar é tomada pela doença, ocorrendo à desfolha prematura da planta. No caule e nas vagens infectadas, pequenas e malformadas, também pode ser observada a massa branco-acinzentada. As vagens acabam caindo, causando redução na produtividade da cultura.
Etiologia (Sinais):
Erysiphe polygoni DC., possui como sinonímias a Ischnochaeta polygoni DC. Sawada e a Microsphaera polygoni DC. Sawada. Esse fungo possui algumas variações quanto à patogenicidade, possuindo três formas especiais (Erysiphe polygoni f. muehlenbeckiae O. Sãvul. & Tud.-Bãn, Erysiphe polygoni f. polygoni DC. e Erysiphe polygoni f. robiniae-hispidae Nann.), e encontra-se também cinco variedades do fungo (Erysiphe polygoni var. epimedii F.L. Tai, Erysiphe polygoni var. fagopyri Y.S. Paul & V.K. Thakur, Erysiphe polygoni var. kailashi Y.S. Paul & V.K. Thakur, Erysiphe polygoni var. polygoni DC., Erysiphe polygoni var. rumicis Y.S. Paul & V.K. Thakur e Erysiphe polygoni var. sepulta Ellis & Everh.), (Index Fungorun, 2010).
A forma sexual corresponde ao gênero Oidium sp. o micélio produzido é hialino, septado e ramificado, com hifas que penetram nas células e produzem haustórios. Os conidióforos são curtos (Fig. 1C), com conídios cilíndricos e ovalados, unicelulares e hialinos, com 30-45 x 10-20 µm (Fig. 1D). Em relação a forma perfeita, ao ascos possuem dimensões 50-75 x 26-40 µm, apresentam ascósporos hialinos, elípticos ou ovóides, medindo 20-30 x 10-12 µm. O fungo apresenta várias raças fisiológicas (Kimati, H. et al, 2005).
Os conídios são facilmente disseminados pelo vento, insetos ou chuva. Períodos chuvosos são desfavoráveis a produção de esporos, estes que podem infectar a planta em qualquer fase de desenvolvimento, mas raramente a doença ocorre antes das fases finais do ciclo da cultura (Kimati, H. et al, 2005).
Epidemiologia:
Na cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.), Erysiphe polygoni DC. já foi encontrado em boa parte do território mundial. Brasil, Chile, China, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Haiti, Jamaica, Quênia, Líbia, México, Nova Zelândia, Nicarágua, Panamá, Porto Rico, Ruanda e Ilhas Virgínia, tem-se registros do patógeno ocasionando danos na cultura do feijoeiro (Farr e Rosman, 2010).
O agente causal dessa enfermidade (Erysiphe polygoni DC.) além da cultura do feijoeiro, no Brasil, ele já foi diagnosticado em associação com várias espécies vegetais, são elas: cajueiro (Anacardium occidentale L.) (Anacardiaceae), batata-baroa (Arracacia xanthorrhiza Bancr.) (Apiaceae), Begonia sp. L. (Begoniaceae), colza (Brassica campestris Hegetschw.) (Brassicaceae), colza (Brassica napus L.) (Brassicaceae), repolho (Brassica oleracea L. var. capitata L.) (Brassicaceae), Brassica sp. L. (Brassicaceae), Cucurbita spp. (Cucurbitaceae), soja (Glycine max Merr.) (Fabaceae), batata-doce (Ipomoea batatas L.) (Convolvulaceae), manga (Mangifera indica L.) (Anacardiaceae), salsinha (Petroselinum crispum Mill. A. W. Hill) (Apiaceae), ervilha (Pisum sativum L.) (Fabaceae),, rabanete (Raphanus sativus L.) (Brassicaceae), Vigna radiata R. Wilczek (Fabaceae) e feijão-fradinho (Vigna unguiculata L.) (Fabaceae) (EMBRAPA, Banco de Dados Brasileiro de Micologia, 2010).
Observou-se a interação do patógeno com a cultura do feijoeiro nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Bahia, sendo descrito primeiramente em 1959 pela Revista Ceres (EMBRAPA, Banco de Dados Brasileiro de Micologia, 2010).
Esta doença é favorecida pelas condições de seca e temperaturas amenas. Os conídios formam-se no micélio externo e asseguram a disseminação do parasita, através do vento e insetos. O desenvolvimento da doença é maximizado em condições de safra da "seca". Os conídios necessitam de uma alternância de períodos úmidos e de períodos secos para se formarem. Uma temperatura de 20ºC é ótima para o seu desenvolvimento.
Como o patógeno se desenvolve externamente ao tecido do hospedeiro, a ocorrência de chuva e a irrigação são desfavoráveis ao seu desenvolvimento. Fato também que favorece a disseminação dos esporos do fungo pela ação do vento e insetos.
Segundo Farr e Rosman, (2010), o patógeno já foi identificado em 733 espécies vegetais em todo o mundo, mostrando sua alta capacidade de adaptação a diversos ambientes.
Controle:
O oídio pode ser controlado com a aplicação de fungicidas, o uso de cultivares resistentes e plantio realizado em épocas desfavoráveis ao desenvolvimento do patógeno. O controle químico pode ser realizado tanto com fungicidas protetores como sistêmicos aplicados pelo método convencional ou através da água de irrigação, via pivô central. O uso de controle alternativo, em alguns casos, pode ser viável.
Segundo Carneiro et. al, (2007), avaliando o efeito do óleo, do extrato de sementes e do extrato de folhas de nim no controle do oídio do feijoeiro, em casa de vegetação, mostrou que o óleo emulsionável de nim reduziu o número médio de manchas de oídio/folha quando comparados com a testemunha, mas o fungicida foi superior ao nim. A aplicação do óleo de nim reduziu, em média, 65% a intensidade da doença quando comparada à utilização da água no controle. A utilização de do extrato do nim seria pouco viável em lavouras de alto nível tecnológico, devido a baixa eficiência comparado com a utilização de fungicidas comerciais. Porém seu uso seria uma boa alternativa para produtores familiares, que não possuem um alto poder de capitalização, no controle do oídio-do-feijoeiro.
Existem trabalhos em diversas culturas mostrando a eficácia do leite de vaca no controle do oídio em diversas culturas. ? et al. (200?) avaliando o efeito do leite de vaca e seus possíveis mecanismos de ação sobre o controle de oídio em feijão observou-se que, aplicações em freqüência semanal promoveram controle do oídio de 37,94 a 79,96%. Aplicações de concentrações crescentes de leite de vaca interferiram nos parâmetros bioquímicos foliares de proteínas, açúcares totais e redutores, atividade de peroxidase e FAL, demonstrando ser um elicitor capaz de induzir a uma resposta de resistência, alterando a atividade de enzimas relacionadas com a defesa do feijão.
Não há a disponibilidade de cultivares resistentes, mas existe o controle desta doença pelo uso de cultivares tolerantes, mas ainda que recomendado, não tem sido satisfatório devido a grande variabilidade genética que o patógeno apresenta. Porém alguns trabalhos demonstram maior suscetibilidade de alguns grupos de feijão, Sannazzaro et al. (2003), avaliando o desempenho de doze cultivares de feijoeiro sob condições naturais de ocorrência do oídio, concluiu que deve-se evitar a utilização dos cultivares do grupo Manteiga, como Jalo e Pintado, em regiões ou safras com possibilidade de ocorrência de baixa umidade relativa e de temperaturas moderadas entre 20° e 25° C no pré florescimento, pois os cultivares desse grupo são mais suscetíveis. O tratamento fitossanitário para o controle do oídio deve ser adotado, sobretudo quando for utilizado cultivares do grupo Manteiga, em safras e localidades favoráveis à incidência da doença.
Em relação ao controle químico, a seguir encontram-se os fungicidas comerciais para o controle do oídio-do-feijoeiro, seu princípio ativo e recomendação de aplicação, registrados no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento: Cercobin 700 WP (tiofanato-metílico) aplicar 70 g/L de água (800 L/ha da calda), Cerconil (isoftalonitrila + tiofanato-metílico) aplicar 1,5 a 2 kg/ha do produto, Cover DF (enxofre inorgânico) aplicar 300 g/100 L de água (400 a 500 L/ha da calda), Dithiobin 780 WP (mancozebe) aplicar 2 a 2,5 Kg/ha do produto, Kumulus DF (enxofre inorgânico) misturar 300 g em 100 L de água (400 a 500 L/ha da calda), Kumulus DF-AG (enxofre inorgânico) misturar 300 g em 100 L de água (400 a 500 L/ha de calda), Morestan BR (quinometionato) aplicar 400 a 600 g/ha (200 a 300 L/ha da calda), Sulficamp (enxofre inorgânico) aplicar 600 g/100 L água (200 a 400 L/ha de calda), Tiofanato Sanachem 500 SC (tiofanato-metílico) fazer a mistura de 100 ml do produto com 100 L de água (400 a 500 L/ha de calda), Viper 500 SC (tiofanato-metílico) aplicar 0,5 a 0,75 L/ha (700 a 1000 L/ha de calda) e Viper 700 (tiofanato-metílico) misturar 70 g/100 L de água (700 a 1000 L/ha de calda), (Agrofit, 2010).
Em regiões de incidência precoce e rotineira da doença, a rotação com espécies não hospedeiras como cereais e milho pode ajudar a reduzir o inóculo inicial (Kimati, H. et al, 2005).
LITERATURA CITADA:
AGROFIT Sistema Agrofit – sistema de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em:<>, acessado em 01 de setembro de 2010.
CARNEIRO, S.M. de T.P.G.; PIGNONI, E.; VASCONCELLOS, M.E. da C.; GOMES, J.C. Eficácia de extratos de nim para o controle do oídio do feijoeiro. Summa Phytopathologica, v.33, n.1, p.34-39, 2007.
EMBRAPA Banco de Dados Brasileiro de Micologia. Disponível em:
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