Maurício Resta Ribas1
1Acadêmico do curso de Agronomia
Mofo-branco-da-batata (Solanum tuberosum L.), também conhecida por Podridão de Sclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary), esta doença, em condições normais, não constitui problema para a cultura da batateira. Essa doença tem sido mais importante em áreas sob pivô central, pela menor rotatividade da cultura, ou pelo aproveitamento da infraestrutura para outras culturas também suscetíveis ao patógeno, como o feijão. Pode ocorrer intensamente quando a cultura é realizada em solos infestados e em condições de umidade (95 - 100%) e temperatura (16 – 22 °C) muito favoráveis, sendo a injúria normalmente restrita às hastes. Lesões cobertas de micélio e escleródios são encontradas normalmente na rama principal e próximas ao nível do solo. Esta doença apresenta que tende a causar um rápido anelamento, com conseqüente murcha. A medula é destruída internamente e tomada por numerosos escleródios de tamanho e forma variáveis, entre 0,5 e 2 cm de diâmetro. Chuvas pesadas ou irrigação induzem a produção de apotécio a partir do escleródio. Os ascósporos são ejetados e disseminam o patógeno de maneira mais eficiente que o escleródio (Brisolla et al., 2002).
Nessa hospedeira, o controle químico é difícil de ser feito, devido à dificuldade de se atingir os sítios de infecção, próximos ao solo, pois ficam encobertos pelas folhas e ramos da cultura. A ampla gama de hospedeiros do fungo também restringe as opções para rotação de culturas em áreas já infestadas. As alternativas de uso de culturas não-hospedeiras ficam praticamente restritas às gramíneas, que podem não ser economicamente interessantes para os produtores (Grupo Cultivar, 2010).
O mofo branco, causado pelo fungo de solo S. sclerotiorum, é uma importante doença das plantas cultivadas e de algumas invasoras. Ataca espécies de quase todas as famílias botânicas (descritas em Epidemiologia). Além da batateira, existem mais de 160 espécies que podem ser atacadas. Se constitui em problema sério em plantios de hortaliças, principalmente no que se refere ao tomate, à batata, à cenoura, à ervilha, às brássicas e à alface, instalados em solos contaminados e sob condições de temperatura amena e de alta umidade (Grupo Cultivar, 2010).
Este trabalho tem-se por objetivo identificar e descrever inúmeros aspectos gerais e morfológicos do mofo branco, causado pelo fungo S. sclerotiorum, na cultura da batata (Solanum tuberosum L.) irrigada no Estado de Goiás.
As amostras de plantas de batata, apresentando sintomas foram coletadas em área irrigada (sistema de pivô central) da fazenda Capão Grande, no município de Cristalina - GO, no dia 06 de setembro de 2010.
As amostras das hastes da batata foram analisadas no Laboratório de Microbiologia utilizando microscópio estereoscópio, as quais apresentavam sinais da doença, parte das hastes foram colocadas em câmara úmida para crescimento do fungo, após o período de crescimento este foi retirado através do método de pescagem direta para confeccionar as placas de Petri, contendo meio de cultura ágar-água, também foram isolados os escleródios em placa de Petri, em meio de cultura BDA.
Macro e microfotografias foram realizadas utilizando microscópio estereoscópio. Com auxilio de uma câmera digital Kodak modelo C813. As fotos foram editadas utilizando o programa Microsoft Office Picture Manager 2010 para a edição da imagem e o Microsoft Office Power Point para elaboração e montagem da prancha, e serviu para explicar e exemplificar o desenvolvimento do trabalho.
Hospedeiro/cultura: Batata (Solanum tuberosum L.)
Família Botânica: Solanaceae
Doença: Mofo branco da batata
Agente Causal (Teleomorfo): Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, Vergl. Morph. Biol. Pilze (Leipzig): 56 (1884)
Local de Coleta: Fazenda Capão Grande, município de Cristalina – GO.
Data de Coleta: 06/09/10
Taxonomia: Forma teleomórfica, pertence ao Reino Fungi, Filo Ascomicota, classe Leotiomycetes, subclasse Leotiomycetidae, ordem Helotiales, família Sclerotiniaceae, gênero Sclerotinia, espécies S. sclerotiorum. O anamorfo pertence ao Reino Fungi, grupo incerto dos Fungos Mitospóricos, sub-grupo Hifomicetos (Index Fugorum, 2010).
Sintomatologia
O fungo ataca toda a parte aérea da planta, o primeiro indício da presença da doença é o aspecto murcho da planta (Fig. 1A). Nos órgãos infectados são encontradas lesões encharcadas, de coloração parda e consistência mole, com micélio branco de aspecto cotonoso, (Fig. 1B) (Alves e Del Ponte, 2010).
Os sintomas do mofo branco, as lesões aparecem no caule e localizam-se imediatamente abaixo ou acima da superfície do solo. As lesões são geralmente deprimidas, de coloração marrom, sendo que estruturas dos fungo (hifas, escleródios) podem estar associados a elas. Em caules ternos, o desenvolvimento da lesão pode levar ao enfraquecimento da região atacada, tornando a planta suscetível ao tombamento; é comum, também, a ocorrência de estrangulamento da planta (Bedendo et al., 1995).
Com respeito à diagnose, as primeiras evidências da ocorrência de doença aparecem na parte aérea da planta, na forma de sintomas reflexos (Bedendo et al., 1995).
A medula é destruída internamente e tomada por numerosos escleródios de tamanho e forma variáveis, (Fig. 1C,D) mas comum arredondadas, entre 0,5 e 2 cm de diâmetro (Souza Dias e Iamauti, 1997).
Etiologia
O agente causal do mofo branco da batata é Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary, Vergl. Morph. Biol. Pilze (Leipzig): 56 (1884), na forma teliomórfica pertence ao reino fungi, filo Ascomicota, classe Leotiomycetes, subclasse Leotiomycetidae, ordem Helotiales, família Sclerotiniaceae, gênero Sclerotinia, espécies S. sclerotiorum. Forma anamórfica: Fungos mitospóricos, grupo dos hifomicetos. (Index Fugorum, 2010).
As principais sinonímias são: Hymenoscyphus sclerotiorum (Lib.) W. Phillips, (1887) Peziza sclerotiorum Lib., (1837) Sclerotinia libertiana Fuckel, (1870) Sclerotium varium Pers., (1801) Whetzelinia sclerotiorum (Lib.) Korf & Dumont, (1972) (Index Fugorum, 2010).
Mofo branco da batata (Solanum tuberosum L.) é também conhecido por Podridão de Sclerotinia e Podridão Branca (Alves e Del Ponte, 2010).
Já foram identificadas várias formas de especialização de patogenicidade dessa espécie. As formas especiais descritas são, Sclerotinia sclerotiorum f.sp. intermedia L.H. Purdy, Sclerotinia sclerotiorum f.sp. major L.H. Purdy, Sclerotinia sclerotiorum f.sp. minor L.H. Purdy, Sclerotinia sclerotiorum f.sp. orobanches Naras. & Thirum. 1954, Sclerotinia sclerotiorum f.sp. sclerotiorum (Lib.) de Bary 1884. As variedades especializadas conhecidas são as seguintes, Sclerotinia sclerotiorum var. hyacinthi Fr. 1828, Sclerotinia sclerotiorum var. minor L.H. Purdy, Sclerotinia sclerotiorum var. opuntiarum (Speg.) Alippi 1960, Sclerotinia sclerotiorum var. sclerotiorum (Lib.) de Bary 1884 (Index Fungorum, 2010).
A semeadura em solos infestados permite o contato entre o hospedeiro e o patógeno. A presença de raízes da planta pode estimular a germinação de estruturas de fungo ou o crescimento de hifas, que alcançam a superfície das raízes ou o colo da planta, iniciando, assim, o processo de infecção. O contato entre estruturas do patógeno e órgãos da planta também pode ser estabelecido de forma casual. A penetração do patógeno nos tecidos vegetais pode ser feita por intermédio das hifas e /ou dos tubos germinativos provenientes dos esporos. A penetração pode ser direta pela superfície do órgão atacado ou através de ferimentos de diversas naturezas, como aqueles provocados por insetos, ferramentas, abrasão de partículas do solo ou emissão de raízes secundárias (Bedendo et al., 1995).
A colonização dos tecidos é auxiliada pela ação de substâncias químicas do tipo ácidos orgânicos, toxinas e enzimas, todas produzidos pelo patógeno. A atuação conjunta de mecanismos químico e mecânico promove a morte das células e, posteriormente, a decomposição do tecido. As hifas crescem inter e intracelularmente e, sob condições de alta umidade e temperaturas adequadas, promovem a reprodução do patógeno, formando novas hifas e estruturas reprodutivas. No início do processo de colonização, surgem nas raízes ou hastes pequenos pontos cuja coloração varia de marrom-avermelhado a negra, dependendo do hospedeiro e do patógeno envolvidos. Estes pontos abrem-se em lesões maiores, que alguns casos, o fungo se reproduz rapidamente sobre o tecido doente, sendo possível observar a presença de micélio cotonoso e escleródios associados as lesões (Fig. 1B). A evolução da doença leva à destruição parcial ou total do colo da planta, ocasionando a morte da mesma. Este tecido morto (Fig. 1A) servirá como substrato para que o fungo cresça, até que encontre uma nova planta hospedeira (Bedendo et al., 1995).
O patógeno além de parasitar a Solanum tuberosum tem-se registro de patogenicidade nos continentes Americanos, Asiático, Europeu, Africano e na Oceania em mais de 1.865 hospedeiras (Farr e Rossman, 2010).
Escleródios são altamente resistentes à degradação física e microbiana e podem sobreviver no solo e entre os restos da planta por muitos anos. Sob condições ambientais adequadas. A germinação dos escleródios pode ser miceliogênica, quando o micélio é produzido diretamente como hifas vegetativas ou carpogênica, quando uma estrutura de frutificação chamada de apotécio é produzida a partir dos escleródios, contendo milhões de ascósporos que são violentamente lançadas no meio ambiente (Rollins, 2010).
Os escleródios possuem uma camada exterior escura com formas irregulares, medindo 2 a 15 por 2 a 30 μm (Fig. 1F). Os apotécios medem 2 por 10 mm. As Ascas são cilíndricas e contem oito ascósporos hialinos, elipsoidais, multinucleados e medindo de 4 a 6 por 9 a 14 μm (Alves e Del Ponte, 2010).
Importância da doença
Sclerotinia sclerotiorum é um patógeno de importância mundial. As estimativas de danos pela doença causada por este fungo giram em torno de 10 a 20%, já tendo sido registrados danos superiores a 50% em casos severos. No Brasil esta doença é de maior importância em regiões de clima mais ameno como no sul do Brasil e no Centro-Oeste quando ocorrem baixas temperaturas principalmente em áreas de cultivo de girassol, cujos resíduos mantém o inóculo em alta concentração.
Sintomatologia
O fungo ataca toda a parte aérea da planta, principalmente no início da floração ou após a polinização das flores. O primeiro indício da presença da doença é o aspecto murcho da planta. Nos órgãos infectados são encontradas lesões encharcadas, de coloração parda e consistência mole, com micélio branco de aspecto cotonoso, cobrindo os tecidos da planta. Com o progresso da doença, as folhas e caules infectados tornam-se marrons e permanecem eretos mesmo com a morte da planta.
Sintoma morfológico: podridão
Sintoma morfológico: podridão
Ciclo da doença e epidemiologia
Sclerotinia sclerotiorum pode sobreviver por vários anos na forma de escleródios no solo. Os ascósporos originados dos apotécios são ejetados, sob condições ambientais favoráveis como abundância de luz e temperaturas entre 10 e 25 graus celsius, e disseminados pelo vento. Se estas condições não forem satisfeitas só haverá a germinação micelogênica, sendo este tipo de inóculo menos importante epidemiologicamente. A liberação dos ascósporos e a infecção da planta são estimuladas com o fechamento do dossel da cultura afetado pelo menor espaçamento entre linhas. Temperaturas amenas em torno de 20 ºC e alta umidade relativa do ar são favoráveis ao desenvolvimento da doença. A disseminação pode também ocorrer através de sementes contaminadas com micélios dormentes ou quando há escleródios misturados às sementes. Existem diversos hospedeiros além da soja como alfafa, feijões, trevos, ervilha, batata, fumo, hortelã, soja, girassol, tomate e canola. Algumas ervas daninhas se portam como hospedeiros, entre elas o dente-de-leão, a hortelã, o funcho de cachorro e a margarida.
Práticas de manejo
A podridão branca da haste da soja é uma doença difícil de ser manejada, e devem-se usar práticas integradas para reduzir os riscos de ocorrência da doença. Em áreas onde ocorreram epidemias recentes, deve-se evitar o cultivo em sucessão com soja, girassol, canola, ervilha, feijão, alfafa, fumo, tomate e batata, entre outras culturas hospedeiras de S. sclerotiorum, retornando com esses hospedeiros na mesma área somente após, pelo menos, quatro anos. A rotação de culturas, portanto deve ser feita com gramíneas. Devem-se evitar plantios adensados os quais proporcionam ambiente ideal para o desenvolvimento do fungo. O controle químico com fungicidas não é viável economicamente. A cobertura do solo com palha pode auxiliar a evitar a germinação carpogênica dos escleródios. O enterrio dos escleródios a 20 cm ou 30 cm de profundidade, com arado de aiveca é também medida recomendável. Sob cultivo em plantio direto, os escleródios serão potencialmente eliminados por organismos competidores como por bactérias e fungos de solo.
Bibliografia consultada
ALMEIDA, A.M.R.; FERREIRA, L.P.; YORINORI, J.T.; SILVA, J.F.V.; HENNING, A.A.; GODOY, C.V.; COSTAMILAN, L.M.; MEYER, M.C. Doenças de Soja. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A. CAMARGO, L.E.A. (Eds.) Manual de Fitopatologia: Doenças de plantas cultivadas. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. v.2,p. 569-588.
NAPOLEÃO, R.; CAFÉ FILHO, A.C.; NASSER, L.C.B.; LOPES, C.A.; SILVA, H.R. Intensidade do mofo-branco do feijoeiro em plantio convencional e direto sob diferentes lâminas d’água. Fitopatologia. Brasileira, v. 30, n. 4, 2005. pág.374-379
NAPOLEÃO, R.; CAFÉ FILHO, A.C.; NASSER, L.C.B.; LOPES, C.A.; SILVA, H.R. Intensidade do mofo-branco do feijoeiro em plantio convencional e direto sob diferentes lâminas d’água. Fitopatologia. Brasileira, v. 30, n. 4, 2005. pág.374-379
Epidemiologia
S. sclerotiorum pode sobreviver por vários anos na forma de escleródios no solo. Os ascósporos originados dos apotécios são ejetados, sob condições ambientais favoráveis como abundância de luz e temperaturas entre 10 e 25 °C, e disseminados pelo vento. Se estas condições não forem satisfeitas só haverá a germinação miceliogênica, sendo este tipo de inóculo menos importante epidemiologicamente. A liberação dos ascósporos e a infecção da planta são estimuladas com o fechamento do dossel da cultura afetado pelo menor espaçamento entre linhas. Temperaturas amenas em torno de 20 ºC e alta umidade relativa do ar são favoráveis ao desenvolvimento da doença. A disseminação pode também ocorrer através de sementes contaminadas com micélios dormentes ou quando há escleródios misturados às sementes (Alves e Del Ponte, 2010).
O fungo S. sclerotiorum é um polífago, tendo como hospedeiras plantas de 75 famílias, 278 gêneros e 4082 espécies. Entre eles, destacam-se soja, girassol, canola, ervilha, feijão, alfafa, fumo e tomate (Leite, 2005).
Tem-se registro de patogenicidade no Brasil de S. sclerotiorum nos seguintes hospedeiros; Allium sativum L. (alho), Amaranthus spp., Argemone mexicana L., (papoula do méxico), Arracacia xanthorrhiza Bancr., (batata baroa), Aster ericoides Lam. Bidens pilosa Linn., (picão preto), Borreria alata DC., (erva quente), Brassica alba Boiss. (mostarda-branca), Brassica campestris Hegetschw. (colza), Brassica napus L. var. oleifera Moench (canola), Brassica napus L. (colza), Brassica oleracea Linn. var. botrytis (couve-flor), Brassica oleracea Linn. var. gemmifera, Brassica oleracea Linn. var. itálica (brócolis), Brassica oleracea Linn. (couve), Brassica oleracea var. capitata L. (repolho), Brassica pekinensis Skeels (couve-chinesa), Brassica rapa L. (nabo), Brassica rapa Linn. subsp. rapa, Brassica sp. Tourn. ex L., Capsicum annuum L. (pimentão), Capsicum spp. Tourn. L., Cichorium endivia L. (chicória), Citrus sp. L., Cucumis melo L. (melão), Cucumis sativus L. (pepino), Cucurbitaceae, Cynara scolymus L. (alcachofra), Daucus carota L. (cenoura), Dendranthema morifolium Tzvelev (crisântemo), Euphorbia heterophylla Desf. (leiteira), Galinsoga parviflora Cav. (picão-branco), Glycine max (L.) Merr. (soja), Gossypium hirsutum L. (algodão), Helianthus annuus Linn. (girassol), Hibiscus subdariffa L., Ipomoea sp. L., Leonotis nepetifolia Schimp. ex Benth. (cordão-de-frade), Lepidium virginicum L. (mastruço), Lupinus angustifolius Aug.DC. (tremoço-azul), Lycopersicon esculentum Mill. (tomateiro), Melinis minutiflora Beauv. (capim-gordura), Musa paradisiaca L. (bananeira), Musa spp., Nicandra physalodes Gaertn., Nicotiana tabacum L., Passiflora spp., Phaseolus lunatus L. (feijão-de-lima), Phaseolus sp. L., Phaseolus spp. L., Phaseolus vulgaris L. (feijão), Pisum sativum L. (ervilha), Raphanus sativus Linn. (rabanete), Sida rhombifolia L. (vassoura), Solanum gilo Raddi (jiló), Solanum melongena L. (berinjela), Solanum tuberosum L. (batata), Spinacia oleracea Linn. (espinafre), Vigna unguiculata L. Walp. (feijão-fradinho) e Zea mays L. (milho) (Mendes e Urben, 2010).
No Brasil há o relato de mais de 60 hospedeiras para esse patógeno (Mendes e Urben, 2010).
Escleródios são as estruturas que permitem que espécies de Sclerotinia sobrevivam por longos períodos de tempo sob condições adversas (Fig. 1E). A casca, preto melanizadas parece agir como um protetor contra a invasão de microrganismos. As temperaturas do solo, pH, a umidade parecem ter pouco efeito direto sobre a sua sobrevivência, embora a combinação de altas temperaturas e alta umidade parece encorajar a degradação de escleródios, perto da superfície do solo, os esclerodios podem ter um tamanho de 0,5 a 10 mm, (Ferreira e Boley, 2010).
Há o relato de mais de 1904 fungos registrados pelo mundo que parasitam a hospedeira Solanum tuberosum, Farr e Rossman (2010), sendo 46 fungos destes, distribuídos geograficamente pelo Brasil, o mofo branco ocorre em todas as regiões produtoras do país (Mendes e Urben, 2010).
De acordo com INDEX FUGORUM (2010), há 254 registros do gênero Sclerotinia.
Controle
Uma gestão eficaz do mofo-branco exige a implementação de uma abordagem integrada de manejo. A doença pode ser controlada principalmente através da utilização de práticas culturais e fungicidas (Wharton and Kirk, 2010).
Não se conhecem variedades de batata resistentes ao patógeno. Além do tradicional plantio de milho no verão, pode-se fazer cultivos em área de pivô com outras espécies de interesse econômico, como o trigo no inverno e o arroz no verão, não hospedeiras do patógeno, recomenda-se rotação de cultura com gramíneas, por 4 anos ou mais. Este fato merece ser explorado porque estas culturas têm potencial econômico, e por isto, podem ser incorporadas ao controle integrado de patógenos de solo pela formação de palhada durável sobre o solo. Outras medidas auxiliares no controle da doença são: plantio de tubérculos de boa qualidade e tratados com fungicidas; sempre que possível utilizar variedades de batata mais eretas que permitam maior aeração do microambiente formado sob a folhagem; não plantar em áreas com histórico de ocorrência de mofo branco, seja qual for à cultura; plantar preferencialmente em áreas com solos de boa drenagem e bem sistematizados, que evitem a formação de poças de água; manejar a irrigação de forma a evitar excesso de umidade; tratamento do solo através de solarização, com fumigantes ou biofumigantes pode ser viável em áreas pequenas ou em cultivo protegido, mas tem pouca aplicação para grandes áreas. (Reis et al., 2007).
O controle químico é uma medida bastante utilizada e seu sucesso está condicionado ao uso de fungicidas adequados na época adequadas, de forma a prevenir o aparecimento ou o desenvolvimento da doença no campo, tem-se quatros produto registrados no Mistério da Agricultura segue abaixo:
Dois com o principio ativo fluazinam (fenilpiridinilamina): realizar 1° aplicação dos 30 aos 40 dias após a germinação e repetir uma ou duas aplicações a cada 7 a 10 dias, usando volume de calda de 500 a 1000 L/ha. Utilizar o produto em no máximo 4 aplicações durante o ciclo da cultura, dose do produto 1 a 1,5 L/ha (Agrofit, 2010).
Dois com o principio ativo procimidona (dicarboximida) aplicação no sulco de plantio: A aplicação poderá ser feita, em uma única vez, no sulco de plantio sobre a batata-semente (2,0 -3,0 kg/ha) ou em duas vezes, sendo a primeira no sulco de plantio {1,5 kg/ha) sobre a batata-semente e a segunda aplicação antes da amontoa (1,5 kg/ha) gastando-se de 300 a 600 litros de calda/hectare, dose do produto 1 a 1,5 Kg/ha (Agrofit, 2010).
A cobertura do solo com palha pode auxiliar a evitar a germinação carpogênica dos escleródios. O enterrio dos escleródios a 20 cm ou 30 cm de profundidade, com arado de aiveca é também medida recomendável. Sob cultivo em plantio direto, os escleródios serão potencialmente eliminados por organismos competidores como por bactérias e fungos de solo (Alves e Del Ponte, 2010).
O bom manejo da fertilidade ajuda a prevenir o desenvolvimento excessivo da copa, o que irá também o suprimir mofo-branco. Como tal, as cultivares que produzem naturalmente copa mais espessa e densa estão sob maior risco do mofo-branco, do que aqueles que produzem copa esparsa. Uma vez que esta doença é favorecida por alta umidade e água livre no dossel da cultura, o manejo de irrigação é um fator crítico para lidar com potenciais problemas de mofo-branco. Estratégias de irrigação, que reduzem a umidade e a água livre na copa, permitir que a superfície do solo seca mais rápido irá ajudar a diminuir o mofo-branco, evitar irrigar em tempo nublado e fresco, a irrigação deve ser programada para permitir que plantas tenham tempo para secar antes do anoitecer (Wharton and Kirk, 2010).
Bibliografia consultada
ALMEIDA, A.M.R.; FERREIRA, L.P.; YORINORI, J.T.; SILVA, J.F.V.; HENNING, A.A.; GODOY, C.V.; COSTAMILAN, L.M.; MEYER, M.C. Doenças de Soja. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A. CAMARGO, L.E.A. (Eds.) Manual de Fitopatologia: Doenças de plantas cultivadas. 4. ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. v.2,p. 569-588.
NAPOLEÃO, R.; CAFÉ FILHO, A.C.; NASSER, L.C.B.; LOPES, C.A.; SILVA, H.R. Intensidade do mofo-branco do feijoeiro em plantio convencional e direto sob diferentes lâminas d’água. Fitopatologia. Brasileira, v. 30, n. 4, 2005. pág.374-379
NAPOLEÃO, R.; CAFÉ FILHO, A.C.; NASSER, L.C.B.; LOPES, C.A.; SILVA, H.R. Intensidade do mofo-branco do feijoeiro em plantio convencional e direto sob diferentes lâminas d’água. Fitopatologia. Brasileira, v. 30, n. 4, 2005. pág.374-379
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
AGROFIT, Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, disponível em: , acessado em abril de 2010.
ALVES, R.C.; DEL PONTE, E.M. Podridão-branca-da-haste. In: Del Ponte, E.M. (Ed.) Fitopatologia.net - herbário virtual. Departamento de Fitossanidade. Agronomia, UFRGS. Disponível em: http://www.ufrgs.br/agronomia/fitossan/herbariovirtual/ficha.php?id=101. Acesso em: outubro 2010.
BEDENDO, I. P. – Podridão de raiz e colo, BERGAMIN, F. A. In: KIMATI, H. & AMORIM, L. - Manual de fitopatologia: princípios e conceitos. 3a Ed., Vol. 1, Editora Agronômica Ceres Ltda., São Paulo SP, 919p., 1995.
BRISOLLA, A.D., et al., Manejo integrado das principais doenças e pragas da cultura da batata - uma visão holística de controle para o Estado do Paraná, Londrina : IAPAR, 2002.
FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA., disponível em: , acessado em junho de 2010.
FERREIRA, A.S.; BOLEY, A.R., Department of Plant Pathology,CTAHR, University of Hawaii at Manoa, available: http://www.extento.hawaii.edu/kbase/crop/type/s_scler.htm, accessed in: october 2010.
GRUPO CULTIVAR DE PUBLICAÇÕES LTDA., disponivel em http://www.grupocultivar.com.br/revistas/artigo.asp?revista=hf&id=1400, acessado em outubro de 2010.
INDEX FUNGORUM, banco de dados para consulta de táxons fúngicos. Disponível em: , acessado em outubro de 2010.
LEITE, R.M.V.B.C. Ocorrência de doenças causadas por Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) De Bary em girassol e soja. Comunicado técnico 76. ISSN 1517-1752. Embrapa Soja. Março, 2005. Londrina, PR.
MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F. CERNAGEN - Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF, Disponível em: Acesso em: 21/9/2010.
REIS, A.; COSTA, H.; LOPES, C.A.; Epidemiologia e Manejo do Mofo-Branco em Hortaliças, Comunicado técnico 45. ISSN 1414-9850. Embrapa Hortaliças. Novembro, 2007. Brasília, DF.
SOUZA DIAS J.A.C. e IAMAUTI, M.T. – Doenças da batateira (Solanum tuberosum). In: KIMATI, H; AMORIM, L.; BERGAMIN F., A.; CAMARGO, J. F. A. C.; REZENDE, J. A. M. - Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 3a Ed. Vol. 2, Editora Agronômica Ceres Ltda. São Paulo SP, 774 p.1997.
ROLLINS, J., Sclerotinia Sclerotiorum Resource Page available: http://www.sclerotia.org/lifecycle/infection , accessed in october 2010.
WHARTON, P.; KIRK, W. Department of Plant Pathology, Michigan State University, available http://www.potatodiseases.org/whitemold.html, accessed in october 2010.
Muito obrigada.
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