quinta-feira, 1 de julho de 2010

Septoriose ou mancha-de-septória causada por Septoria lycopersici Speg. em tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.)


Jakelinny Martins Silva


Hospedeiro/cultura: Tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.)

Família Botânica: Solonaceae

Doença: Septoriose ou mancha-de-septória

Agente Causal: Septoria lycopersici Speg.

Local de Coleta: Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí

Data de Coleta: 21/03/2010

Taxonomia: A fase anamórfina pertence ao Reino Fungi, grupo dos Fungos Mitospóricos, sub-grupo dos coelomicetos. A fase telomórfica pertencente ao reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Dothideomycetes, Sub-classe Dothideomycetidae, Ordem Capnodiales, Família Mycosphaerellaceae, gênero Septoria sp.


Sintomatologia


Inicialmente, os sintomas aparecem nas folhas mais velhas, apresentando manchas circulares e elípticas (Fig.1A), com o tamanho aproximado de 2 a 3 mm de diâmetro e em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do fungo e cultivares suscetíveis, as lesões podem atingir 5 mm ou mais de diâmetro (Fig. 1B). As manchas apresentam-se com as bordas escurecidas e o centro cor de clara, onde visualiza-se pontuações escuras que são as frutificações do patógeno e presença de um halo amarelo estreito, circundando as lesões. (Kurozawa e Pavan, 2007)

Frequentemente, há agregação das manchas, o que provoca queima intensa das folhas baixeiras e desfolha das plantas. Lesões nas hastes, pedúnculo e cálice são causadas em ataques severos da doença, onde as lesões se apresentam geralmente menores e mais escuras. Lesões no caule e cálice normalmente não apresentam picnídios, sendo estes observados nas folhas (Fig. 1D). Os frutos raramente são afetados. (Kurozawa e Pavan, 2007)


Etiologia


Os conídios do fungo são hialinos, longos, finos, com três a nove septos, medindo 60-120x2-4 µm (Fig. 1E) e produz picnídios globosos, ostiolados e de paredes finas e coloração marrom-escura (Fig. 1C). A massa conidial desse fungo apresenta coloração rosada, salmão ou marrom-escura (Fig. 1F). (Lopes e Ávila, 2005)

Os conidióforos são curtos e os conídios são, filiformes, multi-septados (septos 1-(6)-12 septos – média de 6), com comprimento variando de 35-137 mm e são liberados dos picnídios através de cirros hialinos, agregados entre si por uma substância mucilaginosa, os quais são dispersos em água e disseminados através das gotas. O micélio é hialino, ramificado e septado (Lopes e Ávila, 2005).

O estágio sexual do fungo ainda não foi registrado na literatura. (Jones et al., 1991).

Em todo o mundo, o tomateiro apresenta-se como hospedeiro de várias espécies do fungo Septoria, como por exemplo: Septoria dulcamarae (presente na China e em Myanmar), Septoria lycopersici f.sp. italica (presente na China e em Taiwan), Septoria tomates (presente na Romênia) e Septoria lycopersici que é a espécie de maior número de ocorrências em países como Austrália, Bulgária, Colômbia, Costa Rica, Índia, Jamaica, Coréia, Espanha, Sudão Taiwan, China, Guatemala, inclusive o Brasil. (Farr e Rosman, 2010).

No Brasil, o gênero Septoria mostra-se ocorrente em todos os estados, com maior ocorrência nos estados de São Paulo e Minas Gerais. (EMBRAPA Banco de Dados Brasileiro de Micologia, 2010)

Além do tomateiro, o agente causal da doença, Septoria lycopersici, ataca espécies selvagens de solanáceas como maria pretinha, S. carolinenses, Physalis spp. e Datura stramonium. (INDEX FUNGORUM, 2010)


Epidemiologia

As principais fontes de inóculo do patógeno são as sementes, soqueiras, restos de cultura, estacas já utilizadas em lavouras anteriores, e outras espécies de solanáceas, como berinjela, jiló e solanáceas invasoras (Jones et al., 1991; Zambolim et al., 2000).

A infeção pode iniciar nas folhas cotiledonares se o patógeno for transmitido pela semente e em seguida, se dispersar pelo resto da planta. Os conídios em cirros são liberados dos picnídios em alta umidade e estes são disseminados pela água das chuvas ou por irrigação. (Jones et al., 1991; Zambolim et al., 2000).

A doença pode apresentar-se mais severa em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do patógeno como no período quente e chuvoso do ano, com temperatura de 20 a 25 ºC. A água da chuva dissemina o fungo e dificulta à entrada equipamentos de pulverização na lavoura, além de seu excesso lavar o fungicida. Também pode ocorrer ataques severos no período seco, desde que haja excesso de irrigação. (Reis, Boiteux e Lopes, 2006)

Trabalhadores, insetos, implementos e pássaros também contribuem para a disseminação do fungo, pois em contato com a planta que foi infectada com o patógeno, este possuirá a fonte de inóculo em seu corpo, que em contato com uma planta sadia, iniciará o processo de infecção, onde os esporos germinam em até 48 horas em condições de umidade e temperaturas ideais. Os sintomas iniciais da doença aparecem em seis dias após o fungo penetrar na planta através dos estômatos. Os picnídios surgem após os 14 dias da infecção. (Lopes e Santos,1994)


Controle


Para o controle e manejo da doença são adotadas medidas como: fazer rotação de cultura com poáceas (gramíneas), destruição de restos culturais, adubação balanceada, evitar irrigação por aspersão com freqüência, evitar plantio próximos às lavouras mais velhas ou infectadas com o patógeno e manter as plantas arejadas com espaçamento adequado. (Zambolim et al., 2000)

Não se conhece o comportamento de variedades resistentes nas condições do Brasil (Tokeshi e Carvalho, 1980). Kurozawa e Pavan (1997) recomendam como controle os fungicidas sistêmicos mais específicos como benomyl, tiofanato metílico, carbendazin e tiabendazol. Furlaneto e Café (1996) avaliaram para o controle da septoriose do tomateiro os produtos à base de clorotalonil, mistura de fluazinan+clorotalonil, e tebuconazole, que proporcionaram maior produção de frutos de tomate e também menor severidade da doença; os produtos que apresentaram baixa performance foram o iprodione, tiofanato metílico e benomil.

O uso de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura presta-se ao controle da septoriose. Dentre muitos produtos registrados, os que mais se mostram eficientes para o controle da doença são Cabrio Top (pyraclostrobin + metiram), diluído em água, na dose de 3kg/ha, Caramba (metconazole), na dose de 1,0 L/ha e Constant (teboconazole), na dose de 1,0 L/ha. Ambos os fungicidas são pulverizados seguindo uma mesma metadologia, sendo sete pulverizações desde o início do florescimento, num intervalo de dez dias a cada aplicação. Não são observados sinais de fitotoxicidade nas plantas devido ao uso desses fungicidas. (Agrofit, 2010)

Esta estratégia, entretanto, pode ser pouco eficiente sob condições favoráveis de temperatura e precipitação ou quando a doença já se encontra instalada em cultivos utilizando cultivares muito suscetíveis (Jones et al., 1991; Zambolim et al., 2000).



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


AGROFIT. Disponível em: /principal_agrofit_cons> Acessado em: 21/04/2010


EMBRAPA Banco de Dados Brasileiro de Micologia. Disponível em: Acessado em: 21/04/2010


FARR & ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: . Acessado em: 19 de junho de 2010.


FITOPATOLOGIA.NET. Disponível em: Acessado em: 19/04/2010.


FURLANETO, C. & CAFÉ, A.C. Eficiência de fungicidas no controle da septoriose do tomateiro no distrito Federal. Fitopatologia Brasileira, v.21, Suplemento, p.399, 1996.


INDEX FUNGORUM. Disponível em: . Acessado em: 27 de junho de 2010


JONES, J.B.; JONES, J.P.; STALL, R.E.; ZITTER, T.A. Compendium of Tomato Diseases. St. Paul: APS Press, 1991. 73pp.


KUROZAWA, C.; PAVAN, M.A. Doenças do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.). In: Kimati, H.; Amorin, L.; Bergamin Filho, A.; Camargo, L.E.A.; Rezende, J.A.M. (eds.). Manual de Fitopatologia. v.2 – Doenças das plantas cultivadas. Piracicaba, Ceres, 1997. p.690-719.


LOPES, C.A.; ÁVILA, A.C. Doenças do Tomateiro. Embrapa Hortaliças. 151p. Brasília. 2005


LOPES, C.A.; SANTOS,J.R.M. Doenças do tomateiro. Brasília : EMBRAPA-SSI,1994. 67

p.


MALUF, W.R.; MIRANDA, J.E.C.; BITTENCOURT, C. Avaliação da resistência a septoriose em introduções de Lycopersicon spp. Horticultura Brasileira, v.3, p.9-11, 1985. (Resumo).



PIERRO, A.C. Tomates. Qualidade que se planta. Cultivar, v.1, 2000. p.10-14.


REIS, A; BOITEUX, L.S.; LOPES, C.A.; Mancha-de-septória: doença limitante do tomateiro no período de chuvas. Comunicado Técnico 37. Embrapa Hortaliças. Brasília. Dezembro. 2006.


TOKESHI, H. & CARVALHO, P.C.T. Doenças do tomateiro - Lycopersicon esculentum Mill. IN: GALLI, F. Manual de Fitopatologia - Doenças das plantas cultivadas. São Paulo:

Ceres, 1980. p.511-552.



ZAMBOLIN, L.; VALE, F.X.R.; COSTA, H. (Eds). Controle de doenças de plantas de hortaliças. Viçosa, UFV. 2000. 444p.

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