VANONE ASSUNÇÃO
O mamoeiro (Carica papaia), é uma planta herbácea, nativa da América tropical formas nativas em estado selvagem e semi-selvagem, foram encontradas nas planícies tropicais da América Central e América do Sul (Manica, 1982).
É uma fruteira intensamente cultivada no mundo, por encontrar no Brasil e nos diversos países de clima quente condições favoráveis á sua produção, pelo grande aproveitamento dos frutos, os quais são consumidos maduros, ao natural ou com açúcar, e verde em doces, industrializados ou para a extração da papaína e da pectina (Manica, 1982).
Entre as doenças mais comuns no mamoeiro, a varíola causada por Asperisporium caricae (Speg.) Maubl é uma das principais, ocorrendo tanto em pomares comerciais como em pomares domésticos (Toda Fruta, 2010).
Foi identificada a doença, além do Brasil, na Austrália, Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, El Salvador, Flórida, Guatemala, Haiti, Honduras, Indonésia, Jamaica, Japão, México, Nicarágua, Panamá, Filipinas, Porto Rico, África do Sul, Taiwan, Tailândia, Trindade, Tobago, Venezuela (Farr & rossman, 2010).
O objetivo deste trabalho é identificar e caracterizar o agente causal da varíola-do-mamoeiro quanto aos aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle.
Para avaliação e diagnose da doença do mamoeiro, amostras de folhas do município de Urutaí foram conduzidas ao Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano – campus Urutaí em março de 2010. O método utilizado foi de pescagem direta que consiste na raspagem das folhas com auxílio de uma agulha e posterior deposição do tecido com sinal, na lâmina, também se utilizou o microscópio óptico para observação das estruturas fúngicas (Figura 1.E).
Hospedeiro/cultura: Mamão (Carica papaia L.).
Família Botânica: Caricaceae
Doença: Varíola
Agente Causal: Asperisporium caricae (Speg.) Maubl.
Local de Coleta: Município de Urutaí-GO
Data de Coleta: 20/03/10
Taxonomia: Pertence ao Reino Fungi, Classe Fungos Imperfeitos (Ascomycota), Ordem Moniliales, Família Dematiceae, gênero Asperisporium (Index fungorum, 2010).
Sintomatologia: Os sintomas da varíola são do tipo necrótico e se manifestam tanto nas folhas como nos frutos. Nas folhas se caracterizam por manchas pequenas, geralmente menores do que 3 a 4 mm de diâmetro, de conformação mais ou menos circular, de coloração pardo-clara, circundadas por um halo amarelado (Figura 1.A). Na página inferior da folha, correspondendo á lesão, o fungo desenvolve frutificações pulverulentas, escuras, dispostas, segundo círculos mais ou menos concêntricos, que dão á mancha um aspecto cinzento a preto (Figura 1.B). A incidência muito severa nas folhas afeta o desenvolvimento e a vitalidade das plantas, principalmente quando novas. Nos frutos novos os sintomas se apresentam inicialmente como áreas circulares apresentando encharcamento dos tecidos, o centro dos quais freqüentemente mostra um ponto esbranquiçado. Com o decorrer do tempo as manchas tornam-se salientes e de cor marrom, tomando o aspecto de pústulas semelhantes ás da folha e que lembram as pústulas da varíola humana, de onde o nome da doença surgiu. A medida em que os frutos se desenvolvem, observam-se também as manchas, as quais se apresentam com cor escura e pulverulenta, chegando a atingir um diâmetro de meio centímetro. Em condições favoráveis ao patógeno este esporula sobre as manchas dos frutos. Essas manchas se limitam às camadas mais externas do fruto, causando o endurecimento da casca na parte afetada e não atingindo a polpa. Entretanto, devido ao mau aspecto conferido, desvaloriza o produto no mercado (Rezende et al., 2005).
Etiologia: O agente causal da varíola é o fungo imperfeito A. caricae. Apresenta estroma subepidérmico que se rompe através da epiderme e produz conidióforos curtos agrupados em feixes. Os conídios são curtos, equinulados e bicelulares (Figura 1.CD). A fase perfeita de A. caricae é representada pelo ascomiceto Mycosphaerella caricae. Mas não há, na literatura, uma prova conclusiva desse fato ou verificação desta forma nos tecidos do hospedeiro (Rezende et al., 2005).
As sinonímias do patógeno são: Cercospora caricae Speg, Epiclinium cumminsii Massee, Fusicladium caricae (Speg.) Sacc., Pucciniopsis caricae (Speg.) Höhn., Pucciniopsis caricae Earle, Scolicotrichum caricae Ellis & Everh.
Epidemiologia: A grande freqüência com que a doença é encontrada no campo sugere que o fungo não tem problemas de sobrevivência, provavelmente porque o mamoeiro apresenta folhas suscetíveis durante todo o ano, e também sugere que os esporos são facilmente disseminados pelo vento a longas distâncias. Dentro do campo os respingos de chuva e a água de orvalho devem ter papel importante na disseminação. Quanto ás condições ambientais favoráveis nada se encontra na literatura, mas, como em outras doenças causadas por fungos, a umidade deve ter um papel importante na infecção. Como se pode ver, essa doença, como de resto todas as doenças do mamoeiro, está por merecer maior atenção dos pesquisadores (Rezende et al., 2005).
Segundo os dados do Systematic Botany of Mycological Resources (Farr & rossman, 2010) de levantamento de fungos no mundo, foi relatado que o fungo infecta apenas Carica papaya L. e Carica sp (Index fungorum, 2010).
Controle: Não há referências sobre a existência de variedades ou cultivares de mamão resistentes a A. caricae. Os restos contaminados da cultura devem ser retirados do campo e queimados e também não são recomendadas pulverizações com fungicidas em plantações comerciais, pois as medidas de proteção adotadas para o controle das podridões de pós-colheita são suficientes para suprimir o desenvolvimento da doença. As manchas não podem ser removidas dos frutos com cascas tenras sem causar injúrias aos mesmos e a presença de resíduos de fungicidas nos frutos pode influenciar o valor econômico dos mesmos (Agrofit, 2010).
Figura 1. Varíola (Asperisporium caricae (Speg.) Maubl. ) em folhas de mamoeiro (Carica papaia L.). A. Sintomas de varíola na face adaxial, B. Sintomas de varíola abaxial da folha, C. Conídios agrupados visto em microscópio óptico, D. Detalhe do conídio, E. Estruturas do patógeno.
Literatura Citada
AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 27 de junho de 2010.
FARR & ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: <http://www.ars.usda.gov/main/site_main.htm?modecode=12-75-39-00>. Acesso em: 28 de junho de 2010.
INDEX FUNGORUM. Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/Names/Na-mes.asp>. Acesso em: 24 de abril de 2010.
MANICA, I. Fruticultura tropical mamão. Editora Agronômica Ceres, São Paulo, 1982. 276p.
REZENDE, J. A. M; MARTINS, M. C. Doenças do mamoeiro-carica papaya. in: KIMATI, H; AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN FILHO A.; CAMARGO, L.E .A. Manual de Fitopatologia - Doenças das Plantas cultivadas - volume II. Editora Agronômica Ceres, São Paulo, 2005.
TODA FRUTA – Doenças Fúngicas na Cultura do Mamoeiro. Disponível em: <http://www.todafruta.com.br/todafruta/mostra_conteudo.asp?conteudo=2788>. Acesso em: 28 de junho de 2010.
Gostei muito do conteúdo, meu ajudou muito no meu herbário sobre doenças online...
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