quinta-feira, 1 de julho de 2010


“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Graphium sp.”

Leonel Teixeira Junior

O fungo Graphium sp. pertence ao grupo insertae sedis dos fungos mitospóricos e ao subgrupo hyfomycetes.

O gênero Graphium sp. foi descrito por Corda em 1837 (Index Fungorum, 2010).
kirk et.al., (2001) relataram como teleomórfos os ascomicetos Ophiostoma sp. Microascus sp. e Pseudallescheria sp.

As espécies de Graphium sp. estão intimamente ligadas com ascomycetes diversos. Pertencem ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Euascamycetes, Ordem Microascales, Família Microascaceae e gênero Graphium sp. (Doctor Fungus, 2010).

Existem 172 espécies, 6 variedades e 4 subespécie pertencentes as gênero Graphium, sendo que a espécie Graphium fissum possui 2 variedades e 2 subespécies, Graphium glaucum apresenta apenas 2 subespécie e Graphium subtile possui 2 variedades e duas subespécies. As sinonímias presentes em literatura Ceratopodium sp., Phialographium sp. (Index Fungorum, 2010).

Existem 117 registros de espécies de Graphium sp. que infectam plantas, e destas as espécies que merecem destaque são: Graphium rhodophaeum, Graphium calecioides, Graphium rubrum, Graphim putredines, Graphium rigidum, Graphium penicillioides. Tais registros foram feitos na America Central, America do Norte, America do Sul, Asia, Africa, Europa e Oceania (Farr e Rossman, 2010).

Graphium sp. também foi encontrado na casca e galhos de hospedeiras desconhecidas no México e em Cuba (Farr e Rossman, 2010).

Graphium sp. foi encontrado no pimentão (Capsium Annuum L.) no Distrito Federal, na soja (Glycine Max), em sementes de erva-mate (Ilex Paraguariensis A.) com procedentes em oito municípios do estado do Paraná, em sementes de arroz (Oryza sativa) também no estado do Paraná e em outras espécies de sementes no Rio Grande do Sul (Embrapa Cenargem, 2010).

Os efeitos na saúde dependem do ascomyceto relacionado. Não há relatos de doença devido ao estágio de Graphium sp. ou Ophiostoma sp.. No entanto, o gênero Pseudallescheria sp. (fase assexuada é Scedosporium sp.) é conhecido por causar muitos efeitos para a saúde, alguns dos quais têm graves conseqüências (Emlab, 2010).

Pseudallescheria boydii espécie de fungo patogênico da família microascaceae responsável por infecções pulmonares caracterizadas por lesões crônicas fibrosas escavadas, nas quais se vêem amontoados de fungos (Médico de Portugal, 2010).

Poelma, (1974) observou uma infecção mista por via subcutânea em um golfinho em cativeiro causada por Petriella Setifera (Pseudallescheria), fase teleomórfa de Graphium sp..
Graphium sp. é um fungo filamentoso, sinemático encontrado no solo e em materiais vegetais. Podem causar murcha ou seca em plantas lenhosas (Cardoso, 1978).

Há relatos de que fungo Graphium sp. pode causar danos à madeira verde, sua presença na madeira favorece o aparecimento de fungos apodrecedores, comprometendo assim suas propriedades mecânicas (Fortin,1995). Constataram também sua presença em sementes de acácia-negra, e a maior preocupação é que o fungo esteja associado à gomose causada por Phytophthora sp. na acácia-negra no Estado do Paraná (Cascavel, 2010).

Observou-se que é bastante comum encontrar Graphium sp. em troncos de plantas de videira ocasionando apodrecimento das estacas (Scielo, 2010). Até o momento, não foram realizados ensaios para certificação do envolvimento do Graphium sp. no declínio das plantas, podendo ser considerado um saprófito associado e não parasita nestes materiais (Hortibrasil, 2010).

Vários fungos tem sido detectados em sementes de palmeiras, dentre eles Graphium sp. Os prejuízos causados por alguns desses fungos vão desde o apodrecimento das sementes, provocando falhas na germinação e posteriormente, a morte de plântulas, até o apodrecimento das raízes. Foi verificado ocasionando manchas foliares, e subdesenvolvimento em plantas, comprometendo assim sua produção (Biológico, 2010).

A bioalimentação por microorganismos autóctones selecionados, constitui uma excelente alternativa para a biodegradação do fenol. Diversos autores têm mencionado o uso de microorganismos visando a remoção do fenol em efluentes industriais dentre eles Graphium sp. é citado. Essas avaliações são úteis para classificar variáveis importantes, verificando seus efeitos no desempenho do microrganismo no processo biodegradativo (Tavares, 2009).

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Graphium sp.

O trabalho foi feito no Laboratório de Microbiologia do IFGoiano campus Urutaí-GO.
O fungo foi retirado da raiz de feijão (Phaseulos vulgaris), incubada sob as condições de câmara úmida. Com auxilio de uma pinça e do microscópio estereoscópico, foram coletadas estruturas morfológicas ou micélio para preparo de lâminas semi-permanentes. Em seguida as estruturas retiradas foram colocadas em uma lâmina contendo uma gota de fixador cotton-blue, sendo em seguida recoberta com uma lamínula e vedada com esmalte posteriormente.
O fixador cotton-blue é constituído por 2,6ml de ácido acético, 62,5mL de ácido lático, 100 mL de glicerina, 100 mL de água destilada. O corante apresentou uma diluição de 1g para 10 mL de etanol 70%.
A lâmina foi levada ao microscópio óptico para visualização e descrição das principais estruturas morfológicas. Foi constatada a presença de, conidióforos, sinêmios, conídios, célula conidiogênica, entre outros. Comparamos as estruturas observadas com estruturas descritas em literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence. Certificamos que o referido fungo pertence ao gênero Graphium sp..
As microfotografias foram tiradas no microscópio ótico, com aumento de 100x utilizando óleo de imersão. Foi tirado também fotos no microscópio estereoscópico. Para realização destas atividades foi utilizada a câmera digital Canon modelo Power Shot A580. As fotos foram editadas utilizando o programa Microsoft Office Picture Manager para a edição da imagem e o Power Point para elaboração e montagem da prancha.


FIGURA1. Morfologia em detalhes do fungo Graphium sp. A. estrutura reprodutiva observada na raiz de feijão (barr=1800μm), B. observação da massa de esporos de aspecto liquefeito (barr=257μm), C. 2 sinêmios (agrupamento de conidióforos) (barr=257μm), D. detalhe dos vários conidióforos longos, eretos e agrupados (barr=30μm), E. porção terminal do sinêmio (barr=90μm), F.células conidiogênicas e conídios localizados no conidióforo (barr=23μm), G. célula conidiogênica e conídio (barr= 5μm), H. conídios hialinos, ameroseptados e ovóides (barr=5μm).


O fungo Graphium sp. é caracterizado pela formação de sinêmio, um agrupamento de conidióforos longos e eretos (Fig. 1D). Possui sinêmio escuro e hifas septadas. Os conídios são hialinos, sem septo, unicelulares e de superfície lisa, sua forma varia de subgloboso à ovóides, (Fig. 1H), e juntos formam um aglomerado no ápice de cada sinêmio, (Fig. 1E).
Como estrutura de fixação pode observar o tecido estromático, massa de hifas, usadas na reprodução, (Fig. 1C).
Segundo Elles, (1976) o conidióforo do Graphium sp. mede 4 – 10m de comprimento por 1,2m de largura o conídio mede 2,5 – 6m de comprimento por 1 – 2m de largura e tamanho do sinêmio é de 1200m de comprimento por 70m de largura.
As colônias de Graphium sp. crescem moderadamente rápidas e apresentam um aspecto cotonoso e cor acinzentada (Doctor Fungus, 2010).


CARDOSO, C.O.N. MANUAL DE FITOPATOLOGIA vol.1, ed.2, Editora Agronômica Ceres LTDA. São Paulo 1978.

DOCTOR FUNGUS, Disponível em: <
http://www.doctorfungus.org/thefungi/Graphium.htm> acessado em: abril de 2010.

DETECÇÃO DE FUNGOS PATOGÊNICOS EM SEMENTES DE ACÁCIA-NEGRA Disponível em: <
http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/cienciaflorestal/article/viewFile/491/377>, acessado em: abril de 2010.

ELLES M. B. More Dematiaceous Hiphomycates, C.A.B. Kew, Surrey. England. 1976.

EMLAB Disponível em: <
http://www.emlab.com/app/fungi/Fungi.po?event=fungi&type=secondary&species=78&name=Graphium> acessado em: abril de 2010.

EMBRAPA CENARGEM Disponível em: acessado em 29 de junho de 2010.
FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, Disponível em:, acessado em 29 de junho de 2010.
FUNGOS ASSOCIADOS COM O DECLÍNIO E MORTE DE VIDEIRAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Disponível em: acessado em: abril de 2010.

HORTIBRASIL Disponível em: <
http://www.hortibrasil.org.br/jnw/images/stories/Uva/u.27.pdf%20acessado%202010.> acessado em: abril de 2010.

INDEX FUNGORUM disponível em:<
http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp> acessado em: junho de 2010.

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BIOLOGICO Disponível em:<
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MÉDICOS DE PORTUGAL disponível em: acessado em: junho de 2010.

POELMA, F.G. VRIES, G A. EA blyte Russell, e Luykx MHF. 1974. lobomicose em um golfinho-nariz-garrafa do Atlântico no Harderwijk Dolphinarium. Disponível em : <
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THE FUNGICIDE POTENTIAL OF THE. BARK OF BARBATIMÃO FORTIM, Revista Arvore jan. - mar, 2000.

TAVARES, C.P., FERNANDES J.M.B., JULIANO S.K., VEIGA C.A. B., Química nova, volume 32, n°4, São Paulo 2009.

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