Hellen Patrícia Dos Santos
Acadêmica do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
O
principal fator de virulência do V. cholerae é a toxina colérica (CT, de
Cholera Toxin). A toxina colérica é constituída de uma subunidade A enzimática
e cinco subunidades B adesão formando um anel que envolve a subunidade A.
Bactérias V. cholerae que não produzem CT não provocam cólera mas podem no
entanto causar diarréias leves devido a produção de outras toxinas. “A síntese
da toxina colérica ocorre em duas etapas, na primeira etapa as subunidades A e
B são secretadas separadamente no espaço periplasmático, onde são montadas
formando holotoxinas A: B5 que posteriormente é secretada para o meio
extracelular” (CAMPOS,E; FERREIRA,L, 2008,p. 343). Uma vez que a toxina
colérica se liga ao receptor da célula eucariótica, libera a toxina que é translocada
para o interior da célula. Este trabalho tem por finalidade apresentar
informações a respeito da sintomatologia, epidemiologia e controle da bactéria
V. cholerae sp, espécie mais estudada da família vibrionaceae agente etiológico
responsável pela cólera humana. “Apresentam forma de bastonete curvado, sendo
móvel por um único flagelo, o nome que siquinifica vírgula de cólera refere-se
aos mais de duzentos sorogrupos O, denominados de O1,O2,O3,O4 e assim por
diante” (CAMPOS,L; FERREIRA,E, 2008, p. 347). Cada um corresponde a uma
variedade de antígeno somático e antígeno O, destes somente o sorogrupo O1 era
associado a cólera. Porém em 1992 outro
sorogrupo foi descoberto associado a cólera o sorogrupo O139. Sendo assim dois
sorogrupos O de V. cholerae. “Em termos de fatores de virulência os dois são
iguais, mas a principal diferença entre eles diz a respeito ao antígeno. Os
demais sorogrupos não causam cólera, mas podem provocar infecções intestinais
com diarréia leve e autolimitada decorrente da produção de certas toxinas”(
CAMPOS,L; FERREIRA,E, 2008, p. 347). Os vibrios que não transportam os
antígenos O1 e O139 são chamados de víbrios não- aglutinantes ou NAG.
DESENVOLVIMENTO
Sintomatologia
A
cólera é transmitida por via fecal- oral, a partir de alimentos e água contaminada.
Sua patogenicidade é mediada quaseque exclusivamente pela ação da toxina
colérica.“Uma única dose de unidades formadoras de colônias de V. cholerae é
necessária para causar a doença, que pode ser reduzida quando se faz a
neutralização de ácidez do estômago ou quando o inócuo é administrado com
alimentos”(CAMPOS, L; FERREIRA,E, 2008,p. 3510). Podendo variar o período de
incubação de poucas horas a vários dias, dependendo da dose de microorganismos
ingeridos e do pH do estômago. É uma doença exclusivamente do intestino
delgado. O ácido gástrico, a secreção de muco e o peristaltismo intestinal
constituem defesas inespecíficas primárias contra o V. cholerae.“Os
microorganismos que conseguem sobreviver aos sucos gástricos e ao pH baixo do
estômago podem aderir e colonizar o intestino delgado. A bactéria V. cholerae é
resistente aos sais biliares e consegue penetrar na camada de muco do
intestino, possivelmente pela secreção de neuraminidases e proteases,
resistindo aos movimentos peristálticos do intestino”(CAMPOS, L; FERREIRA,E,
2008, p. 352). A cólera é caracterizada por uma intensa perca de fluídos e
eletrólitos, em uma diarréia aguosa, com aspecto de água de arroz, sem pus ou
sangue. Os sintomas incluem cãimbras musculares, tontura e pressão sanguínea
baixa podendo ocorrer a perca de vinte litros de água ou mais de fluídos por
dia. O período de excreção pode durar cerca de uma a duas semanas. O
desiquílibrio eletrolítico com a enorme perda de potássio vem normaelmente
seguido de fraqueza, cãimbras abdominais e irritmia cardíaca. Qunado ocorre o
acúmulo de grandes quantidades de líquido nas alças intestinais. Outro aspecto
perigoso é o aumento de ácidez dos fluídos corpóreos que podem levar ao edema
pulmonar resultante da excreção de bicarbonato nas fezes. “Indivíduos do grupo
sanguíneo O são mais susceptíveis a contrair cólera, pelo fato de serem
deficientes para/ uma enzima envolvida na glicosilação de antígenos de
superfície, ocorrendo maior exposição dos sítios de ligação para a toxina”
(CAMPOS,L; FERREIRA,E, 2008, p. 352).
Diagnóstico
“
Faz-se a coleta de 3 a 5 gramas de fezes diarréicas ou não que devem ser
colhidas antes da administração de antibióticos aos pacientes e processadas até
duas horas após a coleta, e mantidas em temperatura ambiente ou sobre
refrigeração”( CAMPOS, L; FERREIRA,E, 2008, p.352). Para isolamento e
indentificação, o material é inoculado em água peptonada alcalina (APA) com 1%
de cloreto de sódio incubando-se a 37 C durante seis a oito horas semeando agar
TCBS. Provas bioquímicas complementares podem ser realizadas como teste de
oxidase, fermentação de açucares, uma vez indentificada procede a
soroglutinação em lâmina com soro polivalente de V. cholerae sorogrupo O1.
Tratamento
Consiste
na terapia de reidratação oral (TRO) de fluídos e eletrólitos, sendo a terapia
intravenosa indicada nos casos graves. “A terapia antimicrobiana pode ser
utilizada como coadjuvante no tratamento pois reduz o volume diarréico, duração
dos sintomas e tempo de excreção dos bacilos” (CAMPOS,L; FERREIRA,L,2008, p.
352). A doxiclina é a droga de escolha embora possa ser empregados outros
agentes. O monitoramento da resistência microbiana faz-se necessária em função
de amostras multi resistentes.
Epidemiologia
A
bactéria V. cholerae é um microorganismo autóctone de ecossistema aquático. A
epidemiologia se apresenta de forma endêmica na Índia durante séculos. “A
primeira disseminação para Europa e américa ocorreu em 1817 e a partir de então
sua trajetória pode ser dividida em seis grandes pandemias, pelo menos a quinta
e a sexta foram causadas pelo V. cholerae O1 tipo clássico” (CAMPOS,E;
FERREIRA, E,2008, p. 353). Em 1961 deu-se a sétima pantemia quando o biótipo EI
Tor emergio na indonésia espalhando-se para Ásia e Oriente médio. Se
disseminando pelos países de américa do sul e central e incluindo o Brasil em
abril de 1991 em tabatinga, através do rio alto Solimões atingindo a forma
grave no norte e nordeste. O surto mais recente foi na região de Paranágua em
1999 com 467 casos notificados e 3 óbitos. Segundo dados estatísticos do centro
nascional de epidemiologia- Fundação Nascional de saúde o Brasil apresentou
entre 1991 e 1999 um total de 167.719 casos e 2.009 óbitos se mantendo de forma
endêmica em muitas regiões do país como Alagoas e Pernanbuco.
CONCLUSÃO
Levando
em consideração o fato da cólera ser transmitida principalmente através da água
contaminada com fezes e alimentos contaminados. A forma mais eficaz de controle
da doença é melhorando as condições de higiene, com fornecimento de água
potável, redes de esgoto adequados a higiene sanitária que pode em parte
diminuir o risco de infecções. Incluindo também a rápida indentificação dos
sintomas, localização e interrupção dos locais de transmissão a onde foi detectado
o foco da doença e educação sanitária podem ajudar no controle da doença. Outro
fator que pode contribuir para o controle da doença é a criação de vacinas
específicas que ajudam no controle e contenção de doença.
LITERATURA CITADA:
TRABULSI,
L.R; ALTRTHUN,F. Microbiologia. 5.ed. São Paulo, 2008, p.347. autoras
CAMPOS,C,L; FERREIRA,O,E.
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