Camila
Ferreira Vaz
Acadêmica
do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
As
bactérias do gênero Streptococcus, pertencentes
à família Streptococcaceae, caracteristicamente se apresentam como cocos
Gram-positivos, catalase-negativos, dispostos aos pares ou em cadeias, o que
deu origem à denominação de estreptococo. São microrganismos nutricionalmente
exigentes, que crescem bem em meios de cultura enriquecidos pela adição de
sangue. São anaeróbios facultativos, homofermentadores, sendo que algumas
espécies se multiplicam mais rapidamente em atmosfera rica em dióxido de
carbono (CO2), em torno de 5 a 10%. (CAETANO, 2008).
O
gênero Streptococcus agalactiae foi
inicialmente isolado de leite bovino, em 1887, e associado basicamente à etiologia
da mastite bovina. Na década de 1930 foi descrita a presença do patógeno em
secreções vaginais de pacientes assintomáticos e sua associação com sepse e
pneumonia puerperal, assim como em neonatos. Entretanto, somente a partir da
década de 1970 foi confirmada a atuação desses microorganismo como patógeno em
seres humanos. Assim sendo, foi demonstrada a emergência deste agente como
causa de bacteremias, pneumonias e meningites em crianças com idade inferior a
3 meses de idade, assim como de infecções em adultos, homens ou mulheres
(parturientes ou não). A gravidade do problema estimulou a implantação de
medidas profiláticas, tais como o uso de antibióticos durante o parto e estudos
relacionados à elaboração de vacinas. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
A
doença neonatal causada pelo EGB pode ser de início precoce ou tardio. A forma
precoce ocorre nas primeiras 24 horas ou até o sétimo dia de nascimento e
correspondente a 85% das infecções neonatais. A doença de início tardio
manifesta-se entre o oitavo e nonagésimo dia de vida, com média no vigésimo
sétimo dia (SCHRAG et al., 2002).
O
objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito da
bactéria Streptococcus agalactiae levando em consideração aspectos de
sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle da bactéria.
DESENVOLVIMENTO
Sintomatologia
Em
recém-nascidos: dois tipos de síndromes clínicas são descritos em neonatos:
a síndrome precoce e a síndrome de ocorrência tardia. As infecções precoces
ocorrem na primeira semana de vida e as tardias 7 a 90 dias após o nascimento.
As infecções precoces podem ser adquiridas no útero em cosequência da aspiração
do líquido amniótico contaminado ou durante a passagem pelo canal do parto
colonizado pelo GBS. As manifestações clínicas precoces mais comuns incluem a
pneumonia, artrite séptica, sepse e meningite. A infecção tardia mais comum é a
bacteremia associada à meningite. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Em
parturientes: em parturientes, os estreptococos do grupo B estão associados
a doenças que variam desde a infecção urinária branda até quadros de sepse
grave, trombofeblite séptica e meningite. A maior parte das infecções invasivas
é relacionada à corrente sanguínea, mas quadros de osteomielite, endocardite e
meningite também podem ocorrer. Além das infecções do trato urinário,
frequentemente representadas por bacteriúria assintomática, às síndromes não
invasivas, associadas aos S. agalactiae durante
a gravidez e o período após o parto, incluem quadros de infecção
intra-amniótica (corioamnionite), endometrite (frequentemente com bacteremia),
infecções de ferida cirúrgica (pós-cesariana ou outros), celulite e fastite.
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Em
homens e em mulheres não parturientes: o trato gastrointestinal é um
reservatório importante para os estreptococos do grupo B em indivíduos adultos,
e o trato genital masculino é também considerado como uma importante fonte de
pielonefrite e prostatite associadas a este microorganismo em idosos. Entre os
adultos, as infecções de pele e de tecidos moles e a bacteremia sem um foco
identificável são manifestações mais comuns. Várias destas infecções são
adquiridas durante o período de hospitalização devido outras doenças. (TRABULSI;
ALTERTHUM, 2008).
Epidemiologia
O papel dos fatores socioeconômicos que
influenciam direta ou indiretamente as taxas de prevalência e incidência de
infecções por estreptococos do grupo B é pouco conhecido. A incidência de
doenças neonatais por S. agalactiae
ocorre em 0,5 a 5,7 nascidos vivos, considerando-se cada 1.000 nascimentos.
Cerca de 1% a 2% dos recém-nascidos, de mães colonizadas, desenvolvem infecções
invasivas do tipo precoce, mas o risco destas infecções aumenta quando um dos
seguintes fatores está presente: nascimento prematuro, poucos pesos ao nascer
elevado intervalam de tempo entre o rompimento das membranas e o parto, ruptura
das membranas anteriores ao início do trabalho de parto, aminionite,
colonização vagino-retal da parturiente, densa colonização materna por
estreptococos do grupo B, idade materna (< 20 anos de idade), bacteriúria
durante a gestação, infecção urinária durante a gravidez, baixos níveis de
anticorpos maternos específicos para a cápsula bacteriana, histórica de perda
de feto ou aborto espontâneo, múltiplas gestações, cesariana e a prolongada
duração do monitoramento intrauterino. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
O
trato gastrointestinal parece ser o
reservatório primário de S. agalactiae
e o trato geniturinário, o secundário. O microorganismo também pode ser
encontrado na uretra de parceiros sexuais de mulheres colonizadas e na
orofaringe de homens e mulheres. Durante a gravidez, pode colonizar o trato
urinário provocando bacteremia assintomática. (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008).
Tratamento,
prevenção e controle
O antibiótico de escolha continua sendo a
penicilina, em doses 10 vezes superiores às usadas, por exemplo, para o
tratamento das infecções causadas pelo S.
pyogenes. Como pode ocorrer
tolerância, uma alternativa recomendada é uma associação de penicilina com
gentamicina ou outro aminoglicisídeo.
No sentido de prevenir as infecções do recém-nascido, os obstetras têm
usado, com relativo sucesso, a administração parental de ampicilina intra-partum, quando as condições de
parturiente sugerem a possibilidade de infecção. Existem vários estudos em
andamento sobre vacinas à base de polissacarídeos capsulares que, em estudos
experimentais, estimulam a formação de anticorpos altamente protetores. Outra alternativa
consiste na utilização de proteínas da família Alp, C5a peptidase, proteína C e
outras, como antígenos vacinais de forma que obtenha proteção para todas as
idades. Os resultados destes estudos são bastante promissores, principalmente
os obtidos com vacinas contendo o polissacarídeo conjugado de proteína
carreadora, como, por exemplo, o toxóide tetânico ou carreador proteico da
própria espécie S. agalactiae. (TRABULSI;
ALTERTHUM, 2008).
CONCLUSÃO
Através
desse trabalho notou-se que Streptococcus
agalactiae é um patógeno que causa infecções em neonatos podendo se
manifestar de forma precoce (1 a 7 dias após o nascimento) ou tardia (7 a 90
dias após o nascimento). Em parturientes, estão associados a casos de infecção
urinária branda até quadros de sepse grave, assim como bacteremias, pneumonias
e meningites. O controle é feito com a penicilina, com doses 10 vezes maiores
do que a usada em S. pyogenes. E
informações a respeito de sintomatologia, epidemiologia e controle.
LITERATURA CITADA:
CAETANO
M.S.S.G. Colonização pelo Streptococcus
agalactiae (EGB) em gestantes atendidas na rede pública de Uberaba-MG.
Minas Gerais – 2008.
SCHARG S, GORWITZ R, FULTZ-BUTTS K, SCHUCHAT A.
Prevention of Perinatal Group B Streptococcal Disease. Revised Guidelines from
CDC. MMWR recomm Rep 2002; 51 (RR-11):1-22.
TRABULSI,
L.R.; ALTERTHUM, F.; Microbiologia. 5°edição. Editora Atheneu. São Paulo –
2008.
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