terça-feira, 6 de agosto de 2013

Trabalho acadêmico da Disciplina de Microbiologia II: Aspectos sintomatológicos, etiológicos, epidemiológicos e controle de Haemophilus influenzae


Amanda Santana Vieira

Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas


 
Introdução
              O Haemophilus influenzae (Hi) foi descrito pela primeira vez por Pfeiffer, em 1892. A denominação do gênero foi devido à necessidade da hemina (fator X) para o seu crescimento, que é encontrada no sangue de alguns mamíferos. O nome da espécie foi dado erroneamente, pois acreditava-se que era o microrganismo causal da gripe, epidêmica na época (MARRS et al., 2001). Mais tarde, foi descoberto que o agente da gripe era o vírus influenza e que o Hi era o responsável por infecções secundárias (CDC, 2006).

O Haemophilus influenzae são cocobacilos Gram-negativos pleomórficos, anaeróbios facultativos, oxidase-positivos, fastidiosos e requerem hemina (Fator X) e nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD ou Fator V) para o seu crescimento. Colonizam principalmente o trato respiratório superior humano (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).

 De acordo com a estrutura química da camada externa polissacarídea, pode ser capsulada ou não-encapsulada Neste último caso, é também chamada de não-tipável. Dos seis tipos capsulados de H. influenzae (a, b, c, d, e, f), o tipo b (Hib) é o principal causador de doença invasiva na infância, especialmente em regiões não industrializadas, incluindo meningites, epiglotites, septicemias, osteomielites, artrites e doenças não-invasivas, como pneumonias e otites (CARVALHO, 2006).
Do ponto de vista médico, H. influenzae é o patógeno mais importante de gênero Haemophilus. É uma das bactérias patogênicas mais estudadas com relação à estrutura clonal de suas populações. O método mais utilizado tem sido a eletroforese de isoenzimas codificadas por múltiplos loci (MLEE) (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).
Os fatores de virulência de H. influenzae incluem cápsula, LPS, peptideoglicano, fímbrias, proteínas de membrana externa e proteínas secretadas. A infecção tem início com a colonização das mucosas das vias aéreas superiores. A sobrevivência da bactéria no interior destas células pode contribuir para a manutenção da colonização, uma vez que a bactéria se encontra protegida dos movimentos ciliares e de outras forças de defesa presentes na superfície das mucosas (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).
Este trabalho tem como objetivo apresentar informações a respeito da sintomatologia, epidemiologia, diagnóstico, tratamento, controle e prevenção da doença causada pela Haemophilus influenzae.
 
Desenvolvimento
 

Sintomas

 Haemophilus influenzae tipo b (Hib) atinge principalmente crianças até cinco anos, causando infecções que começam geralmente no nariz e na garganta, mas podem se espalhar para outras partes do corpo, incluindo pele, ouvidos, pulmões, articulações, membranas que revestem o coração, medula espinhal e cérebro. Essa bactéria pode causar diferentes doenças infecciosas com complicações graves, como pneumonia, inflamação na epiglote, dor de ouvido, infecção generalizada na corrente sanguínea, inflamação do pericárdio, inflamação das articulações e sinusite. Uma das piores doenças causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b é a meningite, que geralmente tem um início súbito com febre, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos e rigidez de nuca. Sequelas graves ocorrem de 3% a 5% dos sobreviventes de meningite por Hib como déficit auditivo grave e lesões cerebrais permanentes (FIOCRUZ, 2010).

Diagnóstico


 Os meios para o isolamento do H. influenzae dependem da origem do material. O ágar chocolate é um meio universal que pode ser usado no isolamento direto da bactéria ou após o seu cultivo em meios líquidos como no caso de hemocultura. Sempre que o material permitir, deve-se fazer exame bacterioscópico, o qual pode ser um grande recurso de diagnóstico rápido nos casos de meningite. Um método de diagnóstico rápido bastante útil nos casos de meningite é a pesquisa de antígenos capsulares no liquor por diferentes técnicas imunológicas. A identificação das amostras isoladas pode ser feita fenotipicamente e por métodos moleculares (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).

Epidemiologia


 

O Haemophilus influenzae é, no homem, o agente responsável por diversas infecções, invasivas ou não, que atingem ainda principalmente crianças. O Hi tem como porta de entrada no ser humano a nasofaringe podendo fazer parte da microbiota transitória ou até permanecer por longos períodos sem causar doenças. Em alguns indivíduos, este microrganismo pode invadir áreas nobres, via circulação sanguínea, e causar infecções em locais como as meninges e os pulmões (CDC, 2006).

A disseminação da bactéria de um indivíduo para outro ocorre por meio de gotículas transportadas pelo ar ou por contato direto com as secreções. As otites são mais freqüentes em crianças colonizadas do que nas não-colonizadas. As vias aéreas inferiores de indivíduos portadores de fibrose cística e de obstruções brônquicas são frequentemente colonizadas por amostras não-tipáveis (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).

Tratamento e Controle


 Para o tratamento de infecções causadas pelo Haemophilus influenzae  o estudo dos mecanismos de resistência e a sensibilidade das cepas devem ser analisados nos laboratórios clínicos e de pesquisa através de testes com antibióticos, como betalactâmicos, quinolonas, cloranfenicol, macrolídeos, rifampicina e sulfametoxazol-trimetoprim. Isto é importante para nortear o uso adequado e emergencial que muitas vezes se faz necessário na clinica médica, sobretudo quando não há proteção vacinal (BRYSKIER, 2005).

Não se deve esquecer que algumas amostras de H. influenzae produzem acetil-trasnferase e, assim, são resistentes ao cloranfenicol. Há resistência também a outros antibióticos e por esta razão, é recomendável realizar-se antibiograma da amostra isolada (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).

A vacinação contra as infecções provocadas pelo sorotipo b tem sido um sucesso. As vacinas em uso são preparadas com o polissacarídeo capsular (PRP) conjugado a diferentes proteínas bacterianas (toxóides diftérico, toxóide tetânico e proteínas da N. meningitidis). Em surtos epidêmicos provocados pelo sorotipo b, tem sido recomendado o emprego profilático de antibióticos como a rifampicina (TRABULSI & ALTERTHUM,2008).

 

Prevenção

A vacinação é a única forma de se prevenir contra a doença e sua eficácia é de 95% a 100% após a aplicação do esquema completo de imunização. Depois de implementar programas de vacinação abrangentes, vários países praticamente eliminaram as doenças causadas pela Haemophilus influenzae b (meningite e pneumonia, por exemplo). A maioria das crianças deve tomar a vacina contra Hib de acordo com o calendário vacinal: aos dois, quatro e seis meses de vida. Se a criança deixar de tomar uma dose ou estiver atrasada em relação às datas previstas, deve tomar a próxima dose da vacina assim que for possível - não é preciso começar novamente. Crianças com mais de cinco anos geralmente não precisam ser vacinadas contra Hib (FIOCRUZ, 2010).

 
Conclusões

Foi possível observar que Haemophlius influnzae é o patógeno mais importante do gênero Haemophilus sendo responsável por uma série de infecções invasivas e não-invasivas.

O principal fator de virulência é a cápsula.   

As infecções causadas pelo sorotipo b são meningite, epiglote, pneumonia, celulite, bacteremia e atrite séptica.

As infecções causadas pelas amostras não-tipáveis incluem otite média, sinusite, pneumonia, septicemia e conjutivite.

O homem é o único hospedeiro natural e atingem principalmente crianças. O tratamento é feito com antibióticos β-lactâmicos para combater as infecções causados pelo H.influenzae.

O uso regular da vacinação em muitos países determinou uma queda acentuada dessas infecções nos últimos anos, inclusive no Brasil.

 Literatura citada

 BRYSKIER A. Epidemiology of Resistance to Antibacterial Agents. In: Antimicrobial Agents: Antibacterials and antifungals. Washington, DC:

American Society for Microbiology, 2005a. p.39-92.

CARVALHO, C. M. N.;ANDRADE, A. L. S. S. Vacinação contra Haemophilus influenzae tipo b: proteção a longo prazo. Salvador, 2006.

CDC - Centers For Disease Control. Haemophilus influenzae type b. [S.l.],

[2006].p.14. Disponível em

Acesso: maio,2013.

Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos, Haemophilus influenzae B (Hib): sintomas, transmissão, prevenção.Fiocruz, 2010. Acessado em 02 de abril de 2013. Disponível em <http://www.bio.fiocruz.br/index.php/hib-haemophilus-influenzae-tipo-b-sintomas-transmissao-e-prevencao>  Acesso maio, 2013.

MARRS C.F. et al. Haemophilus influenzae – Human Specific Bacteria. Frontiers in Bioscience. v.6, p.41-60, 2001.

 SUKUPOLVI-PETTY S. et al. The Haemophilus influenzae Type b hcsA and hcsB Gene Products Facilitate Transport of Capsular Polysaccharide across the Outer Membrane and Are Essential for Virulence. Journal of Bacteriology. v.188, n.11,p.3870-3877, 2006.

 TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5ª ed. Atheneu. São Paulo, 2008.

 TRABULSI, L.R; MARTINEZ M.B. Haemophilus influenzae e Outras Espécies do Gênero In: Microbiologia. São Paulo: Editora Atheneu; 2004. p.247-253.

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