Marcielly Cristina
Pícoli
Acadêmica
do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
O
gênero Legionella foi incluído entre as bactérias patogênicas
para o homem quando uma de suas espécies foi implicada em um surto de pneumonia
que acometeu os EUA, a espécie implicada foi denominada Legionella pneumophila, uma vez que os doentes eram legionários e a
infecção uma pneumonia. A legionelose é considerada uma doença rara e exótica,
devidamente ao fato de se desconhecer a clínica da doença e a dificuldade de se
isolar e identificar o microrganismo.(TRABULSI; MARTINEZ, 2008).
O
gênero Legionella pertence à família Legionellaceae. Até o momento foram identificadas
39 espécies, sendo as mais comuns: Legionella
pneumophila, Legionella longbeachae, Legionella micdadei, Legionella bozemanii
e Legionella dumoffii. São reconhecidos 15 sorogrupos de Legionella pneumophila. As legionelas
são bacilos Gram-negativos, apresentam mobilidade por um ou mais flagelos
polares, não possuem as enzimas oxidase, nitrato redutase e urease, são
auxotróficas e quimio-organotróficas e apresentam um crescimento lento, em
média de três a sete dias para visualização de colônias em meios específicos. (OPLUSTIL
et al., 2000; GOLDMAN; BENNETT, 2000).
Estudos
filogenéticos mostraram que o gênero Legionella
constitui um grupo monofilético de bactérias na divisão gama das
proteobactérias. Compreende em torno de 40 espécies, muito das quais ainda não
foram isoladas do ser humano. Em torno de 90% das infecções humanas são
causadas pela Legionella pneumophila.
O
objetivo deste trabalho é apresentar as características que abrangem a doença
causada por Legionella, como acomete
os humanos, como é realizado seu diagnóstico, as melhores formas de prevenção e
os fármacos utilizados no tratamento da
doença.
DESENVOLVIMENTO
Legionelas
produzem proteínas superficiais exoproteínas que podem estar associadas à sua
virulência, embora as evidências não sejam convincentes para a maioria delas.
As Legionelas são dotadas de capacidade de impedir a fusão do fagossomo com o
lisossomo, proliferando abundantemente no primeiro compartimento. O sistema
excretor da Legionelas tem como principal função a injeção de proteínas
efetoras no citoplasma dos macrófagos, através da membrana dos fagossomos,
essas proteínas efetoras seriam responsáveis pela inibição da fusão dos
fagossomos com os lisossomos. (TRABULSI; MARTINEZ, 2008).
Patogênese
As
Legionelas penetram nos pulmões por aspiração de aerossóis ou contato direto da
agua com os pulmões. Quando chegam aos alvéolos pulmonares, elas são
prontamente fagocitadas pelos macrófagos residentes e, em seguida pelos
monócitos normalmente recrutados para o sitio de infecção, com a invasão destas
células, tem inicio o ciclo infeccioso.
1. A
Legionela adere ao macrófago e em seguida é fagocitada;
2. Depois
de fagocitada a Legionela passa a residir no fagossoma formado e prolifera até
rompe-lo;
3. A
última etapa do ciclo consiste na morte do macrófago com a liberação das
Legionelas virulentas que se desenvolvem nos fagossomas. A morte dos macrófagos
ocorre em duas etapas: apoptose e lise. (TRABULSI; MARTINEZ, 2008).
Doenças
As infecções
causadas pelas legionelas são também conhecidas como doença do legionário e
febre de pontiac . A doença do legionário é uma pneumonia aguda e a febre de
pontiac assemelha-se a uma gripe relativamente grave. As duas são adquiridas
pela via respiratória. (TRABULSI; MARTINEZ, 2008).
Diagnóstico
Incluem culturas
das secreções respiratórias em meios seletivos, imunoflorescência direta das
secreções, pesquisa de anticorpos séricos e de antígenos de legionela
eliminados pela urina e PCR. As culturas devem ser feitas em meios onde contem
os nutrientes necessários, substancias desintoxicantes como carvão,
antibióticos inibidores da microbiota normalmente presente nas secreções e
corantes que permitem diferenciar as colônias da legionelas. O teste de
imunoflorescência direta oferece resultados em poucas horas e sua sensibilidade
é baixa. A pesquisa de antígenos na urina é um método extremamente pratico envido
a facilidade em se obter urina do paciente e também porque os resultados são
oferecidos em horas ou mesmo minutos. (TRABUSLI; MARTINEZ, 2008).
O
antígeno pesquisado é o LPS, a pesquisa de anticorpos séricos tem valor
diagnostico bastante limitado devido a demora em se obter resultados. O método
de PCR das secreções não oferece resultados superiores ao das culturas. A
maioria dos pacientes mostra soroconversão dentro de três semanas. Reações
cruzadas tem sido demonstradas com diversas espécies.(TRABULSI; MARTINEZ,2008).
Epidemiologia
Em
hospitais e hotéis onde ocorrem os surtos da doença do legendário é isoladas a
agua da torneira, de chuveiros, em alguns aspectos, Legionella pneumophila é particularmente bem adaptada a estes
ambientes, ela cresce a temperaturas superiores a 40ºC e é mais resistente do
que outras bactérias as concentrações usuais de cloro na agua
potável.(TRABULSI; MARTINEZ,2008).
São
bastante frequentes em mananciais de agua doce como rios, lagos e correntes, e
são provenientes de amebas e de outros protozoários. A doença do legionário é
quase sempre uma infecção pulmonar primaria que nunca se transmite de pessoa a
pessoa, ao contrario o homem adquire a infecção de uma fonte ambiental. O risco
de adquirir a infecção depende da quantidade de legionela inalada e da
suscetibilidade dos indivíduos expostos. São mais suscetíveis os indivíduos
idosos, os tabagistas, os portadores de doenças pulmonares crônicas e os
imunosuprimidos.(TRABULSI; MARTINEZ, 2008).
Tratamento
e Controle
O
antibiótico mais usado é a eritromicina, mas outros macrolideos se apresentam
bastante promissores, uma maneira de se eliminar as legioneloses seria eliminar
as legionelas da agua. Há também estudos visando a obtenção de
vacinas.(TRABULSI; MARTINEZ, 2008).
Conclusões
Infecções
do trato respiratório inferior são a maior causa de morbidade e mortalidade no
mundo (MURRAY, 1982). Segundo Evenson (1998), nos Estados Unidos ocorrem cerca de
23.000 casos por ano de legionelose (doença dos legionários). Legionella
pneumophila é a segunda maior causa de pneumonia, suplantada apenas por
Streptococcus pneumoniae e é responsável por diversos surtos anuais de
pneumonias de origem hospitalar.
LITERATURA CITADA:
EVENSON, L. J.
Legionnaires’disease. Prim. Care Update Ob./Gyns., Gainesville, v. 5, n. 6, p.
286-289, 1998, apud SCHULZ,D. et al. Doença dos Legionários:
uma revisão,2005.
OPLUSTIL,
C. P. et al. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. São Paulo:
Sarvier, 2000. 254 p apud SCHULZ, D. et al. Doença dos Legionários: uma
revisão, 2005.
TRABULSI,
L.R; MARTINEZ, M.B. Legionella: TRABULSI, L.R.(ed.); ALTERTHUM, F. (ed.).
Microbiologis. 5. Ed. São Paulo: Atheneu, 2008. p.267-270.
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