MONIQUE
ANDRADE DIAS
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
O
Bacillus anthracis é causador de uma
doença conhecida como carbúnculo. É uma doença infecto contagiosa dos animais
da espécie bovina, e principalmente de animais jovens, conhecida vulgarmente em
nosso país por Peste da Manqueira ou Mal de Ano, e nos países de língua Inglesa
por Black Leg. O carbúnculo é uma doença de caráter agudo (intenso, forte) que
afeta inicialmente herbívoros domésticos e selvagens (AMBIENTE BRASIL, 2013).
O
antraz (antrax, anthrax ou carbúnculo) é uma doença que já havia sido descrita
por romanos, gregos, hindus e provavelmente é a quinta praga descrita em Êxodo.
Devido a suas lesões semelhantes ao carvão (do grego anthrakis) recebeu o nome
de antraz. Em meados do Século XIX, durante uma epidemia no gado em Wollstein,
o cientista alemão Robert Koch provou ser o Bacillus
anthracis o responsável pelo antraz após injetar a bactéria em ratos que
então desenvolviam a doença semelhante à do gado. Cultivando as bactérias e
observando a transformação delas em esporos, Robert Koch descobriu que o B. anthracis era capaz de resistir à
falta de alimento e ao calor (ESTUDMED.COM, 2013).
O
Bacillus anthracis é um bacilo
grande, formador de esporos (germes resistentes), gram-positivo e que pode ser
encontrado em todo o mundo. Os esporos são muito resistentes ao calor e a dessecação
e podem sobreviver durante décadas dependendo das condições do solo. Os animais
domésticos e selvagens são infectados através da ingestão de esporos por
pastarem em terra contaminada ou comerem alimentos com o bacilo. Em condições
normais, o Homem é infectado através da ingestão de carnes contaminadas ou por
exposição agrícola ou industrial a carcaças, pele, lã, pelos e ossos
contaminados. Com o uso de vacinas em trabalhadores de alto risco, como também
vacinas para animais, tem sido notificado cerca de 1 caso de antraz por ano nos
Estados Unidos. Entretanto, as dezenas de casos que ocorreram naquele país em
outubro de 2001 levam a crer que as infecções foram causadas intencionalmente
por bacilos manipulados em laboratório, especulando-se até mesmo relacionar-se
aos atentados terroristas do dia 11 de setembro de 2001. A maioria dos casos
humanos naturais hoje acontece na África e Ásia onde o uso da vacina ainda não
é tão difundido (ESTUDMED.COM, 2013).
O
agente causador do antraz é mundial comum, na Europa, as infecções em humanos
são muito raras. Na Alemanha, foi nos anos de 1996 a 2008, nenhuma mensagem, e
a doença foi última aqui em 1975, um homem que estava sobre o consumo de carne
e produtos de carne sofrem de sepse antraz e morreu desconhecido. Ocorrer em
animais (especialmente os herbívoros, como bovinos, ovinos, e na Europa), que
gravam Erdsporen (BACILLUS ANTHRACIS, 2013).
Esse trabalho tem como objetivo
descrever os sintomas, epidemiologia, diagnóstico, tratamento, prevenção e
controle da doença causada pelo B. anthracis.
DESENVOLVIMENTO
Sinais/Sintomas
Os
sintomas e período de incubação do antraz em humanos variam em dependência da
via de transmissão da doença. Geralmente, os sintomas iniciam-se 7 dias após a
exposição. O período de incubação da infecção natural em animais é tipicamente
de 3 a 7 dias, podendo ter variação de 1 a 14 dias ou mais (GARCIA e MARTINS, 2013).
Bovinos
e Ovinos
Sinais
clínicos, como febre, tremores musculares, dificuldade respiratória e
convulsões, normalmente passam despercebidos. Após a morte, pode ocorrer
sangramento dos orifícios naturais do corpo, rápido inchaço, falta de rigor
mortis e presença de sangue não coagulado. Esta falha na coagulação é devido a
uma toxina liberada pelo bacilo (GARCIA e MARTINS, 2013)
Cavalos
A
doença é aguda e pode durar até 96 horas. Manifestações clínicas dependem de
como a infecção ocorreu. Se foi devido à ingestão de esporos, septicemia,
febre, cólica e enterite proeminente. Se devido à transmissão mecânica pela
picada de insetos é caracterizado por inchaço subcutâneo no local da picada,
que fica dolorido edematoso e quente, e que se espalha para a garganta, nuca,
tórax, abdômen, prepúcio e glândulas mamárias. Estes animais podem ter febre
alta e dispneia devido ao edema de garganta ou cólica devido ao envolvimento do
intestino (GARCIA e MARTINS, 2013).
Suínos,
cães e gatos.
Normalmente
apresentam um inchaço característico do pescoço e acometimento dos linfonodos
regionais, que causam disfagia e dispneia. A forma intestinal causa enterite
severa. Muitos carnívoros aparentemente tem uma resistência natural e não é
incomum se recuperarem (GARCIA e MARTINS, 2013).
Homem
Forma
Cutânea
Maioria
(mais de 95%) da ocorrência natural de infecções por B. anthracis é por via cutânea e ocorre quando a bactéria entra
pela pele lesionada (corte ou abrasão), durante o manuseio de carne, lã, couro
ou pêlos de animais infectados. A infecção cutânea inicia-se com uma pequena
pápula, que progride para uma vesícula em 1-2 dias, e erupciona, deixando uma
úlcera necrótica com centro enegrecido. Vesículas secundárias podem ser
observadas. A lesão é normalmente indolor. Outros sintomas podem incluir aumento
dos linfonodos adjacentes, febre, mal-estar e dor de cabeça (GARCIA e MARTINS, 2013).
Forma
gastrointestinal
A
forma intestinal de antraz normalmente ocorre após ingestão de carne
contaminada e é caracterizada por uma inflamação aguda do trato digestivo. O
envolvimento da faringe é caracterizado por lesões na base da língua ou nas
amígdalas, com dor de garganta, disfagia, febre e linfoadepatia regional. O
envolvimento do intestino é caracterizado pela inflamação aguda do intestino.
Sinais iniciais de náusea, perda de apetite, vômito e febre são seguidos por
dor abdominal, hematêmese e melena (GARCIA e MARTINS, 2013).
Forma
inalatória
Antraz
inalatório é resultado da inspiração de esporos de B. anthracis. O período de incubação está inversamente relacionado
com a dose de exposição. Além disso, a administração de quimioprofilaxia
pós-exposição pode prolongar o período de incubação. Estudos com animais de
laboratório sugerem o B. anthracis
continua na forma de esporos por várias semanas após a infecção do hospedeiro.
Este fenômeno de retardo do início da doença não é observado nas formas de
exposição gastrointestinais e cutâneas. Então os esporos germinam e iniciam a
multiplicação nos macrófagos alveolares. Os sintomas iniciais incluem dor de
garganta, febre moderada e dores musculares. Depois de alguns dias, estes
sintomas podem evoluir para dispneia e choque. Frequentemente se desenvolve
meningite (GARCIA e MARTINS, 2013).
Etiologia
A
doença é causada pelo B. anthracis,
uma bactéria gram-positiva, encapsulada, imóvel e formadora de esporos. Quando
as bactérias são expostas ao oxigênio, formam esporos. Estes esporos são
altamente resistentes ao calor, frio, desinfetantes químicos e dessecação,
ficando viáveis e infectivos no solo por muitos anos. Os animais normalmente se
infectam ao ingerir esporos presentes no solo, assim como água ou comida
contaminada. Os esporos podem se espalhar através de água de rios, insetos,
animais selvagens e aves (GARCIA e MARTINS, 2013).
Epidemiologia
O
B. anthracis no humano resulta
numa infecção cutânea e, por ingestão de carne (animais contaminados) ou
inalação de esporos. No começo de 1980, relatos surgiram na imprensa ocidental
sobre uma epidemia de Carbúnculo em Sverdlovsk, 1400Km à leste de Moscou. No
final daquele ano, artigos publicados na imprensa soviética relataram uma
epidemia de Carbúnculo entre os rebanhos do sul da cidade, na primavera de
1979, e noticiaram que pessoas desenvolveram carbúnculo gastrointestinal, após
ingestão de carne contaminada, e carbúnculo cutâneo após contato com animais
doentes (AMBIENTE BRASIL, 2013).
O
germe causador do Carbúnculo (B.
anthracis ) necessita de oxigênio para assumir a forma de esporo, formando
seus esporos mesmo no interior dos tecidos onde se localiza causando a
infecção. Sua forma esporulada tem excepcional resistência ao calor,
necessitando de cerca de duas horas em água fervente para ser destruído. Quando
situado em tecidos animais infectados, conserva sua virulência por cerca de
oito a nove anos. Dessa particularidade do germe, se tira partido, para o
preparo de produtos imunizantes, já que o calor e o próprio envelhecimento das
culturas atenua sua virulência possivelmente por destruição de sua toxina
(AMBIENTE BRASIL, 2013).
As
bactérias, em geral, penetram no organismo através de escoriações e pequenos
ferimentos produzidos por espinhos ou arame farpado (p.ex.). A morte geralmente
ocorre depois de 12 a 36 horas depois do aparecimento dos primeiros sintomas da
enfermidade. Essa doença também é conhecida como uma enfermidade do pasto, já
que seu agente causador encontra-se normalmente no solo das localidades em que
tenha ocorrido (AMBIENTE BRASIL, 2013).
Além
dos bovinos, são também suscetíveis ao mal, vários animais de laboratório, as
populares cobaias. Já coelhos e camundongos são bastante resistentes, sendo
utilizadas essas espécies de laboratório para a diferenciação entre a Peste da
Manqueira e o Edema Maligno, causado pelo Carbúnculo (B. anthracis), já que essas espécies são receptíveis a esta última
(AMBIENTE BRASIL, 2013).
Por
uma forma de cápsula, a célula bacteriana é protegida contra o sistema
imunitário. É crucial a produção de toxinas [plasmídeo binários codificados
toxinas: "toxina letal", eficaz como protease (LF) e "toxina
edematosa", com efeito, como a adenilato-ciclase (EF), em combinação com
um Bindepotein (PA)] de dividir as células bacterianas. A multiplicação do
patógeno ocorre no local da infecção e de drenagem para os nódulos linfáticos. A
forma mais comum é o antraz cutâneo chamado (pústula maligna, antraz), com
localização na mão e no antebraço, mas também lábios (Webern), olhos (de
esfregar poeira contendo esporos), pescoço e costas por pessoas que usam couro
ou pele, nos espaços entre os dedos dos pés, com o seu cinto ou colar (atrito
da pele). O período de incubação é de 2-12 dias, às vezes em questão de horas.
Com os resultados de inoculação em uma pápula indolor com um
empolamentoedematoso circundante inflamado e posterior, indolor centro necrótico
é dentro de algumas horas (BACILLUS ANTHRACIS, 2013).
Recomendações de tratamento
O
tratamento deve ser começado com antibióticos e deve-se ter cuidado intensivo
ao primeiro sinal da doença. Historicamente, penicilina era o tratamento de
escolha para antraz. Porém, na ausência de informação relativo à sensibilidade
antibiótica, o tratamento recomendado atualmente é ciprofloxacina 400 mg IV a
cada 8-12 horas ou doxicilina 200 mg IV seguido de 100 mg IV a cada 12 horas,
junto com tratamento de suporte em unidade de terapia intensiva. Antibióticos
também são usados como tratamento de pós-exposição dentro de 24 horas e antes
de iniciar os sintomas e proteger as pessoas assintomáticas depois de exposição
de esporos de antraz de aerossóis. Se uma exposição de antraz é descoberta, e
tratamento antibiótico é confirmado, tratamento com antibiótico oral deve ser
iniciado imediatamente, utilizando-se ciprofloxacina 500 mg ou dox 100 mg duas
vezes por dia durante pelo menos 30 dias. Uma vez expostos, os indivíduos
assintomáticos também têm que receber pelo menos as primeiras 3 doses de vacina
de antraz (ESTUDMED.COM, 2013).
A
taxa de mortalidade em doentes não tratados é de 5 a 20%, com a terapia em
menos de 1%. Antraz de inalação é causado pela inalação de esporos, a dose
infecciosa deve ser relativamente elevada (> 8000-40000 esporos), para
permitir o tratamento da infecção. No entanto, também há relatos de que os
esporos, muito 1-3, podem causar doenças. O período entre a exposição e o
início da doença é de cerca de quatro a seis dias, possivelmente até seis
semanas. Os esporos persistem durante um longo período de tempo (até 100 dias)
nos macrófagos. A doença começa após um curto período prodrômico (tosse não
produtiva, dor de garganta, febre baixa, dores musculares, dor de cabeça), com
febre alta súbita, calafrios e sudorese profusa e dispneia, hipóxia e
taquicardia. Radiologicamente, um mediastino alargado é característica,
infiltrações e derrame pleural. A taxa de mortalidade com a terapia adequada é
de 50-75% e sem terapia em cerca de 100% (BACILLUS ANTHRACIS, 2013).
Prevenção/Controle
Em
humanos
QUIMIOPROFILAXIA
É
usada para prevenir casos de antraz por inalação. Autoridades em saúde pública
normalmente iniciam a profilaxia antes de se conhecer a extensão da exposição.
Dados subsequentes de epidemiologia e testes laboratoriais podem demonstrar que
algumas pessoas que iniciaram a profilaxia não foram expostas. Estas pessoas
devem parar com a medicação. Pessoas expostas devem completar os 60 dias de
terapia (GARCIA e MARTINS, 2013).
VACINAÇÃO
Vacina
de antraz adsorvida, com hidróxido de alumínio (AVA), é a única permitida nos
EUA e é preparada com um filtrado de cultura de B. anthracis que não contém bactérias vivas nem mortas (livre de
células). Primovacinação consiste em 3 injeções SC nas semanas 0, 2 e 4 e 3
reforços aos 6, 12 e 18 meses. Para manter imunidade, o fabricante recomenda
reforço anual. A base de sustentação deste protocolo não está bem definida (GARCIA
e MARTINS, 2013).
Vacinação
de rotina (pré-exposição) é somente indicada para pessoas que trabalham na
produção de culturas de B. anthracis
e em atividade industrial com alto potencial de formação de aerosóis. Vacinação
de rotina de veterinários não é recomendada nos EUA devido à baixa incidência
de casos em animais. Entretanto, em áreas com alto índice de casos de antraz, a
vacinação de veterinários e outras pessoas que lidam com animais são indicadas (GARCIA
e MARTINS, 2013).
Mesmo
com a ameaça do bioterrorismo, a vacinação indiscriminada da população como
medida profilática não é recomendada. Estas recomendações devem seguir análises
de risco previamente calculadas, devido aos efeitos colaterais da vacinação (GARCIA
e MARTINS, 2013).
CONTATO
COM ANIMAIS
Não
há evidência que antraz é transmitido pelos animais antes do aparecimento de
sinais clínicos e patológicos. A doença em humanos é controlada através da
redução da doença no rebanho, detecção rápida de surtos, quarentena das
propriedades acometidas, destruição dos animais e comitês infectados,
supervisão veterinária no abate para evitar contato com animais potencialmente
infectados e restrição da importação de peles e lãs de países onde ocorre
carbúnculo hemático. Veterinários e trabalhadores rurais devem minimizar o
contato direto com animais suspeitos de terem morrido por carbúnculo hemático,
usando luvas e roupas protetoras ao manusear carcaças suspeitas e nunca coçar
os olhos ou a face (GARCIA e MARTINS, 2013).
O
risco de contrair antraz pulmonar ao lidar com animais infectados é próximo de
zero. Ele é mais importante no processamento dos subprodutos dos animais –
couro, pele, lã (é o chamado antraz industrial) (GARCIA e MARTINS, 2013).
Em
animais – carbúnculo hemático
No
mundo todo, a doença entre animais de produção é controlada através de
programas de vacinação, rápida detecção de casos e incineração/enterro de
animais suspeitos ou com a doença confirmada. A vacinação de animais domésticos
é feita com suspensão de esporos preparados com a cepa não capsulada de B. anthracis (Sterne) e deve ser feita
anualmente (GARCIA e MARTINS, 2013).
Para
confirmação por esfregaço ou cultura, a carcaça não deve ser aberta e uma
amostra asséptica de sangue após a morte deve ser obtida da veia jugular do
animal. Amostras também podem ser obtidas pelo exsudato de hemorragias nasais,
bucais ou anais. Se possível, a carcaça deve ser queimada ou enterrada onde foi
encontrada. Para diminuir a contaminação ambiental, a incineração da carcaça é
o método de descarte de escolha (GARCIA e MARTINS, 2013).
Cama
ou outros materiais encontrados perto da carcaça (ex: solo contaminado) também
devem ser queimados ou enterrados, e os animais restantes devem ser
imediatamente removidos da pastagem afetada. As fazendas onde as mortes por B. anthracis dos animais do rebanho
forem confirmadas devem ser quarentenadas e todos os animais saudáveis da
fazenda e vizinhança devem ser vacinados (vacina Sterne) (GARCIA e MARTINS, 2013).
CONCLUSÕES
O
antraz é uma zoonose de ocorrência global, mais comum em regiões rurais com
programas inadequados de controle de carbúnculo hemático no gado. Nestas
regiões, os animais infectados podem direta ou indiretamente infectar humanos,
e a forma cutânea é a que ocorre em mais de 95% dos casos.
O B. anthracis é considerado uma das mais prováveis armas
biológicas por sua habilidade de se transmitir pela via respiratória através de
esporos, pela alta mortalidade da infeção por via inalatória e a grande
estabilidade dos esporos, se comparado com outros potenciais agentes de
bioterrorismo. Tem sido foco de pesquisas como arma biológica há
aproximadamente 60 anos.
LITERATURA CITADA
Ambiente
Brasil
Disponível
em http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agropecuario/doencas_agropecuarias/antraz_-_bacillus_anthracis.html.
Acesso em 01/04/2013.
Bacillus anthracis
Disponível
em http://bacillusanthracis.org/. Acesso em 01/04/2013.
Disponível
em http://estudmed.com.sapo.pt/microbiologia/bacillus_antracis.htm. Acesso em
03/07/2013.
GARCIA,
M.; MARTINS, L. S. Antraz. Disponível em http://www.mgar.com.br/zoonoses/aulas/aula_antraz.htm.
Acesso em 03/07/2013
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