sábado, 24 de agosto de 2013

Trabalho Acadêmico pertencente a disciplina de Microbiologia II: Aspectos sintomatológicos, epidemiológicos e controle de Corynebacterium diphtheriae.

Jéssica Ferreira de Oliveira
Acadêmica do Curso Ciências Biológicas

 INTRODUÇÃO

Corynebacterium diphtheriae, ou simplesmente bacilo diftérico, é um bacilo gram-positivo em forma de clava, que tende a formar arranjos que lembram letras chinesas. É anaeróbio facultativo e, embora relativamente exigente, pode ser facilmente cultivado em diferentes meios de cultura, inclusive seletivos. É clássica a divisão do bacilo diftérico em três biótipos denominados mitis, intermedium e gravis. Estes termos originaram-se em estudos que correlacionavam a gravidade da difteria com a presença destes biótipos, isto é, mitis com formas leves, intermedium com as intermediárias e gravis com as formas mais graves. A identificação dos biótipos é para fins epidemiológicos (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 231).
A difteria é geralmente uma faringite potencialmente letal. A Corynebacterium diphtheriae pode ser cultivada aerobiamente em laboratório em um meio especial chamado meio de Loeffler. Esse meio não suporta o crescimento de estreptococos, que, na maioria dos meios, se sobrepõe ao crescimento de Corynebacterium diphtheriae. Ele também pode se desenvolver em meios contendo cisteína e telurito de potássio. Nesses meios, colônias de Corynebacterium diphtheriae apresentam coloração de cinza escura à preta (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 515).
Embora as bactérias não invadam os tecidos, aquelas que sofrerem infecção por um fago lisogênico podem produzir uma exotoxina poderosa. Historicamente, foi a primeira doença para qual uma causa tóxica foi identificada. Circulando na corrente sanguínea, a toxina interfere com a síntese proteica. Somente 0,01 mg dessa toxina altamente virulenta pode ser fatal. Desse modo, para que a terapia antitoxina seja eficaz, ela deve ser administrada antes que a toxina entre nas células dos tecidos. Quando os órgãos como o coração e os rins são afetados pela toxina, a doença pode ser rapidamente fatal. Em outros casos, os nervos podem ser envolvidos, resultando em paralisia parcial (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p. 678).
O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito da bactéria Corynebacterium diphtheriae levando em consideração aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle da bactéria Corynebacterium diphtheriae.





DESENVOLVIMENTO
Sintomas
 A doença começa com dor de garganta e febre, seguidas de indisposição e edema do pescoço (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p. 677).  Os seres humanos são os únicos hospedeiros naturais e reservatórios de Corynebacterium diphtheriae. Ela está presente na garganta de portadores saudáveis e pode ser transmitida a outras pessoas por meio de gotículas respiratórias. Não é invasiva, afeta apenas as membranas mucosas da faringe. A toxina que ela produz nesse local provoca todo o problema. A garganta incha e fica coberta por uma pseudomembrana cinzenta e firme composta por células humanas mortas e micro-organismos, chamada faringite membranosa. Os módulos linfáticos no pescoço incham acentuadamente (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 516).
Juntos, o tecido inchado da garganta e a pseudomembrana podem obstruir as vias aéreas levando à morte súbita por sufocamento. A toxina da difteria também pode matar de outras maneiras. Ela pode entrar na corrente sanguínea e prejudicar órgãos distantes como coração, rins, cérebro ou nervos. Esses órgãos podem ser afetados até várias semanas após a infecção original da garganta. Nesse estágio avançado da doença, pouco pode ser feito para ajudar o paciente. Corynebacterium diphtheriae também pode infectar a pele, causando difteria cutânea. Essa doença geralmente ocorre nos trópicos, mas às vezes é vista em climas mais frios e entre pessoas com a saúde debilitada. A difteria cutânea geralmente começa com uma ferida já infectada por outras bactérias. Depois, a ferida transforma-se em uma membrana cinza que não cicatriza, a menos que tratada com antibióticos (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 516).
Epidemiologia
A difteria é mais frequente em crianças com idade inferior a 10 anos. O maior número de casos e óbitos tende a ocorrer na faixa de um a quatro anos. A difteria é endêmica no Brasil, mas surtos epidêmicos têm sido registrados, embora raramente. Estes ocorrem com maior frequência nas áreas mais pobres onde o atendimento médico é precário e a vacinação pode falhar. Alguns estudos sugerem que a pele pode ser um reservatório do bacilo diftérico talvez de maior significado epidemiológico do que nas vias respiratórias (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 234).
A difteria já foi uma doença terrível que afetava crianças, mas hoje apenas alguns médicos no mundo desenvolvido já viram um caso. O tratamento com antitoxina de cavalo tornou-se possível nos anos 1890, mas com a doença não foi subjugada até que o toxoide diftérico possibilitou a imunização em grande escala, em 1923. Antes de 1923, mais de 100 mil crianças nos Estados Unidos contraíram difteria todo ano e mais de 10 mil delas morriam. Agora a doença é quase desconhecida nos Estados Unidos, mas continua sendo um dos principais problemas de saúde pública nas partes do mundo onde não há imunização disponível. Dezenas de milhares de crianças ainda morrem da doença anualmente. (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 516).
Até 1935, a difteria foi a principal causa de mortes em crianças nos Estados Unidos. Algumas pesquisas indicam níveis imunes eficazes em apenas 20% da população adulta. Nos Estados Unidos, quando qualquer trauma em adultos requer o toxoide tetânico, geralmente, combina-se esse toxoide com o da difteria (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p. 677 e 678). 
Controle
O tratamento da difteria tem dois objetivos principais: neutralizar a toxina e erradicar a bactéria do foco de infecção. O primeiro objetivo é atingido pelo emprego de sono antidiftérico preparado em cavalos e o segundo pelo emprego de antibióticos. O antibiótico mais recomendado continua sendo a penicilina G, mas outros podem ser usados com sucesso. O bacilo diftérico não tem apresentado resistência aos antibióticos. O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, antes mesmo de ter a confirmação bacteriológica da infecção (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 234).
A profilaxia da difteria tem por base a vacinação com o toxoide diftérico, que deve ser iniciada nos primeiros meses de vida, geralmente em associação com outras vacinas. A vacina atualmente usada confere imunidade a 80% da população suscetível (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 234).
Todos os contatos familiares de pacientes com difteria devem ser submetidos a exames bacteriológicos, colhendo-se material oro e nasofaringe e de eventuais feridas da pele. Os portadores detectados devem receber eritromicina durante uma semana. As crianças vacinadas que entram em contanto com doentes devem receber uma dose de reforço e as não vacinadas devem ser vacinadas e mantidas em observação. A imunização passiva com soro antidiftérico pode ser usada em pessoas suscetíveis que são intensamente expostas ao bacilo diftérico. A identificação destas pessoas pode ser feita pelo teste de Schick, que consiste na injeção intradérmica da toxina diftérica. A suscetibilidade é indicada pelo aparecimento de uma reação inflamatória local em 24 a 48 horas que atinge o máximo em quatro a sete dias. As pessoas com níveis satisfatórios de antitoxinas no soro não reagem à injeção da toxina (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 234).

CONCLUSÃO

            Em relação aos sintomas, pode-se concluir que a bactéria Corynebacterium diphtheriae causadora da doença denominada difteria pode ocasionar infecções em diferentes órgãos sendo que a forma clínica mais importante da difteria é a faríngea. Quando não tratada ou tardiamente detectada, a doença pode atingir órgãos como o coração e músculos em geral, levando a óbito.
            A epidemiologia ocorre em níveis mundiais e principalmente em áreas pobres, na qual, há maior grau de falta de hospitais e postos de saúde para a obtenção de vacinas ou tratamento médico adequado à doença. O ser humano é o reservatório natural sendo que o bacilo é transmitido através de secreções oro e nasofaringeanas provenientes de doentes ou portadores assintomáticos. Embora raramente, há registros de surtos epidêmicos no Brasil.
            Sobre o tratamento da doença pode-se perceber que atualmente apresenta níveis decrescentes de casos devido às vacinas. O bacilo diftérico não tem apresentado resistência aos antibióticos e seu tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, antes mesmo de ter a confirmação bacteriológica da infecção. Antibióticos, como penicilina e eritromicina, também podem ser úteis para o controle da doença.



LITERATURA CITADA:

INGRAHAM, J. L.; INGRAHAM, C. A. Introdução à Microbiologia: Uma abordagem baseada em estudos de casos. 3.ed.  São Paulo: Cengage Learning, 2010. 723 p.

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 934 p.

TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5.ed. São Paulo: Atheneu, 2008. 760 p.



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