Jéssica Ferreira de Oliveira
Acadêmica
do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
Corynebacterium
diphtheriae, ou simplesmente bacilo diftérico, é um
bacilo gram-positivo em forma de clava, que tende a formar arranjos que lembram
letras chinesas. É anaeróbio facultativo e, embora relativamente exigente, pode
ser facilmente cultivado em diferentes meios de cultura, inclusive seletivos. É
clássica a divisão do bacilo diftérico em três biótipos denominados mitis, intermedium e gravis.
Estes termos originaram-se em estudos que correlacionavam a gravidade da
difteria com a presença destes biótipos, isto é, mitis com formas leves, intermedium
com as intermediárias e gravis com as
formas mais graves. A identificação dos biótipos é para fins epidemiológicos
(TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 231).
A difteria é geralmente
uma faringite potencialmente letal. A Corynebacterium
diphtheriae pode ser cultivada aerobiamente em laboratório em um meio
especial chamado meio de Loeffler. Esse meio não suporta o crescimento de
estreptococos, que, na maioria dos meios, se sobrepõe ao crescimento de Corynebacterium diphtheriae. Ele também
pode se desenvolver em meios contendo cisteína e telurito de potássio. Nesses
meios, colônias de Corynebacterium
diphtheriae apresentam coloração de cinza escura à preta (INGRAHAM; INGRAHAM,
2010, p. 515).
Embora as bactérias não
invadam os tecidos, aquelas que sofrerem infecção por um fago lisogênico podem
produzir uma exotoxina poderosa. Historicamente, foi a primeira doença para
qual uma causa tóxica foi identificada. Circulando na corrente sanguínea, a
toxina interfere com a síntese proteica. Somente 0,01 mg dessa toxina altamente
virulenta pode ser fatal. Desse modo, para que a terapia antitoxina seja
eficaz, ela deve ser administrada antes que a toxina entre nas células dos
tecidos. Quando os órgãos como o coração e os rins são afetados pela toxina, a
doença pode ser rapidamente fatal. Em outros casos, os nervos podem ser
envolvidos, resultando em paralisia parcial (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p.
678).
O objetivo deste
trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito da bactéria Corynebacterium diphtheriae levando em
consideração aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle da
bactéria Corynebacterium diphtheriae.
DESENVOLVIMENTO
Sintomas
A doença começa com dor de garganta e febre,
seguidas de indisposição e edema do pescoço (TORTORA; FUNKE; CASE, 2012, p.
677). Os seres humanos são os únicos
hospedeiros naturais e reservatórios de Corynebacterium
diphtheriae. Ela está presente na garganta de portadores saudáveis e pode
ser transmitida a outras pessoas por meio de gotículas respiratórias. Não é
invasiva, afeta apenas as membranas mucosas da faringe. A toxina que ela produz
nesse local provoca todo o problema. A garganta incha e fica coberta por uma
pseudomembrana cinzenta e firme composta por células humanas mortas e
micro-organismos, chamada faringite membranosa. Os módulos linfáticos no
pescoço incham acentuadamente (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 516).
Juntos, o tecido
inchado da garganta e a pseudomembrana podem obstruir as vias aéreas levando à
morte súbita por sufocamento. A toxina da difteria também pode matar de outras
maneiras. Ela pode entrar na corrente sanguínea e prejudicar órgãos distantes
como coração, rins, cérebro ou nervos. Esses órgãos podem ser afetados até
várias semanas após a infecção original da garganta. Nesse estágio avançado da
doença, pouco pode ser feito para ajudar o paciente. Corynebacterium diphtheriae também pode infectar a pele, causando
difteria cutânea. Essa doença geralmente ocorre nos trópicos, mas às vezes é
vista em climas mais frios e entre pessoas com a saúde debilitada. A difteria
cutânea geralmente começa com uma ferida já infectada por outras bactérias.
Depois, a ferida transforma-se em uma membrana cinza que não cicatriza, a menos
que tratada com antibióticos (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 516).
Epidemiologia
A difteria é mais
frequente em crianças com idade inferior a 10 anos. O maior número de casos e
óbitos tende a ocorrer na faixa de um a quatro anos. A difteria é endêmica no
Brasil, mas surtos epidêmicos têm sido registrados, embora raramente. Estes
ocorrem com maior frequência nas áreas mais pobres onde o atendimento médico é
precário e a vacinação pode falhar. Alguns estudos sugerem que a pele pode ser
um reservatório do bacilo diftérico talvez de maior significado epidemiológico
do que nas vias respiratórias (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 234).
A difteria já foi uma
doença terrível que afetava crianças, mas hoje apenas alguns médicos no mundo
desenvolvido já viram um caso. O tratamento com antitoxina de cavalo tornou-se
possível nos anos 1890, mas com a doença não foi subjugada até que o toxoide
diftérico possibilitou a imunização em grande escala, em 1923. Antes de 1923,
mais de 100 mil crianças nos Estados Unidos contraíram difteria todo ano e mais
de 10 mil delas morriam. Agora a doença é quase desconhecida nos Estados
Unidos, mas continua sendo um dos principais problemas de saúde pública nas
partes do mundo onde não há imunização disponível. Dezenas de milhares de
crianças ainda morrem da doença anualmente. (INGRAHAM; INGRAHAM, 2010, p. 516).
Até 1935, a difteria
foi a principal causa de mortes em crianças nos Estados Unidos. Algumas
pesquisas indicam níveis imunes eficazes em apenas 20% da população adulta. Nos
Estados Unidos, quando qualquer trauma em adultos requer o toxoide tetânico,
geralmente, combina-se esse toxoide com o da difteria (TORTORA; FUNKE; CASE,
2012, p. 677 e 678).
Controle
O tratamento da
difteria tem dois objetivos principais: neutralizar a toxina e erradicar a
bactéria do foco de infecção. O primeiro objetivo é atingido pelo emprego de
sono antidiftérico preparado em cavalos e o segundo pelo emprego de
antibióticos. O antibiótico mais recomendado continua sendo a penicilina G, mas
outros podem ser usados com sucesso. O bacilo diftérico não tem apresentado
resistência aos antibióticos. O tratamento deve ser iniciado o mais cedo
possível, antes mesmo de ter a confirmação bacteriológica da infecção (TRABULSI;
ALTERTHUM, 2008, p. 234).
A profilaxia da
difteria tem por base a vacinação com o toxoide diftérico, que deve ser
iniciada nos primeiros meses de vida, geralmente em associação com outras
vacinas. A vacina atualmente usada confere imunidade a 80% da população
suscetível (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008, p. 234).
Todos os contatos
familiares de pacientes com difteria devem ser submetidos a exames
bacteriológicos, colhendo-se material oro e nasofaringe e de eventuais feridas
da pele. Os portadores detectados devem receber eritromicina durante uma
semana. As crianças vacinadas que entram em contanto com doentes devem receber
uma dose de reforço e as não vacinadas devem ser vacinadas e mantidas em
observação. A imunização passiva com soro antidiftérico pode ser usada em
pessoas suscetíveis que são intensamente expostas ao bacilo diftérico. A
identificação destas pessoas pode ser feita pelo teste de Schick, que consiste
na injeção intradérmica da toxina diftérica. A suscetibilidade é indicada pelo
aparecimento de uma reação inflamatória local em 24 a 48 horas que atinge o
máximo em quatro a sete dias. As pessoas com níveis satisfatórios de
antitoxinas no soro não reagem à injeção da toxina (TRABULSI; ALTERTHUM, 2008,
p. 234).
CONCLUSÃO
Em relação aos sintomas, pode-se
concluir que a bactéria Corynebacterium
diphtheriae causadora da doença denominada difteria pode ocasionar
infecções em diferentes órgãos sendo que a forma clínica mais importante da
difteria é a faríngea. Quando não tratada ou tardiamente detectada, a doença
pode atingir órgãos como o coração e músculos em geral, levando a óbito.
A epidemiologia ocorre em níveis
mundiais e principalmente em áreas pobres, na qual, há maior grau de falta de
hospitais e postos de saúde para a obtenção de vacinas ou tratamento médico
adequado à doença. O ser humano é o reservatório natural sendo que o bacilo é
transmitido através de secreções oro e nasofaringeanas provenientes de doentes
ou portadores assintomáticos. Embora raramente, há registros de surtos
epidêmicos no Brasil.
Sobre o tratamento da doença pode-se
perceber que atualmente apresenta níveis decrescentes de casos devido às
vacinas. O bacilo diftérico não tem apresentado resistência aos antibióticos e
seu tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível, antes mesmo de ter a
confirmação bacteriológica da infecção. Antibióticos, como penicilina e
eritromicina, também podem ser úteis para o controle da doença.
LITERATURA CITADA:
INGRAHAM,
J. L.; INGRAHAM, C. A. Introdução à
Microbiologia: Uma abordagem baseada em estudos de casos. 3.ed. São Paulo: Cengage Learning,
2010. 723 p.
TORTORA,
G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia.
10.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. 934 p.
TRABULSI,
L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5.ed.
São Paulo: Atheneu, 2008. 760 p.
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