Rafaella
Vieira de Oliveira Caetano
Acadêmica
do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
A espécie de Neisseria tem como característica morfológica serem
diplococo Gram negativas mais achatadas nas laterais, dando a forma de rins ou
dois grãos de feijão unidos por uma ponte. Apenas a espécie N. elongata difere desta morfologia, sendo
diplobacilos ou diplococo-baciolo.
Este trabalho tem como objetivo elucidar detalhes e
características da bactéria Neisseria que se encontra em um grupo de cocos
gram-negativos, uma bactéria que em alguns casos é patogênica e causadora da
Meningite e Gonorreia, mas nem sempre nociva ao seres humanos, e no discorrer
deste trabalhos serão abordados principalmente a bactéria em suas vertentes
patogênicas.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é fazer uma
revisão bibliográfica a respeito da bactéria Neisseria levando em consideração aspectos de
sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle da bactéria citada.
DESENVOLVIMENTO
As espécies do gênero Neisseria compreendem várias espécies que são
diferenciadas e fazem parte da microbiota do trato respiratório superior não
sendo patogênicas, mas podem ser eventualmente isoladas de processos
infecciosos, com exceção de N.gonorrhoeae e N.meningitidis sendo patogênicas
para o homem (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
221).
Segundo Trabulsi e Alterthum (2008, p. 221) a N.gonorrhoeae
considerada patogênica independente do sitio de isolamento, pode infectar a
mucosa genital, anal e da orofaringe. N.meningitidis podem colonizar a
nasofaringe sem causar doenças e ocasionar eventos invasivos, com a doença
meningicócica (meningite) e um processo de decorrência da disseminação
hematogênica (osteomielite, artrite, pericardite).
As espécies de Neisseria compreendem diplococos gram-negativos
que apresentam a morfologia característica representada por lados adjacentes achatados,
representam exceções quanto a essa morfologia, apresentando como cocobacilos
aos pares ou em cadeias curtas. Os diplococos medem entre 0,6 e1,5 µm, são
imóveis não esporulam e algumas espécies apresentam capsula, todas as espécies
são oxidase positiva(TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 222).
Todas as espécies produzem a enzima catalese, a qual degrada
o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. São aeróbias e apresentam
temperatura ótima de crescimento entre 35°C e 37°C, tendo exceções. As espécies
patogênicas são, mas exigentes e crescem em meios enriquecidos, como o Agar
chocolate. Tomando-se por base as características metabólicas dessas bactérias,
tais como a produção de acido a partir de carboidratos, redução de nitrato e
nitrito e a produção de certas enzimas, as diferentes espécies podem ser
distinguidas (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
222).
N.gonorrhoeae foi descrita pela primeira vez por Albert Neisser,
em 1879. N.gonorrhoeae
também conhecida como gonococo, é um diplococo gram-negativo que na apresenta
capsula e é bastante sensível a condições ambientais adversas, sofrendo
facilmente o processo de autólise. Embora a N.gonorrhoeae não secrete toxinas,
vários fatores relacionados a virulência, mais especificamente à adesão e
invasão da célula hospedeira, são conhecidas nessa espécie (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 222).
Todos esses fatores são componentes da superfície do gonococo.
Entre esses vários componentes, as cepas de N.gonorrhoeae apresentam um
repertorio de proteínas de membrana externa (OMP). Fatores de virulência são:
pili, fímbrias, proteínas RMP- bloqueiam a ação bactericida, LOS
(lipooligossacarideos)- Endotoxina e Protease IgA (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 222).
Essas diversas proteínas estão classificadas em três grupos: PI,
PII e PIII. O primeiro estagio na patogênese da N.gonorrhoeae consiste na
aderência da bactéria as microvilosidades do epitélio colunar não ciliado. O
segundo estágio na patogênese consiste na entrada do gonococo na célula
epitelial através do mecanismo conhecido com endocitose direcionada pelo
patógeno. No terceiro estágio, uma vez no tecido subepitelial, o gonococo
continua sua proliferação (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 222).
A bactéria N.gonorrhoeae
também apresenta um complexo sistema de capacitação de ferro, ao qual contribui
no papel da patogênese, captando ferro essencialmente para o processo de
invasão. O gonococo pode captar ferro através de duas vias; uma delas utiliza
receptores de superfície que permitem o uso de sideroforos produzido por outra
bactéria. A outra vai utilizar a transferrina ou a lactoferina, captadas por
proteínas de superfície do gonococo (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 223).
As
infecções gonocócicas ocorrem em sua maior parte na forma clinica da gonorreia
(também conhecida como uretrite gonocócica ou blenorragia), mas podem também se
apresentar como infecções das mucosas da orofaringe e anorretal, alem da
conjuntiva neonatal. A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível que
provoca no homem uma uretrite e na mulher uma cervicite, que podem se estender
para os órgãos contíguos ao foco inicial da infecção. A uretrite no homem é
caracterizada por um processo inflamatório agudo e piogênico da uretra anterior
que apresenta como sintoma, geralmente entre três e sete dias após o contagio,
um corrimento uretral purulento, acompanhado de disúria (dificuldade de urinar)
e algúria (dor durante a micção) (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 226).
A partir da uretra, se não tratada, a infecção pode estender-se
para a próstata, vesícula seminal e epidídimo. Na mulher, a partir do cérvix, a
infecção pode estender-se para o útero, para as trompas de falópio e para o
ovário. A mulher adulta raramente apresenta vulvoginite. As infecções da
conjuntiva ocorrem mais frequentemente no recém-nascido infectado no canal do
parto, cujo quadro é conhecido como oftalmia neonatal. Caso a infecção cervical
não seja tratada, ela pode ascender, como mencionado anteriormente, podendo
atingir o peritônio e causando a doença inflamatória pélvica (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 226).
A gonorreia é uma doença recorrente no mesmo individuo, devido
provavelmente é grande diversidade antigênica do gonococo. A infecção natural
estimula a produção de anticorpos secretores e séricos contra uma série de
antígenos de superfície do gonococo, mas não está estabelecido se estes são
protetores. Se forem, são cepa específicos, ou seja, não reagem contra cepas
diferentes de N. gonorrhoeae. Anticorpos contra a OMP Rmp são
produzidos em decorrência da infecção e reagem com a superfície do gonococo,
bloqueando a ação de anticorpos conta a PorB e LOS, inibindo a ação lítica do
complemente (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
226).
Dessa forma, anticorpos anti - Rmp podem aumentar a
suscetibilidade a infecções por N.
gonorrhoeae. Fatores de
defesa não específicos do hospedeiro estão relacionados a resistência natural a
infecção da N. gonorrhoeae.
Indivíduos com deficiência em um ou mais componentes do sistema complemente tem
suscetibilidade aumenta a infecções pelo gonococo (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 226).
O único hospedeiro do gonococo é o homem. a gonorreia é a segunda
causa entre as doenças sexualmente transmissíveis no EUA. A infecção é de
notificação obrigatória, e continua sendo um importante problema de saúde
publica mundial. as maiores taxas ocorrem em mulheres entre 15 e 19 anos e
homens entre 2024 anos. No adulto, a infecção é sempre transmitida através do
contato sexual. O recém-nascido adquire a oftalmia neonatal durante o parto
normal (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
227).
Não a vacina efetiva contra o gonococo, embora vários
estudos estejam em andamento no sentido de desenvolver vacinas utilizando a
subunidade PilE da fimbria tipo 4, a proteína de superfície Por e a proteína
captadora de ferro TbpA. Portanto,
o uso de preservativos é a única medida preventiva disponível contra a
gonorreia (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
227).
Para o tratamento da gonorreia sem complicações e preconceitos o
uso de cefalosporinas de largo espectro ou o esquema duplo que inclui
flouroquinolonas (cipofloxacina, norfloxacina, cefitriaxona, ofloxacina) e a
eritromicina. A azitromicina é indicada somente em áreas onde haja relatos de
cepas resistentes as fluoroquinolonas a penicilina e tetraciclinas não são, mas
recomendadas. A penicilina era droga de escolha no passado, mas com a ampla
disseminação de cepas resistentes, outros antibióticos passaram a sem
empregados (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
227).
A resistência a penicilina pode ser devida à presença de
plasmídeos R ou de genes localizados no cromossomo e resulta de mutação do
genes que codificam as proteínas ligaduras de penicilina (adquirindo baixos
níveis de resistências), ou da produção de penicilinas. A resistência a
tetracíclica é mediada por um plasmídeos conjuntivo que alberga o determinante
TetM. Cepas apresentando multirresistência , já foram detectados nos EUA e em
outros países. A forma ideal para o tratamento da gonorreia inclui a pesquisa
de sensibilidade a penicilina, tetracíclica, espectinomicina, cefalosporinas de
largo espectro e fluoroquinolonas, quando a cepa de N. gonorrhoeae é isolada e identificada (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 227).
Em 1887, Anton Weichselbaum isolou a bactéria N. Meningitidis de casos de meningite meningocócica,
associando-a como agente etiológico dessa patologia. Os diplococos de N. meningitidis são também conhecidos como
meningococos, os quais apresentam estrutura de superfície idênticas à
gonococos, com exceção da presença de uma capsula polissacarídica (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 227).
A superfície do meningococo revela uma estrutura típica de
envelope celular das bactérias Gram-negativa. O envelope é composto de
membrana citoplasmática,
camada de peptideoglicano e membrana externa.as cepas patogênicas isoladas de
infecções sistêmicas tem a membrana externa circundada por uma capsula
polissacaridea (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
228).
A capsula do meningococo consiste de um polissacarídeo
aniônico de alto peso molecular e diferenças em sua natureza imunoquimica é a
base para o sorogrupagem, ou seja, a classificação das cepas em sorogrupos. São
descritos 12 sorogrupos ate o momento. Tosas as cepas de meningococo possuem
proteínas de classe 2 ou 3, também dominante PorB. Essas classes de proteínas
funcionais como poros seletivos para anions, através dos quais os solutos
hidrofílicos atravessam a membrana externa, por meio de um processo semelhante
á difusão (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
228).
De maneira semelhante ao gonococo, omeningococo não secreta toxina
e seus fatores de virulência são relacionados à aderência e invasão, alem de
presença de capsula polissacaridica. O meningococo possui uma variedade de
mecanismos de adaptação ao hospedeiro, que inclui variação de fase, que ocorre
na expressão dos genes. A colonização do hospedeiro pelo meningococo se dá
inicialmente pela adesão às células epiteliais não ciliadas da nasofaringe. As
bactérias sofrem então, endocitose pelas células epiteliais e atinge o tecido
subepitelial via vacúolos fagociticos (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 228).
Essa endocitose direcionada pelo patógeno é medida pelo OMP,
responsável pela nucleação da actina, além de desencadear uma serie de sinais
que iniciam a endocitose direcionada. Todas as cepas patogênicas de meningococo
secretam uma exoenzima (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 228).
Outra função biológica dessa enzima recentemente descrita
refere-se á clivagem, que teria um efeito negativo na função dos lisossomos,
favorecendo a sobrevivência da bactéria dentro das células epiteliais. A
capsula do menigococo possui propriedades anti-fagociticas e antibactericidas e
assim constitui importantes fatores virulência, contribuindo para a
sobrevivência do menigococo durante a visão na corrente sanguínea e no liquido
cafelorraquidiano (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
228).
O meningococo é isolado da nasofaringe de portadores
assintomáticos e é transmitido por contato direto, por meio de secreção nasal
ou oral. Na maioria dos indivíduos o estado do portador é um processo de
imunização e, em menor frequência, o meningococo pode penetrar n mucosa e
invadir a corrente sanguínea, causando a doença menigococo (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 229).
É responsável por um amplo espectro de doenças, tais como
conjuntivite, pneumonia, pericardite e ostiomielite, embora as formas mas comum
de DM seja a meningite sem septicemia e , em menor extensão, a meningococcemia
com ou sem meningite (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 229).
As meningites compreendem os processos patológicos, infecciosos
que afetam as meninges podendo dessa forma, ser ocasionada por inúmeras outras
bactérias, vírus e ate mesmo fungos. Entretanto, o termo meningite
meningocócica refere-se à meningite ocasionada pela N. Meningitidis. O quadro
clinico é de meningite bacteriana aguda, caracterizado por mal-estar (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
229)
As menigococcemias seu idas ou não de meningite são basicamente
determinadas por falta de resistência do hospedeiro, uma vez que o numero de
portadores assintomáticos na população é elevado. Os estados de imunidade atual
desenvolvem-se, provavelmente, a partir de contatos repetidos e intermitentes com o próprio
meningococo, e com a Neisseria não patogênicas, como ocorre com a N. Lactamica que frequentemente coloniza a
nasofaringe de crianças (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 229).
Há evidencias ainda de que algumas bactérias entéricas
contribuam para sua imunidade, por induzirem anticorpos que reagem cruzadamente
com o meningococo, como é o caso das espécies Bacillus
pumillus e Escherichia coli portadoras dos antígenos capsulares K1
e K2, as quais se relacionam antigenicamente com os meningococos dos sorogrupos
A,B e C, respectivamente (TRABULSI;
ALTERTHUM,2008, p. 229).
O sistema complemento também desempenha função importante na
proteção da doença, o que tem sido demonstrado através de estuda os envolvendo
pacientes com deficiência em proteínas de complemento. Deficiência em c3 ou nas
frações terminais C5 a C9 leva à maior suscetibilidade a infecções
meningocócicas e comumente a episódios repetidos (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 229).
O homem é o único reservatório da N. meningitidis que coloniza a nasofaringe em
cerca de 8% a 20% da população em áreas não endêmicas, sem causar doença. A
transmissão do meningococo ocorre através do contato direto com secreções da
nasofaringe do portador assintomático ou do doente. A DM ocorre universalmente
e é mais incidente nos meses mais frios do ano e em crianças em idade escolar e
adultos jovens (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p.
229).
O aumento da incidência da DM em uma população é, em grande parte
o reflexo da introdução, transmissão e aquisição de um novo clone virulento, do
número de susceptíveis expostos a esse novo clone de fatores ambientais que
aumentam a transmissão ou invasão dessas cepas, como por exemplo, aglomerados
populacionais. Ainda não são suficientemente conhecidas as razões que possam
explicar o aparecimento de uma epidemia. São múltiplos os fatores descritos na
literatura que podem contribuir para que uma epidemia se instale, tais como
aqueles ligados ao agente etiológico, ao hospedeiro ou ao meio ambiente (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 230).
As
vacinas polissacarídicas, caracterizadas por não induzirem memória imunológica,
são recomendadas apenas para o controle de surtos e epidemias e para proteger
grupos de alto risco de infecção, por períodos curtos de tempo (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 230).
A penincilina G à droga de escolha
para o tratamento da meningite meningocócica e da meningococcemia, enquanto a
rifampicina é adotada como agente quimioprofilatico. Recentemente tem sido
relatada resistência e penicilina, mediada por cromossomos e plasmídeos. Em
pacientes alérgicos a penicilina o uso do cloranfenicol é recomendado (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 230).
Como droga alternativa ao tratamento da doença, as
cefaloporinas de terceira geração constituem uma boa opção pela sua ação
efetiva contra os principais agentes bacterianos associados a meningites, por
ultrapassar com facilidade a barreira meningea, atingindo concentração
satisfatória no liquor, além de apresentar baixa toxidade (TRABULSI; ALTERTHUM,2008, p. 230).
CONCLUSÃO
Conclui-se que o gênero Niesseria necessita de uma atenção maior
devido às doenças fatais que ele pode provocar caso não seja diagnosticado com
antecedência. Os estudos apresentam que essas doenças causadas por esse gênero
apresentam um crescimento significativo no mundo. E que o aprimoramento das
técnicas, estudos em prol desce beneficio deve ser relevante e necessário para
o bem comum de todos.
LITERATURA
CITADA:
TRABULSI,L.R; ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.
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