Káryta
Franciele Gomes dos Santos
Acadêmica do
Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
A
bactéria Plesiomonas shigelloides é um bacilo Gram-negativo, pertencente à
família Enterobacteriaceae, isolada de água doce e salgada, de peixes de água
doce, mariscos e de inúmeros tipos de animais. Suspeita-se que a maioria das
infecções humanas causadas por P. shigelloides, seja veiculada pela água.
O
gênero Plesiomonas é composto por apenas uma espécie, P. shigelloides, que foi
originalmente descrita por Ferguson & Henderson (1947), como uma
Enterobacteriaceae móvel. (Falcão, J.P; Gibotti, A.A. Plesiomonas shigelloides:
um enteropatógeno emergente, 2007).
Até
recentemente, o gênero Plesiomonas, espécie shigelloides, pertenceu à família
Vibrionaceae, juntamente com os gêneros Aeromonas e Vibrio. (Janda citado por
Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
Estudos
moleculares, particularmente a análise das seqüências de nucleotídeos de RNA
ribossomal 5S e 16S, mostraram que P. shigelloides está mais próxima de
bactérias do gênero Proteus, que dos membros da família Vibrionaceae, o que
sugere uma relação filogenética de Plesiomonas com a família Enterobacteriaceae
(Martinez- Murcia et al., 1992; Ruimy et al., 1994 citado por Falcão, J.P;
Gibotti, A.A, 2007).
A
bactéria P. shigelloides pode colonizar uma grande variedade de animais
aquáticos como peixes, mariscos e camarões, mas também mamíferos como gatos,
cães, suínos, entre outros. Os animais, alimentos e águas contaminadas são
considerados como os veículos de transmissão de Plesiomonas para o homem
(Kirov, 2001; Janda, 2005 citado por Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
A
bactéria causa doença intestinal, sobretudo em indivíduos que vivem ou viajam
para países tropicais e que ingerem alimentos marinhos crus e consomem água
e/ou alimentos contaminados (Abbott, 2003 citado por Falcão, J.P; Gibotti, A.A,
2007).
A
bactéria mede 0,3 a 1,0 m de diâmetro por 2,0 a 3,0 m de comprimento, anaeróbio
facultativo que apresenta motilidade por meio de dois a sete flagelos polares,
produz a enzima oxidase, fermenta o inositol, a glicose e outros poucos
carboidratos sem produção de gás, descarboxila a lisina e ornitina, dihidrolisa
a arginina e é sensível ao agente Vibriostático O/129. Sua temperatura de
crescimento varia entre 8 e 44°C, sendo considerada ótima em torno de 37 a
38°C. P. shigelloides apresenta pH ótimo de crescimento na faixa de 4,0 a 8,0 e
é capaz de crescer em concentrações de sais que variam de 0 a 5% sendo bem
tolerante às concentrações de 3,0 a 3,5% de NaCl (Kirov, 2001, citado por
Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
Como
muitas outras bactérias aquáticas, P. shigelloides pode utilizar, por meio da
produção de quitinases, este composto polimérico como fonte de carbono e como
um caminho para penetrar no exoesqueleto de diferentes organismos e ali se
estabelecer (Ramaiah et al., 2000 citado por Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
O
objetivo é apresentar informações a respeito da sintomatologia epidemiologia e
controle de Plesiomonas shigelloides.
DESENVOLVIMETO
Epidemiologia
O
principal habitat de P. shigelloides é o ambiente aquático, incluindo a água
doce e do mar. Em países tropicais e subtropicais do sul da Ásia como Japão e
Tailândia, vários países da África, Taiti e Austrália é comumente encontrada no
intestino de peixes (Islam et al., 1991; Schubert & Beichert, 1993;
Aldova et al., 1999; Pasquale & Krovacek, 2001; Janda, 2005, citado por
Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
O
frequente isolamento de P. shigelloides em diferentes espécies de animais
reflete a probabilidade de exposição à bactéria na água. Dessa forma, é mais
comum o isolamento em peixes, répteis, mamíferos e aves, respectivamente. É
provável que essa bactéria pertença à microbiota intestinal normal de peixes e
alguns outros animais que residem na água como anfíbios e alguns répteis, porém
sua presença esporádica em fezes de animais pode ser devido à ingestão de
peixes, água contaminada ou comida contaminada (Jagger, 2000 citado por Falcão,
J.P; Gibotti, A.A, 2007).
A
maioria das cepas de P. shigelloides associadas com gastroenterite humana foi
de fezes de pacientes com diarreia que vivem em áreas tropicais e subtropicais.
Raramente são informadas tais infecções em regiões como EUA ou Europa. No
Brasil é subdiagnosticada e subnotificada.
Sintomatologia
Os animais, alimentos e
águas contaminadas são considerados como os veículos de transmissão de
Plesiomonas para o homem (Kirov, 2001; Janda, 2005 citado por Falcão, J.P; Gibotti,
A.A, 2007). A bactéria causa doença intestinal, sobretudo em indivíduos que
vivem ou viajam para países tropicais e que ingerem alimentos marinhos crus e
consomem água e/ou alimentos contaminados (Abbott, 2003 citado por Falcão, J.P;
Gibotti, A.A, 2007). Ingestão de água contaminada e alimentos contaminados.
Animais domésticos também são fonte de transmissão. (Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo Centro de Vigilância Epidemiológica – CVE).As infecções
humanas causadas por P. shigelloides podem ser intestinais e extra intestinais.
A diarreia pode ocorrer na forma secretória ou diarreia com sangue e muco. A
forma secretória, que é a mais comum, normalmente tem duração de um a sete
dias, mas que pode ser prolongada (aproximadamente três semanas). (Kirov, 2001
citado por Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
A maioria dos pacientes
adultos, dos quais P. shigelloides foi isolada, apresentavam sintomas de doença
invasiva com sangue, fezes mucoides com leucócitos polimorfonucleares;
relataram também que os pacientes apresentavam com frequências cólicas
abdominais intensas, vômito e um pouco de desidratação. (Kirov, 2001 citado por
Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
Tratamento
A
maioria dos isolados é resistente a penicilinas, incluindo ampicilina,
piperacilina, ticarcilina, meziocilina e carbenicilina. (Jagger, 2000 citado
por Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
A maioria das sete P.
shigelloides isoladas apresentaram resistência à penicilina, ampicilina,
amicacina, carbenicilina e neomicina. Algumas dessas amostras foram também
foram resistentes à gentamicina. Todas elas foram sensíveis a cloranfenicol,
norfloxacina, tetraciclina e nitrofurantoína (Gibotti et al., 2000 citado por
Falcão, J.P; Gibotti, A.A, 2007).
Algumas
medidas de controle podem ser usadas na prevenção: notificação de surtos - a
ocorrência de surtos (dois ou mais casos) requer a notificação imediata às
autoridades de vigilância epidemiológica municipal, regional ou central, para
que se desencadeie a investigação das fontes comuns e o controle da transmissão
através de medidas preventivas. Orientações poderão ser obtidas junto à Central
de Vigilância Epidemiológica.
Medidas
preventivas – cuidados com águas de recreação; ingerir alimentos cozidos,
higienizados e água tratada; cuidados com animais domésticos que podem ser
fonte de transmissão.
Medidas em epidemias –
investigação dos surtos e identificação das fontes de transmissão para controle
e prevenção. (Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Centro de Vigilância
Epidemiológica – CVE).
As infecções respondem
a um amplo espectro de antibióticos. Em casos severos tem sido utilizada a
associação trimetoprim/sulfametoxazol (TMP/SMX). (Secretaria de Estado da Saúde
de São Paulo Centro de Vigilância Epidemiológica – CVE).
CONCLUSÃO
Este
trabalho relata um estudo sobre a bactéria Plesiomonas shigelloides,
evidenciando seus riscos à saúde e as principais doenças que ela pode causar
tanto ao ser humano quanto aos animais.
Destaca também todas as
vias de transmissão, sintomas, lugares de sua ocorrência e o mais importante a
ser considerado que é os outros métodos importantes para sua prevenção e o
devido tratamento.
LITERATURA
CITADA:
Falcão, J.P.1*;
Gibotti, A.A.2; Souza, R.A.1; Campioni, F.1; Falcão, D.P.3 Plesiomonas
shigelloides: um enteropatógeno emergente.
Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo Centro de Vigilância Epidemiológica - CVE
MANUAL DAS DOENÇAS
TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS
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