sábado, 24 de agosto de 2013

Trabalho Acadêmico pertencente a disciplina de Microbiologia II: Aspectos sintomatológicos, patogênicos, epidemiológicos e controle de Staphylococcus aureus

Arthur Pires da Silva
Acadêmico do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
           
            Os staphylococcus foram descritos pela primeira vez em 1880, em pus de abscessos cirúrgicos, pelo cirurgião escocês Alexandre Ogston, e atualmente é um dos microrganismos mais comuns nas infecções piogênicas em todo o mundo. Os staphylococcus são pequenos cocos, Gram-positivos que apresentam isolados, aos pares, em cadeia curta, ou agrupados (com aspecto semelhante a um cacho de uvas), com aproximadamente 05 a 1,5 µm de diâmetro, imóveis, não-esporulados e geralmente não-encapsulados. Eles formam colônias normalmente grandes (1 a 2 mm de diâmetro) e cremosas, com pigmentos que variam do branco a vários tons de amarelo, dependendo da espécie (SANTOS et al., 2007).
Segundo SANTOS et al. (2007), o Staphylococcus aureus é  frequentemente encontrada na pele e nas fossas nasais de pessoas saudáveis. Entretanto pode provocar doenças, que vão desde uma simples infecção (espinhas, furúnculos e celulites) até infecções graves (pneumonia, endocardite, síndrome do choque tóxico, e outras).
Embora encontrado com relativa frequência como membro de microbiota normal do corpo humano, o Staphylococcus aureus é uma das bactérias mais importantes, uma vez que atua como agente de uma ampla gama de infecções, variando desde aquelas localizadas, geralmente superficiais, até algumas disseminadas, com elevada gravidade. Sua importância clínica tem variado ao logo dos anos, tendo crescido particularmente devido ao aumento na ocorrência de infecções hospitalares graves causadas por amostras multirresistentes (TRABULSI, L. R., 2008).

           
OBEJTIVO
            Apresentar informações a respeito da sintomatologia, epidemiologia e controle da bactéria Staphylococcus aureus.


DESENVOLVIMENTO
Principais Doenças
Patogenese
            Em alguns processos, predomina um quadro infeccioso caracterizado por danos aos hospedeiros, diretamente associado á presença do microrganismo, enquanto em outras as manifestações são basicamente de uma intoxicação, podendo a bactéria estar presente no organismo ou não. As superficiais afetam a pele e o tecido celular subcutâneo e, geralmente, são decorrentes da invasão direta dos tecidos por amostras de S. aureus existentes na pele ou nas mucosas. As infecções associadas ás bacteremias são do tipo metastático ou consequência da colonização direta das válvulas cardíacas, gerando endocardite. Para que ocorra uma infecção metastática, a bactéria presente no sangue deve primeiro atravessar a parede vascular, para então alcançar o tecido a ser infectado. Muitas bactérias podem sobreviver no interior das células endoteliais e, assim, ficar protegidas das defesas do organismo (TRABULSI, L. R., 2008).
            O sucesso da S. aureus como agente de infecção superficiais ou profundas depende de sua capacidade em sobrepujar as defesas do organismo, representadas principalmente pela opsonofagocitose. As opsoninas pode ser proteínas do sistema complemento ou anticorpos contra estruturas da superfície da bactéria. Assim, as infecções estafilocócicas são bem mais frenquentes em pacientes com alterações quantitativas ou funcionais dos neutrófilos (TRABULSI, L. R., 2008).
           
Sintomas
            Infecções Cutâneas e Subcutâneas: O impetigo é uma infecção da epiderme que se localiza principalmente na face e nos membros, mais comum em crianças jovens. Frequentemente ocorrem lesões múltiplas devido a propagação secundaria do processo para áreas adjacentes da pele. Estas lesões múltiplas se apresentam em diferentes estágios de desenvolvimento. A foliculite é uma infecção do folículo piloso, com formação de uma pequena coleção de pus abaixo da epiderme. O furúnculo ou abscesso é uma extensão da foliculite que se apresenta sob a forma de nódulos dolorosos, com uma coleção de pus na parte central. O carbúnculo ocorre quando os furúnculos coalescem e a infecção se estende para os tecidos mais profundos. A S. aureus é a principal bactéria causadora de infecções de feridas cirúrgicas (TRABULSI, L. R., 2008).

            Bacteremias: O S.aureus é uma das causas mais frequentes de bacteremias. A infecção é geralmente adquirida quando do emprego de cateteres intravenosos. A bacteremia é um processo secundário a infecções cutâneas ou de outros locais e pode dar origem a diferentes tipos de infecções, tais como endocardites, osteomielites e abcessos metastáticos em vários órgãos. Pode também evoluir para a sepse, com mortalidade elevada (TRABULSI, L. R., 2008).

            Endocardite: O S. aureus é responsável por 25% a 35% de todos os casos de endocardite. Em usuários de drogas ilícitas, é infecção é adquirida por meio de injeção intravenosa e a válvula mais comprometida é a tricúspide. Os não usuários de drogas, a infecção é devida á disseminação a partir de uma infecção local ou de cateteres intravenosos colonizados e a taxa de mortalidade é alta (TRABULSI, L. R., 2008)

            Pneumonia e Empiema: A pneumonia pode ser devido á aspiração de secreção oral ou disseminação hematogênica a partir de um foco infeccioso distante. A pneumonia por aspiração é primariamente observada em crianças de tenra idade, em indivíduos idosos, em pacientes com fibrose cística, influenza e bronquiectasias. A pneumonia estafilocócica pode ser acompanhada de empiema, caracterizado pela coleção de material purulento na pleura (TRABULSI, L. R., 2008)

            Osteomielite: O S. aureus é a causa mais frequente de osteomielite aguda e crônica. A doença pode alcançar os ossos por via hematogênica, em consequência de traumas ou por extensão de infecções em tecidos contíguos. Na disseminação hematogênica, o tipo de osso afetado depende da idade do paciente. Na criança a bactéria se localiza quase nas extremidades dos ossos longos. Com alguma frequência os pacientes com osteomielite hematogênica apresentam antecedentes de infecções cutâneas ou de traumas (TRABULSI, L. R., 2008).

Artrites: O S. aureus é a causa primária de artrite séptica em crianças, jovens e em adultos portadores de artrites crônicas ou submetidos a diferentes tipos de tratamentos cirúrgicos. Ocasionalmente, a artrite séptica origina-se de um foco de osteomielite contíguo (TRABULSI, L. R., 2008).

            Intoxicação Alimentar: Segundo TRABULSI, L. R. (2008), a intoxicação alimentar estafilocócica deve-se à ação de enterotoxinas liberadas por estafilococos que entram no alimento antes de sua ingestão. Uma vez contaminado, se o alimento permanecer sem refrigeração, ocorrerá o crescimento da bactéria. As amostras de S.aureus que contaminam os alimentos são geralmente provenientes de indivíduos que manuseiam esses alimentos, podendo ser portadores assintomáticos ou que apresentam algum tipo de infecção. A sintomatologia manifesta-se de uma até seis horas após ingestão do alimento e consiste de: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, sudorese e prostração. Comumente a reação não se acompanha de febre e tem bom prognóstico.

            Síndrome do Choque Tóxico: A síndrome adquiriu grande proeminência no início da década de 1980, quando passou a ser diagnosticada com relativa frenquência em mulheres no período menstrual que usavam determinada marca de absorvente íntimo. Verificou-se, em seguida, que a síndrome era devida á colonização por amostras de S. aureus existentes na vagina, as quais produziam a toxina TSST, que hoje sabemos ser um superantígeno. Aproximadamente 50% dos casos de choque tóxicos não associados á menstruação são causados por estafilococos produtores da enterotoxina do tipo B (TRABULSI, L. R., 2008).

            Síndrome da Pele Escaldada: Segundo TRABULSI, L. R. (2008) é conhecida com doença de Ritter. Caracteriza-se, principalmente, pelo descolamento de extensas áreas da epiderme, lembrando o que ocorre quando a pele é banhada por água fervente. O deslocamento da epiderme é consequência da destruição da desmogleína pela esfoliatina, produzida pelo S. aureus em um foco de infecção distante e levada até a pele pela corrente sanguínea. O deslocamento da epiderme observado no impetigo bolhoso é também provocado pela esfoliatina.

Epidemiologia
O Staphylococcus aureus pode ser encontrado em varias partes do corpo, como fossas nasais, garganta, trato intestinal e pele. As infecções estafilocócicas podem ser causadas por bactérias do próprio indivíduo, ou por amostra adquiridas de outros doentes ou de portadores sadio. A transmissão ocorre por contato direito ou indireto. As infecções superficiais e discretas podem ser graves em recém-nascidos, pacientes cirúrgicos e em portadores de doenças debilitantes como câncer e diabetes (TRABULSI, L. R., 2008).
Em várias situações e, particularmente, no caso de surtos epidêmicos de infecções hospitalares pode ser necessário fazer a tipagem de amostras de S. aureus, com a finalidade de se identificar a origem e a disseminação das infecções. Com o propósito de evidenciar diferenças ou similaridade entre amostras e, portanto, rastrear a sua disseminação, vários métodos da tipagens foram desenvolvidos. Entre eles estão a biotipagem, a sorotipagem e a resistotipagem (baseada no antígeno polissacarídico capsular), a fagotipagem e a resistotipagem (baseada no perfil de suscetibilidade a antimicrobianos). Atualmente, vem se dando preferencia a métodos moleculares, e a análise do DNA através de eletroforese de campo pulsado é um dos mais utilizados. Esta técnica tem disso grande contribuição para o entendimento da epidemiologia das infecções causadas por S. aureus e tem permitido definir a disseminação de clones epidêmicos em diferentes áreas geográficas (TRABULSI, L. R., 2008).

Tratamento e controle
            Embora o S. aureus possa ser suscetível á ação de várias drogas ativas contra bactérias Gram-positivas (tais como penicilina, cefalosporina, eritromicina, aminoglicosídeos, tetracilina e cloranfenicol), e também reconhecidas pela sua elevada capacidade de desenvolver resistência a todas. Portanto, a antibioticoterapia adequada das infecções estafilocócicas deve ser precedida da escolha da droga com base nos resultados de testes de suscetibilidade. No entanto, deve ser lembrado que amostras isoladas de pacientes hospitalizados frequentemente são mais resistentes do que amostras isoladas de pacientes em comunidade (TRABULSI, L. R., 2008).
            A resistência aos antimicrobianos em S. aureus é determinada por mutações em seus genes e/ou pela aquisição de genes de resistência de outras bactérias da mesma espécie, ou, eventualmente, de outras espécies. Em geral, a resistência por mutação é decorrente de uma alteração no sítio de ação do antibiótico, enquanto a resistência por aquisição de genes de resistência frequentemente evolve destruição ou inativação do antibiótico. Plasmídios e transposons contribuem de maneira significativa para o ultimo mecanismo (TRABULSI, L. R., 2008).
            A penicilina é a droga de escolha se a amostra for suscetível. Mas, a ampla disseminação de amostras resistentes a esse antimicrobiano reduziu baste o seu valor, isso porque há uma resistência á penicilina, que é decorrente da produção de enzimas (beta-lactamases), que é capaz de inativar essa droga. Também há resistência a meticilina, proveniente de um um gene (mecA), que codifica uma proteína que se liga penicilina com baixa afinidade pelo antimicrobiano (TRABULSI, L. R., 2008).
            A vancomicina é considerada  a droga de escolha para o tratamento de infecções estafilocócias graves, especialmente as causadas por amostras de MRSA. Entretanto, o surgimento recente de amostra com suscetibilidade diminuída a esse antimicrobiano, seguido, pouco depois, do isolamento de amostras plenamente resistentes, chama a atenção para o continua problemática relacionada ao tratamento e controle de infecções causadas pelos estafilococos, sobretudo por S. aureus (TRABULSI, L. R., 2008).
            A profilaxia das infecções hospitalares tem por base a aplicação de métodos de controle de infecção. O antibiótico mupirocina, de uso tópico, tem sido empregado com sucesso na eliminação da colonização das fossas nasais por S. aureus, reduzindo a incidência da infecção de feridas cirúrgicas. Entretanto, amostras resistentes a esse antimicrobianos podem ser encontradas em porcentuais bastante variáveis, de instituição para instituição (TRABULSI, L. R., 2008).



CONCLUSÃO

A Stapylococcus aureus afeta principalmente a pele, existe sintomas que aparecem mais em crianças do que em adultos, são de facilmente diagnosticadas, pode provocar tanto infecções primarias (cutâneas) como infecções secundárias (bactermias) , que se não tratadas pode causar outros tipos de doenças como endocardites, osteomeilite, etc.
Podem ser encontradas em várias partes do corpo como fossas nasais, trato intestinal e pele, elas podem ser causadas por bactérias do próprio indivíduo ou por bactérias provenientes do ar (que pode causar pneumonia). Em outros casos elas também podem causar infecções hospitalares.
O tratamento adequado para as infecções estafilocócicas deve ser precedido da escolha da droga embasado nos resultados dos testes de suscetibilidade. O tipo de droga utilizada no tratamento depende da gravidade da doença, sendo mais utilizadas no tratamento as seguintes drogas: penicilina, meticilina, vancomicina, mupirocina. Entretanto, as amostras resistentes as drogas pode sem encontradas em porcentuais bem variáveis, de instituição para instituição.




LITERATURAS CITADA:

SANTOS, A. L. et al Staphylococcus aureus : visitando uma cepa de importância hospitalar, Jornal Brasileiro de Patologia Médica Laboratorial, v. 43, n.6, p. 413-423, 2007.

TRABULSI, L.R.; ALTERTHUM F. Microbiologia. São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte: 2008.760p.

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