Arthur Pires da Silva
Acadêmico
do Curso Ciências Biológicas
INTRODUÇÃO
Os staphylococcus foram descritos pela primeira vez em 1880, em pus de
abscessos cirúrgicos, pelo cirurgião escocês Alexandre Ogston, e atualmente é
um dos microrganismos mais comuns nas infecções piogênicas em todo o mundo. Os staphylococcus
são pequenos cocos, Gram-positivos que apresentam isolados, aos pares, em
cadeia curta, ou agrupados (com aspecto semelhante a um cacho de uvas), com
aproximadamente 05 a 1,5 µm
de diâmetro, imóveis, não-esporulados e geralmente não-encapsulados. Eles
formam colônias normalmente grandes (1 a 2 mm de diâmetro) e cremosas, com
pigmentos que variam do branco a vários tons de amarelo, dependendo da espécie (SANTOS
et al., 2007).
Segundo
SANTOS et al. (2007), o Staphylococcus aureus é frequentemente encontrada na pele e nas fossas
nasais de pessoas saudáveis. Entretanto pode provocar doenças, que vão desde
uma simples infecção (espinhas, furúnculos e celulites) até infecções graves (pneumonia,
endocardite, síndrome do choque tóxico, e outras).
Embora
encontrado com relativa frequência como membro de microbiota normal do corpo
humano, o Staphylococcus aureus é uma
das bactérias mais importantes, uma vez que atua como agente de uma ampla gama
de infecções, variando desde aquelas localizadas, geralmente superficiais, até
algumas disseminadas, com elevada gravidade. Sua importância clínica tem
variado ao logo dos anos, tendo crescido particularmente devido ao aumento na ocorrência
de infecções hospitalares graves causadas por amostras multirresistentes
(TRABULSI, L. R., 2008).
OBEJTIVO
Apresentar informações a respeito da
sintomatologia, epidemiologia e controle da bactéria Staphylococcus aureus.
DESENVOLVIMENTO
Principais
Doenças
Patogenese
Em alguns processos, predomina um
quadro infeccioso caracterizado por danos aos hospedeiros, diretamente
associado á presença do microrganismo, enquanto em outras as manifestações são
basicamente de uma intoxicação, podendo a bactéria estar presente no organismo
ou não. As superficiais afetam a pele e o tecido celular subcutâneo e,
geralmente, são decorrentes da invasão direta dos tecidos por amostras de S. aureus existentes na pele ou nas
mucosas. As infecções associadas ás bacteremias são do tipo metastático ou
consequência da colonização direta das válvulas cardíacas, gerando endocardite.
Para que ocorra uma infecção metastática, a bactéria presente no sangue deve
primeiro atravessar a parede vascular, para então alcançar o tecido a ser
infectado. Muitas bactérias podem sobreviver no interior das células
endoteliais e, assim, ficar protegidas das defesas do organismo (TRABULSI, L.
R., 2008).
O sucesso da S. aureus como agente de infecção superficiais ou profundas depende
de sua capacidade em sobrepujar as defesas do organismo, representadas
principalmente pela opsonofagocitose. As opsoninas pode ser proteínas do
sistema complemento ou anticorpos contra estruturas da superfície da bactéria.
Assim, as infecções estafilocócicas são bem mais frenquentes em pacientes com
alterações quantitativas ou funcionais dos neutrófilos (TRABULSI, L. R., 2008).
Sintomas
Infecções Cutâneas e Subcutâneas:
O impetigo é uma infecção da epiderme que se localiza principalmente na face e
nos membros, mais comum em crianças jovens. Frequentemente ocorrem lesões
múltiplas devido a propagação secundaria do processo para áreas adjacentes da
pele. Estas lesões múltiplas se apresentam em diferentes estágios de
desenvolvimento. A foliculite é uma infecção do folículo piloso, com formação
de uma pequena coleção de pus abaixo da epiderme. O furúnculo ou abscesso é uma
extensão da foliculite que se apresenta sob a forma de nódulos dolorosos, com
uma coleção de pus na parte central. O carbúnculo ocorre quando os furúnculos
coalescem e a infecção se estende para os tecidos mais profundos. A S. aureus é a principal bactéria
causadora de infecções de feridas cirúrgicas (TRABULSI, L. R., 2008).
Bacteremias: O S.aureus
é uma das causas mais frequentes de bacteremias. A infecção é geralmente
adquirida quando do emprego de cateteres intravenosos. A bacteremia é um
processo secundário a infecções cutâneas ou de outros locais e pode dar origem
a diferentes tipos de infecções, tais como endocardites, osteomielites e
abcessos metastáticos em vários órgãos. Pode também evoluir para a sepse, com
mortalidade elevada (TRABULSI, L. R., 2008).
Endocardite: O S. aureus é responsável
por 25% a 35% de todos os casos de endocardite. Em usuários de drogas ilícitas,
é infecção é adquirida por meio de injeção intravenosa e a válvula mais
comprometida é a tricúspide. Os não usuários de drogas, a infecção é devida á
disseminação a partir de uma infecção local ou de cateteres intravenosos
colonizados e a taxa de mortalidade é alta (TRABULSI, L. R., 2008)
Pneumonia e Empiema: A
pneumonia pode ser devido á aspiração de secreção oral ou disseminação
hematogênica a partir de um foco infeccioso distante. A pneumonia por aspiração
é primariamente observada em crianças de tenra idade, em indivíduos idosos, em
pacientes com fibrose cística, influenza e bronquiectasias. A pneumonia estafilocócica
pode ser acompanhada de empiema, caracterizado pela coleção de material
purulento na pleura (TRABULSI, L. R., 2008)
Osteomielite: O S. aureus é a causa mais frequente de
osteomielite aguda e crônica. A doença pode alcançar os ossos por via hematogênica,
em consequência de traumas ou por extensão de infecções em tecidos contíguos.
Na disseminação hematogênica, o tipo de osso afetado depende da idade do
paciente. Na criança a bactéria se localiza quase nas extremidades dos ossos
longos. Com alguma frequência os pacientes com osteomielite hematogênica
apresentam antecedentes de infecções cutâneas ou de traumas (TRABULSI, L. R.,
2008).
Artrites:
O S. aureus é a causa primária de
artrite séptica em crianças, jovens e em adultos portadores de artrites
crônicas ou submetidos a diferentes tipos de tratamentos cirúrgicos.
Ocasionalmente, a artrite séptica origina-se de um foco de osteomielite
contíguo (TRABULSI, L. R., 2008).
Intoxicação Alimentar: Segundo
TRABULSI, L. R. (2008), a intoxicação alimentar estafilocócica deve-se à ação
de enterotoxinas liberadas por estafilococos que entram no alimento antes de
sua ingestão. Uma vez contaminado, se o alimento permanecer sem refrigeração,
ocorrerá o crescimento da bactéria. As amostras de S.aureus que contaminam os alimentos são geralmente provenientes de
indivíduos que manuseiam esses alimentos, podendo ser portadores assintomáticos
ou que apresentam algum tipo de infecção. A sintomatologia manifesta-se de uma
até seis horas após ingestão do alimento e consiste de: náuseas, vômitos,
cólicas abdominais, diarreia, sudorese e prostração. Comumente a reação não se
acompanha de febre e tem bom prognóstico.
Síndrome do Choque Tóxico: A
síndrome adquiriu grande proeminência no início da década de 1980, quando passou
a ser diagnosticada com relativa frenquência em mulheres no período menstrual
que usavam determinada marca de absorvente íntimo. Verificou-se, em seguida,
que a síndrome era devida á colonização por amostras de S. aureus existentes na vagina, as quais produziam a toxina TSST,
que hoje sabemos ser um superantígeno. Aproximadamente 50% dos casos de choque tóxicos
não associados á menstruação são causados por estafilococos produtores da
enterotoxina do tipo B (TRABULSI, L. R., 2008).
Síndrome da Pele Escaldada: Segundo
TRABULSI, L. R. (2008) é conhecida com doença de Ritter. Caracteriza-se,
principalmente, pelo descolamento de extensas áreas da epiderme, lembrando o
que ocorre quando a pele é banhada por água fervente. O deslocamento da epiderme
é consequência da destruição da desmogleína pela esfoliatina, produzida pelo S. aureus em um foco de infecção
distante e levada até a pele pela corrente sanguínea. O deslocamento da
epiderme observado no impetigo bolhoso é também provocado pela esfoliatina.
Epidemiologia
O Staphylococcus aureus pode ser encontrado em varias partes do
corpo, como fossas nasais, garganta, trato intestinal e pele. As infecções
estafilocócicas podem ser causadas por bactérias do próprio indivíduo, ou por
amostra adquiridas de outros doentes ou de portadores sadio. A transmissão
ocorre por contato direito ou indireto. As infecções superficiais e discretas
podem ser graves em recém-nascidos, pacientes cirúrgicos e em portadores de
doenças debilitantes como câncer e diabetes (TRABULSI,
L. R., 2008).
Em várias situações e,
particularmente, no caso de surtos epidêmicos de infecções hospitalares pode
ser necessário fazer a tipagem de amostras de S. aureus, com a finalidade de se identificar a origem e a
disseminação das infecções. Com o propósito de evidenciar diferenças ou
similaridade entre amostras e, portanto, rastrear a sua disseminação, vários
métodos da tipagens foram desenvolvidos. Entre eles estão a biotipagem, a
sorotipagem e a resistotipagem (baseada no antígeno polissacarídico capsular),
a fagotipagem e a resistotipagem (baseada no perfil de suscetibilidade a
antimicrobianos). Atualmente, vem se dando preferencia a métodos moleculares, e
a análise do DNA através de eletroforese de campo pulsado é um dos mais
utilizados. Esta técnica tem disso grande contribuição para o entendimento da
epidemiologia das infecções causadas por S.
aureus e tem permitido definir a disseminação de clones epidêmicos em
diferentes áreas geográficas (TRABULSI, L. R.,
2008).
Tratamento e controle
Embora o S. aureus
possa ser suscetível á ação de várias drogas ativas contra bactérias
Gram-positivas (tais como penicilina, cefalosporina, eritromicina, aminoglicosídeos,
tetracilina e cloranfenicol), e também reconhecidas pela sua elevada capacidade
de desenvolver resistência a todas. Portanto, a antibioticoterapia adequada das
infecções estafilocócicas deve ser precedida da escolha da droga com base nos
resultados de testes de suscetibilidade. No entanto, deve ser lembrado que
amostras isoladas de pacientes hospitalizados frequentemente são mais
resistentes do que amostras isoladas de pacientes em comunidade (TRABULSI,
L. R., 2008).
A resistência aos antimicrobianos em S. aureus é determinada por mutações em seus genes e/ou pela
aquisição de genes de resistência de outras bactérias da mesma espécie, ou,
eventualmente, de outras espécies. Em geral, a resistência por mutação é
decorrente de uma alteração no sítio de ação do antibiótico, enquanto a
resistência por aquisição de genes de resistência frequentemente evolve
destruição ou inativação do antibiótico. Plasmídios e transposons contribuem de
maneira significativa para o ultimo mecanismo (TRABULSI,
L. R., 2008).
A penicilina é a droga de escolha se a amostra for
suscetível. Mas, a ampla disseminação de amostras resistentes a esse
antimicrobiano reduziu baste o seu valor, isso porque há uma resistência á
penicilina, que é decorrente da produção de enzimas (beta-lactamases), que é
capaz de inativar essa droga. Também há resistência a meticilina, proveniente
de um um gene (mecA), que codifica
uma proteína que se liga penicilina com baixa afinidade pelo antimicrobiano (TRABULSI,
L. R., 2008).
A vancomicina é considerada a droga de escolha para o tratamento de
infecções estafilocócias graves, especialmente as causadas por amostras de
MRSA. Entretanto, o surgimento recente de amostra com suscetibilidade diminuída
a esse antimicrobiano, seguido, pouco depois, do isolamento de amostras
plenamente resistentes, chama a atenção para o continua problemática
relacionada ao tratamento e controle de infecções causadas pelos estafilococos,
sobretudo por S. aureus (TRABULSI,
L. R., 2008).
A profilaxia das infecções hospitalares tem por base a
aplicação de métodos de controle de infecção. O antibiótico mupirocina, de uso
tópico, tem sido empregado com sucesso na eliminação da colonização das fossas
nasais por S. aureus, reduzindo a
incidência da infecção de feridas cirúrgicas. Entretanto, amostras resistentes
a esse antimicrobianos podem ser encontradas em porcentuais bastante variáveis,
de instituição para instituição (TRABULSI, L. R.,
2008).
CONCLUSÃO
A
Stapylococcus aureus afeta
principalmente a pele, existe sintomas que aparecem mais em crianças do que em
adultos, são de facilmente diagnosticadas, pode provocar tanto infecções
primarias (cutâneas) como infecções secundárias (bactermias) , que se não tratadas
pode causar outros tipos de doenças como endocardites, osteomeilite, etc.
Podem
ser encontradas em várias partes do corpo como fossas nasais, trato intestinal
e pele, elas podem ser causadas por bactérias do próprio indivíduo ou por
bactérias provenientes do ar (que pode causar pneumonia). Em outros casos elas também
podem causar infecções hospitalares.
O
tratamento adequado para as infecções estafilocócicas deve ser precedido da
escolha da droga embasado nos resultados dos testes de suscetibilidade. O tipo
de droga utilizada no tratamento depende da gravidade da doença, sendo mais
utilizadas no tratamento as seguintes drogas: penicilina, meticilina,
vancomicina, mupirocina. Entretanto, as amostras resistentes as drogas pode sem
encontradas em porcentuais bem variáveis, de instituição para instituição.
LITERATURAS CITADA:
SANTOS, A. L. et al Staphylococcus aureus : visitando uma
cepa de importância hospitalar, Jornal Brasileiro de Patologia Médica
Laboratorial, v. 43, n.6, p. 413-423, 2007.
TRABULSI, L.R.; ALTERTHUM F.
Microbiologia. São Paulo, Rio de
Janeiro, Ribeirão Preto, Belo Horizonte: 2008.760p.
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