Aspectos gerais e morfológicos de Colletotrichum falcatum
Gustavo Rodrigues da Cunha
Acadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
Colletotrichum falcatum foi descrito em 1893 por Arch. Java Suikerindustrie. (INDEX FUNGORUM, 2011).
Segundo Dictionary of the Fungi (2008) C. falcatum possui algumas sinonímias como, Blennorella Kirschst., Colletostroma Petr., Colletotrichopsis Bubák., Dicladium Ces.,
Didymariopsis Speg., Ellisiella Sacc., Ellisiellina Souza da Câmara, Fellneria Fuckel, Fominia Girz., Gloeosporiopsis Speg., Lophodiscella Tehon, Peresia H. Maia, Publções., Phellomyces A.B., Frank, Ber. dt. bot. Ges., Rostrospora Subram. & K. Ramakr., Schizotrichella E.F., MorrisSteirochaete A. Braun & Casp., Vermicularia e Tode.
O fungo Colletotrichum falcatum segundo sua taxonomia pertence ao domínio Eukariota, reino fungi, subreino Dikarya, filo Ascomycota, subfilo Pezizomycotina, classe Ascomycetos, ordem Phyllachorales, família Phyllachoraceae, gênero Colletotrichum. (ZIPCODEZOO, 2011).
De acordo com Index Fungorum (2011) o Colletotrichum falcatum possui 706 espécies, 56 formae speciales e 81 variedades.
Existem, segundo Farr e Rossman (2011) 23 espécies descritas que hospedam Colletotrichum falcatum, estas são: Carica papaya (mamão), Cynodon dactylon, Dactylis glomerata, Dichorisandra sp., Echinochloa crus-galli, Eremochloa ophiuroides, Erianthus giganteus, Imperata cheesemanii, Ophiopogon japonicus, Pisum sativum var., Macrocarpon sp., Saccharum officinarum, Saccharum sp., Sorghum arundinaceum var. sudanense, Sorghum bicolor, S.halepense, S. vulgare, S. vulgare var. saccharatum, S. vulgare var. susdanense, S. vulgare var. technicum, Syngonium sp., Zebrina pendula, Soysia japônica, Z. tenuifolia.
O Colletotrichum falcatum foi resgistrado nos seguintes países: Australia, Bangladesh, Brasil, China, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, El Salvador, EUA, Ghana, Guatemala, Hawaii, Honduras, Índia, Indonésia, Jamaica, Japão; Malásia, Mauritius, México, Mississippi, Myanmar, Nepal, Holanda, Nova Caledonia, Nicaragua, Nigeria, Panama, Filipinas, Samoa, Ilhas Salomon, África do sul, Southern Africa, Sri Lanka, Taiwan, Tonga, Trinidad and Tobago, Vanuatu, Venezuela (FARR E ROSSMAN, 2011).
De acordo com Tokeshi e Rago (2005), o fungo Colletotrichum falcatum é um parasita obrigatório causando em sua fase teleomórfica a Podridão Vermelha – Glomerella tucumanensis na cana-de-açúcar. A doença causa prejuízos importantes á cultura, principalmente pela inversão da sacarose. São freqüentes os relatos de perda de 50 a 70% da sacarose em colmos atacados simultaneamente pelo fungo e pela Broca da Cana – Diatraea saccharalis. Reduções em toneladas de canas são bem menores, variando de 12 a 41,5% .
O agente causal é o Colletotrichum falcatum que corresponde, na fase perfeita, a Glomerella tucumanensis. Produz acérvulos sub-epidérmicos eruptivos com setas ou tortuosas, pardo escuras, septadas, abundantes e facilmente visíveis com lupa manual. Na base das setas estão conidióforos curtos, simples, hialinos, com conídios falcados (acanoados) unicelulares hialinos, granulosos e envoltos em massa gelatinosa que dá ao conjunto tom levemente rosado. Peritécios podem ser observados nas lesões foliares velhas e senescentes onde apenas o rosto é visível, pois a base do peritécio está embebida no tecido. Os ascósporos são hialinos, unicelulares, restos ou ligeiramente fusóides.(TOKESHI; RAGO, 2005, p. 191).
No Brasil o C. falcatum também foi relatado causando doenças em outros hospedeiros, tais como o lírio-da-paz (Spathiphyllum wallisii) apresentando manchas necróticas irregulares no limbo foliar, Singônio (Syngonium angustatum), milho (Zea mays), causando doenças como antracnose (LACERDA et al., 2006).
O C.falcatum foi relatado causando a mancha- café em feijão-fradinho na primavera-verão na zona da mata de minas gerais (Vieira et al., 2000).
Não foram encontrados relatos de que o fungo C. falcatum seja utilizado na indústria farmacêutica, médica ou que ele possua alguma aplicação industrial (VIDOTO, 2004).
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo C.falcatum.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho de identificação e descrição dos aspectos gerais e morfológicos do fungo Colletotrichum falcatum foi conduzido no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí.
Inicialmente, foram enviadas ao laboratório, amostras de cana de açúcar infectadas com alguma espécie de patógeno. Realizou-se cortes histológicos para verificar as áreas lesionadas, em seguida, as amostras foram levadas ao microscópio estereoscópico, proporcionando assim, uma visão macro detalhada da região lesionada. Uma lâmina microscópica havia sido preparada para receber os propágulos que seriam extraídos da lâmina, foi pega com uma pinça esterilizada, flambada em bico de bunsen e colocada na bancada ao lado do microscópio estereoscópico. No centro da lâmina foi gotejada uma gota de corante azul de algodão lactofenol.
Com luvas nas mãos, utilizando uma agulha previamente esterilizada, observando-se no microscópio estereoscópico, os propágulos foram delicadamente extraídos por meio do uso da técnica de raspagem, e em seguida despejados delicadamente sobre a região da lâmina aonde se encontrava o corante.
Os propágulos foram cuidadosamente macerados sobre a lâmina, a fim de se reduzir o risco de quebra da lamínula, e também facilitar a visualização de um maior número de estruturas.
A lamínula foi sobreposta a região da lâmina onde se encontravam os propágulos macerados em corante azul de algodão, o excesso de corante observado após essa operação foi limpo utilizando papel toalha.
Após removido todo o excesso de corante, com o uso de esmalte, a lamínula foi devidamente vedada a lâmina microscópica, aguardou-se alguns minutos para a secagem do esmalte, então a lâmina semi-permanente foi levada ao microscópio óptico.
Com a objetiva menor, de 4x, foi possível se ver quais espaços as estruturas ocupavam dentro da lâmina, na medida em que eram localizadas, eram acionadas objetivas maiores, no caso deste trabalho, utilizaram-se objetivas de 10x e também de 40x, para possibilitar uma visão mais detalhada das estruturas. Estas foram micro fotografadas com o auxílio de uma câmera digital Canon® modelo Power Shot A580.
As estruturas encontradas foram sendo comparadas com literaturas, também a origem dos propágulos e sintomas, e no fim de tudo, acabou identificando-se como agente causal daquela lesão na cana de açúcar o fungo Colletotrichum falcatum.
Para a conclusão do trabalho, as microfotografias foram editadas com o auxílio de softwares de fotografia, como o Paint, Photoscape, a fim de contemplar na fotografia as estruturas mais importantes, e também reduzir o tamanho dos arquivos, sem perder a qualidade, para a confecção de um documento mais leve.
Com o software Power Point, as microfotografias foram selecionadas e organizadas em formato de prancha de fotos para possibilitar maior agilidade e visibilidade a descrição micológica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA:
Produz acérvulos sub-epidérmicos errompentes (Fig.1A.), com setas retas ou tortuosas, pardo-escuras, septadas, abundantes e facilmente visíveis com lupa manual (Fig.1B, b1). O fungo é um parasita obrigatório que infecta a planta por meio de conídios e lesões nos tecidos vegetais. (Kimati,2005).O C. falcatum apresenta colônias brancas acinzentadas com micélio aéreo espeso e pequenas manchas densas, as massas de conídios são de cor rosa salmão (Fig. 1D), algumas culturas apresenta abundante micélio branco acinzentado, esporulação aérea branca pobre e não distintas dos acervulos. Escleródios ausentes ambas as raças. Cerdas espesas. Na base das setas estão conidióforos curtos, simples, hialinos, com conídios fusiformes unicelulares, hialinos (Fig.1E), e envoltos em massa gelatinosa que dá ao conjunto tom levemente rosado (Sutton, 1980).
Tabela 1 Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de Colletotrichum falcatum com os elementos morfológicos e morfométricos descritos por outro autor.
Características | Da descrição | CMI DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI AND BACTÉRIA |
Dimensões do conídio | 30x5µm | 26.5x4 |
Forma do conídio | Falcada fusiforme | Falcado fusiforme |
Cor da colônia | Branca acinzentada | Branca acinzentada |
Cor da assa gelatinosa | Salmão rosa | Salmão Rosa |
Produção de Escleródio | Ausete | Ausente |
Os Elementos morfológicos e morfométricos que sofreram sucessitivas medições foram comparados com os elementos morfológicos e descritos em CMI DESCRIPTIONS OF PATHOGENIC FUNGI AND BACTÉRIA e tiveram uma variação considerável entre as dimensões do conídio e não apresentou nenhuma variação entre os demais itens citados.
LITERATURA CITADA.
FARR E ROSSMAN, Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Disponível em < http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/fungushost/new_frameFungusHostReport.cfm/>. Acessado em dezembro de 11.
INDEXFUNGORUM, Colletotrichum falcatum. Disponível em< http://www.indexfungorum.org/names/NamesRecord.asp?RecordID=157602>. Acessado em novembro de 2011.
INDEXFUNGORUM, Colletotrichum. Disponível em< http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp?pg=4>. Acessado em Dezembro de 2001
LACERDA, J. P., SOUZA, R.M., PFENNING, L.H. &
ALVES, E. Ocorrência de Colletotrichum falcatum em lírio da paz e
singônio no Brasil.Revista oficial da Sociedade Brasileira de Fitopatologia, vol.31, ano 2006. Lavras: MG, 2006.
SUTTON, B.C. The Coelomycetes. Surrey. CMI Kew. 1980.
TOKESHI, H E RAGO, A. Doenças da cana-de-açucar. In: KIMATI, H., AMORIM, L., REZENDE , J..A.M., BERGAMIM FILHO, A., CAMARGO, L.E.A. Manual de fitopatologia – doença das plantas cultivadas. Editora Ceres, 4ª Ed., São Paulo, SP, Vol,2. 2005.
VIEIRA R. F.; VIEIRA C.; CALDAS M. T., Comportamento do feijão-fradinho na primavera-verão na zona da mata de minas gerais, Pesq. agropec. bras., Brasília, v.35, n.7, p.1359-1365, jul. 2000.
VIDOTO, V. Manual de Micologia médica. São Paulo: Tecmedd, 2002. 204 p.
ZIPCODEZOO, Colletotrichum falcatum. Disponível em .Acessado em novembro de 2011.
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