terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Aspectos gerais e morfológicos de Achlya radiosa


Aspectos gerais e morfológicos de Achlya radiosa.
                                                                                                                         Alex Lavado Tolardo
Acadêmico do Curso de Agronomia

1.    INTRODUÇÃO

Oomicetes ou Oomicota é uma classe de organismos filamentosos, unicelulares, que se assemelham morfologicamente a fungos. A maioria dos Oomicetos é composta por decompositores (saprófitos), como por exemplo,  Phytophthora infestans, que provoca a doença chamada requeima da batata, a qual praticamente destruiu a plantação de batatas na Irlanda, provocando a “fome das batatas e Plasmopara viticola, que provoca a doença chamada "míldio dos vinhedos", matando as plantas, que no fim do século XIX, provocou uma devastação nos vinhedos da França, prejudicando a fabricação do vinho (WIKIPÉDIA, 2011).
Organismos zoospóricos incluídos em Oomicota apresentam talo holocárpico ou  eucárpico, micelial e cenocítico e não possuem relação filogenética com os fungos superiores, estando mais próximos de organismos heterocontos. Ao contrário do aspecto achatado observado nas mitocôndrias dos fungos, estas estruturas em oomicetos apresentam-se tipicamente proeminentes e com cristas tubulares. A composição da parede celular também tem sido importante para a separação destes organismos que apresentam, predominantemente, β-glucanos e celulose, com pequenas quantidades de quitina em alguns representantes (MOORE-LANDECKER, 1996; ALEXOPOULOS  et al., 1996).
A reprodução sexuada pode ser por oogamia, ocorrendo pelo contato dos gametângios masculinos e femininos e após a fusão dos núcleos, com o oósporo (zigoto), sendo formado por copulação de gametângios, com todo o talo comportando-se como um gametângio (masculino ou feminino) ou por partenogênese (MOORE-LANDECKER, 1996; ALEXOPOULOS  et al. 1996).
Oomicetos também são habitantes frequentes de água doce e/ou solo, e eventualmente de águas marinhas, nas quais ocorrem. Avaliação da diversidade de organismos zoospóricos como sapróbios, no entanto, entre seus representantes também estão parasitas importantes (NASCIMENTO, 2010).
Espécies dos gêneros Saprolegnia, Achlya e Aphanomyces  podem parasitar peixes e seus ovos, e em Pythium  e  Phytophthora ocorrem espécies fitopatógenas (MOORE-LANDECKER, 1996; ALEXOPOULOS et al., 1996).
            Farr e Rosman (2011) em seu bando de dados de fungos no mundo, apontaram a ocorrência de 23 espécies de fungos no gênero Achlya  no mundo, sendo elas A. ambisexualis, A. americana, A. apiculata, A. aquatica, A. caroliniana, A. colorata, A. crenulata, A. debaryana, A. diffusa, A. flagellata, A. klebsiana, A. oblongata, A. oligacantha, A. papillosa, A. polyandra, A. prolifera, A. racemosa, A. radiosa, A. recurva A. rodrigueziana, Achlya sp. e A. treleaseana.
            Achlya radiosa é um organismo decompositor (saprófito), pertence ao reino Chromista, classe Oomycota, ordem Saprolegniale, família Saprolegniaceae, gênero Achlya, espécie A. radiosa. Não há descrição e/ou identificação da fase anamórfica. Apresenta Achlya pseudoradiosa  como sinonímia (INDEX FUNGORUM, 2011).
            Achlya radiosa foi relatado infectando Juncus conglomeratus na Polônia (CZECZUG et al., 2007) e na Holanda (MELNIK e PYSTINA, 1995) (FARR e ROSMAN, 2011). Não há descrição do uso dessa espécie sendo utilizada na indústria, para uso alimetício, medicamentoso ou causando doença em humanos ou animais.
A espécie Achlya radiosa é facilmente reconhecida pela presença de oogônios com ornamentações mamiformes e duplo-mamiformes, oósporos subcêntricos e anterídios andróginos, os quais foram observados nos espécimes isolados, concordando com Johnson et al.  (2005). Foi descrita pela primeira vez no Brasil como  Achlya pseudoradiosa  por Beneke e Rogers (1962) e, devido  às formas das ornamentações oogoniais, foi colocada em sinonímia com Achlya radiosa por Johnson et al. (1975).
Várias propostas para dividir o gênero em subgêneros ou subgrupos apareceram na literatura. Uma tentativa inicial de tal divisão era de Schroter (1893), em que dois subgêneros foram reconhecidos, Euachlya (para quelas espécies com ovogônias lisas) e para os omamentados Achlya spinosa, Acanthachlya (ALEXOPOULOS et al., 1996).

2.    MATERIAIS E MÉTODOS

            O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí, onde foi analisado em microscópio óptico,  uma lâmina semi- permanente, pertencente à coleção micológica do Laboratório de Microbiologia. Nesta lâmina semi-permanente estavam presentes as estruturas do fungo em estudo.
A espécie descrita, Achlya radiosa, como previamente dita, não coloniza regiões da América do Sul e Brasil com freqüência. Com isso, para este trabalho, não foi possível a coleta de espécimes da mesma.
            As lâminas foram visualizadas em microscópio óptico 10x e 40x para identificação das estruturas do fungo presentes na lâmina. Foram feitas as medições das estruturas do patógeno em microscópio óptico e tiradas fotos com câmera digital Canon® modelo Power Shot A580, dos frutos de pêssego com os sintomas e sinais do patógeno em microscópio estereoscópio e das estruturas do fungo presentes nas lâminas visualizadas no microscópio óptico em ocular 40x. A prancha de fotos foi confeccionada utilizando o programa Microsoft Office Power Point e programa de edição de imagens PhotoScape.


RESULTADOS E DISCUSSÃO

 
Descrição Micológica

Monóicas: Micélio visivelmente moderado a densa, ou difuso e extenso; hifas delgadas, moderação ramificada abundante (Fig.1A). Esporângios fusiformes e cilíndricos, retas, curvas ou irregulares.
Monomórfica: descarga e comportamento achlyoide, em alguns casos, não se formou esporângio, e cumprimento do esporângio ede suas protoplasma amorfa, cistos de esporos primários 13-08 µm de diâmetro. Ovogônias lateral, geralmente em um arranjo racemoso, ocasionalmente terminal ou intercalares, esférico, subsferical, ou amplamente obpiriforme. 42-59  µm de diâmetro, incluindo ornamentações da parede. Parede oogonial, geralmente com ornamentações mamiformes, ocasionalmente e adicionalmente com os bifurcações únicas, raramente tendo papilas simples, raramente crenulante, tamanho e densidade das ornamentações variável.
Presença de oogônios esféricos (Fig. 1E), caules oogonial uma vez o diâmetro do oogônio de comprimento (Fig.1C), retas, curvas, curvados, às vezes,irregular. Oósporos subcentricos; esférica, elipsoidal, ou ovais, 1-3 (-6) por oogonio, e às vezes, enchendo-o, 29-35 µm de diâmetro, germinação não observada (Fig. 1BD). Ramos anteridial predominantemente andrógino, com pouca freqüência. De origem distante, raramente diclina; delgada, irregular, arqueados, ou torcidos. Células anteridiais simples, clavada, persistindo apicalmente apresso, tubos de fertilização presente ou ausente, não persistindo.

Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos do isolado em estudo com os descritos por Johnson et al.  (2005)
Descrição morfológica e morfométrica
Isolado em estudo
Johnson et al.  (2005)
Oogônio (diâmetro)
29-35 µm
34 (30-38) μm
Caule oogonial
Presença
nd
Oósporos (diâmetro)
08-13 µm
12 (8-15) μm
Figura 1. Aspectos gerais e morfológicos de Achlya radiosa. A. Oogônio esférico (bar= 6,4 µm). B e C. Oósporos esféricos (bar(B) 13 µm; bar(C)= 9,75 µm . D. Micélio fúngico de A. radiosa observado em microscópio estereoscópio. E. Oogônio com presença de caules oogonial (bar= 32 µm). F. Placa de Petri contendo disco de micélio do fungo em estudo.
 


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALEXOPOULOS, C.J., MIMS, C.W. & BLACKWELL, M. 1996. Introductory Mycology. 4 ed. New York: John Wiley , Sons, Inc.

BENEKE, E.S. & ROGERS, L. 1962. Aquatic Phycomycetes isolated in the states of Minas Gerais, São Paulo and Paraná, Brazil. Rickia 1: 181–193.

CZECZUGA, B., MUSZYNSKA, E., GODLEWSKA, A., MAZALSKA, B. 2007. Aquatic fungi and straminipilous organisms on decomposing fragments of wetland plants. Mycol. Balcan. 4: 31-44.

FARR E ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: . Acessado em: 11/12/2011.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: . Acessado em: 10/12/2011.

JOHNSON JR., T.W., SEYMOUR, R.L. & D.E. PADGETT.  2005. Systematics of the Saprolegniaceae: New taxa. Mycotaxon 92: 1-10.

JOHNSON JR., T.W., ROGERS, AL. & BENEKE, E.S.  1975. Aquatic fungi of Iceland: comparative morphology of Achlya radiosa, Achlya pseudoradiosa and Achlya stellata. Mycologia  67: 108-119.

MELNIK, V.A., PYSTINA, K.A. 1995. Novitates de micromycetibus reservati Svirensis inferioris. Novosti Sist. Nizsh. Rast. 30: 29-36.

MOORE-LANDECKER, E.  1996. Fundamentals of the Fungi. 4 ed. Prentice Hall, Inc., New Jersey.

NASCIMENTO C.A., PIRES-ZOTTARELLI C.L.A. 2009. Chytridiales (Chytridiomycota) do Parque Estadual da Serra da Cantareira. Acta Botanica Brasilica 23: 459–473.

WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Oomycetes>. Acessado em: 20/11/2011.




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