Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação Goiano campus Urutaí
Curso de Agronomia
Disciplina de Microbiologia Geral
Fabrício Santana
Descrição Micológica
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris spicifera
Descrição micológica utilizada para avaliação bimestral da disciplina de Microbiologia Geral ministrada pelo professor Dr. Milton Luiz da Paz Lima, no IFGoiano campus Urutai.
Urutaí, 01 de novembro de 2011
Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris spicifera
Fabrício Santana
Acadêmico do curso de Agronomia
- INTRODUÇÃO
Foi descrito pela primeira vez em 1971, por Bainier Subram. Pela sua classificação taxonômica, Bipolaris spicifera pertence ao reino Fungi, filo Ascomycota, classe Euascomycetes, ordem Pleosporales, família Pleosporaceae, gênero Bipolaris. Apresenta como basyonímia Brachycladium spiciferum Bainier 1908 e como forma teleomórfica Cochliobolus spicifer Nelson (INDEXFUMGORUM, 2011)
Bipolaris é um fungo, dematiáceos, cosmopolita por natureza e vive isolado em detritos vegetais e solo, ou seja, natureza saprófita. O gênero Bipolaris contém diversas espécies. Entre estas, três espécies são conhecidas como patogênicas são elas, Bipolaris spicifera, Bipolaris australiensis e Bipolaris hawaiiensis.(DOCTORFUNGUS, 2011)
É possível se encontrar Bipolaris spicifera também em sementes de Cártamo (Carthamus tinctorius) que é uma planta oleaginosa, adaptada ao clima semi-árido com potencial de uso na produção de biocombustível. (SILVA, 2007)
Bipolaris é um dos vários fungos graminicolous (que vivem em plantas, principalmente gramíneas) e é uma causa freqüente de Phaeohyphomycosis. O gênero Bipolaris atualmente acomoda três espécies, como B.Australiensis, hawaiiensis B. e B. spicifera. Sua morfologia colônia em SDA se assemelha a Drechslera.(PATIL, 2011)
Existem em todo o mundo relatos de 24 diferentes hospedeiras para Bipolares spicifera, sendo encontrados no Brasil, 4 hospedeiras, Oryza sativa,Phaseolus vulgaris,Sorghum bicolor, Zea mays. As demais foram observadas no Irã em Arachis hypogaea, na Austrália em Avena sativa, Triticum aestivum e Hordeum vulgare, Secale cereale, Nos Estados Unidos, no estado da Virginia em Paspalum leave, Chloris verticillata, Cynodon dactylon, Deschampsia flexuosa, Eragrostis cilianensis, em Tennessee em Panicum vingatum, no Mississipi em Sorghum halepense, na Califórnia em Pistácia Vera , no México em Quercus xalapensis, na Turquia em Sorghum, sp. e Sorghum bicolor, na Índia em Vigna aconitifolia , no Kenya em Commelina benghalensis, na China em Soil. (FARR & ROSSMAN, 2011)
Como patógeno de plantas, me julho de 2009, uma doença foi observada em plantações de sorgo na província de Sakarya, causando manchas foliares. A incidência e severidade da doença foram avaliadas em 45% e 25-75%, respectivamente. Os sintomas típicos são cor de palha, lesões necróticas com margens mais escuras. As lesões eventualmente se fundiram, resultando na secagem das folhas. Um fungo foi isolado das lesões em ágar batata dextrose (PDA) incubadas sob luz ultravioleta próximo para 12 h por dia a 22 ° C por 2 semanas. O fungo causal foi identificado como Bipolaris spicifera (ÜNAL, et al,2011).
Bipolaris spicifera é a espécie mais comum de Bipolaris citada como agente causador de doenças no homem, é uma causa freqüente de Phaeohyphomycosis, também é frequentemente apontada como causa de sinusite fúngica, especialmente no sul e sudoeste dos EUA, e outras áreas de clima temperado. Tem sido relatado também como um agente de doença cutânea, ceratite micótica, e sinusite fúngica alérgica. Em animais, há relatos de causa de Torulopsis glabrata em um cão. (DOCTORFUNGUS, 2011)
Literaturas confirmam que Bipolaris spicifera produz a micotoxina sterigmatocystin, que se mostrou causadora de danos ao fígado de animais de laboratório (EESINC, 2011).
Muitas vezes é apontado como agente causal de sinusite fúngica, meningite, peritonite e doença disseminada em recém-nascido. O teste de tubo germinativo é de grande importância para diferenciar Bipolaris e Drechslera. B. spicifera é uma causa incomum de abscesso da córnea, a precisa identificação do fungo causador da estratégia e instituição de tratamento adequado pode salvar o olho por esta causa evitável de cegueira. (PATIL, 2011).
Isolamento e identificação de fungos têm contribuído para um rápido estabelecimento do diagnóstico dessa entidade clínica. Como B. spicifera é uma causa incomum de abscesso da córnea, a precisa identificação do fungo causador da estratégia e instituição de tratamento adequado pode salvar o olho por esta causa evitável de cegueira (PATIL, 2011).
Há relatos escassos na Bipolaris spicifera como causa de keratomicosis na literatura. Hemashettar et al. (Apud patil, 2011) e Koshy et al. (Apud patil, 2011) relataram um caso cada em 1992 e 2002, respectivamente, em pacientes com hanseníase. Patil, 2011.
Há também relato de um homem de 38 anos que se apresentou no departamento de oftalmologia com dor, vermelhidão e secreção aquosa do olho direito durante oito dias. Havia histórico de trauma vegetativo no olho direito sofrido na atividade de corte de cana, quatro dias antes do início dos sintomas. No exame, houve leve edema palpebral, conjuntiva congestionadas, e a visão parcialmente prejudicada. O exame biomicroscópico mostrava abscesso corneano medindo 3 mm × 2 mm na área pupilar, com raia de hipópio e presença de lesões satélites. Raspados de córnea foram coletados sob condições assépticas e foram submetidos a microscopia e isolamento em meio de cultura. Em meio de cultura observou-se o surgimento de estruturas que foram identificadas como pertencentes a espécie Bipolaris spicifera com base na morfologia dos conídios. PATIL, 2011.
Houve poucos relatos no Japão de pacientes com sinusite fúngica alérgica (AFS). Descrevemos dois casos causados por Bipolaris spicifera e Schizophyllum comungar. Os pacientes eram uns homens de 70 anos (caso 1) e uma mulher de 55 anos (caso 2). Ambos apresentaram obstrução nasal e secreção nasal purulenta. Exames revelaram que cada um tem uma massa de tecido mole que se estende desde o seio etmoidal para o seio esfenoidal. Além disso, estudos patológicos sobre o conteúdo dos seios paranasais de ambos os pacientes revelaram a presença de elementos fúngicos na mucina alérgica. Estudos microbiológicos resultaram na recuperação de Bipolaris spicifera de Caso 1 e de Schizophyllum comungar no Caso 2. Até o momento não houve relatos de AFS. É muito importante o diagnóstico de AFS para demonstrar a presença de elementos fúngicos na mucina alérgica. (TAGUSHI, et al. 2004)
Em julho de 2009, uma doença foi observada em plantações de sorgo na província de Sakarya, causando manchas foliares. A incidência e severidade da doença foram avaliadas em 45% e 25-75%, respectivamente. Os sintomas típicos são cor de palha, lesões necróticas com margens mais escuras. As lesões eventualmente se fundiram, resultando na secagem das folhas. Um fungo foi isolado das lesões em ágar batata dextrose (PDA) incubadas sob luz ultravioleta próximo para 12 h por dia a 22 ° C por 2 semanas. O fungo causal foi identificado como Bipolaris spicifera que possui como teleomorfo Cochliobolus spicifer Nelson (ÜNAl, et al,2011).
Foi descrito pela primeira vez em 1971, por Bainier Subram. (INDEXFUMGORUM, 2011)
Literaturas confirmam que Bipolaris spicifera produz a micotoxina sterigmatocystin, que se mostrou causadora de danos ao fígado de animais de laboratório (EESINC, 2011).
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos físicos e morfológicos de Bipolaris spicifera.
2. MATERIAIS EMÉTODOS
2. MATERIAIS EMÉTODOS
Este trabalho foi conduzido no Laboratório de Micologia da Embrapa Cenargen. Foram enviadas ao laboratório amostras de sementes de algodão infectadas, estas foram levadas a bancada, e observadas em um microscópio estereoscópico, a fim de se localizar o agente contaminante.
Uma lâmina foi preparada para receber os propágulos que estavam para ser extraídos, com o auxílio de uma pinça esterilizada, a placa foi flambada em bico de bunsen, e colocada sobre a bancada, em seu centro foi colocada uma gota de fixador azul a base de algodão.
Uma agulha foi esterilizada, e com a pinça, as sementes eram pegas, e com a agulha por meio de raspagem os propágulos eram extraídos, e logo em seguida depositados no centro da lâmina, aonde estava a gota de fixador. Após depositados, foram devidamente macerados com a agulha, para diminuir o tamanho dos propágulos e evitar quebra da lamínula que em seguida seria sobreposta a região central da lâmina.
Após sobreposta a lamínula, utilizou-se de papel toalha para a remoção do excesso de fixador, e esmalte para vedar a lamínula junto à lâmina.
Assim confeccionou-se a lâmina semi-permanente, que em seguida foi levada ao microscópio óptico, onde se foi possível localizar as estruturas graças a visão macro da mesma proporcionada pela objetiva menor, de 4x.
À medida que as estruturas eram localizadas com a objetiva de 4x, utilizava-se de objetivas maiores para uma visualização mais detalhada das estruturas, que eram micro fotografado com uma câmera digital Cânon modelo Power Shot A580.
Comparando a morfologia das estruturas encontradas a imagens e literaturas, além de efeitos do indivíduo sobre seu hospedeiro, identificou-se sendo um fungo, sendo ele Bipolares spicifera.
As microfotografias foram editadas com auxílio do software paint, tiveram seu tamanho reduzido, para que a foto contemplasse as estruturas que eram realmente importantes, em seguida, foram organizadas em forma de prancha no software Power Point com a finalidade de ilustrar a descrição micológica.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris specifira. Fig.A. Conídio pseudo septado com conidióforo retilíneo com proliferação simpodial, Fig.B.Conidioforo entre conídios pseudo septadosFig.C. Conidióforo retilinio com proliferação simpodialFig.D. Conídios pseudo septados Fig.E.Conidio pseudo-septado em atividade metabólica.
Descrição micológica:
Conidióforos 70-218 (96) x 7-10μm (7)μm, macronemáticos, monemáticos, lisos, septados, simples, flexuosos, geniculados no ápice com muitas cicatrizes conidiais e marrons. Células conidiogênicas integradas, politréticas, terminais e frequentemente intercalares, simpodiais e cicatrizadas.
As colônias crescem rapidamente, chegando a um diâmetro de 3 a 9 μm em incubação a 25 ° C por 7 dias em ágar batata dextrose. A colônia torna-se madura dentro de 5 dias. A textura é aveludada para lanoso. A superfície da colônia é inicialmente de branca a castanho-acinzentada e torna-se verde-azeitona a preto com uma periferia cinzenta, que é levantada à medida que amadurece.
As hifas são septadas e marrons. Conidióforos (Fig. C) (4,5-6 μm de largura) são marrons, simples ou ramificados, geniculados e simpodiais, dobrando os pontos onde cada conídio surge (Fig. A, Fig. B). Esta propriedade leva ao aparecimento de ziguezague do conidióforo. Os conídios, que são também chamados poroconidia, são 3-6 μm, unicelulares, fusoides de forma cilíndrica, a luz de cor marrom escuro(D) e têm padrão de crescimento simpodial geniculado. O poroconidium (30-35 x 11-13,5μm) é distoseptado e tem um pouco protuberante hilo, pigmentadas. Esta cicatriz basal indica o ponto de ligação ao conidióforo. A partir da célula terminal dos conídios, tubos germe podem se desenvolver e alongadar na direção do eixo longitudinal do conídios(Fig.E).
Quadro comparativo
Estruturas | Medidas Santana, F. | Medidas SUBRAN, B. |
Conidióforos | 55-230 x 9-13μm | 70-218 x 7-10 μm |
Conídios | 2,5-7μm | 3-6μm |
Colônias | 5-12μm | 3-9μm |
LITERATURA CITADA.
DOCTORFUNGUS, Bipolares spicifera. Disponível em . Acessado em novembro de 2011.
EESINC, Descriptions of several individual mold species. Disponível em . Acessado em novembro de 2011.
FARR E ROSSMAN, Banco de dados para consulta de hospedeiros de táxons fungicos, disponível em. Acessado em dezembro de 2011.
INDEXFUNGORUM, Bipolares spicifera. Disponível em . Acessado em outubro de 2011.
PATIl, S.; KULKARNI, S.; GADGIL, S.; JOSH, A. Corneal abscess caused by Bipolaris spicifera. Indian J Pathol Microbiol 2011; 54:408-10
SILVA, V.A.M.; URBEN, A.F.; OLIVEIRA, A.S.; CHAGAS, G.R.; PAZ
LIMA, M.L.; MENDES, M.A.S. Fungos exóticos em sementes de Carthamus tinctorius interceptados pela EQVN 1. Brazilian phytopathology, vol.32 suplemento, agosto, 2007.
TAGUCHI, K.; OHARASEKI,T.; YOKOUCHI,Y.; KAWABATA, T. ; WAKAYAMA, M.; OGOSHI,T.; IWABUCHi, S.; SHIBUYA,K.; NISHIMURA, K.;TAKAHASH, K.Allergic fungal sinusitis caused by Bipolaris spicifera and Schizophyllum commune.Med MolMorphol. 2006 Dec ;39 (4):187-192 17187180
ÜNAL, F.; TURGAY, E. B.; & YILDIRIM, A. F.First Report of Leaf Blotch on Sorghum Caused by Bipolarisspicifera in Turkey . Plant Disease, April 2011, Volume 95, Number 4
Pages 495.2 - 495.2.
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