Aspectos gerais e morfológicos de Bipolaris sorokiniana
Danilo Messias
Acadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
A espécie Bipolaris sorokiniana foi descrita por Shoemaker (1959) não exibindo nenhum revisor. O gênero Bipolaris apresenta 116 espécies, não apresentando nenhuma formae especialis e nenhuma variedade descrita em literatura Index Fungorium (2011).
B. sorokiniana apresenta as seguintes sinonímias, Cohlioboluss tenospilus, Bipolaris Drechslera). Helminthosporium sorokinianum Sacc. Descrito por Sorok e publicado na revista Transactions of the Society of National University of Kazan 22:15,1890. Helminthosporium sativum Pammel,descrito por King & Blake, 1910. Helmithosporium acrothecioides descrito por Lindfors,1918. Helmithosporium californicum descrito por Mackie& Paxton,1923 de acordo com Sivaneson (1990).
Segundo a taxonomia, sua fase anamorfo pertence ao Reino Fungi,Filo Ascomycota ,Sub-Filo Dothideomycetes ,Ordem Pleosporomycetidae , Classe Pleosporales, Família Pleosporacea.(INDEX FUNGORUM 2011).Não possuindo assim fase teleomorfa pois se reproduz por esporos .
O fungo B.sorokiniana caracteriza-se pelo saprofitismo, a sobrevivência pode ocorrer em sementes ou ainda na forma de conídios livres, dormentes no solo.Pela miscostase, estes esporos podem manter sua variabilidade por um período de até 37 meses nas condições do Rio Grande do Sul .Nutricionalmente dependem , portanto do hospedeiro , não trocando de substrato saprofítico.(REIS &FORCELINI,1995).
Com base em literatura FARR E ROSSMAN que catalogam, ocorrências fungicas no mundo inteiro, o fungo B. sorokiniana e fitopageno em aproximadamente 210 hospedeiros pelo o mundo inteiro valendo destacar os seguintes casos, Agropyron cristatum (gramíneas), tendo incidência no Canada (Conners, I.L. 1966), Agrostis sp (gramíneas grande grupo de monocotiledôneas), com ocorrência no Canada (Ginns, J.H. 1986), Virginia (Roane, C.W., and Roane, M.K. 1996) e Hawaii(Raabe, R.D., Conners, I.L., and Martinez, A.P. 1981.), Avena Byzantina( aveia amarela) registrando ocorrência no Brasil e Avena Sativa (aveia-cultivada),o fungo B.sorokiniana também e fitopatogéno em Brachiaria plantaginea, Digitaria sanguinalis (capim colchão), Festuca arundinacea(gramínea), ,Glycine max, ocorrendo também Oryza sativa (arroz), Triticum secale(trigo),Triticum aestivum (trigo), (Mendes, M.A.S., da Silva, V.L., Dianese, J.C., and et al. 1998), Soil na China estes são os hospedeiros mais frequentes e importantes , infectados por B.sorokiniana, com base neste mesmo pressuposto indica-se que o fungo B. sokiniana, é praga comum em culturas como a de trigo aveia e em gramíneas tendo casos esporádicos entretanto importante em culturas de arroz.
Em simpósios anuais de fitopatologia o fungo B. sorokiniana foi citado com relação aos danos causando manchas foliares de cevada, e a experimentos relacionados com a indução de resistência em plantas de cevada, sendo tratadas co m extrato de gengibre é apresentando 90% de resistência perante a variabilidade do fungo.(SILVA, A. A. & BACH, E. E ,2005).
No anual de 2006 MELO. E. R & TREZZI. R. C , o fungo B. sorokiniana foi citado como praga chave na cultura de trigo.
O fungo B.sorokiniana é fitopatógeno em gramíneas, incluindo cereais (cevada, aveia, centeio, trigo) e outras plantas.
Os efeitos mais notórios de B.sorokiniana é uma necrose causada pela mancha - marrom que é notada no pé e na raiz de cereais de clima temperado.
A podridão de raízes causada por B. sorakiniana, é o mesmo agente da moléstia em trigo e cevada. Todavia os sintomas em aveia são bem menos intensos , uma vez que o fungo não se multiplica nesta cultura , o que permite a inclusão da aveia na rotação de culturas com trigo ou cevada(SIVANESSON,1990).
Bipolaris sorokiniana é um fungo fitopatógenico também em gramíneas(que também podem ser infectadas por mancha-parda), sendo mais importante nas culturas de trigo e de cevada, ocasionando moléstias como a podridão comum da raiz, carvão do nó, ponta preta dos grãos e mancha marrom. No Brasil esse fitopatógeno encontra-se disseminado em todas as regiões tritícolas. O uso de sementes sadias ou tratadas adequadamente com fungicidas é de grande importância para o controle dofungo .Haja visto que o diagnóstico é dificultado pela grande variabilidade fisiológica e morfológica que o patógeno apresenta (LUME, 2011).
A patogenicidade de B. sorokiniana em trigo (Triticum vulgare) causa a mancha –marrom(Triticuma estivum). As principais doenças que afetam o sistema radicular do trigo são a podridão comum, causada por Bipolaris sorokiniana.O controle mais eficaz para essas doenças é a utilização de sementes sadias, pois Bipolaris é transmitido por sementes, e a rotação de culturas, visando a redução do inoculo na palha (Santos et al., 1999).Como na cultura do trigo estadoença apresenta duas fases distintas , caracterizadas pelo ataque aos órgãos aéreos e ao sistema radicular. Em cultivares á mancha reticular e a mancha – marrom tornam-se os principais fitopatógenicos. Contudo na cevada o patógeno desenvolve- sena fase final da cultura .Esta condição vem aliada ao fato que o produtor suspende a aplicação de fungicida, isto determina a maior incidência de B.sorokiniana na semente podendo chegar ate a 90%. As condições que favorecem a proliferação deste fungo consistem em molhamento superior a 20 horas e temperaturas acima de 20º e 25ºC.(FORCELLINI e REIS, 1995).
Segundo VIDOTTO (2004) e LUZ (2009), em suas respectivas obras, não foram descritos casos de B.sorokiniana causando doenças em seres humanos, tendo em vista que o mesmo e fitopatógeno e saprófago .
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Bipolaris sorokiniana.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no laboratório de Micologia Cenargem, localizada em Brasília, DF.
Os propágulos do fungo foram retirados de sementes de cevada. As sementes foram colocadas em uma caixa do tipo Gerbox com papel filtro e água destilada para o desenvolvimento das colônias fúngicas , após 48h (quarenta e oito horas ) apanhou-se as sementes da caixa foram utilizadas para a visualização em microscópio estereoscópio com a finalidade de se encontrar propágulos fúngicos. As amostras foram colocadas em uma lâmina contando uma gota de fixador a base de azul metileno. Logo foi colocada uma lamínula sobre a lâmina preparada . Após esse procedimento vedou-se a lâmina com esmalte .
A lâmina foi levada para a visualização no microscópio ótico .A primeira objetiva a ser usada deve ser a menor(4x).Nessa objetiva faremos a focalização dos propágulos fúngicos que estão depositados na lâmina . A próximo objetiva a ser aproveitada será a de (10x) e posteriormente a de (40x), com o intuito de observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.
O fungo foi identificado e descrito com o apoio da literatura de Sivaneson (1990) .O fungo identificado foi B.sorokiniana.
Para realizar a descrição morfometrica utilizou-se a ocular micrométrica (WF 10x118 sendo medida as 50 unidades das dimensões dos conídios e conidióforos.
Posteriormente foram realizados micro e macro fotografias das estruturas fúngicas no microscópio e estereoscópio utilizando câmera digital Sony® modelo Power Shot modelo N50 , do acadêmico Danilo Messias do Vale. Para confecção da prancha de fotos que foram editadas com o Windows Live Galeria de Fotos e a prancha confeccionada no Microsoft Office Power Point 2007.
Figura 1. Aspectos morfológicos de Bipolaris sorokiniana A.Conidióforo germinando o conídio (bar=1,16µm) ,B. Conidióforo e célula conidiogênica (bar=1,8µm), C.Conidióforo apresentando crescimento simpodial (bar=3,6µm), D.Conidióforo em crescimento simpodial (bar=2,84µm), E.Conídio mostrando em detalhe o hilo (bar=1,3µm),F. Seqüencia de conídios (bar=2,8), G.Conídio sendo germinado(bar=1,1µm).
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA :
O fungo B.sorokiniana apresenta , Conidióforos solitários ou em pequenos grupos, (fig. 1A), direto, às vezes geniculado. Conídio retilíneo com proliferação simpodial (Fig. 1B), pálido(Fig. 1C) e meados de castanho escuro, Células conidiogênicas(Fig.1B) , integrada, terminação, simpodial cilíndrica. Conídios pseudo-septados(Fig.1E), fusiformes amplamente elipsoidal. Conídios pseudo septados com atividade metabólica(Fig1G). hilo na região basal do conídio (Fig. 1E), os seu conídios apresentam uma coloração verde-oliva são curvos afilados nas extremidades contendo de 3 a 13 pseudoseptos(Pereira 2005). (Fig. 1C e Fig. 1D), mostrando dois conidióforos em crescimento simpodial evidencializando cicatrizes obtidas pela atividade metabólica de formação de conídios, (Fig. 1F) conídios variando de 8 a 10 pseudo-septos.
Os aspectos morfológicos foram comparados com as informações apresentadas por Sivaneson (1997).
Ascósporos hialinos a marrom claro,pseudo septados filiformes, muitas vezes rodeado por uma fina bainha mucilaginosa.
Tabela 1.Elementos morfológicos e morfometricos de Bipolaris sorokiniana.
| Diâmetro (µm) | Sivanesan | Pereira |
Conídio | 55-(67,5)-82,5 x 12,5-(18,2)-22,5µm | 160-360 x 6-9µm | 10-17 x 30-115µm |
Conidióforo | 132,5-(89,95)-50 x 17,5-(9,05)-5 µm | 220 µm x 6-10 µm | 130-340 x 6-9µm |
As medidas descritas em literatura do autor Sivanesan (1997) pertencem ao fungo Bipolaris sorokiniana e que foram utilizadas com o intuito de realizar-se a comparação morfométrica.a Identificação com base em Bipolaris sorokiniana não e pertinente segundo esta descrição .Entretanto a espécie Bipolaris maydis descrito na etiologia de (Pereira 2005) e compatível com a realizada neste trabalho.
LITERATURA CITADA
INDEX FUNGORUM, Banco de Dados para Consulta de Táxons Fúngicos. Disponível em:http://www.indexfungorum.org/Names/NamesRecord.asp?RecordID=293701. Acessado em : Outubro de 2011.
FARR E ROSMAM, SBML Systematic Botany of Mycological Resources.Disponível em:Acessado em: 26/10/2011.
FORCELLINI C.A. REIS E. M. Doenças da cevada. IN: KIMATI H.; AMORIM L. ; REZENDE J.A.M. ; BERGAMIN FILHO, A. Manual de Fitopatologia V. 2. 4º edição , ED. Agronômica Ceres São Paulo, 2005.
LUME. (Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/11233 acessado em 25-10-2011 as 20:40)
LUZ , W . C . Fungos de importância médica do Filo Ascomycota .IN : LUZ , W . C. ; INÁCIO , C. A. Micologia avançada . Taxonomia de Ascomiceto Ed. RAPP. Passo Fundo , RS. 400 p. , 2009
PEREIRA ET AL ,Doenças do milho, In : Kimati, H . et al , Manual de Fitopatologia 4° Ed, Ed. Agronômica Ceres Ltda. , São Paulo, SP , 2005 , vol. 2 , pg. 481- 482 .
REIS & FORCELINI In FILHO , A BERGAMIN et al .Manual de Fitopatologia volume 1 : princípios e conceitos terceira edição.Editora Agronômica Ceres Ltda. , São Paulo – SP .1995
REIS . M. E & CASA.T . R MANEJO SUSTENTADO DE DOENÇAS DO TRIGO. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária , 2009 S 175.
SILVA, A. A. & BACH, E. E . Aumento de proteínas e beta-glucanase indicam indução de resistência em plantas de cevada tratadas com extrato de gengibre contra Bipolaris sorokiniana.. Fitopatol. bras. (Suplemento), agosto 2005 S 77.
SIVANESAN, A. List of sets, index of species, and list of accepted names some obsolcie species names in , CMDI Descriptions of Pathogenic Fungi and Bacteria sets 1-100, nos. 1-1000 , Micropathelogia 111:91-108,1990).
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