Gianne O. de Amorim
Acadêmico do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
O urucuzeiro (Bixa orellana L.) é um arbusto que pode alcançar de 2 a 9 m de altura. É planta ornamental, pela beleza e colorido de suas flores e utilíssima como fornecedora de sementes condimentares, estomáticas, laxativas, cardiotônico, hipotensor expectorante e antibiótico, agindo como antiinflamatório para as contusões e feridas, apresentando, ainda, emprego interno na cura das bronquites e externo nas queimaduras. Dela se extrai também o óleo industrial. A infusão das folhas tem ação contra as bronquites, faringite e inflamação dos olhos. A polpa que envolve a semente é usada em refrigerantes sendo ainda obtidas valiosas matérias tintoriais de cor amarela (orelina) e vermelha (bixina), esta última, constitui um princípio cristalizável (Corrêa, 1978).
O oídio (Oidium Bixae) é considerada como a principal doença do urucuzeiro (Bixa orellana L.) cujo forma teleomórfica pertence à subdivisão Ascomycotina, família Erysiphaceae. A fase imperfeita ou anamorfica é responsável pelos danos caudados a cultura, e corresponde à espécie oidium bixae. A fase perfeita, ainda não identificada, dificilmente será encontrada em condições de campo, considerando os fatores ambientais de temperatura e umidade relativa do ar desfavorável ao seu desenvolvimento. (Santos et al.,2000)
A doença se manifesta na forma de bolor pulverulento de coloração branca, localizadas nas folhas e nos pêlos das cápsulas das cachopas, na variedade "bico-de-pato" e inflorescência. O ataque severo nas folhas pode alterar os processos fisiológicos normais e, conseqüentemente, comprometer o desenvolvimento da planta. Nestas condições, os limbos atacados e encarquilhados murcham e morrem. A incidência de pode ser muito intensa nas brotações novas, a planta tende a emitir novas brotações apresentando fenologia irregular e maior gasto energético para reposição foliar em épocas não apropriadas. Quando o patógeno incide na almofada floral, ocasiona a queda das flores. O ataque intenso ainda pode ocasionar o retorcimento, subdesenvolvimento e queda das folhas (Rebouças & São José, 2000).
O presente trabalho teve como objetivo descrever sobre a doença foliar, oídio na cultura do urucuzeiro, assim como diagnosticar e indicar medidas de controle para a doença na região de Urutaí GO.
MATERIAIS E MÉTODOS
As folhas de urucum foram coletadas nas dependências internas do Instituto Federal Goiano campus Urutaí. Após a coleta, as folhas foram conduzidas para o laboratório de Microbiologia, para que fossem preparadas laminas semi-permanentes e registro microfotográficos.
Para a possível visualização da estrutura fúngica,as laminas foram preparadas utilizando o método de raspagem utilizando a pinça para pescagem dos propágulos Outra lamina utilizando corte anatômico foi realizada com lamina de barbear.Esta procedimento foi realizado com o auxilio de lupa.As laminas foram preparadas utilizando fixador a base de azul de metileno(é um composto aromático heterocíclico, sólido verde escuro, solúvel em água, produzindo solução azul, inodoro. O azul de metileno é usado como um corante bacteriológico e como indicador) . As laminas foram vedadas utilizando esmalte de unha.
A visualização dessas laminas teve como objetivo capturar imagem através de microfotografia, do conídio, conidióforo, célula conidiogênica,apressorio,vacúolo entre outros. Foi observado em ambas as laminas, a existência da estrutura do patógeno,seu aspecto morfológico, coloração, e agrupamento.
As fotografias foram tiradas em microscópio óptico, e em lupa, onde foi possível capturar imagens de sinais do patógeno no hospedeiro. As imagens obtidas foram tiradas em máquina fotográfica, marca Sony, modelo cyber-shot 7.2 mega pixels, e sendo preparadas pranchas contendo imagens agrupadas em escala, onde cada centímetro no papel, equivale a 0.000001 µ no real.
Foram comparadas as características observadas, com estruturas descritas em literatura, afim de constatação do gênero ao qual o fungo pertence.
A morfometria foi realizada com a contagem de 50 unidades de, conídios, conidióforos e micélio. A ocular utilizada foi devidamente calibrada por um especialista, com a finalidade de medir essas estruturas e obter os resultados. Coletados os dados, foram feitos cálculos matemáticos a fim de obter a média entre cada grupo.
A comparação entre os autores de literatura foi feita por meio de pesquisa eletrônica, e as referencias foram devidamente anexadas. Os resultados apresentados (Tab.1), compara a descrição feita por dois autores de literatura, e um terceiro (Amorim) que pode realizar sua descrição através dos dados coletados pelo mesmo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hospedeiro/cultura: Urucum ( Bixa orellana L. )
Família Botânica: Bixaceas
Doença: Oídio
Agente Causal (anamorfo): Oidium bixae.
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano campus Urutaí GO.
Data de Coleta: setembro de 2010
Taxonomia: A forma anamórfica que é causadora de doença pertence ao Reino Fungi, grupo incerto Fungos mitosporicos, subgrupo dos hifomicetos.Já a forma teleomórfica pertence ao Reino Fungi,divisão Ascomycota,família Erysiphaceae . ( Index Fungorum, 2010.)
Sintomatologia: As manchas características do oídio do urucuzeiro são circulares e branco-acinzentadas, de superfície pulverulenta (Fig.1B). O diâmetro das lesões varia de poucos milímetros a alguns centímetros. Podem coalescer e tomar todo o tecido foliar, porém, no estágio inicial da infecção, o fungo só é observado na face inferior.(Fig.1A)
A incidência de oídio muito intensa nas brotações novas, a planta tende a emitir novas brotações apresentando fenologia irregular e maior gasto energético para reposição foliar em épocas não apropriadas. Quando o patógeno incide na almofada floral, ocasiona a queda das flores. O ataque intenso ainda pode ocorrer o retorcimento, subdesenvolvimento e queda das folhas .
A coloração da face adaxial, na região correspondente ao ataque, torna-se verde-pálida. Com o progresso da doença, a superfície foliar torna-se ondulada e deformada.(Albuquerque e Duarte, 1988)
Etiologia (Sinais): A fase imperfeita do agente causal desta moléstia, corresponde à espécie Oidium bixae, é a principal responsável pela ocorrência da mesma, o fungo produz hifas hialinas, septadas e ramificadas que formam o micélio esbranquiçado que cobre as lesões.(Fig.1E)
Tais hifas são externas às células epidérmicas, sendo que o parasitismo ocorre por meio de haustórios. O conidióforo, é não ramificado e clavado, sustenta os conídios de morfologia típica do gênero micélio com 4 µm de diâmetro, conidióforo com 25-30 µm x 4-6 µm (Fig.1D) e conídio com 32-24 µm x 12- 19 µm.(Fig.1C) A forma teleomórfica é desconhecida. (Almeida et al .,1990).
Epidemiologia: O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas moderadas e baixa umidade, incidência observada na época da "seca" na região de Urutaí. Como o patógeno se desenvolve externamente ao tecido do hospedeiro, a ocorrência de chuva e a irrigação são desfavoráveis ao seu desenvolvimento.
Geralmente, os fungos causadores de oídios são patógenos bastante específicos, que atacam apenas uma ou poucas espécies dentro de um gênero ou família botânica. Entretanto o O. bixae é especifico na região do centro-oeste e na região do nordeste do Brasil. A disseminação dos esporos do fungo ocorre principalmente pela ação do vento e insetos.(Stadnik e Mazzafera,2001)
Controle: Quando necessário, realizar o controle do fungo através de medidas preventivas como variedades resistentes ou tolerantes e realizar o plantio onde as condições edafoclimáticas sejam favoráveis.
No caso da variedade "Peruana Paulista", a mais plantada no Brasil e que apresenta alto teor de bixina, o controle com os fungicidas Diniconazole, na dose de 12,5g do produto comercial para 100 litros de água + Espalhante Adesivo a 0,05%; Triademefon, na dose de 120g do produto comercial para 100 litros de água + Espalhante Adesivo a 0,05%.
Uma vez que o urucuzeiro apresenta folhas caducas, a doença tem seu ciclo interrompido. Caso seja necessário um controle, em especial se ocorrer ataque nas flores ou frutos jovens, deve-se aplicar fungicidas de mesma base química do pirazofós ou outro oidicida de comprovada eficiência em outras culturas.
Apesar da eficiência desses produtos químicos no controle do oídio do urucuzeiro, nenhum deve ser recomendado devido não ser registrado no Ministério da Agricultura (Rebouças & São José, 2000).
“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do
nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos
lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para
sempre, à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa
LITERATURA CITADA:
Albuquerque. F.C. & Duarte, M.L.R. Associação de Mycoleptodiscus sp com manchas foliares de mudas de urucu. Fitopatologia Brasileira 13:130, 1988 (Resumo).
Almeida, M.L.; Cavazzana Jr., M.; Carvalho, M.S.; Santos, M.A.; Ipow Jankevicius, S.; Jankevicius, J.V. Detecção de Phytomonas sp. em urucum (Bixa orellana L.). Fitopatologia Brasileira 15:123, 1990 (Resumo).
CORRÊA, M.P. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro: MA/IBDF, 1978. v.4, p.358-359.
EMAPA. Pragas e Doenças do Urucuzeiro (Bixa orellana L.) Oliveira C.F, Silva F.C.P. <> Acesso em: 26 de outubro 2010.
EMBRAPA/CNPAF; IHARABRAS. S.A. INDS. QUIM.- MIRANDA. E.R.R. H. Kimati, L Amorim, A Bergamim Filho. Manual de fitopatologia volume 1 , Ceres.
Falesi, I.C. Urucuzeiro: recomendações básicas para seu cultivo. Belém, EMBRAPA - CPATU, 1987, 27 p.
INDEX FUNGORUM. Disponível em:
Kato, O.R.; Belfort, A.J.L.; Kato, M.S.A. Técnicas de produção de mudas de urucuzeiro. Belém, EMBRAPA - CPATU, (Circular Técnica, 66), 1992, 14 p.
SANTOS, A.; SÃO JOSÉ, A.R.; REBOUÇAS, T.N.H. Doenças do Urucum. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Vitória da Conquista, v.4, n.1 e 2, p.97-102. 2000.
Stadnik, M.J.; Massafera, P. Interações oídio-hospedeiro. In: Stadnik, M.J.; Rivera M.C. ( Ed.). Oídios. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2001. P. 79-118.
REBOUÇAS, T.N.H.; SÃO JOSÉ, A.R. A cultura do urucum: práticas de cultivo e comercialização. Vitória da Conquista, 1996. 42p.
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