terça-feira, 14 de dezembro de 2010

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DO MELOEIRO E DA MELÂNCIA (Citrullus lanatus)

Márcio Nunes de Oliveira

1 INTRODUÇÃO

A cultura do melão (Cucumis melo L.), no Estado do Pará, teve expressivo incremento na década de 70, principalmente na Região Bragantina. O aumento da área cultivada foi resultante do aproveitamento do adubo residual das áreas antigos pimentais dizimados pela podridão-das-raízes e pelo secamento-dos-ramos. Essas áreas possibilitaram, por longo tempo, maior rentabilidade econômica, porém favoreceram o estabelecimento de epidemias de doenças economicamente importantes, como a podridão-gomosa-da-haste e o míldiolanugento, que se tornaram fatores limitantes à expansão da área cultivada com o melão (Duarte, 2003).

Além disso, as condições climáticas favoráveis ao estabelecimento de cultivos de melão livres de doenças e mais produtivos, prevalecentes nos Estados do Rio Grande do Norte e de Pernambuco, contribuíram para o deslocamento das plantações de melão para a Região Nordeste. Atualmente, esses estados são responsáveis pela produção e pela exportação de melão para abastecer o mercado nacional e internacional. As áreas produtoras do Pará foram drasticamente reduzidas para 15 ha, concentrando-se a produção no Município de Nova Timboteua. A variedade mais cultivada é a NNE- 4, de casca de cor branca a creme, resistente à podridão-gomosa-da-haste (Duarte, 2003).

A cultura da melancia (Citrullus vulgaris) continua sendo explorada por pequenos e médio produtores, em municípios do Estado do Pará, principalmente das Regiões Bragantina e do Salgado. O maior município é o de Curuçá, onde são cultivados 5 mil há por ano, sendo a Pérola a cultivar mais plantada. Outro município que se destaca na produção estadual é o de Santa Maria do Pará (Duarte, 2003). É a cultura Cucurbitácea com maior produção a nível mundial. A Ásia produz cerca de 85% do total mundial; a China apenas contribui com 69% do total mundial. A Europa representa 5% da produção mundial. A Espanha é o principal produtor europeu, seguida da Grécia e da Itália. África produz cerca de 4,5% do total mundial. O Egito produz mais de 50% da produção do continente africano (Domingos, 2003).

A melancia é pouco afetada por doenças de origem bacteriana, embora a Erwinia possa causar estragos em regiões de elevada umidade relativa. As principais doenças que afetam esta cultura são provocadas por fungos e vírus (Domingos, 2003).

Para que as culturas tenham êxito, é necessário desenvolver medidas de controle a fim de prevenir a ocorrência de epidemias. O número de doenças detectadas na Amazônia ainda é pequeno se comparado àquele de doenças de etiologias diversas, descritas nos principais países produtores (Duarte, 2003).

O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito das principais doenças que afetam a cultura do melão e da melancia levando em consideração uma série de aspectos discutidos a seguir.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 DOENÇAS FÚNGICAS DA CULTURA DO MELÃO E DA MELANCIA

2.1.1 Antracnose (Colletotrichum orbiculare (Berck & Mont.) Arx)

A antracnose das cucurbitáceas é conhecida desde o século 19, tendo sido descrita desde 1867. É mais freqüente em melão, melancia e pepino. Algumas variedades de abóbora são menos suscetíveis à doença (Duarte, 2003).

Sintomas

Os sintomas podem surgir em pecíolos, folhas, hastes, flores e frutos, tanto em plantas jovens quanto em adultas (Duarte, 2003).

No melão, as lesões foliares aparecem próximo às nervuras e são geralmente, de formato circular, de coloração pardo-clara a avermelhada, podendo atingir mais de 10 mm de diâmetro e causar distorções. A área necrosada pode se destacar, resultando em perfurações do limbo. Nos pecíolos de nas hastes, desenvolvem-se lesões parda, alongada e pouco deprimidas. Nos frutos, as lesões são circulares e profundas, e surgem no estádio final de maturação. Em condições de umidade elevada, massas rosadas de conídios formam-se sobre os tecidos das lesões (Duarte, 2003).

Na melancia, as lesões são irregulares, confinadas pelas nervuras secundárias, apresentando-se de cor que varia de parda a escura. Nos frutos jovens, podem surgir manchas escuras, que provocam malformação e aborto dos frutos. Nos pecíolos, nas hastes e nos frutos maduros, os sintomas são semelhantes aos do melão. Na fase final de maturação dos frutos, surgem lesões de aspecto oleoso, circulares e bastante deprimidas, que crescem à proporção que os frutos completam a maturação. Em condições de alta umidade, essas lesões tornam-se escuras e parcialmente cobertas com massas de esporos (Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Colletotrichum orbiculare (Berck & Mont.) Arx. O patógeno produz estromas escuros, contendo setas e conidióforos negros, em tecidos necrosados e superficiais do hospedeiro. Os conídios são hialinos, unicelulares e oblongos. Podem apresentar um septo central no período próximo à germinação (Duarte, 2003).

Epidemiologia

Nas áreas cultivadas, o fungo sobrevive em restos de cultura. A disseminação do patógeno é feita por sementes oriundas de frutos contaminados pelo vento e pelas chuvas. Os implementos agrícolas e os operários rurais também atuam como meio de propagação dos conídios. A infecção ocorre na presença de longo período chuvoso (Duarte, 2003).

A especialização patogênica foi comprovada, tendo sido identificadas sete raças do fungo patogênico, de acordo com a habilidade de infectar hospedeiros diferenciais pertencentes a diferentes gêneros, espécies e cultivares de cucurbitáceas (Duarte, 2003).

Controle

Em virtude da existência de especialização patogênica (Wassilwa et al., 1993), os melhoristas têm tentado encontrar resistência a raças específicas, porém os resultados obtidos em relação à antracnose-do-melão não têm sido satisfatórios.

O controle químico pode ser feito pela aplicação dos fungicidas benomyl, captam ou mancozeb (Kurosawa & Pavan, 1997). Outras medidas de controle recomendadas são: estabelecer cultivos com sementes produzidas em áreas livres da antracnose; e fazer rotação de culturas com espécies não-hospedeiras, pelo prazo mínimo de 1 ano.

2.1.2 Míldio-lanugento (Pseudoperonospora cubense (Berk & M. A. Curtis))

A doença destaca-se como uma das mais importantes da cultura das cucurbitáceas. Apresenta larga distribuição geográfica, tendo sido relatada em áreas produtoras de regiões tropicais e temperadas, onde as condições de umidade e de temperatura favorecem o estabelecimento dessa enfermidade. Pode infectar pepino, melão, melancia, abóbora e outras cucurbitáceas cultivadas no campo. Na Região Amazônica, tem sido relatada principalmente na cultura do melão. Esse fato parece estar relacionado com a especialização fisiológica do patógeno (Thomas et al., 1987).

Sintomas

Os sintomas aparecem principalmente nas folhas, como áreas pequenas e levemente cloróticas, tendendo para o amarelo-brilhante, sendo menos intensas na face inferior do limbo. De início, as lesões surgem nas folhas mais velhas, avançando progressivamente para as mais novas. À proporção que a folha se desenvolve, essas lesões podem permanecer cloróticas ou tornarem-se necróticas e pardas, com margens irregulares. Em condições climáticas favoráveis, formam-se inúmeros esporângios, que dão um aspecto aveludado à face inferior da lesão, que adquire uma tonalidade que pode varias de incolor a cinzento ou a vermelho, dependendo da intensidade de esporulação (Duarte, 2003).

As lesões podem permanecer isoladas ou coalescer, aumentando a área necrosada, o que provoca o secamento das folhas e expõe os frutos à escaldadura causada pelos raios solares, resultando na perda da qualidade e na redução da quantidade de frutos comerciáveis (Viana et al., 2003; Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Pseudoperonospora cubense (Berk & M. A. Curtis) Rostovzev, um parasita obrigatório, que infecta apenas espécies da família Cucurbitaceae. Produz esporangióforos ramificados, aéreos, que surgem através dos estômatos, e produzem esporângios ovóides, papilados e de paredes finas. Em condições favoráveis, produzem e liberam zoósporos flagelados. Quando há água livre na superfície das folhas, os zoósporos germinam, emitindo um tubo germinativo que penetra nos tecidos através dos estômatos, iniciando a colonização dos tecidos. A especialização fisiológica em P. cubense foi comprovada, tendo sido identificados cinco patotipos, de acordo com o nível de compatibilidade entre o patógeno e as espécies e as subespécies do hospedeiro (Thomas et al., 1987; Thomas & Jourdain, 1992).

Epidemiologia

Sendo um parasita bitrófico, o fungo é dependente do hospedeiro para a produção de inoculo. Na ausência de culturas cucurbitáceas, o patógeno deve sobreviver em alguma espécie nativa pertencente a essa família botânica. Os esporângios podem ser disseminados pelo vento, em curta e longa distância, sendo responsáveis pelo ciclo primário da doença na área afetada. Os esporângios são formados quando a umidade na superfície da folha atinge 100%, durante um período mínimo de 6 horas. A temperatura ótima está situada entre 15°C e 2°C. Quando o ar se torna mais seco, os esporângios são disseminados pelo vento. Para que os esporos germinem, é necessário que ocorra umidade livre durante 1 hora e temperatura em torno de 20°C, e, na maioria das vezes, os zoósporos nadam livremente por um período de até 20 horas. A elevação da temperatura estimula o encistamento rápido dos zoósporos sobre os estômatos, iniciando a infecção. A temperatura ótima para a formação dos cistos é de 25°C, enquanto a penetração do tubo germinativo é assegurada quando o período mínimo de umidade livre é de 2 horas (Duarte, 2003).

Controle

As medidas de controle recomendadas envolvem aplicações de fungicidas, uso de variedades resistentes e adoção de práticas culturais. Existem fungicidas de ação protetora e sistêmica, eficazes no controle da doença, entretanto a eficiência do fungicida pode ser reduzida se a cultivar for muito susceptível. Algumas raças do patógeno têm desenvolvido resistência a fungicida sistêmico metalaxyl com mancozeb ou em misturas (Duarte, 2003).

As cultivares comerciais de melão e de melancia são suscetíveis ao míldio-lanugento. Trabalhos recentes têm sido conduzidos a fim de incorporar genes de resistência a essas cultivares (Duarte, 2003).

As práticas culturais que contribuem para reduzir a incidência da doença são: a) evitar a formação de culturas muito próximas; b) aumentar o espaçamento entre as plantas para reduzir a densidade da folhagem; c) controlar a quantidade da água de irrigação.

2.1.3 Podridão-gomosa-da-haste (Dydimella bryoniae (Auersw.) Rehm)

Na Região Amazônica, a doença tem sido mais serva na cultura do meão, embora possa afetar todas as cucurbitáceas cultivadas. O uso de variedades resistentes e as aplicações de fungicidas para controlar as outras doenças da cultura têm aumentado a severidade da podridão-gomosa-da-haste. O patógeno é cosmopolita, ocorrendo nas regiões tropical e subtropical, mas, em abóbora-de-inverno, tem sido relatado em regiões temperadas (Duarte, 2003).

Sintomas

O patógeno pode infectar folhas, hastes e frutos. Nas folhas, surgem manchas circulares, com tonalidade que varia de cinza a pardo, localizadas nas margens. Essas manchas evoluem rapidamente, provocando a queima total das folhas. Manchas circulares podem se desenvolver nos cotilédones e nas hastes das plantas jovens (Duarte, 2003).

Sobre as hastes, aparecem cancros no tecido cortical, donde exsuda uma substância parda e gomosa. Corpos frutíferos do patógeno (picnídios e peritécios) podem se formar sobre os cancros, assemelhando-se a pequenos pontos negros. As lesões podem anelar a haste e causar a morte das plantas jovens. Nas plantas mais velhas, o crescimento das lesões nas hastes é mais lento (Duarte, 2003).

Nos frutos, formam-se, inicialmente, lesões encharcadas, que adquirem diferentes tamanhos, podendo produzir o exsudado gomoso. Nos tecidos necrosados, desenvolvem-se frutificações bem distintas. Na região tropical, a infecção pode ocorrer através das escaras (cicatrizes) florais e manifesta-se por uma rápida deterioração dos tecidos internos do fruto. A infecção inicia-se na base das flores, evolui para o pedúnculo e atinge a superfície do fruto (Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Dydimella bryoniae (Auersw.) Rehm, classificado anteriormente como Mycosphaerella melonis (Pass.) Chui & J. C. Walker. Os picnídios escuros que caracterizam o estádio anamórfico Phoma cucurbitarum (Fr.: Fr.) Sacc. Desenvolvem-se na superfície das lesões foliares, nas hastes e nos frutos. No interior, formam-se conídios cilíndricos e providos de um septo (Duarte, 2003).

As estruturas do estádio teleomórfico são mais raras e formam-se principalmente em áreas necrosadas da haste. Caracterizam-se por peritécios (pseudotécias) escuros, contendo, no interior, ascos e ascósporos bicelulados, hialinos, arredondados na extremidade e com uma constrição à altura do septo. A célula superior apresenta-se mais longa que a inferior. Embora tenham sido observadas variações em isolados do fungo, não foi identificada especialização fisiológica em relação ao hospedeiro (Keinath et al., 1995).

Epidemiologia

O patógeno sobrevive em restos de cultura e pode ser transmitido pelas sementes. A umidade é fator mais determinante para o estabelecimento da doença do que a temperatura ótima para iniciar a infecção situa-se na faixa de 20°C a 25°C, dependendo da cultura. O pico de dispersão dos ascósporos ocorre nas chuvas prolongadas e à noite, durante o período de formação de orvalho. Nas folhas, a penetração do fungo pode ocorrer diretamente através da cutícula, porém, nas hastes e nos frutos, ocorre através de ferimentos (Duarte, 2003).

Controle

O uso de sementes tratadas e a rotação de culturas durante 2 anos são medidas essenciais de controle. A doença pode ser controlada com aplicações de fungicidas eficiente, principalmente os de ação protetora, como o mancozeb. Há registro de isolados do fungo patogênico resistentes a fungicidas do grupo dos benzimidazóis (benomyl, carbendazin e tiabendazol), dificultando o controle químico nas regiões de ocorrência da doença (Keinath & Zitter, 1995).

2.1.4 Mancha-parda (Cercospora citrulina Cooke)

Ocorre em regiões tropicais e subtropicais. É mais freqüente em melancia, melão e pepino. Os maiores prejuízos têm sido relatados na cultura da melancia (Winstead et al., 1957).

Sintomas

Os sintomas manifestam-se principalmente nas folhas, porém podem se desenvolver nos pecíolos e nas hastes, em condições favoráveis à esporulação elevada. A doença não ocasiona lesões nos frutos. No início, os sintomas normalmente aparecem nas folhas mais velhas, na forma de manchas pequenas, circulares ou de formato irregular, com o centro pardo-claro. As lesões aumentam gradualmente, espalhando-se por toda a superfície do limbo. Em melão, as lesões apresentam-se com tonalidade acinzentada. O centro pode se desprender do restante do tecido. As margens podem ser escuras ou vermelho-escuras, envolvidas por áreas cloróticas, o que conduz ao amarelecimento e à senescência. Em melancia, as lesões formam-se inicialmente sobre as folhas novas. Infecções elevadas ocasionam a queda das folhas, concorrendo para a redução do tamanho e prejudicando a qualidade dos frutos (Duarte, 2003).

Etiologia

A doença é causada pelo fungo Cercospora citrulina Cooke, que produz conidióforos e conídios no centro acinzentado das lesões. Os conidióforos são hialinos, aciculares, retos ou curvos e multisseptados. Não foi relatada especialização fisiológica nesse patógeno (Duarte, 2003).

Epidemiologia

A doença ocorre em regiões tropicais e subtropicais. Os esporos de C. citrulina permanecem em restos de colheita e em Cucurbitaceae nativas. São disseminados pelo vento e em gotas de chuva levadas pelo vento. Para a infecção, a faixa adequada de temperatura é de 26°C a 32°C, sendo necessária a presença de água livre sobre a folha (Duarte, 2003).

Controle

Não se conhece resistência a essa doença. As práticas culturais são relacionadas com a eliminação de fontes de inoculo, por meio de destruição de restos culturais, remoção de plantas afetadas e de hospedeiros nativos. Constituem medidas de elevada importância. Aplicação de fungicidas eficiente, como benomyl, mancozeb e tiofanato metílico, contribuem para o controle mais adequado (Duarte, 2003).

2.2 DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS

Plantas de melão e de melancia têm sido afetadas por diferentes tipos de vírus, como: o vírus-do-mosaico-do-pepino (CMV), o vírus-da-mancha-anelar-do-mamoeiro (PRSV-W), o vírus-do-mosaico-da-melancia (WMV) e o vírus-do-mosaico-da-abóbora (Sq MV).

2.2.1 Mosaico-do-pepino

O vírus-do-mosaico-do-pepino (CMV) é o relatado com maior freqüência em cultivares de cucurbitáceas na Região Amazônia. Tem sido mais prejudicial a culturas de melão e de melancia. Ocasiona clorose pronunciada em folhas e frutos, redução dos entrenós e do tamanho das folhas e retardamento no desenvolvimento da planta (Duarte, 2003).

2.2.2 Mosaico-da-melancia

O masaico-da-melancia causado por uma estirpe do vírus-da-manchanelar-dos-frutos-do-mamoeiro [(“Papaya ring spot virus” type Watermelon (PRSV-W)] é a principal virose associada às cucurbitáceas no Brasil, causando prejuízos consideráveis, principalmente quando a infecção ocorre no início do desenvolvimento da planta (Kurosawa & Pavan, 1997). Apesar de conhecido, há vários anos no Estado do Pará, esta é a primeira vez que esse vírus causa perdas em mais de 50% da produção, em algumas áreas de plantio comercial de melancia e abóbora do Município de Igarapé-Açu (Duarte, 2003).

As folhas das plantas infectadas exibem amarelecimento das nervuras, mosaico e deformação das folhas. Os frutos podem apresentar deformações e mudança de cor. A disseminação é feita por mais de 20 espécies de afídios, principalmente Aphis craccivora Kock, A. Gorrypii Glovre, A. spiricolae Patch e Mizus persicae Sulzer. O vírus é transmitido mecanicamente e não há evidência de que seja transmitido por sementes (Provvident, 1997). O controle da doença deve ser feito controlando-se os insetos vetores com inseticidas, óleo mineral e cobertura do solo com material repelente (palha de arroz). No mercado, existem algumas variedades de abóbora com tolerância ao vírus, tais como Menina Brasileira, Piramoita e o hídrido Duda (Duarte, 2003).

2.2.3 Mosaico-amarelo-da-abobrinha-de-moita

O vírus-do-mosaico-amarelo-da-abobrinha-de-moita ou “Zucchini yellow mosaic virus” (ZYMV) já foi constatado em 22 países dos cinco continentes, causando grandes prejuízos em cucurbitáceas. No Brasil, já tinha sido constatado nos Estados de Santa Catarina e São Paulo, causando prejuízos às culturas do pepino e da melancia, respectivamente (Kurosawa & Pavan, 1997). No Pará, foi constatado recentemente por Poltronieri et al. (2000), causando perdas de produção de até 50% em alguns plantios de abóbora e melancia, localizados no Município de Igarapé-Açu, sendo este o primeiro registro de ocorrência na Região Amazônica. A doença é causada por um Potyvirus (Duarte, 2003).

O vírus incita o aparecimento de mosaico, deformações e extrema redução do tamanho da lâmina foliar, com acentuada redução no desenvolvimento das plantas, resultando em frutos deformados. Em variedades muito susceptíveis, pode não haver produção de frutos. O vírus é disseminado por pulgões, principalmente dos gêneros Aphis e Myzus, não sendo disseminado pelas sementes. Infecta um grande número de espécies pertencentes às famílias Apiaceae, Chenopodiaceae, Fabaceae, Asteraceae, Scrophulariaceae, Solanaceae, Lamiaceae, Aizoaceaceae e Amaranthaceae, (Provvidenti, 1997). O controle deve ser feito pela eliminação de plantas daninhas próximas aos plantios e pela utilização conjunta de inseticidas, óleos minerais e coberturas reflexíveis (casca de arroz ou cobertura de plástico), durante o desenvolvimento da cultura (Duarte, 2003).

Outros vírus muito prejudiciais em regiões tropicais e subtropicais podem ocorrer em cultivares de melão e melancia exploradas na Região Amazônica; não foram, porém, relatados. Destaca-se o vírus-do-mosaico-da-melancia, tipo 2 (WMV-2), e o vírus-do-mosaico-da-abóbora (SqMV) (Duarte, 2003).

Os insetos sugadores, como pulgões, mosca-branca e trips, são os principais vetores das doenças vitóricas em cucurbitáceas (Duarte, 2003).

O controle das viroses em culturas de meão e de melancia tem sido feito pelo controle de insetos vetores, por meio de aplicações de inseticidas eficientes, rotação de cultura, eliminação de plantas doentes e de restos culturais e utilização de cultivares resistentes (Duarte, 2003).

È difícil o controle das doenças de vírus em culturas de melão e de melancia, o que concorre para que ocasionem prejuízos elevados. A incidência e a severidade podem variar, dependendo de relações complexas entre patógenos, hospedeiros, vetores e condições ambientais das localidades onde ocorrem. É importante a identificação do vírus causal da doença, para adotar medidas eficientes de controle (Provvidenti, 1997).

2.3 DOENÇAS CAUSADAS POR BACTÉRIAS

2.3.1 Podridão-dos-frutos (Erwinia carotovora (Jones) Holland)

Um tipo de podridão mole interna tem ocorrido mais nas culturas de melão cuja época de desenvolvimento dos frutos coincide com períodos chuvosos. Os ferimentos provocados na casca por insetos durante a postura dos ovos favorecem a penetração da bactéria (Kimati et al., 1980). Em associação com a podridão-dos-frutos-de-melão, próximos à maturação, têm sido constatada, com maior freqüência, a bactéria Erwinia carotovora (Jones) Holland. Os sintomas são caracterizados por um rápido apodrecimento da polpa do fruto, enquanto, externamente, a casca apresenta ligeira descoloração. A liquefação da polpa pode ser constatada quando se agitam os frutos com as mãos, e se ouve um ruído típico, que as sementes em suspensão no líquido produzem em contato com as partes ainda rígidas da polpa. Em virtude da liquefação da polpa, a doença é conhecida pelo nome vulgar de “barriga-d’água”. O controle deve ser feito por meio de medidas preventivas, incluindo épocas adequadas de plantio, pulverizações com inseticidas eficientes para as principais pragas, entre as quais, a mosca-das-frutas, rotação de cultura por 2 ou 3 anos, práticas culturais de drenagem e proteção dos frutos para evitar que entrem em contato direto com o solo.

2.4 DOENÇAS CAUSADAS POR NEMATÓIDES

2.4.1 Galhas-das-raízes (Meloidogyne incognita)

O parasita provoca galhas de tamanho irregular e variável no sistema radicular. É mais freqüente em solos explorados sucessivamente por cultivares suscetíveis ao nematóide. A espécie patogênica constatada com maior freqüência na região, infectando o melão e a melancia, é a Meloidogyne incognita. As plantas muito infectadas perdem o vigor e, em decorrência do impedimento normal de circulação da seiva, apresentam sintomas de deficiência mineral. As folhas murcham durante as horas quentes. Para o controle, devem ser desenvolvidas práticas de rotação de culturas com espécies que reduzam a população de nematóides no solo, como gramíneas, crotalária, mucuna-preta, feijão-guandu outras. A solarização do solo nas regiões tropicais não tem apresentado resultados eficientes e econômicos. Aplicações de nematicidas são antieconômicas, contribuem para a poluição do meio ambiente e podem formar resíduos tóxicos nos frutos (Viana et al. 2003).

2.5 TÁTICAS DE MANEJO

Medidas preventivas auxiliam o produtor a minimizar os riscos de cultivo, como: evitar plantio em áreas de baixadas, evitar plantio em áreas que recebam ventos que passam por cultivos de cucurbitáceas, eliminar os restos de cultura logo após a colheita, eliminar as plantas hospedeiras remanescentes, eliminar as plantas severamente infectadas, realizar pulverizações com fungicidas anti-oomicetos, fazer rotação de culturas e utilizar cultivares resistentes ou tolerantes, efetuar a aplicação de fungicidas de contato em alternância com sistêmicos, selecionar áreas de cultivo livres do patógeno, fazendo previamente um plantio com cenoura (cultura armadilha) para verificar a presença ou ausência de nematóides, realizar arações cerca de 10 dias antes do plantio, utilizar adubação equilibrada, fazer rotação de culturas com plantas não hospedeiras, manter o solo em período de pousio, revolvendo-o periodicamente (Alves, 2010).

3 CONCLUSÃO

A redução de produtividade pode está diretamente ligada aos níveis de doença nas folhas, pois têm alta correlação negativa com a produtividade de frutos. Para evitar perdas o produtor poderá utilizar o controle químico, que deverá ser preventivo ou em alguns casos nas fases iniciais de desenvolvimento da doença, também deve estar consciente de que os ferimentos favorecem o surgimento da doença.

Para os produtores, a resistência às doenças representa uma grande demanda, pois esta ação também interessa aos consumidores, cada vez mais ávidos por alimentos produzidos com menos defensivos, e com reflexos positivos para o meio ambiente.

Para o mercado de frutos grandes, torna-se necessário, além da introdução de resistência às principais doenças, a obtenção de plantas altamente produtivas e uniformes, para que o incremento da produtividade possa baixar os preços a nível de consumidor e permita uma remuneração adequada para os produtores.


4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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