terça-feira, 14 de dezembro de 2010

“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DE Chaetomium sp.”

Autora: Tálita Roberta Borges.

1. INTRODUÇÃO

O Gênero Chaetomium sp. Pertence a família Chaetomiaceae, Ordem Sordariales, Família Sordariomycetidae, Classe Sordariomycetes, Divisão Ascomycota e Reino Fungi (Index Fungurum, 2010).
O gênero Chaetomium sp. Apresenta a seguinte morfologia; ascoma aceolado peritecial, superficial simples agregado, globoso e a sub-globoso, de forma alongada, obpiriforme ou em formato de vaso. Apresenta coloração marrom, com apêndices que podem ser de várias formas; ramificados, coloridos ou arcados, de parede fina, septados ou asseptados, lisos ou rugosos, a parede do ascoma pode ser translúcida, membranosa, pseudoparenquimatosa, prosenquimatosa, e as paráfises podem estar presentes ou ausentes. Os ascos podem ser clavados, lineares e cilíndricos, e em seu interior possuem de 4 a 8 ascósporos sendo que sua asca possui parede evanescente. Os ascósporos são unicelulares de coloração marrom olivácea clara a marrom escura, possui poros germinativos, com uma ou ambas as terminações, muitas vezes podem ser limoniformes, apiculados; os ascos podem ser na maioria das vezes globosos, sub-globosos, clavados, filiformes ou triangulares, lisos. Podem apresentar perífises no ostíolo (Hanlin, 1989).
A forma anamórfica pode pertencer aos seguintes gêneros; Acremonium sp., Botyotrichum sp., Scytalidium sp. Sporothrix sp.. O principal anamorfo pertencente à espécie é o Chaetomium globosum Kunze. (Halim,1989).
Nannfeld (1932) incluiu a chaetomiaceae na Plectomycetes por causa de seu asco evanescente apesar da formação de um grupo basal de ascos e paráfises. Miller (1941,1949) e Gaumann (1952) concordaram com esta colocação. Desde então, Chaetomium e seus gêneros afins têm sido geralmente reconhecido como Pyrenomycetes (Moreau, 1953; von Arx e Muller, 1954; Muller e von Arx, 1962; Alexopoulos, 1962; Gaumann, 1964; Dennis, 1968; Ainsworth, 1971).
O fungo Chaetomium sp. produz peritécios superficial, marrom, globosos, simples, cobertas com diferentes tamanhos de filamentos castanhos; ascos clavados, pedunculada, com paredes evanescente. Ascósporos unicelulares, luz verde-oliva e marrom-lemoniforme, suave, muitas vezes empurrado para fora do ostíolo em um barbilhão. (Henrique, et al.,2009).
O gênero Chaetomium sp. pertence a família Chaetomiaceae, Ordem Sordariales, Família Sordariomycetidae, classe Sordariomycetes, divisão Ascomycota e Reino Fungi (Index Fungorum, 2010).
Kirk et al., 2001 descrevem que o gênero Chaetomium Kunze (1817), pertence a família Chaetomiacae , e é representado por um fungo coprofilo está presente em papel úmido e fibras de algodão. (esp. C. globosum). Muitos são celulósicos e alguns são termofilicos, alguns produzem microtoxina e são amplamente distribuídos no mundo.
O fungo Chaetomium sp. é um fungo filamentoso encontrado no solo, ar e resíduos vegetais. O Chaetomium globosum é a espécie mais comumente encontrada dentro de casa. Esta espécie é de particular interesse porque produzem micotoxinas, substâncias que são prejudiciais à saúde humana. Estes fungos foram definitivamente associados a alergias em pessoas que são sensíveis a fungos, e eles produzem micotoxinas mutagênicas que interferem com o DNA de replicação em organismos como os seres humanos e outros animais. Algumas espécies podem produzir toxinas específicas, tais como sterigmatocystin chaetomin e chetoglobosins.
Esse gênero de fungo, contém cerca de 80 espécies conhecidas está entre o grupo de fungos que podem causar problemas para a saúde humana como resultado da exposição prolongada, tornando-os de interesse para pessoas que lidam com problemas de mofo em suas casas. Estes fungos gostam de viver em celulose, e são encontrados em madeira, compostos, folhas, palha e materiais similares. A colônia de fungos pode levar até três semanas para amadurecer em um ambiente frio, produzindo esporos que se espalham através do vento. Os esporos de fungo Chaetomium sp. tem uma forma de um limão que as torna fáceis de identificar. (Wikipédia, 2010). Além de ser um contaminante, Chaetomium sp. também são encontrados como agentes causadores de infecções em humanos. Os poucos casos de infecções fatais profunda, devido à “atrobrunneum” Chaetomium sp. foram relatados em hospedeiros imunocomprometidos. Outras síndromes clínicas incluem abscesso cerebral, peritonite, e onicomicose. (Wikipédia, 2010).
O gênero Chaetomium sp. Infecta varias espécies no Brasil como Abelmoschus esculentus (quiabo), Acanthospermum australe (arrapichinho), Allium sativum L. (alho), Arachis hypogaea L. (amendoim), Astronium urundeuva Engl. (aroeira), Avena sativa L. (aveia), Bauhinia variegata L. var. variegata, Bixa orellana L. (urucum), Brachiaria decumbens Stapf, Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick, Capsicum annuum L. (pimentão), Cedrela fissilis Vell. (cedro-rosa), Chorisia speciosa A. St.-Hil. (paineira-rosa),Cucumis sativus L. (pepino), pteryx alata Vogel (baru), Eryngium foetidum L. (coentro-bravo), Erythrina crista-galli L. (flor-de-coral), Eucalyptus grandis W. Hill (eucalipto), Eucalyptus saligna Smith (eucalipto), Glycine max Merr. (soja ), Gossypium hirsutum Cav. var. hirsutum (algodão-herbáceo), Gossypium hirsutum L. (algodão), Grevillea robusta A. Cunn. (revília), Hordeum vulgare L. (cevada), Ilex paraguariensis A. St.-Hil. Lens culinaris Medik. (lentilha), Lycopersicon esculentum Mill. (tomateiro), Melissa officinalis L. (erva-cidreira), Oryza sativa L. (arroz), Petroselinum crispum (Mill.) A.W. Hill (salsinha), Phaseolus vulgaris L. (feijão), Pinus elliottii Engelm. Pisum sativum L. (ervilha), Pterodon pubescens Benth. (sucupira), Ricinus communis L. (mamona), Schinus terebinthifolius Raddi, Sorghum bicolor (L.) Moench (sorgo-forrageiro), Sorghum vulgare Pers. (sorgo), Stryphnodendron adstringens Coville (barbatimão), Tabebuia serratifolia G. Nicholson (ipê-amarelo-da-mata), Tabebuia sp. Gomes ex DC. Triticum aestivum L. (trigo), Vigna unguiculata (L.) Walp (feijão-fradinho), Vitis vinifera L. (uva), Zea mays L. (milho), Ziziphus sp. Mill (Mendes e Urben, 2010).
Trabalhos demonstram a ocorrência do gênero Chaetomium sp. em todos os estados Brasileiros e na maioria das espécies o gênero está associados a sementes (Mendes e Urben, 2010).
Dentre os fungos antagonistas utilizados no controle biológico de patógenos radiculares podemos citar Chaetomium sp., ascomiceto que atua como colonizador do solo e de substratos que contenham celulose. Segundo Hubbard et al. (1982), o tratamento de sementes com Chaetomium globosum Kunze reduz os danos produzidos pelo ataque de Pythium spp. Di Pietro et al. (1992) constataram a eficiência de C. globosum como agente de biocontrole contra o tombamento de plântulas em beterraba (Beta vulgaris L.) causado por Pythium ultimum Trow. Neste mesmo estudo, detectou-se que a atividade antagonista deste fungo se deve a produção de substâncias antibióticas, entre as quais se encontram o BHT e a chaetomina. (Sales Junior, R., et al., 2007).
No Brasil um dos fungos mais encontrado no gergelim e o chaetomium sp. que em sua grande maioria são transmitidos pelas próprias sementes. Os principais danos causados pelo gênero são deterioração das sementes, perdas na pré e pós-emergência, rendimento na quantidade e na qualidade do óleo das sementes (Mendes e Urben, 2010).
O objetivo desse trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de Chaetomium sp..

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi feito no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí.
Os propágulos do fungo foram retirados de sementes de feijão. As sementes foram colocadas em uma caixa do tipo Gerbox com papel filtro e água destilada para o desenvolvimento das côlonias fúngicas, após 48h (quarenta e oito horas) apanhou-se as sementes da caixa e levou-as para a visualização em microscópio estereoscópico com a finalidade de se encontrar propágulos fúngicos.
Após a visualização na lupa marcou-se na folha os propágulos fúngicos com um canetão tipo piloto de cor vermelha, logo em seguida esterilizou (flambagem) a pinça no bico de Bünsen onde então começou-se a raspagem na superfície inferior da folha, após serem coletados os propágulos foram colocados na lâmina contendo uma gota de fixador fucsina que apresenta em sua composição (ácido lático, ácido acético, glicerina e água) de acordo com protocolo utilizado na rotina de produção.
Os propágulos foram bem dispersos a fim de melhorar a visualização das estruturas fúngicas no microscópio óptico, colocou-se a lamínula, retirou-se o excesso de corante com papel higiênico e vedou-se com esmalte a lâmina semi-permanente e então levou-se ao microscópio óptico.
Em microscopia óptica (urediniósporos, urédia e a célula urediogênica) foram observados e comparou-se com estruturas descritas em literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas fúngicas no microscópio ótico utilizando câmera digital Canon® modelo Power Shot A580 para confecção da prancha de fotos que foram editadas com o Windows Live Galeria de Fotos e a prancha confeccionada no Microsoft Office Power Point 2007.
Para realizar a descrição morfometrica utilizou-se a ocular micrométrica (WF 10x118), sendo medida as 50 unidades das dimensões dos apêndices e dos ascósporos.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Figura 1. Aspectos morfológicos do gênero Chaetomium sp. A. semente de feijão com tegumento repleto de ascoma peritecial (bar=6mm), B. ascoma peritecial ornamentado (bar = 10 µm), C. asca evanescente imatura (bar = 9 µm), D. ascósporos imaturos limoniformes (d1) e ascas imaturas (d2), (bar = 5 µm), E. asca evanescente contendo ascos bem desenvolvidos (bar = 7 µm) F. Ascósporos limoniformes maduros (f1) e imaturos (f2), (BA r= 5 µm).

DESCRIÇÃO MICOLÓGICA:

O gênero chaetomium sp. apresenta colônias com crescimento rápido na cor branca inicialmente e acinzentado quando maduros essas colônia de fungos pode levar até três semanas para amadurecer em um ambiente frio, produzindo esporos que se espalham através do vento. A (fig 1A) apresenta um grão com pequenas colônias, apresentando coloração acinzentada. (Fig1B) Possuem peritécios grandes, hialinos e frágil, globosos em forma de balão e possuem filamentosos, apêndices que possuem as seguintes dimensões 200 µm - 95 µm - 40 µm x 7,5 µm - 5,75 µm - 5 µm (setas) em sua superfície, a parede do ascoma pode ser translúcida, membranosa, pseudoparenquimatosa, prosenquimatosa, e as paráfises podem estar presentes ou ausentes. O peritécio tem ostíolo (pequenas aberturas arredondadas) com perífises presentes e contem ascos e ascósporos dentro. Os ascos (figC) podem ser na maioria das vezes globosos, sub-globosos, clavados, filiformes ou triangulares, lisos. Os ascósporos possuem as seguintes dimensões 13,75 µm - 10,17 µm - 7,5 µm - x 10 µm - 9,3 µm - 7,5 µm (fig 1DF) são unicelulares de coloração marrom olivácea clara a marrom escura, possui poros germinativos, com uma ou ambas as terminações, na maioria das vezes podem ser limoniformes. Estes elementos morfológicos se adequaram as informações descritas para o gênero por Hanlin (1989).

Tabela 1. Elementos morfológicos e morfometricos de chaetomium sp.

4. LITERATURA CITADA.

DI PIETRO, A., GUT-RELLA, M., PACHLATKO, J.P., & SCHWINN, F.J. Role of antibiotics produced by Chaetomium globosum in biocontrol of Pythium ultmimum, a causal agent of damping-off. Phytopathology 82:131-135. 1992.


FENNELL, D. I. Plectomycetes; Eurotiales. In: AINSWORTH, G. C., SPARROW, F. K., SUSSMAN, A. S., The Fungi. v.4. 1973. 621p.


GRIGOLETTI JUNIOR, A.; AUER, C. G., BADE, J. H. C. Fungos associados à sementes de erva-mate procedentes de oito municípios do estado do Paraná. Colombo: EMBRAPA-CNPF, 1999. 2p. (EMBRAPA-CNPF, Pesquisa em andamento, 63). (pág.: 2).


HANLIN, R. Illustrated genera of asconycetes, vol II, ASP Press. St. Paul, Minmesota, 1998.

HANLIN, R. T. Illustrated genera of Ascomycetes. The American Phytopathologiacal Society 3340 Pilot Knob Road St. Paul, Minmesota 55121-2097, USA.


HENRIQUES, J.; INACIO, L. M.; SOUZA, E. Fungos Fungos associados ao insecto Platypus cylindrus Fab. (Coleoptera: Platypodidae) em sobreiro. Rev. de Ciências Agrárias v.32 n.2, 2009.

INDEX FUMGORUM. Disponível em: http://www.indexfungorum.org/names/ NamesRecord.asp?RecordID=495633> , acessado em 2010.


MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp. Acesso em: 9/12/2010.


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SALES JUNIOR, R., NASCIMENTO, I.J.B., FREITAS, L.S., BELTRÁN, R., ARMENGOL, J., VICENT, A. & GARCIA-JIMÉNEZ, J.Controle biológico de Monosporascus cannonballus com Chaetomium Fitopatol. bras. vol.32 no.1 Brasília Jan./Feb. 2007.


SCIELO PORTUGAL. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-41582007000100011&script=sci_arttext , acessado em: 15/10/2010.


SCIELO PORTUGAL. Disponível em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0871-018X2009000200007&script=sci_arttext , acessado em 15 de outubro 2010.


WIKIPÉDIA. Disponível em: http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&tl=pt&u=http%3A%2F%2Fen.wikipedia.org%2Fwiki%2FChaetomium , acessado em 15 de outubro 2010.













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