INTRODUÇÃO
Pertencente à família Chenopodiaceae, a beterraba é originária das regiões Mediterrânea e do Norte da África. No Brasil, as Regiões Sudeste e Sul cultivam 77% do que é produzido. As sementes desta espécie são, na verdade, aglomerados de três a quatro pequenos frutos corticosos, formando glomérulos (Puiatti e Finger, 2005; Silva e Vieira, 2006).
A beterraba (Beta vulgaris L.) é cultivada em vários países da Europa, da América do Norte e da Ásia. Nestas regiões seu cultivo é altamente rentável e se destina à produção de açúcar e forragem (FILGUEIRA, 2000). No Brasil, a beterraba é uma das principais hortaliças cultivadas, ocupando a 13ª posição quanto ao volume de produção e apesar de ser típica de climas temperados, pode ser cultivada, praticamente, o ano todo no Estado do Paraná (MORIMOTO, 1999). É consumida, principalmente “in natura”, cozida ou na forma de sucos, contudo, observa-se um crescente aumento na demanda dessa hortaliça, em indústrias de conservas e alimentos infantis (NUNES e LEITE, 2008).
Entretanto, a sua produção é limitada pela ocorrência de diversos patógenos, dentre eles o fungo Cercospora beticola Sacc., agente etiológico da cercosporiose. O fungo ataca as plantas adultas, nas quais, surgem manchas necróticas, inicialmente pequenas e rodeadas por uma pigmentação arroxeada nas faces adaxial e abaxial da folha. As manchas possuem coloração acinzentada devido à estrutura produzida pelo fungo (HERMANN, 1998).
O fungo Cercospora beticola Sacc. é o agente causal da mancha-de-Cercospora ou mancha-das-folhas e tem duas variedades: C. beticola var. beticola e C. beticola var. poonensis Chidd (INDEX FUNGORUM, 2010).
Esta doença é muito destrutiva, causando necrose foliar intensa, enfraquecimento das plantas e redução dos rendimentos na produção (AGROFIT, 2010).
Mundialmente, o patógeno causa a principal doença foliar da cultura da beterraba, sendo especialmente destrutor durante o verão úmido nas regiões mais cálidas da Europa (Agrofit, 2010).
A mancha-de-Cercospora está amplamente distribuída no mundo, com incidência em todas as regiões dedicadas à cultura da beterraba-açucareira e beterreba-de-mesa
No Brasil, existem registros nos estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, no arquipélago de Fernando de Noronha e em várias regiões do Nordeste do país (AGROFIT, 2010).
Cercospora beticola é um patógeno quase exclusivo de espécies da família Chenopodiaceae, embora existam registros em alguns hospedeiros de outras famílias, como Malvaceae, Pedaliaceae e Polygonaceae (AGROFIT, 2010).
MATERIAIS E MÉTODOS
As amostras foram coletadas na sede do Instituto Federal Goiano campu Urutaí, no dia 16 de outubro de 2010, sendo após a coleta levadas ao laboratório de microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí. No laboratório, inicialmente foram retiradas fotografias dos sintomas e sinais da doença em folhas de beterraba com o auxilio do microscópio estereoscópico. Logo após foram preparadas lâminas semi-permanentes da amostra do fungo. Para a coleta, foi utilizada uma pinça e uma seringa, onde foi aplicado o método de “pescagem direta” retirando fragmentos do fungo e repicando sobre uma lâmina contendo gotas do fixador lactofenol cotton blue, afim de corar estruturas celulares vivas. Posteriormente foi depositada uma lamínula sobre a estrutura fúngica vedando com esmalte incolor.
A lâmina foi observada em microscópio ótico, onde pode ser identificado estruturas de Cercospora beticola. Após ter identificado o fungo, tiramos microfotografias das estruturas do fungo e medimos suas estruturas como conídios, conidióforos, célula conidiogênica e estroma repetitivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Hospedeiro/cultura: Beterraba (Beta vulgaris L.)
Família Botânica: Chenopodiaceae
Doença: Cercosporiose da Beterraba
Agente Causal: Cercospora Beticola Sacc.
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano campus Urutai
Data de Coleta: 16/10/09
Taxonomia: O fungo causador da mancha de cercospora cuja espécie é Cercospora beticola sua faze anamorfica (Mycosphaerella) pertence ao reino fungi filo Ascomycota, classe Dothideomycetes, ordem Capnodiales, família Mycosphaerellaceae, gênero Cercospora, espécie C. beticola (INDEX FUNGORUM, 2010).
Sintomatologia: Surgem manchas necróticas, inicialmente pequenas e rodeadas por uma pigmentação arroxeada nas faces adaxial e abaxial da folha. As manchas possuem coloração acinzentada devido à estrutura produzida pelo fungo (Hermann, 1998).
Etiologia (Sinais): Em todo o mundo, a beterraba apresenta-se como hospedeiro de várias espécies do fungo Cercospora, como por exemplo: Cercospora beticola: Arménia, Austrália, Áustria, Barbados, Brasil, Califórnia, Camboja, Canadá, Chile, China, Colômbia, Colorado, Costa Rica, Costa do Marfim, Cuba, Chipre, República Checa, Egito, El Salvador, França, Alemanha, Guatemala, Haiti, Havaí, Honduras, Hong Kong, Iowa, Índia, Irã, Itália, Jamaica, Japão, Quénia, Líbia, Massachusetts, Malawi, na península Malaia, Malásia, Ilhas Maurício, México, Minnesota, Mississippi, Montana, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Holanda, Nova Caledônia, Nova Zelândia, Nicarágua, Novo México, Oklahoma, Oregon, Paquistão, Panamá, Papua Nova Guiné, Filipinas, Polônia, Portugal, Porto Rico, Gama de hospedeiros, Roménia, Escócia, South Dakota, South Africa, África do Sul , Província do Cabo, África do Sul, Espanha, Sudão, Suécia, Suíça, Taiwan, Tanzânia, Tailândia, Trinidad e Tobago, no Texas, Ucrânia, Venezuela, Ilhas Virgens, Washington, Índias Ocidentais, Zâmbia, Zimbabwe (Farr e Rosman, 2010).
Os conídios de Cercospora beticola são hialinos (Kimati et al., 1995) com dimensões de 2,5-4 x 50-200 (400)µ. (Fig. 1D e 1E) e produzidos em conidióforos pigmentados com dimensões de 3-5,5 x 10-100µ. (Fig. 1BC) (Chupp 1953).
De acordo com as medições feitas no laboratório de micro biologia, 50 conídios apresentaram dimensões de 3-4 x 15-90µ 50 conidioforos 3,5-4 x 12,5-75µ numero de conidióforo por esporodoquio variou de 4-7, numero de septos dos conídios variou de 4-8 septos.
A Cercospora beticola possui duas variedades Cercospora beticola var. beticola Sacc e Cercospora beticola var. poonensis (INDEX FUNGORUM, 2010).
Epidemiologia: Apresentam uma forma parasitária, que ocorre na planta hospedeira, e uma fase saprofítica, que ocorre na matéria orgânica. A fase saprofítica corresponde a sobrevivência do patógeno na ausência de seu hospedeiro. Nessa fase os patógenos sobrevivem em restos de cultura ou em matéria orgânica do solo, na forma de micélio, escleródio. Estes fungos tem a capacidade de persistir no solo durante longos períodos, pois, sob condições normais, crescem na matéria orgânica, e em ambientes favoráveis, mantém-se viáveis através das estruturas de resistência.
O fungo sobrevive na forma de conídios ou estromas, principalmente nos restos de cultura infectados deixados no campo após a colheita, também sobrevive nas sementes, assim como em plantas de beterraba voluntárias ou ervas daninhas hospedeiras.
A disseminação a longa distância ocorre através das sementes infectadas ou contaminadas. Dentro da cultura, os conídios são dispersados pelo vento e pelos respingos da água da chuva ou da irrigação por aspersão.
Períodos de chuva prolongados, umidade relativa alta e temperaturas entre 25-35 °C são condições que favorecem a infecção e o desenvolvimento da doença (Agrofit, 2010).
Controle: A alternativa mais eficaz e econômica é evitar a introdução do patógeno na lavoura mediante a utilização de sementes livres do patógeno. Portanto, propõe-se, no padrão de sementes, nível de tolerância de zero (0) sementes infestadas e, 400(4x100, 25 x 50 ou 15 x 25) sementes analisadas por lote. A erradicação do fungo associado à semente por meio do tratamento térmico (termoterapia) em vapor arejado a 56 graus centígrados durante 20 minutos (ZAMBOLIM, 2000).
Existem cultivares de beterraba resistentes a C. beticola, mas os outros hospedeiros do fungo são suscetíveies, o que permite manter uma alta densidade de inóculo na região, ainda com a ausência da cultura.
Realizar rotação de cultura com espécies não-hospedeiras por um período de 2-3 anos. Os restos de cultura infectados devem ser retirados do campo e destruídos ou enterrados profundamente no solo. Os campos novos devem ser situados pelo menos a 100 m dos campos de campanha anterior.
O controle químico deve ser usado somente em caso de epidemias muito severas, e realizar pulverizações com uma mistura de fungicidas protetores e sistêmicos devido ao fácil surgimento de estirpes do fungo resistentes ao fungicidas sistêmicos. Fungicidas registrados para o controle da Cercospora beticola: azoxistrobina (estrobilurina) + difenoconazol (triazol), azoxistrobina (estrobilurina), tebuconazol (triazol), hidróxido de cobre (inorgânico), mancozebe (alquilenobis(ditiocarbamato)) + oxicloreto de cobre (inorgânico), mancozebe (alquilenobis(ditiocarbamato)), tebuconazol (triazol) (Agrofit, 2010).
FIGURA 1 – Figura 1 – Aspectos morfológicos do fungo Cercospora beticola na beterraba (Beta vulgaris), A. sintoma de mancha na folha, B. Conidióforo (cf) (bar = 21,5 µm), C. Conidioforo (cf) (bar = 10,75 µm), D. Conídio (cn) (bar = 10,9) , E. Conidio (cn) (bar = 10,3 µm).
LITERATURA CITADA
AGROFIT. Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons Acesso em 13 de Outubro de 2010.
Chupp C. A Monograph of the Fungus Genus Cercospora. Ithaca, New York, 1953
FARR & ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: . Acesso em: 27 de outubro de 2010.
HERMANN, O. Reconnaître les maladies foliaires de la betterave au champ. Institut Royal Belge pour l’Amérlioration de la Betterave (IRBAB/KBIVB). 1998. 20 p. Disponível em: . Acesso em: 25/05/2007.
INDEX FUNGORUM. Disponível em: . Acesso em: 27 de outubro de 2010.
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 4ª Ed. Vol. 2, pag. 482 – São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.
MORIMOTO, F. A oportunidade de renda e empregos com beterraba. Londrina: Emater, 1999.
NUNES, C.; LEITE, L., T. Cultura da beterraba. Disponível em: . Acesso em: 16/04/2008.
PUIATTI, M.; FINGER, F. L. Cultura da beterraba. In.: FONTES, P. C. R. Olericultura: teoria e prática. Viçosa: Editora Suprema, 2005. 486 p.
ZAMBOLIM, L.; DO VALE, F.X.R.; COSTA, H. Controle de doenças de plantas – hortaliças (v.1). Viçosa, 2000. p.523-525.
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