segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Aspectos gerais e morfológicos de Humicola sp.

Cássio Santana Nichikaua Almeida

Acadêmico do Curso de Agronomia

1- INTRODUÇÃO

O gênero Humicola sp. foi descrito por Traaen (1914) e apresenta como sinonímia Melanogone Wollenw. & Ha. Richt., 1934. Sua posição taxonômica é representada por: Reino Fungi, Insertae sedis (grupo incerto), fungos mitospóricos, subgrupo Hyphomycetes. O gênero é representado por 64 espécies, 19 variedades e 2 formae speciales descritas em literatura. (Index Fungorum, 2010).

Há registros de espécies de Humicola sp. em diversos países dos continentes europeu, africano, asiático, antártico e americano, incluindo o Brasil. Não foram encontrados registros na Oceania. Foram registradas 94 ocorrências em 61 hospedeiras. A espécie que apresenta maior número de hospedeiras é a Humicola Fuscoatra com 27 registros e as principais hospedeiras com 4 registros cada são Abies Alba, Dactylis glomerata e Triticum aestivum (Farr & Rossman, 2010).

No Brasil foram detectados 7 registros de hospedeiras de espécies do gênero humicola sp.. São elas Lycopersicon esculentum Mill (tomateiro), Bixa orellana L. (urucum), Triticum aestivum Müll (trigo), Cedrela fissilis Vell (cedro-rosa), Euterpe edulis Mart (palmiteiro), Maranta bicolor Ker Gawl e Ctenanthe oppenheimiana (E. Morren) K. Schum. Com exceção do urucum em que a incidência do fungo ocorre em sementes, as espécies listadas apresentam folhas em decomposição (Mendes e Urben, 2010).

Existem trabalhos sobre o gênero humicola sp. referentes a sua possível ação fitopatógena. Foi realizado na Holanda, um trabalho envolvendo a espécie Humicola fuscoatra, relacionando-a a alguns sintomas de murcha e podridão da raiz em tomateiros cultivados em estufa sob o sistema de hidroponia. Foi verificada a incidência do fungo nas raízes afetadas. Sugere-se que perto do final da estação de crescimento artificial o substrato oferece condições favoráveis para o desenvolvimento de uma doença complexa de raiz, em que o H. fuscoatra pode desempenhar um papel. O experimento demonstrou que esta doença pode ser transmitida de raiz em uma recirculação sistema de água, mas a patogenicidade de H. fuscoatra não foi estabelecida. Sugere-se que o substrato artificial possa oferecer condições favoráveis para o desenvolvimento de uma doença complexa de raiz nas plantas de tomateiro, em que fungos normalmente inofensivos como H. fuscoatra possa desempenhar algum papel (De Gruyter et al., 1992).

Há registros que demonstram fins industriais para espécies do gênero (Scielo, 2010). “As endoxilanases tem sido utilizadas no biobranqueamento da polpa de papel, na bioconversão da biomassa de plantas, nas indústrias alimentíciais e de ração animal, entre outras. Para a seleção de endoxilanases que possam ser empregadas em processos industriais é importante caracterizar enzimas de diferentes fontes. O fungo termofílico Humicola grisea var. thermoidea é um bom produtor de endoxilanases extracelulares e o gene que codificada uma das endoxilanases deste fungo foi isolado e expresso na levedura Pichia pastoris” (Carvalho, 2008).

A xinalase, enzima que pode ser produzida por Humicola insolens, reduz a viscosidade intestinal de aves por degradarem arabinoxilans solúveis, aumentando os coeficientes de digestibilidade dos nutrientes e promovendo maior desempenho animal (Choct et al., 2004; Boros et al.,2002 apud Araújo, 2005).

Outra espécie que vem sendo utilizada com fins industriais é a Humicola lanuginosa. Segundo de Castro et al. (2004), o interesse industrial por tecnologias enzimáticas vem aumentando gradativamente. Entre os processos de maior interesse estão as reações de hidrólise, síntese e interesterificação de lipídios por meio de lipases. Atualmente, o maior consumidor da enzima é a indústria de detergentes, na qual é usada na remoção de manchas de gordura. A lipolase (Humicola lanuginosa lipase-Novozymes) é empregada na formulação de um grande número de marcas importantes de detergentes em todo o mundo.

Segundo pesquisas no Scielo (2010) e Science Direct (2010), não foram encontrados registros relacionando o gênero a nenhum tipo de doença em humanos ou outros animais e não foi confirmada por nenhum registro uma possível ação fitopatógena.

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de Humicola sp..

2- MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no laboratório de microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí.

Foi cedido pelo professor Milton Luiz da Paz Lima um meio de cultura em uma placa de Petri de código “Solo M17”, contendo colônias de fungos ainda não identificados. Com o auxílio de uma pinça foi coletada uma pequena quantidade de material fúngico e depositada sobre uma lâmina contendo o corante lactofenol cotton-blue (2,6 de ml ácido acético; 62,5 ml de ácido lático; 100 de ml glicerina; 100 ml de água destilada; 1g de corante, 10 ml de água; etanol 70%). Em seguida, foi colocada sobre a lâmina uma lamínula, retirado o excesso de corante com o auxílio de papel higiênico e, então, vedou-se o material com esmalte a fim de produzir uma lâmina semi-permanente. Levou-se o conjunto ao microscópio, utilizando a objetiva 4x para verificar se os propágulos foram depositados corretamente sobre a lâmina e focalizá-los, em seguida, foram aumentadas as objetivas para os aumentos de 10x e 40x, para se observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.

Foram comparadas as estruturas observadas com estruturas descritas em literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence. No caso deste trabalho o fungo identificado pertence ao gênero Humicola sp..

Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas fúngicas no microscópio ótico, utilizando a câmera digital marca Canon®, modelo Power Shot 5D750, 7.1 mega pixels. As fotografias foram editadas no programa Microsoft Office Picture Manager 2010 e organizadas na forma de prancha no programa Microsoft Power Point 2010.

3- RESULTADOS E DISCUSSÃO


Figura 1. Aspectos morfológicos de Humicola sp. A. Hifas escuras. B. Micélio e conídios. C. Detalhe hifas e conídio. D. Conidióforo (con) (bar = 39-45 µm), célula conidiogênica (cc) e conídio (c) (bar = 12-14 µm). E. Conídio escuro amerosseptado (bar = 12-14 µm).

DESCRIÇÃO MICOLÓGICA

O gênero Humicola apresenta colônias efusas, semelhantes ao algodão, de coloração inicial branca, mais tarde cinza claro, castanho-acinzentado ou castanho-escuro (Figura 1 A). Apresenta micélio superficial e imerso (Figura 1 B). Não possui estroma. Por vezes são formados clamidósporos intercalados. Cerdas e hifopódio ausente. Conidióforos micronematosos ou semi-macronematosos, não ramificados ou irregularmente ramificados, retos, flexuosos, incolores tendendo ao dourado e lisos (Figura 1 D). As células conidiogênicas são monoblásticas, integradas, terminais, cilíndricas, piriformes ou infundibuliforme (Figura 1 D). Os conídeos são solitários, simples, geralmente esféricos, ocasionalmente obovóide ou piriforme, de coloração pálida a dourada, geralmente lisos, amerosseptados (Figura 1 E). O gênero humicola também tem um estado fialídico, com fiálides discretas, incolores e lisas. Os fialoconídeos são catenuados ou nas cabeças viscoso, muito pequeno, incolores, lisos e septados. Estes elementos morfológicos se adequaram às informações descritas para o gênero por Ellis (1971).

Tabela 1. Comparação dos elementos morfológicos e morfométricos de Humicola sp. com os elementos morfológicos e morfométricos descritos por outros autores.

Descrição morfológica

Diâmetro (µm)

Ellis

Watanabe

Espécie

Conídio

12-14 µm

12-17 µm

22-16,3 µm

H. grisea

6-11 µm

7,2-10 µm

H. fuscoatra

Conidióforo

39-45 µm

-

13,3-20,7x2-2,5 µm

4- LITERATURA CITADA

ARAÚJO, D.M.: Avaliação do farelo de trigo e enzimas exógenas na alimentação de frangas e poedeiras, 2005. Disponível em: >www.cca.ufpb.br/ppgz/pdf/dissertacao/DanielMAgalhaes%20Araujo-05.pdf<>

CARVALHO, W.R.: Caracterização bioquímica da endoxilanase recombinante (HXYN2r) do fungo termofílico Humicola grisea var. thermoidea e suas aplicações na sacarificação de resíduos agrícolas. Disponível em: >http://bdtd.ufg.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=101<>

CASTRO, H.F.; MENDES, A.A.; DOS SANTOS, J.C.; DE AGUIAR, C.L.: Modificação de óleos e gorduras por biotransformação, Quim. Nova, Vol. 27, No. 1, 2004. Disponível em: >quimicanova.sbq.org.br/qn/qnol/2004/vol27n1/24-DV02260.pdf<>

DE GRUYTER, J.; VAN KESTEREN, H.A.; NOORDELOOS, M.E.; PATERNOTTE, S.J.; AND VEENBAAS-RIJKS, J.W.: The association of Humicola fuscoatra with corky root symptoms in wilted glasshouse tomatoes, European Journal of Plant Pathology, Vol. 98, No. 4, 1992. Disponível em: >http://www.springerlink.com/content/w71ru73854288087/fulltext.pdf<>

ELLIS, M. B. Dematiaceous Hyphomycetes. Ed. CAB - Commonwealth Mylocogical Institute Kew, Surre, England. 1971.

FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Retrieved October 19, 2010, from >http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/<>

INDEX FUNGORUM Disponível em: >http://www.indexfungorum.org/names/NamesRecord.asp?RecordID=8566<>

MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F.: Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: >http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp<>

SCIELO Disponível em: >http://www.scielo.org/php/index.php<>

SCIENCE DIRECT Disponível em: >http://www.sciencedirect.com/<>

WATANABE, T; Pictorial atlas of soil and seed fungi: morphologies of cultured fungi and key to species, Soft Science, Tokyo, 1993.

27 comentários:

  1. Em literatura citada falta os endereços de alguns sites que serviram para a pesquisa

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  2. Falta citar alguns endereços que serviram de base para a pesquisa

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  3. Literatura não estáem ordem alfabética.

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  4. Geovani :A citação CARVALHO, 2008 não é em italico e as letras não são todas maiusculas.

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  5. OHHHHHHHH trabalho que não acabaaa!!!

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  6. As referências não estão em ordem alfabética. No último parágrafo o gênero não está em itálico. No 5º parágrafo a citação está toda em letra maiúscula e em itálico. Suas fotos ficaram um pouco embaçadas.

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  7. Fotos desfocadas. No mais, um bom trabalho!

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  8. O nome do fungo no titulo não está em itálico.

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  9. Muito boa a prancha e suas referencias...

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  10. tem citações com letras maiúscula e minúscula, poderia padronizar

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  11. AS citações devem estar em ordem alfabética

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  12. Não precisava colocar de quem era a maquina fotografica, o demais ficou muito bom.

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  13. Tálita Borges.

    Seguir ordem alfabética, e inserir links na citação.

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  14. Lucas da Silva: bom sua introdução ficou boa informações importantes tanto para fins industiais e no caso não causando doença em humano e animal, mais ta passando a idéia de que ta muito mecânico ou seja parece que você pegou as informações e colocou apenas uma sugestão dse você conseguir contextualizar as informações sua introdução vai ficar muito boa.
    Ficou bom a metodologia a prancha e na descrição micologica foi bem clara e dar uma olhadinha na literatura colocar em ordem alfabética pois e via de regra.
    Abraços.

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  15. A prancha ficou com um pouquinho de excesso e os sites não sairam na referencia, e algumas citações estão em letras maiusculas. Em geral o trabalho esta ótimo!!!.

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  16. Alicionon Oliveira: Boa introduçao, otimo trabalho, faltou somente mais conteztualizaçao do fungo.

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  17. Marcelo Mueller: Nos materiais e metodos, o texto está com formatação errada, e suas citações não estão em ordem alfabética.

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  18. Citações com letras maiúsculas e minúsculas, citações devem estar em ordem alfabética...

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  19. Edvan Müller: ótimo trabalho so faltou colocar as referencias em ordem alfabetica. abraços

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  20. Ivo, colocar em ordem alfabéticas as referências.

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  21. Alisson : falta endereços de link de literaturas .

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  22. Na prancha de fotos falta a barra das escalas.
    As literaturas não estão em ordem alfabetica.

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