segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Gliocephalis sp.

Érika Faleiro Fernandes

O gênero Gliocephalis sp. pertence ao Reino Fungi, Divisão fungos mitospóricos, sub-grupo Hifomicetes. A forma teleomórfica pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Subdivisão Laboulbeniomycetes, Classe Laboulbeniomycetidae, Ordem Pyxidiophorales e Família Pyxidiophoraceae. De acordo com Saccardo este gênero apresenta apenas 1 espécie: G. Hyalina (Index Fungorum, 2010).
Porém no banco de dados Index Fungorum (2010) mostra que o gênero é representado por 2 espécies: G. Hyalina (Matruch.) 1899 e G. Pulchella (Penz. & Sacc.) D. Hawksw. 1979. E não apresenta nenhuma formae specialis e variedades descritas em literatura.
Os Hyphomycetes não produzem picnídios ou acérvulos, formam conídios sobre hifas isoladas ou agregações de hifas como sinêmio e esporodóquio (Putzke & Putzke, 2010).
Compreendem 1700 gêneros e 11000 espécies amplamente distribuídos em muitos nichos ecológicos. Tradicionalmente podem ser distribuídos em quatro ordens (se incluído Agonomycetes), baseado na presença ou ausência de conídios e o grau de agregação dos conidióforos em conidiomas (Putzke & Putzke, 2010).
Gliocephalis hyalina foi descoberto por Matruchot (1899). É um microfungo raramente visto com uma morfologia semelhante ao gênero Aspergillus hyphomyceto, mas com conídios viscosos, foi encontrado em uma cultura mista microbiana das raízes de soja. Esta espécie tem sido relatada esporadicamente desde 1899, cada vez em associação com outros fungos ou bactérias. Gliocephalis hyalina não tem sido mantida em cultura monoxênico e exige outros fungos a crescer. Estudos em microscopia eletrônica de varredura indicam que é um parasita biotrófico, contato de espécies de Fusarium. O fungo pode penetrar nas células, mas não tem nenhum efeito aparente deletério sobre a patogenicidade de crescimento de plantas ou de seu hospedeiro (Mycologia, 2010).
Gliocephalis pulchella foi descrito por (Penz. & Sacc.) D. Hawksw (1979) e apresenta como sinonímia Gliocladium pulchellum Penz. & Sacc., (1904). Pertence à Classe Ascomycetes e ao Filo Ascomycota, sem ordem atribuída (Zipcodezoo, 2010).
Povoamentos de Pinus halepensis foram analisados por toda a Península Ibérica, a fim de analisar as possíveis causas do atual declínio da espécie pinus, na Espanha. Um total de 35 espécies de fungos foram isolados e identificados a partir de 1980 câmaras úmidas analisadas (990 por tecido vegetal). Alternaria alternata foi o fungo mais freqüentemente isolado, seguido por Leptostroma pinastri, Aspergillus niger, Diplodia pinea e Phomopsis sp.. Por outro lado, Arthrinium caricicola, Chaetomiun atrobruneum, Gliocephalis sp, Preussia sp, bem como Brunchorstia pinea, só ocorreu em um único local (Saccardo, 2010).
Vários fungos tem sido detectados em sementes de palmeiras, como Colletotrichum gloeosporioides, Doratomyces stemonitis, Ceratocystis paradoxa, Fusarium oxysporum, Fusarium spp., Cylindrocarpon sp., Phoma spp., Pestalotia spp., Pestalotiopsis sp., Graphium sp., Gliocephalis sp., Rhizopus sp., Cladosporium spp., Trichoderma sp., Aspergillus spp. e Penicillium spp. (BOVI et al., 1994; RICHARDSON & NOBLE, 1968) (Russomanno, et. al., 2010).
O objetivo desse trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos de Gliocephalis sp..

MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi feito no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí.
Os propágulos do fungo foram retirados de placa de petri preparada em meio de cultura BDA para estudos possivelmente realizados futuramente. As lâminas semi permanentes foram feitas com o auxilio de pinças e estiletes.
Após a visualização dos propágulos, estes foram coletados da superfície do meio de cultura com o auxílio de um estilete e colocados em uma lâmina contendo uma gota de fixador azul de metileno, em seguida foi colocado uma lamínula sobre a lâmina. Foi retirado o excesso de corante com papel higiênico e logo após vedou-se com esmalte e a amostra foi levada para visualização em microscópio óptico. No microscópio a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor (4x), para que possamos observar se os propágulos foram depositados na lâmina, após a observação destes, aumentamos as objetivas para os aumentos de 10x e 40x, e se necessário 100x, para se observar as estruturas fúngicas com mais detalhes, como foi o caso do fungo Gliocephalis sp..
Os conídios e clamidósporos foram medidos usando a ocular micrométrica. Comparamos as estruturas observadas com estruturas descritas em literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence. Nesse trabalho o fungo identificado pertenceu ao gênero Gliocephalis sp..
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas fúngicas no microscópio utilizando câmera digital Canon® modelo Power Shot A580 do professor Milton Luiz da Paz Lima.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1 – Aspectos morfológicos do fungo Gliocephalis sp. A. Estrutura reprodutiva e clamidósporo (cl) (bar = 6,5 µm), B. Conídios (cn) e conidióforo (cf), C. Conídios e conidióforo com célula terminal ampuliforme, D. Conídios (cn) (bar = 4,5 µm), E. Clamidósporos intercalares.

DESCRIÇÃO MICOLÓGICA

O gênero Gliocephalis sp. apresenta colônias efusas. O micélio é superficial e imerso. Suas hifas são coloridas, escuras ou pálidas, podem ter uma coloração marrom-ouro. Apresenta clamidósporos intercalares (Fig. 1A e 1E). Não apresenta stromas, as cerdas e hyphopodia são ausentes. Os conidióforos (Fig. 1B e 1C) são macronematosos, mononematosos, ramificados, com ramificações restritas à região apical, formando uma estipe e uma cabeça. Ramificações no complexo de cabeça, formando uma estrutura penicilar. Podem formar quatro estruturas longas, estéreis, setiformes, associado às estruturas reprodutivas abaixo dessa estrutura penicilar. A estipe é reta ou flexuosa de coloração marrom-ouro, lisa ou verrucosa. A célula conidiogênica é monocialidica, discreta, determinada, algumas vezes cilíndrica, circundadas no ápice. O conídio (Fig. 1B 1C e 1D) é agregado formando cabeças úmidas, massas alaranjadas, acrógenas e esféricas. Não possui esporos.
Estes elementos morfológicos se adequaram às informações descritas para o gênero por Ellis (1971).

LITERATURA CITADA

BOTELLA, L.; SANTAMARÍA, O.; DIEZ, J. J. Fungi associated with the decline of Pinus halepensis in Spain. Disponível em: http://www.springerlink.com/content/p4247h631412h53p/fulltext.pdf, acessado em novembro de 2010.

ELLIS, M. B. DEMATIACEOUS HYPHOMYCETES. Ed. CAB - COMMONWEALTH MYLOCOGICAL INSTITUTE KEW, SURREY, ENGLAND. 1971.

INDEX FUNGORUM. Banco de Dados Micológico. Disponível em: http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp, acessado em novembro de 2010.

JACOBS, K.; HOLTZMAN, K.; SEIFERT, K. A. Morphology, phylogeny and biology of Gliocephalis hyalina, a biotrophic contact mycoparasite of Fusarium species. Disponível em: http://www.mycologia.org/cgi/content/full/97/1/111, acessado em outubro de 2010.

PUTZKE, J.; PUTZKE, M. T. L. Os Reinos dos Fungos. Ed. EDUNISC. Santa Cruz do Sul, RS. 2004

RUSSOMANNO, O. M. R.; KRUPPA, P. C.; COUTINHO, L. N. Doenças Fúngicas em Palmeiras Ornamentais. Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/docs/bio/v69_1/russomano.pdf, acessado em novembro de 2010.

SACCARDO, P. A. Sylloge Fungorum XVI: 1031 (1902). Disponível em: http://www.librifungorum.org/Image.asp?ItemID=100&ImageFileName=SyllogeFungorum16-1031.jpg, acessado em outubro de 2010.

ZIPCODEZOO. Banco de Dados. Disponível em: http://zipcodezoo.com/Fungi/G/Gliocephalis_pulchella/, acessado em novembro de 2010.

27 comentários:

  1. A foto E ficou de dificil vizualização.

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  4. Cássio: Não foram identificados os softwares utilizados na confecção da prancha.

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  6. Faltou comentar se há utilização industrial, alimentícia ou médica\veterinária do fungo descrito. No mais, um bom trabalho.

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  7. Faltou apenas as medidas dos conidios e conidióforos (bar) na prancha, mas o trabalho ficou ótimo!!!

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  8. não deve citar a lente utilizada no microscópio

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  9. Faltou as medidas dos conidios e conidióforos

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  10. Não precisava colocar de quem era a maquina fotografica.
    no demais muito bom.

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  11. Faltou apenas as medidas das figuras B C e E na prancha.

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  12. Alicionon Olveira: Faltando somente as mediçoes dos conidios e afins, Otimo trabalho!

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  13. Marcelo Mueller: Faltou falar se há uso industrial, em geral o trabalho ficou bom.

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  14. Edvan Müller: muito bom o trabalho so faltou separar o texto em paragrafos. abraços

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  15. Faltou colocar o topico "Introduçao" e enumerar o restantes dos tópicos.

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  16. Alisson : faltou uma boa formataçao do texto .

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  17. Lucas Silva: falltou algumas informacões como se produzido industrialmente, bucar algumas informações que releve seu trabalho como se ele é considerado praga ou não,faltou as medidas de algumas estruturas fungicas. No mais seu trabalho ficou bom.
    Abraços ..

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  18. Que plantas estão associadas ao fungo?
    É utilizado industrialmente?
    Causa alguma doença em humanos?

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  19. Milton: que piada esses comentários.... bastante pertinentes risos

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