segunda-feira, 8 de novembro de 2010

“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Ochroconis sp.”

Larissa Caixeta da Silva

O gênero Ochroconis sp. Hoog. & von Arx. (1974) pertence ao Reino Fungi, grupo dos fungos mitospóricos, sub-grupo hifomicetes. A forma teleomórfica pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, e não se conhece as demais posições taxonômicas, nem sua forma teleomórfica em literaturas. O gênero apresenta a espécie tipo Scolecobasidium constricum Abboutt. E em Saccardo apresenta listados 7 espécies pertencentes ao gênero como: O. anelllii, O. constricta, O. crassihumicola, O.humicola, O. simplex, O. variabilis, O. verruculosa (Index Fungorum, 2010).

De acordo com Index Fungorum (2010), o gênero não apresenta nenhuma formae specialis e variedades descritas em literatura. E apresenta 11 espécies descritas: O. anellii (Graniti) Hoog & Arx 1973; O. atlantica A.M. Wellman 1975; O. constricta (E.V. Abbott) de Hoog & Arx 1974; O. crassihumicola (Matsush.) de Hoog & Arx 1973; O. gallopava (W.B. Cooke) de Hoog 1983; O. gamsii de Hoog 1985; O. humicola (G.L. Barron & L.V. Busch) de Hoog & Arx 1973; O. simplex (Papendorf) de Hoog & Arx 1973; O. tshawytschae (Doty & D.W. Slater) Kiril. & Al-Achmed 1977; O. variabilis (G.L. Barron & L.V. Busch) de Hoog & Arx 1973; O. verruculosa (R.Y. Roy, R.S. Dwivedi & R.R. Mishra) de Hoog & Arx 1973.

A planta hospedeira do gênero Ochroconis sp. é Palmiteiro (Euterpes edulis Mart) (Arecaceae) que atua na decomposição de folhas (Embrapa Cernagem, 2010).

Fungos que infectam a hospedeira: Alternaria sp. Nees; Aspergillus sp. Link; Brachysporiella gayanae Bat; Calonectria ilicicola Boedijn & Reitsma; Candelospora ilicicola Hawley; Cylindrocladium ilicicola (Hawley) Boedijn & Reitsma; Chalara alabamensis Morgan-Jones; Chalara aurea (Corda) S. Hughes; Chloridium transversalis Morgan-Jones; Chloridium virescens var. virescens (Pers.) W. Gams & Hol.-Jech.; Cladosporium cladosporioides (Fresen.) G.A. de Vries; Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc.; Colletotrichum sp. Corda; Crepidotus euterpicola Senn-Irlet & de Meijer; Cryptophiale kakombensis Piroz.; Cryptophiale udagawae Piroz. & Ichinoe; Dendrosporomyces splendens Nawawi & Kuthub.; Dictyochaeta minutissima A. Hern. Gut. & J. Mena; Dictyochaeta novae-guineensis Matsush; Diplococcium stoveri (M.B. Ellis); Fusarium sp. Link; Gonytrichum chlamydosporium G.L. Barron & G.C. Bhatt; Humicola grisea Traaen; Kionochaeta ramifera (Matsush.) P.M. Kirk & B. Sutton; Mycoleptodiscus brasiliensis B. Sutton & Hodges; O. humicola G. L. Barron & L. V. Busch; Penzigomyces parvus S. Hughes; Phialophora humicola S. C. Jong; Ramichloridium apiculatum Hoog; Rhinocladiella phaeophora; Rhizoctonia solani J.G. Kühn; Rhizopus sp. Ehrenb; Sporidesmiella hyalosperma (Corda); Sporidesmium bambusicola M. B. Ellis; Sporidesmium leonense M. B. Ellis; Thozetella cristata Piroz. & Hodges (Embrapa Cernagem, 2010).

De acordo com Bastos (2010) o gênero de espécie Ochroconis gallopavum pertence à classe de risco 2. Seu patógeno pode causar doença ao homem ou aos animais, mas não consiste em sério risco, a quem o manipula em condições de contenção, à comunidade, aos seres vivos e ao meio ambiente.

Os fungos pertencentes ao gênero Ochroconis sp. tendem a crescer em ambientes quentes e são normalmente encontrados no solo e na vegetação em decomposição, que pode sofrer compostagem associadas à geração e liberação de calor (Barbosa, 2010).

Durante um levantamento de fungos anamórficos (Hyphomycetes) associados à folhas em decomposição de diferentes plantas na região semi-árida do Estado da Bahia foi encontrado registros do fungo Ochroconis crassihumicola (Matsush.) de Hoog & Arx,1973 pela primeira vez no Brasil (Barbosa, 2010).

O fungo de espécie Ochroconis gallopavum (W. B. Cooke) de Hoog 1983, foi encontrado em pacientes imunocomprometidos em Jacksonville nos EUA. É um fungo dematiáceo conhecido por causar doenças em imunocomprometidos e epidemia em aves de capoeira. É geralmente encontrado em ambientes quentes e em decomposição do composto. Pode causar abcessos múltiplos no pulmão e levar à morte (Odell et al., 2010).

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Ochroconis sp.


MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí.

Os propágulos do fungo foram retirados da placa de Petri preparada em meio de cultura BDA. Com o auxílio de pinças e estiletes os propágulos foram retirados da placa e colocados em lâminas com duas gotas do corante azul de metileno e em seguida colocou-se a lamínula sobre a lâmina. O excesso de corante foi retirado com papel toalha e vedada com esmalte incolor.

Após o processo de fabricação da lâmina a amostra foi levada ao microscópio óptico para ser visualizada.

No microscópio a primeira objetiva a ser usada deve ser a menor (4x), para que possamos observar se os propágulos foram depositados na lâmina, após a observação destes, aumentamos as objetivas para os aumentos de 10x e 40x, e se necessário 100x, para se observar as estruturas fúngicas com mais detalhes.

Para medição das estruturas fúngicas foi utilizada uma lente ocular micrométrica com a objetiva 100x. Foram medidos 50 conídios, 50 conidióforos e 50 células conidiogênicas no microscópio óptico.

Comparamos as estruturas observadas com estruturas descritas em literatura para identificar o gênero ao qual o fungo pertence. Nesse trabalho o fungo identificado pertenceu ao gênero Ochroconis sp.

Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas fúngicas no microscópio utilizando câmera digital Canon® modelo Power Shot A580.


RESULTADOS E DISCUSSÃO

Figura 1 – Aspectos morfológicos do fungo Ochroconis sp. A. Hifa escura e septada (bar= 5µm), B. Extremidade terminal do conidióforo (bar= 4,7µm), C. Conidióforo com cicatrizes de secessão enteroblástica trética (bar= 4,4µm), D. Conidióforo irregular (bar= 3,2 µm), E. Detalhe da célula conidiogênica cicatrizada (bar= 3µm), F. Conídios hialinos esféricos à avóides (bar= 8µm).

DESCRIÇÃO MICOLÓGICA

Colônias efusas, cotonosas, estreitas, algumas vezes de coloração olivacea. As suas hifas(Figura 1A) são subhialinas algumas vezes com tonalidades de palha a oliva, são lisas e ocasionalmente verrugosas e apresentam a largura da hifa de 1-3 µm. Os conidióforos (Figura 1ABC) são retos ou flexuosos algumas vezes clavados, lisos ou medianamente olivaceos. Esses conidióforos apresentam de 35 µm de comprimento 2-5 µm de largura. Os conídios (Figura 1F)são retos, oblongos, nas suas terminações normalmente são elipsóides (estreitados), são marrom olivaceos, verrugosos e medianamente equinulados e apresentam 2-3 septos transversais e ocasionalmente pode apresentar um septo longitudinal quando eles estão maduros e as vezes podem ter constrições (Figura 1C)no local do septo. As dimensões do conídio são de 10-23 (14) µm de comprimento e 4-7 (5) µm de largura. Este descoberto foi descrito na Itália em rochas estalactites (Ellis, 2010).


LITERATURA CITADA

BARBOSA, F. R.; Gusmão, L. F. P.; Barbosa, F. F. Fungos anamórficos (Hyphomicetes) no Semi-árido do Estado da Bahia, Brasil. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-33062008000100004&lng=pt&nrm=iso, acessado em 02 de novembro de 2010.

BASTOS, E. Classificação dos Microorganismos. Disponível em: http://www.ebah.com.br/classificacao-dos-microorganismos-doc-a44404.html, acessado em 06 de novembro de 2010.

ELLIS, M. B. More Dematiaceous Hyphomycetes. Ed. CAB - Crommonweath Mycological Institute. Kew, Surrey, England 1976.

EMBRAPA CERNAGEM. Fungos Relatados em Plantas no Brasil. Disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fichafg.asp?id=8181, acessado em 29 de outubro de 2010.

EMBRAPA CERNAGEM. Plantas Hospedeiras dos Fungos Relatados no Brasil. Disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbd02a.asp#E, acessado em 29 de outubro de 2010.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp, acessado em 29 de outubro de 2010.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: http://www.librifungorum.org/image.asp?ItemID=42&ImageFileName=IXF4-314.jpg, acessado em 29 de outubro de 2010.

ODELL, J. A.; ALVAREZ, S.; CVITKOVICH, D. G.; CORTESE, D. A.; MC COMB, B. L. Pulmão de múltiplos abscessos, devido a Ochroconis gallopavum. Disponível em: http://chestjournal.chestpubs.org/content/118/5/1503.full, acessado em 03 de novembro de 2010.

26 comentários:

  1. Poderia colocar na prancha setas indicando as estruturas fúngicas levando a uma melhor compreensão

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  2. Faltou a indicação das estruturas fungicas na prancha, no geral o trabalho ficou muito bom.

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  3. Dá licença mas o meu trabalho ta ótimoooo...

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  4. Cássio: Não foi demonstrada a composição do corante.

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  5. Faltou comentar se há uso industrial ou alimentício do fungo descrito.
    Bom trabalho.

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  6. não e necessário citar as lentes utilizadas no microscópio

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  7. Faltou justificar as referencias bibliograficas.

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  8. Não precisava colocar de quem era a maquina fotografica.

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  9. Faltou a indicação das estruturas fungicas na prancha

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  10. No primeiro parágrafo da introdução as espécies não estão em itálico. O trabalho ficou ótimo!

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  11. Alicionon Oliveira: Faltou somente algumas citaçoes no final, mas otimo trabalho Lari. bjs

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  12. Edvan Müller: Na prancha poderia ter indicado as estruturas para melhor entendimento. muito bom o trabalho.

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  13. Marcelo Mueller: Faltou algumas informações na introdução.

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  14. Melhor um pouco as imagens da prancha

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  15. Alisson : o texto nao esta com uma formataçao adequada.

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  16. Lucas Silva: na introdução tem paragrafos grandes e pequenos seria melhor colocar de forma homogênea, seu fungo por ser novo fica complicado achar informações mais penso que é desnecessário falar da hospedeira uma vez que o trabalho refere-se ao fungo.
    Na prancha colocar as medidas das outras estruturas fúngicas.
    Abraços ;;..

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  17. Foi citado o seguinte trecho na introdução:"o gênero de espécie Ochroconis gallopavum pertence à classe de risco . Seu patógeno pode causar doença ao homem ou aos animais" Que donça seria essa? Quais seriam seus sintomas?
    Existe alguma finalidade industrial para este gênero fungico?

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  18. faltou um pouco de formatação, no mais foi um bom trabalho.

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