Gabriel Bittencourt Alamy
Acadêmico do Curso de Agronomia
1- INTRODUÇÃO
A Cercospora sp. foi descrita por Fresen (1863) e possui como sinonímias: Psilothecium Fuckel (1866), Virgasporium Cooke (1875), Cercosporina Speg (1911). O gênero é representado por 2832 espécies (Cyber Truffle, 2010). A Cercospora hibiscina foi descrita por Ellis & Everh (1985). Sua posição taxonômica do anamorfo é representada por: Reino Fungi, Insertae sedis, fungos mitospóricos, subgrupo Hyphomycetes. A forma teleomórfica, possui a seguinte representação taxonômica: Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Subdivisão Dothideomycetes, Classe Dothideomycetidae, Ordem Capnodiales e Família Mycosphaerellaceae. (Index Fungorum, 2010).
Foram encontrados 14 registros da Cercospora hibiscina nos seguintes países: Venezuela, China, Ilhas Virgens, Índia, Porto Rico, Serra Leoa, Uganda e México. Há 6 registros de espécies hospedeiras: Abelmoschus sp., Hibiscus cannabinus, Hibiscus rosa-sinensis, Hibiscus sp., Hibiscus syriacus e Hibiscus tiliaceus (Farr & Rossman, 2010). No Brasil, existem registros no Amazonas e em Minas Gerais da presença da espécie no quiabeiro (Abelmoschus esculentus) sendo agente da doença cercosporiose (Mendes e Urben, 2010). Há ainda 204 registros de espécies de fungo para as quais o quiabeiro é hospedeiro, entre elas 7 espécies de Cercospora sp., sendo 50 dos registros no Brasil (Farr & Rossman, 2010).
A Cercospora hibiscina atua como parasita facultativo, desenvolvendo-se saprofiticamente em restos culturais e matéria orgânica existente no solo. Na fase patogênica, estes organismos colonizam os tecidos vegetais através da produção de enzimas e toxinas, que acarretam a morte e a decomposição dos tecidos dos hospedeiros. A disseminação dos conídios ocorre principalmente através do vento. Em certa medida, a cultura do quiabo suporta bem a cercosporiose, o que não viabiliza a adoção de medidas de controle específicas para esta doença. A rotação de culturas é, em geral, suficiente para evitar perdas. Em surtos epidêmicos, pode-se lançar mão do controle químico através de pulverizações quinzenais com oxicloreto de cobre (Bergamin Filho, et al., 1995 apud Costa, 2010).
A Cercospora hibiscina infecta também uma série de espécies de hibiscos. Ela produz manchas escuras, oliváceas na superfície inferior das folhas (Sherff & Macnab, 1986). “Muitas espécies são atacadas por estes patógenos, principalmente espécies de grande importância econômica, compreendendo cereais, hortaliças, frutíferas, forrageiras e ornamentais.” (Bergamin Filho, et al., 1995 apud Costa, 2010).
Em levantamento no Scielo (Scientific Electronic Library Online) (2010) foram encontrados 69 registros de publicações envolvendo a palavra chave “Cercospora”. Nos trabalhos registrados com Cercospora sp. diversas espécies foram citadas. Entre elas a Cercospora longissima que provoca a cercosporiose da alface (Gomes et al., 2006), a Cercospora capsici que provoca cercosporiose do pimentão (Michereff et al., 2006), a Cercospora arracacina, causando doenças foliares da mandioquinha-salsa (Mesquini et al., 2009) e método de controle químico da Cercospora coffeicola na cultura do café (Amaral et al., 2008). Entretanto, utilizando como palavra chave “Cercospora hibiscina”, não foi encontrado nenhum resultado. Mesmo fato ocorreu no portal Science Direct (2010). Foram encontrados 50 registros com o gênero, entre os quais se destacam os trabalhos relacionados à Cercospora beticola com 15 registros, mas nenhum relacionado à Cercospora hibiscina.
Não foram encontrados registros no portal Scielo (2010) e Science Direct (2010), referentes ao fungo como agente patogênico em humanos ou outros animais, tão pouco registros revelando algum tipo de fim industrial para a Cercospora hibiscina.
O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Cercospora hibiscina.
2- MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no laboratório de microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí. Com auxilio de um microscópio estereoscópio e de uma pinça foram retirados propágulos do fungo em folhas de quiabeiro (Abelmoschus esculentum) coletadas no campo experimental do próprio Instituto. Colocaram-se os propágulos em uma lâmina contendo o fixador lactofenol cotton-blue (2,6 de ml ácido acético; 62,5 ml de ácido lático; 100 de ml glicerina; 100 ml de água destilada; 1g de corante, 10 ml de água; etanol 70%) e, em seguida, colocou sobre a lâmina uma lamínula. Com auxilio de papel higiênico foi retirado o excesso do fixador e vedado o conteúdo utilizando esmalte. O conjunto foi levado à observação em microscópio utilizando a objetiva 4x para verificar se os propágulos estavam presentes na lâmina e, em seguida, foram utilizadas as objetivas de 10x e 40x para observá-los com mais detalhes.
Compararam-se as estruturas observadas ao microscópio com estruturas descritas em literatura para identificar o gênero ou a espécie a qual o fungo pertence. Conclui-se que o fungo presente na folha de quiabeiro é a Cercospora hibiscina.
Para esse trabalho foram realizadas microfotografias das estruturas fúngicas no microscópio ótico utilizando câmera digital marca Canon®, modelo Power Shot 5D750, 7.1 mega pixels. Por fim, as fotografias foram editadas no programa Microsoft Office Picture Manager 2010 e organizadas na forma de prancha no programa Microsoft Power Point 2010.
3-RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 1. Aspectos morfológicos de Cercospora Hibiscina. A. Conídios multiseptados (bar = 12 µm). B. Esporodóquio. C. Conídio solitário, longo e filiforme (bar = 12 µm). D. Conidióforos com estreitamento da célula conidiogênica (bar = 112 µm). E. Conídio e conidióforo.
DESCRIÇÃO MICOLÓGICA
A Cercospora sp. apresenta colônias efusas e acinzentadas. Micélio principalmente imerso. Estroma freqüentemente presentes, mas não grandes. Cerdas e hifopódio ausente. Conidióforos macronematosos, mononematosos, cespitosos, retos ou flexuosos, algumas vezes geniculados, ramificados ou raramente ramificados, marrom claro ou marrom, verde-escuro em direção ao ápice e lisa (Figura 1E). Células conidiogênicas integradas, terminais, simpodiais, cilíndricas, cicatrizadas. Conídios solitários, simples, obclavados, incolores ou pálidos, pluriseptados e lisos (Figura 1A). (Ellis, 1971). A Cercospora hibiscina provoca manchas foliares verde-escuro na parte abaxial da folha do quiabeiro. Os conidióforos são agrupados em esporodóquios escuros (Figura 1B), e apresentam tecido estromático sustentando a base (Figura 1D). Conídios obclavados a cilíndrico, hialinos, oliváceo a marrom pálido, com 4 a 6 septos (Figura 1C) (Charles Chupp,1953).
4 -LITERATURA CITADA
AMARAL, D.R. et al. Silicato de potássio na proteção do cafeeiro contra Cercospora coffeicola, Trop. plant pathol. Vol.33 no. 6 Brasilia Nov./Dec. 2008, Disponível em: >http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-56762008000600004&lng=en&nrm=iso<>
BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI, H.; AMORIM, L. Manual de Fitopatologia, vol. 1,3° ed., 1995, In: COSTA, P.V. Aspectos gerais e morfológicos de Cercospora hibiscina. Disponível em: >http://fitopatologia1.blogspot.com/2010/07/normal-0-21-false-false-false.html<>
CHUPP, CHARLES, A monograph of the fungus genus Cercospora, Ithaca, New York,1953.
COSTA, P.V., Aspectos gerais e morfológicos de Cercospora hibiscina, Disponível em: >http://fitopatologia1.blogspot.com/2010/07/normal-0-21-false-false-false.html<>
CYBER TRUFFLE, Disponível em: >http://www.cybertruffle.org.uk/cgi-bin/nome.pl?organism=3442&glo=por<>
ELLIS, M. B. Dematiaceous Hyphomycetes. Ed. CAB - Commonwealth Mylocogical Institute Kew, Surre, England. 1971.
Farr, D.F., & Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, ARS, USDA. Disponível em: >http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/<. Acesso em: 20/06/2010.
GOMES, M.A.G. et al. Intensidade da cercosporiose da alface em cultivos convencionais e orgânicos em Pernambuco, Summa phytopathol. vol.32 no.4 Botucatu Sept. 2006, Disponível em: >http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-54052006000400013&lng=en&nrm=iso<>
INDEX FUNGORUM, Disponível em: >http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp<>
MENDES, M. A. S.; URBEN, A. F.; Fungos relatados em plantas no Brasil, Laboratório de Quarentena Vegetal. Brasília, DF: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. Disponível em: >http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbanco01.asp<>
MESQUINI, R.M. et al. Escala diagramática para a quantificação de Septoria apiicola e Cercospora arracacina em mandioquinha-salsa, Trop. plant pathol. Vol.34 no. 4 Brasilia July./Aug. 2009, Disponível em: >http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1982-56762009000400008&lng=en&nrm=iso<>
MICHEREFF, S.J. et al. Elaboração e validação de escala diagramática para a cercosporiose do pimentão, Summa phytopathol. vol.32 no.3 Botucatu July/Sept. 2006, Disponível em: >http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-54052006000300008&lng=en&nrm=iso<>
SCIELO, Disponível em: > http://search.scielo.org/index.php<>
SCIENCE DIRECT, Disponível em: >http://www.sciencedirect.com/science?_ob=ArticleListURL&_method=list&_ArticleListID=1528615116&_sort=r&_st=13&view=c&_acct=C000050221&_version=1&_urlVersion=0&_userid=10&md5=93c83fdea476c548d9a32098bd456180&searchtype=a<>
SHERF, A.F.; MACNAB, A.A., Vegetable diseases and their control, 1986. Disponível em: >http://books.google.com.br/books?id=kbYNgTGxz4wC&printsec=frontcover&dq=Vegetable+diseases+and+their+control++Por+Arden+F.+Sherf,Alan+A.+MacNab&source=bl&ots=F0BDsPl8ma&sig=or8p5Gd9KcZCAQRLexQLPGZOXJg&hl=ptBR&ei=I4XJTMunBIOB8gaEmpn7AQ&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CBgQ6AEwAA#v=onepage&q&f=false<>
Nas citações feitas ao longo do texto não era necessário colocar o nome dos autores com todas as letras maiúsculas
ResponderExcluirPoderia ter indicado as estruturas fungicas na prancha.
ResponderExcluirNa prancha de fotos alguns erros.
ResponderExcluirprancha pequena e citação não está em ordem alfabética.
ResponderExcluirjose fernando
ResponderExcluirA prancha esta pequena as letras dela não esta em ordem alfabética sua descrição micológica não ficou muito clara.
Cássio: Poderia ter identificado com setas as estruturas na prancha.
ResponderExcluirA literatura citada não está em ordem alfabética.
ResponderExcluirPoderia ter editado a prancha tirando akele espaço branco vazio no final das fotos.
ResponderExcluirFaltou aproveitar melhor o espaço da prancha!
ResponderExcluirabrass
tem citações com letra maiúscula e minúscula poderia padronizar
ResponderExcluirPrancha com muito espaço em branco e referencias bibliografica muito bagunçada
ResponderExcluirAlguns nomes científicos não estão em itálico
ResponderExcluirOrganizar a pracha, e não precisava colocar de quem era a maquina fotografica.
ResponderExcluirTálita Borges.
ResponderExcluirFormatar prancha, reorganizar o trabalho.
A literatura citada nao esta em ordem alfabetica,formatar o trabalho justificando.
ResponderExcluirAs citações nao sao com todas as letras em maiusculo. Faltou o site em algumas referencias. A prancha ficou com muito espaço vago e nao está centralizada.
ResponderExcluirCitações não são em letras maiúsculas, A prancha ficou com excesso de espaço,nas referencias faltou alguns sites. Poderia separar as referências com parágrafos.
ResponderExcluirAliciono Oliveira: A prancha contem alguns erros simples, mas bom trabalho
ResponderExcluirMarcelo Mueller: As citações etão em letra maiuscula, e as referências não estão em ordem alfabética.
ResponderExcluirEdvan Müller: Colocar em ordem as referencias. abraços
ResponderExcluirIvo, colocar em ordem alfabética as referências.
ResponderExcluirAlisson : sua formataçao nao ficou adequada, e sua descriçao nao ficou clara .
ResponderExcluirEste trecho esta na introdução:"Não foram encontrados registros referentes ao fungo como agente patogênico em humanos ou outros animais, tão pouco registros revelando algum tipo de fim industrial para a Cercospora hibiscina". Bom quem poderia provar essa afirmação??????
ResponderExcluirtalves pudesse ter aproveitado um pouco melhor sua prancha de fotos.
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