Paulo Renato de Melo Júnior
Acadêmico do curso de Agronomia
1. INTRODUÇÃO
O fedegoso (Senna obtusifolia L.) é uma leguminosa do gênero Senna que incide na América do Norte, Central, do Sul, Ásia, África e Oceania, considerada planta medicinal e uma erva daninha particularmente grave em muitos lugares. Suas folhas, sementes e raízes são usadas na medicina popular, principalmente na Ásia. Acredita-se de possuir um efeito laxante, e é benéfica para os olhos, as sementes são geralmente fervidas em água para produzir um chá, torradas e moídas, as sementes também têm sido utilizadoas como um substituto para o café. Na medicina tradicional coreana, elas são chamadas "gyeolmyeongja" e normalmente preparada como chá, também são usadas no kampo (medicina tradicional japonesa), onde são chamadas "ketsumei shi" ou pelo seu nome chinês jue ming zí (ILDIS, 2005; WIKIPÉDIA, 2011).
As plantas medicinais, condimentares e aromáticas tiveram recentemente um aumento no seu cultivo e comercialização, tanto pelas inúmeras pesquisas que demonstram seus efeitos fitoterápicos, como pelo emprego de algumas delas na culinária, proporcionando aroma e sabor agradáveis aos alimentos. Com isso, tornou-se inevitável o surgimento de problemas fitossanitários relacionados a doenças fúngicas. Esses patógenos, além de ocasionarem perdas na produção agrícola, podem ainda provocar alterações nos compostos químicos da planta e reduzir suas propriedades terapêuticas. Entre as ocorrências de doenças fúngicas da parte aérea (caule, ramo, folha, inflorescência, flor, fruto e semente) em plantas medicinais, condimentares e aromáticas, no Brasil, destacam-se as manchas foliares e ferrugens, seguindo-se os oídios e míldios (BIOLÓGICO, 2011).
Os oídios são fungos da família Erysiphaceae e os gêneros mais comumente associados às plantas medicinais, condimentares e aromáticas no Brasil, são Erysiphe sp. e Sphaerotheca sp. A fase imperfeita ou assexuada destes fungos corresponde ao gênero Oidium sp., principal responsável pela ocorrência da doença em nossas condições (PEREIRA, 1997).
O objetivo deste trabalho foi apresentar em forma de boletim técnico os vários aspectos referentes ao agente causal de Oídio (Oidium sp.), incidente em Fedegoso, bem como aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Inicialmente as amostras de folhas infectadas foram coletadas e conduzidas para o laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí. Os propágulos do fungo foram retirados de folhas de Fedegoso (Senna obtusifolia). Foram observados e fotografados os sintomas da doença e os sinais do fungo a olho nú e em microscópio estereoscópico, respectivamente, em folhas de Fedegoso. Posteriormente foi preparada uma lâmina semi-permanente.
Para coleta, foi utilizada uma pinça em formato de agulha e uma seringa, onde utilizando o método de “pescagem direta” com o auxílio de um microscópio estereoscópico, foram depositados fragmentos do fungo sobre uma lâmina contendo gotas do fixador azul-de-metileno. Logo após homogeneização dos fragmentos depositados, adicionou-se uma lamínula sobre a gota e os propágulos, sendo esta vedada com esmalte para uma melhor fixação.
No microscópio óptico a primeira objetiva a ser utilizada foi a menor (4x) para observar os propágulos. Após esta observação aumentamos para a objetiva de 40x para que as estruturas fúngicas possam ter melhor resolução. Comparamos as estruturas observadas com as descritas em literaturas, para ser identificado o gênero ao qual o fungo pertence. No presente trabalho o fungo identificado pertence ao gênero Oidium sp.
Foi realizado corte histológico para analisar a interação entre patógeno/hospedeiro. Os sintomas da planta foram fotografados, primeiramente utilizando microscópio estereoscópio (lupa) e os sinais foram microfotografados utilizando câmera digital Kodak® Easyshare M531 14 Megapixels. Foi feita uma prancha com as fotos para caracterização e descrição (Figura 1).
Através do microscópio óptico obteve-se a descrição morfométrica utilizando-se uma ocular micrométrica foram feitas as medidas de dimensões do conídio (comprimento e largura), sendo medidas as dimensões de 50 estruturas.
Hospedeiro/cultura: Fedegoso (Senna obtusifolia L.)
Família Botânica: Fabaceae
Doença: Oídio
Agente causal: Oidium sp. (Link)
Local de coleta: Urutaí, GO
Data da coleta: Agosto de 2011
Taxonomia: A forma anamórfica de Oídio pertence ao Reino Fungi, grupo dos Fungos Mitospóricos, sub-grupo Hifomicetos. A forma teleomórfica, pertence ao Reino Fungi, Divisão Ascomycota, Classe Leotiomycetes, Ordem Erysiphales, Família Erysiphaceae, gênero Oidium sp. (INDEX FUNGORUM, 2011).
Sintomatologia: Os sintomas de oídio ocorrem na face adaxial das folhas, caracterizam-se pelo aparecimento de um bolor pulverulento constituído por micélio e esporos do fungo, de coloração branca ou levemente cinza, principalmente na face superior das folhas, mas pode também ocorrer em ramos jovens e flores. Na superfície da planta, forma-se uma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentos que, de pequenos pontos brancos, podem cobrir toda a folha. Estes conídios são os responsáveis pelo desenvolvimento dos sucessivos ciclos secundários do patógeno, ao serem disseminados pelo vento, chuva ou insetos e depositados sobre novos tecidos. O fungo pode ser transmitido pela semente, mas esta tem pouca importância como agente de dispersão. Períodos chuvosos são desfavoráveis à produção de esporos. Estes podem infectar a planta em qualquer fase de desenvolvimento. Quando o crescimento pulverulento do fungo é removido, o tecido afetado apresenta coloração parda ou púrpura. O efeito prejudicial da doença, devido à diminuição da área fotossintética, se manifesta pela redução no desenvolvimento e produção da planta. Nas condições de ataques severos podem ocorrer a morte de ramos novos, queda de folhas, flores e frutos e subdesenvolvimento da planta. Em relação às alterações fisiológicas no hospedeiro constata-se maior inibição da fotossíntese e transpiração com o aumento da infecção (FITOPATOLOGIA1, 2011).
Etiologia: Oidium sp. pertence à ordem Erysiphales e possui grande número de hospedeiros. O fungo produz micélio externo, com conidióforos verticais e simples sendo que a parte superior aumenta o comprimento para a formação de conídios com dimensões de 12-20 x 30-32 μm, com hifas ramificadas em ângulos aproximadamente retos, variam de retas flexíveis até geniculadadas que penetram nas células epidérmicas, apresentam também apressórios que são estruturas protuberantes laterais das hifas responsáveis pela fixação do micélio a superfície foliar e iniciação do haustório, estes são formados dentro das células epidérmicas, ou raramente, em células mais profundas. Os conidióforos são curtos, com conídios cilíndricos a ovalados, unicelulares, hialinos produzidos em cadeia de forma basipetal (conídio mais jovem na base) correspondente à sua fase anamórfica, que foi a fase de ciclo biológico do fungo, encontrada neste trabalho (PEREIRA, 1997).
Figura 1. Oídio (Oidium sp. (Link)) incidente em folhas de fedegoso (Senna obtusifolia L.).A. Sintomas do patógeno presentes na planta(pulverulência esbranquiçada). B. D. Mancha pulverulenta de coloração esbranquiçada na superfície foliar, imagens de lupa. C. F. Conídios (barr = 23.2 µm). E. Célula conidiogênica. G. Interação do patógeno com a epiderme da folha.
Epidemiologia: São parasitas obrigatórios e, portanto, dependem do hospedeiro para o seu crescimento e reprodução. Sobrevivem em plantas perenes, voluntárias ou em ervas daninhas e espécies silvestres. Nas nossas condições, a doença é favorecida em locais ou períodos quentes (20-25 ºC) e secos. Os conídios são o inóculo, sendo transportados pelos ventos, chuvas, insetos ou em material infectado. Há relatos da presença de Oidium sp. associada a várias espécies de plantas no Brasil e no mundo. Em geral a esporulação dos oídios só ocorre com a umidade relativa abaixo do ponto de saturação e nas espécies do gênero Oidium, o molhamento foliar chega a inibir completamente a esporulação (PEREIRA, 1997).
Controle: Não há uma grande atenção de pesquisas no que diz respeito à identificação e manejo de doenças em plantas daninhas, portanto podemos observar que, a identificação de patógenos associados a plantas daninhas representa uma importante ferramenta para estudos epidemiológicos, pois, por um lado o agente parasitário proporciona uma vantagem ao homem, pois tem sua ação bioherbicida sobre as plantas daninhas, e uma desvantagem no que diz respeito a um veículo de transmissão de patógenos polífagos ou aqueles que transmitem doenças a plantas de mesma família, servindo como fonte de inóculo para os cultivos comerciais (PEREIRA, 1997).
LITERATURA CITADA
BIOLOGICO Doenças fúngicas das plantas medicinais, aromáticas e condimentares – parte aérea, Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, disponível em
FITOPATOLOGIA1 Aspectos gerais e morfológicos de Oídium sp. Disponível em: http://fitopatologia1.blogspot.com/2010/11/aspectos-gerais-e-morfologicos-de_08.html#!/2010/11/aspectos-gerais-e-morfologicos-de_08.html, acessado em 6 de novembro de 2011.
International Legume Database Service & Information (ILDIS) (2005): Os gêneros Cassia e Senna. Versão 10.01, Novembro de 2005. Retirado 2007-dezembro-17.
WIKIPEDIA Fedegoso (Senna obtusifolia), disponível em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.