INTRODUÇÃO
A Escherichia coli é uma bactéria bacilar Gram-negativa na forma de
bastonete e anaeróbica facultativa. Seu habitat primário é o trato
gastrointestinal de humanos e outros animais endotérmicos. É considerado um
indicador de qualidade de água e alimentos através da análise de coliformes
fecais (ESCHERICHIA, 2013).
Escherichia
coli é uma espécie da família Enterobacteriacea extremamente heterogênea e
complexa, embora um dos seus membros seja considero o ser vivo mais conhecido
na face da Terra (E. coli K12). Do
ponto de vista de sua relação com o homem, podem-se distinguir três grandes
grupos de E. coli: o grupo das cepas
comensais que habita os nossos intestinos, o grupo das cepas enteropatogênicas
constituído de vários patótipos e o grupo das cepas patogênicas
extra-intestinais capazes de causar diferentes tipos de infecções (TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008).
Geralmente essa bactéria habita o
intestino sem causar problemas de saúde. No entanto, ao entrar em contato com
outras regiões do corpo, é capaz de provocar infecções (ESCHERICHIA, 2013).
O grupo das cepas de E. coli que causam infecções
extra-intestinais são designadas como ExPEC (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
O presente trabalho tem como
objetivo apresentar informações a respeito da sintomatologia, epidemiologia e
controle de E. coli causadoras de
infecções extra-intestinais (ExPEC).
DESENVOLVIMENTO
As
infecções do trato urinário, também conhecidas pela sigla UTI, podem atigir a
uretra, a bexiga e os rins. As UTIs estão entre as infecções mais freqüentes em
todo o mundo e têm como agente etiológico principal a E. coli uropatogência ou UPEC. (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
As UTIs estão dentro das infecções
bacterianas mais freqüentes no homem, com uma estimativa da ocorrência de 150
milhões de casos anuais em todo o mundo. As UPEC são responsáveis por cerca de 50%
a 60% dos casos. (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
Embora as UTIs possam afetar
indivíduos de ambos os sexos e de todas as idades, é mais comumente observada
em mulheres, devido a sua anatomia, com maior incidência entre mulheres jovens
durante a adolescência. Todavia, essa relação é invertida durante o primeiro
ano de vida, quando esta patologia é mais comum em meninos. A maioria das
infecções nas mulheres não resulta em sequelas duradouras ou danos renais, mas
é responsável por uma alta morbidade. Entre as UTIs mais graves, aquelas
associadas com cateteres urinários representam cerca de 40% de todas as
infecções adquiridas nos hospitais, sendo o tipo mais comum de infecções hospitalarem.
(TRABULSI e ALTERTHUM, 2008; INFECÇÃO, 2013).
Outro ponto que auxilia na
ocorrência desse tipo de infecções em mulheres é o hábito de higiênico na
direção ânus-vagina, facilitando a migração de bactérias intestinais até a
vulva. Além disso, a uretra feminina é mais curta quando comparada com a
masculina, facilitando o caminho desses microrganismos até a bexiga (INFECÇÃO,
2013).
As UPECs têm origem intestinal,
embora não façam parte das E. coli
comensais. A partir dos intestinos, elas podem migrar e colonizar as regiões
periuretrais. Oportunamente, entram na uretra, sobem para a bexiga e aderem ao
epitélio vesical através das fímbrias tipo 1 e P que reconhecem seus
respectivos receptores. Após a adesão, ocorrem invasão, multiplicação
intracelular, apoptose e esfoliação das células infectadas. Alguns estudos
sugerem que algumas células não sofrem esfoliação, permanecendo infectadas com
as UPEC em estado de dormência. Estas células poderiam ser a causa de infecções
recorrentes. A partir da bexiga a UPEC pode ganhar os ureteres e chegar aos
rins onde adere ao epitélio renal, principalmente através da fímbria P.
Segue-se a adesão, produção de toxinas que lesam os glomérulos. Eventualmente,
a UPEC pode atravessar o epitélio e cair na corrente sanguínea (TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008).
As infecções urinárias são mais
freqüentes em mulheres devido à proximidade da uretra com o ânus e também
porque a vagina se deixa colonizar facilmente pela E.coli. As infecções adquiridas em hospitais são mais facilitadas
pelo uso de cateteres. As UPEC contam com eficientes mecanismos para regular a
expressão de virulência de acordo com as necessidades que se apresentam. Um dos
mais conhecidos é a variação de fase que faculta a UPEC a expressar ou não a
fímbria tipo 1 e provavelmente a fímbria P. A expressão da fímbria 1 ocorre
quando a UPEC está localizada na bexiga
e deixa de ocorrer quando ela sai da bexiga e se dirigi para os rins (TRABULSI
e ALTERTHUM, 2008).
Embora todas as porções do trato urinário
possam ser afetadas, as infecções mais comuns são a cistite (bexiga) e a
pielonefrite (rins). Os pacientes com cistite apresentam disúria (dor ao
urinar) e necessidade iminente de urinar.Esses sintomas são decorrentes da
irritação da mucosa do trato urinário inferior consequente da infecção. A
pielonefrite é uma doença invasiva, que está frequentemente associada com dor
intensa, náusea, vômito, febre, sudorese e indisposição. Em cerca de 30% dos
casos de pielonefrite ocorre bacteremia, que, por sua vez, pode levar à sepse
(TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
INFECÇÃO (2013) cita, além dessas,
outras manifestações clínicas observadas em pacientes com infecções no trato
urinário, como: dor e ardência ao urinar, dificuldades para iniciar a micção,
urgência miccional, vontade de urinar diversas vezes ao dia e em pequenas
quantidades, urina com mau odor e coloração alterada, urina com sangue.
A bactéria assintomática ocorre
particularmente em pacientes idosos, geralmente mulheres, sendo caracterizada pela
presença da bactéria na urina mas com ausência de sintomas. Por outro lado,
existem também as UTIs complicadas, que são geralmente freqüentes em idosos.
Normalmente, esses pacientes apresentam o trato geniturinário em mau
funcionamento, geralmente em função de anomalias funcionais ou estruturais
(TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
A presença da UPEC ou de produtos
bacterianos dentro do trato urinário induz uma resposta do hospedeiro que
durante as primeiras horas é caracterizada pela produção de citocinas e pelo
influxo de neutrófilos, observado no modelo experimental em camundongos. As
interações entre a UPEC aderente e as células epiteliais e imunes do hospedeiro
estimulam a expressão de várias moléculas pró-inflamatórias (TRABULSI e
ALTERTHUM, 2008).
O exame microscópico da urina é o
primeiro passo no diagnóstico laboratorial das UTIs. O espécime clínico é
centrifugado a 2000 rpm/5 minutos e o sedimento é examinado sob microscopia,
após ou não à coloração de Gram ou com azul de metileno. Em geral, a presença
de 10 a 50 células brancas/mm³ é considerada normal (TRABULSI e ALTERTHUM,
2008).
No caso de cistite, é recomendado o
uso da associação trimetoprim-sulfametaxazol (TMP-SMX), ciprofloxacina ou
ofloxacina durante três dias consecutivos. Nas pielonefrites agudas, a terapia
oral com fluoroquinolona (geralmente citoprofloxacina ou ofloxacina) por sete
dias pode ser usada nos pacientes que não apresentaram náusea ou vômito e
nenhum sinal de hipotensão ou sepse. Pacientes mais graves podem requerer
hospitalização, com um tratamento parenteral durante um a três dias, seguido
por um regime complementar de terapia oral (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
Segundo TRATAMENTO (2013), o
tratamento para infecções urinárias na gravidez também é feita com o uso de
antibióticos. Os medicamentos mais seguros contra a infecção urinária na
gravidez são a amoxicilina e a cefalexina que podem ser utilizados em qualquer
fase da gravidez.
A E. coli também é o agente principal mais comum que causa meningite
neonatal, com taxas de mortalidade em torno de 15% a 40%, e aproximadamente 50%
dos sobreviventes apresentam sequelas neurológicas (TRABULSI e ALTERTHUM,
2008).
Além de não despertar uma resposta
imunológica humoral satisfatória, o antígeno K1 protege a E. coli contra a fagocitose
e o complemento, o que explica a sobrevivência destas E. coli na corrente circulatória (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
O recém-nascido deve adquirir a E. coli K1 durante a passagem pelo canal
do parto. Uma vez adquirida, a E. coli
é deglutida e coloniza o intestino da criança. Vários estudos têm demonstrado
que parturientes são frequentemente portadoras de E. coli K1 e que a freqüência destas E. coli aumenta com a gestação (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
Os mecanismos que promovem a
translocação da E. coli para a corrente
circulatória não são bem conhecidos, mas, uma vez na circulação, a E. coli prolifera e atinge os níveis
necessários para que ocorra invasão do sistema nervoso central. As MNECs fazem
a translocação do sangue para o sistema nervoso central (SNC) sem dano aparente
à barreira hematoencefálica, através de um mecanismo de zipper que não afeta a
resistência elétrica transendotelial, permanecendo inalterada a membrana da
célula hospedeira. A bactéria atravessa as BMECs dentro de um vacúolo, sem
ocorrer multiplicação intracelular. (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
A meningite neonatal se caracteriza
pela ocorrência de processo infeccioso nas meninges, ocorrem entre o nascimento
e o 28º dia de vida. Os agentes infecciosos chegam ao sistema nervoso central
(SNC) mais comumente por via hematogênica, razão pela qual a meningite está
associada à septsemia neonatal em aproximadamente 75% dos casos. Como na
maioria das afecções deste período, os sinais e sintomas da meningite neonatal
são inespecíficos e pouco aparentes. Portanto, toda investigação de sepse deve
incluir a pesquisa de líquido cefalorraquidiano (LCR), sendo a punção lombar
(PL) um procedimento essencial para a precocidade diagnóstica da meningite
neonatal. O diagnóstico de certeza para a meningite neonatal é a cultura
positiva do LCR indicam acometimento menígeo do recém-nascido. Os importantes
avanços obtidos em cuidados intensivos neonatais e a introdução de novos
antibióticos nas últimas décadas têm resultado em declínio significativo da
mortalidade pela meningite neonatal (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
A rigor, a E. coli pode causar infecções em qualquer tecido do corpo humano.
Uma das infecções extra-intestinais mais freqüentes é as localizadas
intraperitonealmente. Estas infecções podem ser representadas por peritonites e
abscessos e geralmente surgem em consequência da contaminação da cavidade
peritoneal devido a rupturas espontâneas de certos órgãos como o apêndice ou em
consequência de processos cirúrgicos que envolvem os intestinos. Estas
infecções são geralmente polimicrobianas, mas, na maioria das vezes, a E. coli aparece como um dos componentes
da microbiota infectante (TRABULSI e ALTERTHUM, 2008).
Algumas medidas podem ser adotadas
para a prevenção das infecções urinárias, como, por exemplo: ingerir pelo menos
2 litros de água por dia, pois o fluxo urinário elimina as bactérias que ainda
não se fixaram no epitélio dos canais urinários; urinar sempre que sentir
necessidade. Para as mulheres é importante fazer a higienização após evacuar
sempre da frente para trás e, se possível, lavar a região perianal; evitar o
uso prolongado de absorvente íntimo e evitar o uso constante de roupas íntimas
de tecido sintético (INFECÇÃO, 2013).
CONCLUSÕES
A Escherichia coli é uma espécie heterogênea e complexa de grande
importância para os seres humanos, pois elas causam várias doenças, entre elas
estão as infecções urinárias, meningite neonatal e infecções intra-abdominais.
A E. coli pode causar infecções urinárias, como cistite e
pielonefrite, acometendo principalmente as mulheres, causando dores ao urinar e
dificuldades de micção. Essa bactéria pode causar, também, meningite neonatal
que pode comprometer o sistema nervoso da criança. Durante cirurgias na região
abdominal, a ruptura acidental do trato digestivo dessa região pode ocasionar
infecções intraperitoneais.
Uma das formas de prevenção, no caso
de infecções urinárias, é o cuidado higiênico que devemos ter, principalmente
por parte das mulheres que possuem os órgãos genitais mais predispostos a
infecções desse tipo. O cuidado durante o parto e durante cirurgias abdominais
é importante para evitar meningites e infecções intraperitoneais.
Após realização da revisão
bibliográfica, foi possível apresentar informações relevantes sobre a
sintomatologia, epidemiologia e controle de Escherichia
coli causadoras de infecções extraintestinais (ExPEC). Esclarecendo,
também, quais são os tratamentos e a prevenção para evitar infecções causadas
por essa bactéria.
LITERATURA CITADA
TRABULSI,
L. R.: ALTERTHUM, F. Microbiologia 5ª
ed. São Paulo: Atheneu, 2008.
ESCHERICHIA
coli disponível em:< http://www.brasilescola.com/biologia/eschericha-coli.htm>
acesso em junho de 2013.
INFECÇÃO
urinária disponível em:< http://www.infoescola.com/doencas/infeccao-urinaria/>
acesso em junho de 2013.
TRATAMENTO
para infecção urinária disponível em:< http://www.tuasaude.com/tratamento-para-infeccao-urinaria/>
acesso em junho de 2013.
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