terça-feira, 9 de julho de 2013

Trabalho Acadêmico: Aspectos sintomatológicos, etiológicos, epidemiológicos e controle de Yersinia enterocolitica

Afrânio Duarte Silva Júnior
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas 



1) Introdução
O gênero Yersinia compreende dez espécies, sendo três patogênicas para o homem, Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis têm sido mais frequentes nos países de clima temperado e Y. pestis, nos países de clima tropical e subtropical. Com poucas exceções, Y. enterocolitica e Y. pseudotuberculosis são transmitidas por alimentos contaminados de origem animal e Y. pestis por meio de pulgas. Y. pestis é o agente da peste, Y. pseudotuberculosis causa adenite e septicemia Y. enterocolitica é responsável por várias síndromes gastrointestinais. Embora causem doenças diferentes, as três espécies têm em comum a capacidade de resistir à fagocitose e acentuado tropismo pelo tecido linfático, e as sete não patogênicas são: Y. frederiksenii, Y. intermedia, Y. Krintensenii, Y. aldovae, Y. Bicorvieri, Y. mollaretii e Y. rohdei (TRABULSI E ALTERTHUM 2008).
A Y. enterocolitica trata-se de uma espécie de bactéria bastante heterogênea em suas características bioquímicas, sorológicas e ecológicas. Atualmente, são reconhecidos cinco biogrupos, 50 sorotipos (antígenos O) e vários fagotipos. Y. enterocolitica é amplamente distribuída na natureza, podendo ser encontrada em diferentes espécies animais, no homem e no meio ambiente, ela cresce bem nos meios de cultura como ágar sangue, MacConkey e mesmo SS. Nestes dois últimos, as colônias são lactose-negativa e bastante pequenas após 24 horas de preferencia em temperatura ambiente. Uma característica importante desta bactéria é que sua capacidade de produzir uréase facilita a identificação de Rotina (TRABULSI E ALTERTHUM 2008).
A yersiniose é uma doença humana causada pela Yersinia enterocolitica, que se caracteriza por sintomas gastroentéricos variáveis de acordo com a pessoa infectada, associando-se geralmente à enterocolite ou linfadenite mesentérica. Pode também estar acompanhada de outras complicações sépticas em crianças, idosos e pessoas debilitadas ou imunocomprometidas. Nos últimos anos, houve um aumento considerável da incidência dessa enterobactéria nos seres humanos e em alimentos. No Brasil, Y. enterocolitica foi isolada do ser humano, de cães suínos, enfermos e sadios, da água e de alimentos, como carne e derivados (TEODORO et. al; 2006).
O objetivo deste trabalho é levantar informações bibliográficas a respeito da bactéria Yersinia enterocolitica levando em consideração aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle da bactéria.

 
2) Desenvolvimento
2.1) Sintomatologia:
A infecção por Y. enterocolitica se faz por via oral. Após um período de incubação de quatro a sete dias, surgem ulceração da mucosa do íleo terminal, lesões necróticas nas placas de Peyer e aumento de tamanho dos nódulos linfáticos mesentéricos. Na maioria dos casos, o apêndice é histologicamente normal ou mostra inflamação leve. Quando a Yersinia invade a circulação, podem ocorrer lesões supurativas em órgãos (meninges, fígado e pulmões). Aproximadamente 75% dos pacientes infectados apresentam enterocolite que se caracteriza por febre, diarreia e dores abdominais que duram de uma a três semanas. As fezes podem conter leucócitos e, mais raramente, sangue. A maioria dos pacientes com estas manifestações é constituída com crianças com menos de cinco anos de idade. Em crianças maiores e nos adolescentes, o quadro clinico pode ser indistinguível do quadro da apendicite aguda. Em uma porcentagem dos pacientes, a enterocolite pode ser acompanhada de septicemia, artrite racional, eritema nodoso e síndrome de Reiter (TRABULSI E ALTERTHUM 2008).
A septicemia e mais comum em pacientes com certas doenças como diabetes, câncer e homocromatose. A artrite racional e a síndrome de Reiter são mais comuns em pacientes com o antígeno HLA-B27 (TRABULSI E ALTERTHUM 2008).
2.2) Epidemiologia
A incidência das infecções por Y. enterocolitica é maior na criança que no adulto. O sorotipo dominante em infecções intestinais é o O3, com exceção nos EUA e no Canadá onde o sorotipo O8 é relativamente frequente, pode ocorrer pelo contato direto com animais doentes ou com carnes provenientes destes animais (açougueiros) e até mesmo por transfusão de sangue. As infecções resultantes de transfusão apresentam mortalidade elevada. A capacidade de Y. enterocolitica em crescer a 4ºC facilita sua disseminação, essa bactéria tem como reservatório natural uma variedade de animais (porcos, carneiros, gado, cães etc.) que se infectam entre si e transmitem a bactéria para o homem, direta ou indiretamente (TRABULSI E ALTERTHUM 2008).
2.3) Controle.
Segundo o Manual de Doenças Transmitidas por alimentos e água. (2003), estes microrganismos são sensíveis a vários antibióticos, mas são resistentes geralmente à penicilina e seus derivados. Hidratação oral ou endovenosa pode ser necessária para os sintomas da gastroenterite. Antibióticos estão definitivamente indicados nas septicemias e outras doenças invasivas. Os aminoglicosídeos são os antibióticos de escolha (somente para a septicemia), bem como, a associação sulfametoxazol/trimetoprim (SMX/TMP). Ciprofloxacin e tetraciclinas também se mostram eficazes, assim como relata TRABULSI E ALTERTHUM (2008), que o tratamento é feito com antibióticos. De modo geral, Y. enterocolitica continua sensível à maioria dos antibióticos, mas não devemos esquecer sua resistência natural aos β-lactâmicos.





3) Conclusão
Através deste trabalho pode-se avaliar que a bactéria Yersinia enterocolitica é uma das principais causadoras da contaminação dos alimentos de origem animal, o agente causador mencionado afeta principalmente o fígado, meninges e pulmões, quando contaminado o individuo não tomando os cuidados necessários estará agravando seu quadro e expondo outras pessoas à contaminação, podendo ser tratada apenas com antibióticos.

 


4) Literatura Citada
TRABULSI, L. R; ALTERTHUM, F; Microbiologia - 5. ed.- São Paulo: Atheneu, 2008.
TEODORO, V. A. M; PINTO, P. S. A; VANETTI, M. C. D; BEVILACQUA, P. D; MORAES, M. P; PINTO, M. S; Aplicação da Técnica de PCR na detecção de Yersinia enterocolitica em suínos abatidos sem inspeção, Viçosa: Departamento de veterinária, 2006.
Manual das doenças transmitidas por alimentos e água, São Paulo: Centro de Vigilância Epidemiológica – CVE, 2003, disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/yersi_entero.htm, acessado em: 24 de junho de 2013.

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