THAIS PINHEIRO DE SOUSA
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas
O gênero Aeromonas são bactérias
gram-negativas,
antigamente pertencente a família Vibrionaceae
e atualmente pertencente a Aeromonadaceae, com forma
de bastonetes, capazes de
utilizar diferentes carboidratos que produzam ácido ou ácido e gás.
São ubiquos, estando amplamente distribuídos
no ambiente, sendo membros importantes da microbiota aquática e de diferentes
alimentos de origem animal. As
bactérias pertencentes ao gênero Aeromonas possuem uma morfologia
celular distinta, tendo considerável variação na forma e tamanho das células.
Apresentam-se na forma de bacilos curtos, formatos cocóides e até formas finas
e filamentosas. Em geral, as células são retas com extremidades arredondadas,
apresentando-se isoladas, aos pares ou em cadeias curtas (ICMSF, 1996; VARNAN;
EVANS, 1991, citado por OLIVEIRA, 2009).
RODRIGUES &
RIBEIRO (2004), citado por Silva (2010), descreveram que, a partir de 1984, esse
gênero foi separado fenotipicamente em quatro espécies: Aeromonas
hydrophila, Aeromonas caviae, Aeromonas sobria e Aeromonas salmonicida. Esta
última, com três subespécies: Aeromonas salmonicida subsp. salmonicida,
Aeromonas salmonicida subsp. masoucida, Aeromonas salmonicida subsp.
achromogenes.
As aeromonas móveis, para o homem, determinam patogenias classificadas
como de nível não intestinal e gastrentéricas. Geralmente são responsabilizadas
por quadros que variam de diarréias agudas amenas à quadros graves de disenteria.
Também foram atribuídos a elas quadros como meningite,
endocardite,
artrite,
infecção cutânea, peritonite
e infecção ocular
(WIKI,
2013).
Têm sido isoladas de uma ampla
variedade de amostras ambientais (diferentes fontes de água e moluscos
bivalves), clínicas (sangue, fezes humanas) e de alimentos, incluindo,
vegetais, carne bovina, aves, peixes, camarões, etc (OLIVEIRA, 2009).
Assim,
o objetivo deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica a respeito da
bactéria Aeromonas sp. levando em
consideração aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle da
bactéria
Aeromonas produzem vários
produtos extracelulares biologicamente ativos, tais como hemolisinas, citoxinas
enterotoxinas, proteases, leucocidina, fosfolipases e endotoxina. A capacidade
de produzir diversos fatores de virulência contribui para a patogênese da
doença ocasionada por Aeromonas.
Aeromonas produzem várias proteases que causam danos teciduais e
auxiliam no estabelecimento da infecção, vencendo as defesas do hospedeiro. A. hidrophila produz várias lectinas e
adesinas que permitem a aderência da bactéria a glicoconjugados específicos na
superfície epitelial ou na mucosa intestinal. Aeromonas também pode invadir a mucosa intestinal.
As
espécies desse gênero tem emergido como importante patógeno humano, devido à
suspeita de estarem relacionados com surtos provocados por alimentos e pelo
aumento da incidência de isolamento de Aeromonas de pacientes com diarreia do
viajante. Tem sido considerada como agente etiológico de diversos casos
clínicos envolvendo indivíduos imunocomprometidos de todas as faixas etárias.
Peixoto et al. (2012) citaram de acordo com Chopra; Houston,
(1999) que a grande dispersão da Aeromonas
spp. no meio ambiente pode ser a hipótese mais provável de infecções por consumo
de alimentos e água contaminada, mesmo sem grandes surtos terem sidos
relatados. Aeromonas é um patógeno que produz vários fatores de virulência,
por esse motivo a infecção pode se apresentar complexa e multifatorial.
Podem
ocasionar infecções extra-intestinais, tais como septicemia e bacterimia,
principalmente as espécies A. hydrophila
e A. sobria, geralmente em associação
com hepatite, anemia aplástica, tumores, leucemia e doença biliar ou
pancreática, e outras com menor frequência (meningite, pneumonia, etc). As
infecções cutâneas causadas por Aeromonas,
geralmente estão associadas a lesões de pele ocorridas durante recreação em
lagos e rios contaminados, como o contato com a terra. A infecção em geral é
localizada, manifestando-se poucas horas depois do acidente.
O
trato gastrointestinal parece ser a principal fonte de infecção de Aeromonas, acarretando em doença
diarreica de curta duração, não havendo ainda evidências experimentais
definitivas, devido a ausência de um modelo animal apropriado.
As
espécies de aeromonas descritas como patógenos causadores de infecções
intestinais ou extraintestinais no ser humano, assumem destacada relevância
epidemiológica em casos de infecções oportunistas em pacientes
imunocomprometidos. De acordo com Silva (2010), a gastroenterite é a mais
prevalente forma de infecção humana causada por Aeromonas sp.
No que se refere às infecções
gastrointestinais, a primeira causada por Aeromonas spp. foi transmitida
pela água. Estudos revelaram que o aumento da população de Aeromonas em
bebidas contendo água, coincide com o aumento na incidência de doenças
gastrintestinais (KIROV, 2001 citado por Oliveira 2009).
Peixoto et. al. (2012) ressalta também
que a presença de bactérias do gênero Aeromonas nos alimentos tem sido
demonstrada. Normalmente destacam-se os alimentos que durante sua
industrialização entraram em contato com a água, a qual é tida como habitat
natural das diversas espécies e principal fonte de contaminação (Bizani;
Brandelli, 2001). Esses micro-organismos são cada vez mais reconhecidos como
patógenos entéricos e possuem fatores de virulência que contribuem para o
desen-cadeamento da doença (Nihal; Seda, 2010).
Essas bactérias têm sido isoladas
de diferentes tipos de alimentos frescos, congelados, descongelados e
submetidos à cocção inadequada. Dentre esses podem ser citados peixes de água
doce e salgada e outros frutos do mar, leite, queijos, sorvetes, carnes e
produtos cárneos, alfaces e outras hortaliças. Dessa forma, os alimentos têm
sido apontados como veículos na disseminação dessas bactérias (RADU
et al., 2003; PALU et al., 2006, citado por Silva, 2010).
Oliveira (2009) discute que apesar
de ainda não ser conhecida a dose infecciosa por Aeromonas spp., o
gênero inclui espécies que causam uma ampla variedade de infecções
extraintestinais no homem, dentre as quais peritonites, endocardites,
pneumonia, conjuntivites, infecções do trato urinário, síndrome urêmica
hemolítica, septicemias, etc. A septicemia é a doença mais invasiva causada por
espécies de Aeromonas spp., embora, originalmente descrita em indivíduos
imunodeprimidos, essa doença foi detectada também em pessoas sadias e de todas
as idades. Os acometidos para as diversas doenças associadas à Aeromonas spp.
são frequentemente imunodeprimidos (crianças e adolescentes), idosos e
particularmente pacientes com septicemias e meningites (CORREDORIA et al.,
1994; ICMSF, 1996).
O mesmo autor ainda ressalta que, Aeromonas spp.
Têm sido incriminada como agentes causadores de doenças diarreicas desde os
primeiros isolados de fezes humanas em 1961. Doenças diarreicas são
enfermidades importantes na mortalidade em países em desenvolvimento, estando
principalmente envolvidos crianças e idosos.
Trabulsi e
Alterthum (2008) discutem que em relação ao tratamento dessas doenças e
controle desses patógenos, conhece-se que a maioria das Aeromonas é resistente à penicilina, ampicilina e carbecilina. Em
geral, são sensíveis às cefalosporinas, aminoglicosídeos (com exceção de
estreptomicina), cloranfenicol, sulfametoxazol-trimetropim e quinolonas. Como
as síndromes diarreicas são autolimitantes, a terapêutica antimicrobiana é
questionável, sendo indicada nos casos mais graves, envolvendo pacientes
imunodeficientes ou com septicemias.
Diante
do estudo apresentado sobre a sintomatologia, epidemiologia e o controle de
bactérias do gênero Aeromonas, boas práticas de manipulação, juntamente com
procedimentos de sanitização adequados, podem ser úteis para prevenir a
exposição do ser humano a essas doenças.
Em casos de criações seja de peixes,
aves ou bovinos torna-se necessário o esclarecimento e conscientização dos
produtores sobre as boas práticas de manejo, principalmente relacionadas aos
cuidados com animais no entorno dos viveiros, que podem servir de fonte de
contaminação, das medidas profiláticas e do controle de qualidade da água
utilizada para abastecimento dos mesmos. Dessa forma, serão minimizados os
problemas sanitários nessas atividades, trazendo benefícios econômicos com a
melhora do desempenho produtivo dos animais, da qualidade do alimento e
sanatização desses problemas relacionados a saúde.
Dessa forma, o cuidado, a higiene, a prevenção e o
tratamento correto contra esses patógenos minimizam a incidência dos casos e
trás uma boa repercussão na cura de determinadas doenças.
Literatura Citada
TRABULSI, L. R.; ALTERTHUM, F. Microbiologia
– Ed. 5. São Paulo: Atheneu. P. 355-356. 2008.
WIKI. Aeromonas sp.. Acesso em 28
de Março 2013.
OLIVEIRA, P. F. Pesquisa de Aeromonas spp. em cortes de frango
produzidos industrialmente. 2009.
SILVA, R. M. L.Bactérias do
Genêro Aeromonas e indicadores de
qualidade da água em pisciculturas da região da baixada ocidental maranhense. 2010.
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