O quiabo é uma hortaliça pertencente à família Malvácea. É originário da África ou da Ásia, sendo introduzido no Brasil pelos escravos. O fruto do quiabeiro é uma boa fonte de vitaminas, em especial as vitaminas A, C e B1, além de fornecer cálcio, está sempre presente nas feiras e mercados do Brasil. Esta cultura destaca-se na culinária brasileira e no campo medicinal, sendo muito indicada para pessoas que possuem diabetes e tuberculose, é uma hortaliça de clima quente, com a maior oferta e os menores preços ocorrendo de janeiro a maio (Embrapa Hortaliças, 2011).
A cercosporiose é uma doença comum no quiabeiro, porém apresenta importância secundária porque raramente causa sérios danos. Em condições de alta severidade, pode causar desfolha. O fungo é responsável por manchas foliares, ele afeta sobretudo as folhas mais velhas. Durante a época chuvosa e quente, temperatura acima de 25 °C e umidade do ar acima de 90%. Torna-se ideal para seu crescimento e desenvolvimento. Plantas com estresse nutricional são mais sensíveis à doença. Pode ser transmitida pelas sementes e pelo vento. (Fitopatologia.net, 2010)
Existem em torno de 3000 espécies encontradas na natureza, pertencentes ao gênero Cercospora sp., ao qual possui o posicionamento taxonômico pertencente ao reino Fungi, divisão Insertae sedis, fungos Mitospóricos, Hifomicetos (Wikipedia, 2010).
Ate o prezado momento não foi utilizado industrialmente o patógeno na indústria farmacêutica, nem registros com sua utilização na culinária, este fungo causa danos somente em plantas, mesmo assim são danos secundários, sem grande importância, e não é comestível. (Sousa et al., 2011).
Na fase anamórfica, a fase imperfeita, a reprodução é realizada através de conídios, que podem ser formados livremente a partir da hifa (Bergamin Filho, et al, 1995).
Na fase teleomórfica, a fase perfeita, o esporo de origem sexuada é formado no interior de ascos, os quais se desenvolvem no interior de corpos de frutificação, predominantemente do tipo peritécio. A reprodução sexuada desenvolve-se a partir da plasmogamia entre a estrutura feminina (ascogônio) e masculina (anterídio), dando origem à hifa ascógena. Após a careogamia, há ocorrência do processo de meiose e o desenvolvimento da hifa ascógena, que origina o asco. O conteúdo do asco diferencia-se em ascósporos. (Bergamin Filho, et al, 1995).
Este trabalho tem por objetivo descrever a Cercosporiose (Pseudocercospora abelmoshi) dando ênfase aos aspectos de sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi realizado através de propágulos contidos em folhas de quiabo coletadas na Fazenda Santo Inácio, localizada no município de Orizona-GO, localizado no laboratório de microbiologia do Instituto Federal Goiano Campus Urutaí. Foram preparadas lâminas semi-permanentes contendo: estruturas do fungo. Foi realizado corte histológico para demonstrar a interação do fungo com as folhas do hospedeiro.
Foi utilizado nos procedimentos pinças, lâmina de barbear, lamina de microscópio, lamínula, fixador lacto fenol cotton-blue (constituição: 62,5 mL ácido lático, 2,6 mL, ácido acético, 100 mL água e 100 mL glicerina)e esmalte de unha. Após retirar-se os propágulos através do “método de pescagem”, colocou-se os fragmentos contendo o agente etiológico da doença numa lâmina de microscópio contendo uma gota de fixador, em seguida depositou-se a lamínula, retirou-se o excesso de fixador com papel absorvente e finalmente vedou-se a amostra com esmalte. O corte histológico foi realizado da mesma forma diferenciando apenas pela presença de fragmentos de tecido contendo o patógeno.
A lamina foi analisada em microscópio ótico primeiramente no aumento de 4x, com objetivo de observar se haviam propágulos, observado isso passou para o aumento de 40x a fim de observar as estruturas mais detalhadamente.
Foram feitas microfotografias no microscópio ótico com intenção de relatar as estruturas fúngicas para após serem medidas e colocadas na prancha de fotos, contidas no trabalho. As microfotografias foram tiradas com a câmera marca Canon® modelo Power Shot A580. As fotografias foram agrupadas utilizando o programa de computador do Microsoft Office Power Point.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1. Cercosporiose do quiabeiro causada por Pseudocercospora abelmoschi. A. sintomas do patógeno na face abaxial B. sintomas do patógeno na face adaxial C. sinais na face abaxial verificados em microscópio estereoscópio C. esporodóquio (agrupamento de conidióforos) (Bar=40 µm), D. emergência de série de três conidióforos pela abertura estomática das folhas (Bar=32 µm), E. conídio hialino e multisseptado (Bar=18 µm).
Hospedeira/ Cultura: Quiabo (Abelmoschus esculentus L.)
Família Botânica: Malvaceae
Doença: Cercosporiose
Agente Causal (Teleomorfo): Pseudocercospora abelmoschi Ellis & Everh.
Local da Coleta: Orizona/GO
Data da Coleta: 25/04/2011
Taxonomia: O fungo estudado é pertencente ao reino Fungi, está no filo Ascomycota, na classe Ascomycetes, na subclasse Dothideomycetidae, faz parte da ordem Myscosplaerellales, família Mycosphaerellaceae, no gênero Cercospora sp. (Index Fungorum, 2011).
SINTOMATOLOGIA
A doença estudada é um fungo que causa manchas de formato irregular, de aspecto fuliginoso, formado pelas frutificações do fungo (representado por conidióforos e conídios). Essa espécie pode causar desfolha prematura das plantas. Na fase inicial, o fungo se apresenta de cor verde-oliva na parte superior, e preta na parte inferior da folha, de acordo com o seu amadurecimento o mesmo vai passando a obter uma massa de coloração cinza escura formando tufos de conidióforos na face adaxial e abaxial da folha, com estroma basal, conídios levemente pigmentados e com dois a três septos. (Sousa et al., 2011).
Na parte abaxial de tais lesões, é possível perceber um crescimento fuliginoso, constituído por frutificações do fungo (Kimati et al. 2005).
Foi feita a medição das lesões encontradas causadas pelo fungo em estudo, obteve-se os seguintes resultados após serem medidas 50 lesões aleatoriamente em dez folhas, o tamanho das lesões variou de 1 a 5 mm de diâmetro.
ETIOLOGIA
Os esporos de Cercospora são bastante longos e multiseptados, sendo produzidos nas extremidades de conidióforos que apresentam-se agrupados em feixes (Kimati et al. 2005).
A frutificação tem fuligem oliváceos escuro, a partir de meras partículas na área para grande parte da superfície inferior da folha; não possui estroma ou um pequeno número de grandes células marrons; fascículos densos; conidióforos pálido a verde-escuro a castanho médio, claramente multiseptatos, às vezes ramificadas, com moderação geniculada, sinuoso, de cor uniforme, irregular na largura, a ponta cônica com pequena cicatriz de esporos, obclavados a cilíndrico, pálido verde-escuro ou marrom oliváceo, 1 – 8 base claramente septadas, conídios septados apenas raramente curto 1-3 presente (Chupp, 2011).
EPIDEMIOLOGIA
Esta doença é favorecida principalmente por condições de alta temperatura (acima de 25ºC) e alta umidade relativa (acima de 90%), portanto a maior severidade é observada em plantios de verão. Os conídios do fungo são disseminados pelo vento e por respingos de água de chuva e irrigação (quando utilizada) (Kimati et al. 2005).
O fungo sobrevive de uma estação a outra em restos de cultura(Chupp, 2011).
Muitas outras espécies de Cercospora atacam o quiabeiro como Cercospora hibisci Tracy & Earle, Cercospora hibisci-manihotis Henn e Pseudocercospora hibisci Tracy & Earle (Farr e Rossman, 2011).
Vários países no mundo registraram a ocorrência de P. abelmoschi como na Jamaica e África do Sul, porém, o gênero é comumente encontrado no Brasil, sendo o país de maior ocorrência, podendo aparecer em todos os estados do país, principalmente no Sul de Goiás (Farr & Rossman, 2011).
CONTROLE
Normalmente, a cultura do quiabeiro convive bem com a cercosporiose, o que justifica a não adoção de medidas de controle especificas para esta doença. A pratica de rotação de cultura, por manter baixo inoculo, já é suficiente para evitar perdas com a doença. Ocasionalmente, em surtos epidêmicos, pode-se lançar mão do controle químico através de pulverizações quinzenais com oxicloreto de cobre (Kimati et al. 2005).
Recomenda-se como método de controle, de maneira geral, o manejo integrado das doenças, envolvendo todos os princípios e medidas disponíveis e viáveis de controle. O uso de sementes sadias, variedades resistentes, rotação de culturas, época adequada de semeadura, adubação equilibrada, fungicidas, manejo da irrigação e outros, visam o melhor equilíbrio do sistema (Agrofit, 2011).
O método de controle mais eficiente é plantar sementes de boa qualidade, adquirida de firmas idôneas, ou mudas comprovadamente sadias, evitar o plantio próximo a culturas velhas, fazer um bom manejo da irrigação, evitando aplicar excesso de água, adotando-se o sistema de gotejamento, evitar plantios em épocas com alta intensidade de chuva, especialmente quando a temperatura for alta, eliminar os restos de cultura logo após a última colheita, fazer rotação de culturas por, pelo menos, um ano, adubar corretamente a plantação, com base em análise de solo (Fitopatologia.net, 2011).
Deve ser bem estudado o melhor método, tendo como método de controle a utilização de produtos químicos como a ultima opção, mais no caso do uso de produtos químicos e recomendado o fungicida Cupravit Azul, pois ele tem uma classificação toxicológica pouco tóxica e a classificação ambiental de produto pouco perigoso ao meio ambiente, tem o modo de ação por contato, é um pó inorgânico, o ingrediente ativo é o oxicloreto de cobre, não é demonstrada a molécula registrada, nas indicações em gramas por 100 litros de água, recomenda-se usar 1000 a 1200 litros de calda por hectare. O produto é aplicado por meio de equipamentos terrestres (pulverizador costal manual, motorizado ou tratorizado) e aeronaves. As gotas devem ter 100 a 200 µm de diâmetro e densidade de 50 a 70 gotas.cm-2. Quando se emprega pulverizadores de barra, recomenda-se usar bicos D2 ou D3 e 200 a 300 l de calda por hectare. No caso de culturas que exigem alto volume de calda, como a da batata, por exemplo, usar bicos D4 ou D5. No caso de aeronaves, usar barra, a altura de vôo deve ser de 3 a 4 m, com volume de calda de 20 a 30 l.há-1, largura da faixa de aplicação de 15 m com vento calmo (velocidade menor que 8 kg/hora), umidade relativa do ar maior que 70 % e temperatura menor que 30ºC (Agrofit, 2011).
LITERATURA CITADA
AGROFIT, Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em:
BERGAMIN, A FILHO, K. HIROSHI, AMORIM, LÍLIAN, Manual de Fitopatologia, vol. 1,3° ed. editora Agronômica Ceres, Princípios e Conceitos, São Paulo-SP, 1995.
CATARINO, A. M.; RODRIGUES, A. A.C.; SANTOS, F. N.; QUEIROZ, J. V. J.; FURTADO, M. L.; SILVA, L. L. S. Cercosporiose do quiabeiro: métodos alternativos de controle. Disponível em:
CHUPP, C. A Monograph of the Fungus Genus – Cercospora. Plant Pathology, Cornell University, Ithala - New York, 1953.
EMBRAPA, Banco Brasileiro de Micologia. Disponível em: http://www.catalogosnt.cnptia.embrapa.br/catalogo20/catalogo_de_produtos_e_servicos/arvore/
CONTAG01_317_30102006135957.html, acessado em: 23 de abril de 2011.
EMBRAPA HORTALIÇAS. Disponível em:
FARR & ROSMAN, Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em:
FITOPATOLOGIA.NET. Disponível em:
INDEX FUNGORUM. Banco de Dados Micológico. Disponível em:
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 4ª Ed. Vol. 2, São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.
SOUSA, C. P.; SILVEIRA, T. P.; FERNANDEZ, A. G.; NICOLI, A.; COSTA, C. R.; COSTA, A. S. V.; SILVA, M. B. Mancha de Pseudocercospora abelmoschi no quiabo: controle químico e danos. Disponível em:
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