LUCIANO PACHECO MÁXIMO
Três diferentes ferrugens ocorrem sobre o milho (Zea mays L.), sendo eles Puccinia sorghi Schw., Puccinia polysora Underw, e Physopella zeae (Mains) Cummins e Ramachar. A importância e mesmo a ocorrência delas varia em diferentes regiões do mundo (Rezende et al., 2005).
Como parasitas obrigados, as ferrugens apresentam um alto grau de evolução no parasitismo que se reflete na grande variabilidade do patógeno quanto à patogenicidade. (Rezende et al., 2005).
Das três ferrugens que ocorrem no milho Puccinia sorghi Schw., a ferrugem comum é a menos severa, provavelmente por ser uma doença antiga e bastante disseminada no país, fato que proporcionou amplas possibilidades para a seleção de genótipos resistentes. A doença é mais importante na região Sul e, esporadicamente, na região central do Brasil. (Rezende et al., 2005).
A intensidade do ataque da ferrugem do milho varia entre anos como também entre diferentes materiais em uma mesma localidade. (Rezende et al., 2005).
No estado de São Paulo, existem regiões onde as condições são extremamente favoráveis à ferrugem em certos anos. Embora não se tenham dados sobre a redução na produção causada pela ferrugem, a incidência e a severidade com que ela se apresenta em certos materiais deve ser levada em consideração pelos melhoristas no processo de produção de novos cultivares. Temperaturas variando entre 16 e 23° C e alta umidade relativa favorecem o desenvolvimento da doença. (Rezende et al., 2005).
Além do Brasil, houve relatos de Puccinia sorghi em milho, na Austrália, Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Canadá, Costa Rica, Cuba, República Dominicana, Florida, Guatemala, Havai, Honduras, Indonésia, Jamaica, Japão, México, Nicarágua, Panamá, Filipinas, Porto Rico, África do Sul, Taiwan, Tailândia, Texas, Trindade, Tobago, Venezuela, entre outros países (Farr & rossman, 2010).
O objetivo desse trabalho é identificar e descrever a ocorrência da ferrugem comum na cultura do milho, levando em consideração aspectos relacionados à sintomatologia, etiologia, epidemiologia e controle.
Foi encaminhado amostras de folhas apresentando sintomas da ferrugem para análise no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí.
Utilizando microscópio estereoscópio (lupa), os sinais da doença foram analisados. Utilizou-se o método de “pescagem direta” para confecção de lâminas semipermanentes, contendo urediniósporos com utilização do fixador a base de azul-de-algodão. Para o preparo da lâmina, depositou-se uma gota de fixador sobre uma lâmina de microscópio, e posteriormente fragmentos e estrutruas do patógeno, por seguinte uma lamínula encima da gota e vedou-se com esmalte para conservação. Após a realização desse processo observou-se a lâmina no microscópio óptico onde foi possível identificar a espécie do fungo.
Foram realizados também cortes histológicos, utilizando fixador a base de azul-de-algodão. Na superfície da lâmina contendo o fixador depositou-se os cortes, em seguida uma lamínula acima, então vedou-se com esmalte. A finalidade do corte histológico foi de mostrar a interação do patógeno com a planta (Fig.1 C), onde foi observado o rompimento da epiderme pela ação do fungo, ação característica das ferrugens.
Os sintomas da planta foram fotografados, primeiramente utilizando microscópio estereoscópio (lupa) e os sinais foram microfotografados utilizando câmera digital CiberShot .
Hospedeiro/cultura: Milho (Zea mays L.)
Família Botânica: Poaceae
Doença: Ferrugem Comum
Agente Causal (Teleomorfo): Puccnia sorghi Schw.
Local de Coleta: Instituto Federal Goiano campus Urutaí
Data de Coleta: 22/03/2010
Taxonomia: Pertence ao Reino Fungi, Filo Basidiomycota, Classe Urediniomycetes, Ordem Uredinales, Família Pucciniaceae, Gênero Puccinia sp. (Index Fungorum, 2010).
Sintomas: O que caracteriza a ferrugem do milho é a presença de pústulas elípticas e alongadas, de coloração marrom cor de canela, que ocorrem nas duas faces da folha do milho (Fig.1 A). À medida que a planta amadurece, as pústulas podem apresentar uma coloração marrom escura, como conseqüência do desenvolvimento de teliosporos. O aspecto pulverulento e ferruginoso, apresentado pelas plantas atacadas, é dado pelos urediniósporos produzidos nas pústulas, quando expostos após o rompimento da superfície do hospedeiro (Fig.1 B). Uma clorose e mesmo morte das folhas pode resultar em condições de incidência severa da doença. (Rezende et al., 2005).
Etiologia: O agente causal da ferrugem do milho é Puccinia sorghi Schw. Os urediniósporos, produzidos em urédias, são de formato esférico ou elipsóide (Fig.1 D)., de coloração cor de canela, apresentando equínulas em sua superfície (Fig.1 E). Os teliosporos são marrom escuros, bicelulados, com ligeira constrição no septo, que se apresentam ligados a pedicelos com um comprimento variando de 1 a 2 vezes o tamanho do esporo. P. sorghi possui como hospedeiros intermediários espécies de trevo pertencentes ao gênero Oxalis, nas quais são produzidas as pícnias e aecias com seus respectivos esporos. Convém ressaltar que os esporos que causam infecções em milho são os urediniósporos, produzidos no próprio milho, e os aeciosporos, produzidos em aecias sobre Oxalis. O patógeno possui um grande número de raças fisiológicas que podem ser diferenciadas através de suas reações em linhagens diferenciais. (Rezende et al., 2005).
As sinonímias do patógeno são: oxalidis Aecidium Thum., Dicaeoma sorghi (Schwein.) Kuntze, Puccinia maydis Berenger, Puccinia zeae Berenger, epiphylla Tilletia Berk. & Broome. (Index Fungorum, 2010).
Epidemiologia: Temperaturas baixas (16 a 230ºC) e alta umidade relativa (100%) favorecem o desenvolvimento da doença (Embrapa, 2010).
Controle: O controle do patógeno pode ser feito através da resistência do hospedeiro, uma vez que existem diferentes genes de resistência ao patógeno. No entanto, o uso destes genes de resistência deve ser feito com certo cuidado, visto que o patógeno possui grande variabilidade quanto a patogenicidade. Para patógenos como ferrugem, é interessante levar-se em consideração tanto à resistência de natureza poligênica como aquela de natureza oligogênica, uma vez que o uso inadequado da resistência de natureza oligogênica poderá resultar em fracasso total (Rezende et al., 2005).
A realização de rotação de cultura, evitando plantios sucessivos, também pode ser uma medida efetiva de controle. Em plantas jovens, o uso de fungicidas pode obter controle efetivo se administrado logo após o aparecimento das primeiras pústulas. Quando a ferrugem ocorre em plantas em final de ciclo não há redução significativa na produção, sendo o controle químico desnecessário (Agrofit, 2010).
Existem seis produtos fungicidas registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que são: Constant© (Ingrediente ativo: tebuconazol – triazol), Elite© (Ingrediente ativo: tebuconazol – triazol), Folicur 200 EC© (Ingrediente ativo: tebuconazol – triazol), Propiconazole Nortox© (Ingrediente ativo: propiconazol – triazol), Stratego 250 EC© (Ingrediente ativo: propiconazol – triazol + trifloxistrobina – estrobilurina) e Tríade© (Ingrediente ativo: tebuconazol – triazol). Todos os fungicidas citados à cima são sistêmicos e as dosagens dos produtos variam de 0,8 a 1 litro por hectare (Agrofit, 2010).
Figura 1. Ferrugem causada por Puccinia sorghi Schw. em folhas de milho (Zea mays L.). A. Sintomas de ferrugem na face adaxial, B. Detalhes das pústulas na face adaxial, C. Corte transversal do mesófilo foliar, D. Urediniósporos de formato esférico a elipsóide, E. Detalhes da superfície equinulada dos urediniósporos.
Literatura Citada:
AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 27 de junho de 2010.
EMBRAPA – Cultivo do Milho. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Milho/CultivodoMilho_2ed/doencasfoliares.htm>. Acesso em: 27 de junho de 2010.
FARR & ROSMAN, SBML Systematic Botany of Mycological Resources. Disponível em: <http://www.ars.usda.gov/main/site_main.htm?modecode=12-75-39-00>. Acesso em: 24 de abril de 2010.
INDEX FUNGORUM. Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/Names/Na-mes.asp>. Acesso em: 24 de abril de 2010.
KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A.; Manual de fitopatologia: Doenças das plantas cultivadas. 4ª Ed. Vol. 2, pág. 542 – São Paulo: Agronômica Ceres, 2005.
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