quinta-feira, 1 de julho de 2010

“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Aspergillus flavus”

Autor: Adriano Alves Caixeta


O gênero Aspergillus sp. é um fungo cujos conídios estão presentes no ar, mas normalmente não causam doenças. Entretanto, um indivíduo com um status imunológico debilitado pode apresentar reação a este fungo (Aspergillus, 2010). Este táxon possui mais de 200 espécies distribuídas na natureza, este pertencen a divisão Eucomycota, sub-divisão Deuteromicotina, classe Hyphomycetes, ordem Moniliales, família Moniliaceae, gênero Aspergillus sp., espécie Aspergillus flavus (Bergamin Filho et al., 1995). Possui 11 variedades e 9 formae especiales válidas na literatura (Index Fungorum, 2010). O Aspergillus flavus possui 260 registros de espécies, variedades e subespécies de plantas hospedeiras, ocorrendo em vários países como: Arachis hypogea (Bulgária), Areca catechu (Índia), Allium cepa (Brasil), Avena sativa (Canadá), Bertholletia sp. (Estados Unidos), entre outros (Farr & Rosman, 2010).

O gênero Aspergillus sp. foi catalogado em 1729 pelo padre italiano e biólogo Pietro Antonio Micheli. Observando o fungo no microscópio, Micheli lembrou-se da forma de um aspergillum (borrifador de água santa), e nomeou a espécie de acordo com o objeto (Wikipédia, 2010).

O gênero Aspergillus sp. apresenta uma reduzida necessidade nutricional, podendo ser isolado do solo, água, vegetação, material em decomposição e ar. Possui conidióforos castanho claros, eretos, simples ou raramente ramificados, liso na superfície, tendo conídios escuros, cilíndricos ou de formato claviforme, composto por cadeias de conídios (catenulação), suas fiálides são unisseriadas, desenvolvendo através de vesículas clavadas. Os conidios possuem coloração esverdeada-amarelada, fialospóricos pálido, globosos, de superfície desuniforme (Wantable, 1993).

Morfologicamente, todas as espécies de Aspergillus possuem colônias filamentosas que apresentam hifas septadas com aproximadamente 4μm de espessura. A estrutura de frutificação, típica do gênero, é caracterizada por um conidióforo com uma célula pé e uma dilatação no ápice chamada de vesícula, onde se inserem as métulas em espécies bisseriadas, ou as fiálides em espécies unisseriadas, as quais dão origem aos conídios (Raper et al., 1995).

Esse gênero compreende fungos anamórficos que se reproduzem de forma assexuada através de conídios, algumas espécies apresentem a forma sexuada, podendo se propagar através de ascospóros, essas espécies são classificadas como teleomorfas, como é o caso do A. nidulans e A. glaucus (Wikipedia, 2010). Esse gênero é fundamentalmente, individualizado pela particular modalidade de reprodução vegetativa ou agâmica (Vidato, 2004).

Na avaliação macroscópica, as colônias deste gênero apresentam diferentes colorações do verso e reverso, textura e elevação micelial (BBIS, 2008).

As espécies de Aspergillus são aeróbicas e encontradas em ambientes ricos em oxigênio, onde geralmente crescem na superfície onde vivem. Essas espécies contaminam resíduos de comidas (como pães e batatas), e crescem em muitas plantas e árvores (Wikipedia, 2010).

O fungo Aspergillus flavus é um fungo imperfeito que está amplamente presente em grãos armazenados como amendoim e outras oleaginosas, e produz a substância carcinogênica denominada de aflatoxina. Também é utilizada na produção do antibiótico flavicina (BBIS, 2008).

Os fungos são organismos filamentosos e multicelulares, com grande capacidade tóxica quando infestam grãos de alimentos. As micotoxinas são exemplos de substâncias geralmente tóxicas, heterocíclicas. São produtos do metabolismo secundário, podem ser produzidas em pequenas quantidades nas seguintes espécies: Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. pseudotamari e A. nomius. Destes, A. flavus e A. parasiticus, possuem maior importância econômica. Existem pelo menos 13 tipos diferentes de aflatoxinas produzidas por estes fungos. As toxinas podem ser denominadas de B1, B2, G1 e G2, e estas correspondem as iniciais das cores “blue” e “green”, cores refletidas sob influência da luz ultra–violeta, no cumprimento de onda de 365nm. O B1 representa a toxina mais tóxica produzida por A. flavus e A. parasiticus, (BBIS, 2008).

O fungo Aspergillus flavus está presente em todos os alimentos, tendo sua incidência bastante acentuada na armazenagem principalmente de cereais, amendoim e mandioca. Seu desenvolvimento é rápido, atingindo níveis altíssimos em ambientes favoráveis com temperatura e umidade ideais (BBIS, 2008).

Nos Estados Unidos a Agência Federal de Alimentos (FDA “Foods & Drugs Agency”) tolera apenas 20 PPB (partes por bilhão) de aflatoxina em qualquer cereal. No Brasil, infelizmente não temos um controle rigoroso da autoridade sanitária sobre a questão nos cereais, o que coloca mais em risco a população de animais como também das pessoas (BBIS, 2008). Na verdade o maior controle sobre a aflatoxina B1 é feito nas áreas de avicultura e suinocultura em virtude de hoje o Brasil ser um grande exportador de carnes, principalmente de aves, para a Europa e outros países. A obrigatoriedade de manter elevados padrões e do controle da qualidade da carne faz com que os produtores privados obedeçam regras internacionais rigorosas de controle. Isso é positivo para o país (BBIS, 2008).

A história mostra alguns fatos catastróficos sobre esse tipo de aflatoxina. Em 1957 na Inglaterra cerca de 500.000 aves foram exterminadas sem que alguma coisa pudesse ser feita para sustar o mal, naquela época desconhecido. Algo semelhante ocorreu em 1958 nos EUA com a morte de 800 cavalos de raça. Houve um caso em que um lote de castanhas do Pará proveniente do Brasil foi condenado na Alemanha, trazendo prejuízo aos exportadores brasileiros (BBIS, 2008).

O envenenamento por fungos é conhecido como micotoxicose. A avicultura e a suinocultura já têm consciência e conhecimentos avançados sobre esse importante problema, pois com o controle e a erradicação de outras doenças através das vacinas, a questão aflatoxinas tomou importância relevante e pela sua evidência mais clara (BBIS, 2008).

Cerca de 16-20 espécies podem infectar o homem causando Aspergilose, sendo as mais comuns A. fumigatus, A. flavus e A. niger. Contudo em literatura no mundo existem registradas como espécies válidas 838 espécies, subespécies e variedades pertencentes ao gênero Aspergillus sp.
As manifestações clínicas vão desde reações de hipersensibilidade (aspergilose alérgica) até formas pulmonares e cerebrais (aspergiloma ou bola fúngica). A doença se desenvolve de três maneiras: como uma reação alérgica, nas pessoas que sofrem de asma (aspergilose pulmonar, tipo broncopulmonar alérgico); como uma colonização em uma cavidade do pulmão com uma cicatriz causada por uma doença anterior, tal como uma tuberculose ou um abscesso pulmonar, onde ele produz uma bola de fungo denominada aspergiloma; e como uma infecção invasiva, como a pneumonia, que se alastra às outras partes do organismo através da corrente sangüínea (aspergilose pulmonar - tipo invasiva) (Adam, 2010).

Apesar de vários malefícios, Aspergillus sp. também são em alguns casos benéficos, podendo citar como exemplo o Aspergillus terreuos, muito utilizado na indústria na produção de ácidos orgânicos. Estes fungos possuem grande capacidade em descontaminar os solos poluídos com derramamento de petróleo, evitando a utilização de produtos químicos, fungos deste gênero são capazes de utilizar o carbono contido no petróleo para obtenção de energia, diminuindo os custos e despoluindo o meio ambiente (Wikipedia, 2010).

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Aspergillus flavus.

Retirou-se uma amostra de fungo pertencente ao gênero Aspergillus, extraída de uma folha de quiabo (Abelmoschus esculentus) analisada no Laboratório de Microbiologia do IF Goiano campus Urutaí.

Em seguida, utilizando-se lâmina, lamínula e gotas de fixador lactofenol “cotton-blue”, preparou-se lâminas semi-permanentes, para extração de partes do fungo, utilizando instrumento metálico pontiagudo e o microscópio estereoscópico.
A lâmina foi analisada em microscópio ótico, possibilitando assim, a visualização de suas estruturas. Foi realizado procedimentos de macro e microfotografia digital, utilizando a câmera Canonr modelo Power Shot A580.

As fotos, contendo diferentes estruturas do fungo do gênero Aspergillus, foram organizadas em uma prancha de fotos (Fig. 1), todas devidamente identificadas, podendo assim visualizar estruturas especificas desse fungo.


Figura 1. Aspectos morfológicos de Aspergillus flavus. A. O crescimento do fungo em uma superfície, observando suas estruturas em desenvolvimento (bar = 122µm). B. Conidióforo (cf) jovem e maduro de cor hialina (bar = 112µm), C. conidióforo (cf) com célula ampuliforme (ca) e células conidiogênicas (cc) (bar = 17µm), D. Três camadas de células conidiogênicas (cc) ligadas à célula ampuliforme (ca) (bar = 6µm), E. Conídios (con) esféricos, amerosseptados e hialinos (bar = 5µm).

Descrição Micológica

A olho nu observou-se pulverulência superficial de cor amarelada. O fungo apresenta conidióforo hialino (Fig. 1B), bem desenvolvido, com abundante produção de conídios. A última célula do conidióforo possui um formato ampuliforme, no qual dezenas de fiálides (Fig. 1D) emergem para produção de conídios. Os conídios esféricos (Fig. 1ED), amerosseptados, e hialinos são produzidos em cadeia. A célula ampuliforme que sustenta as fiálides quando jovem é globosa de cor clara e não pulverulenta (Fig. 1D).

REFERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAM SERTAOGGI. Disponível em:<http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/001326.htm> Acessado em: abril de 2010.

ASPERGILLUS. Disponível em:<http://www.aspergillus.org.uk/> . Acessado em: abril de 2010.

BIS BRASIL INDUSTRIAL SOLUTIONS. Conheça a aflatoxina B1. Disponível em:<http://www.bisbrasil.com.br/dicas/dicas/aflatoxina.html> . Acessado em: abril de 2010.

Farr, D.F., & Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, Disponível em:http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/, acessado em: junho de 2010.

INDEX FUNGORUM. Disponível em: <http://www.indexfungorum.org/> . Acessado em: Junho de 2010.

RAPER, K. B.; FENNELL, D. I. The genus Aspergillus. Baltimore: Williams and Wilkins, 1965.

VIDATO, V. Micologia Médica. São Paulo: Tecmedd, 2004.

WANTABLE, T.: Pictorial Atlas of Soil and Seed Fungi. Editora Lewis, Tokio, Japan, 1993.

WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Aspergillus>, Acessado em: abril de 2010.

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