CARLOS CESAR DA SILVA
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas
Junho de 2013.
INTRODUÇÃO
O gênero Francisella consiste
em F. tularensis, causador da doença
tularemia ou febre do coelho, F. novicida e F. philomiragia
(anteriormente Yersinia philomiragia) estão associados com septicemia e
infecções invasivas sistêmicas, Francisella
tularensis e Francisella philomiragia
(MURRAY, 2007).
F.
tularensis é o agente etiológico da tularemia, também chamada febre
glandular, tanto em animais como em humanos. F. tularensis é subdividido em quatro subespécies. A espécie Francisella
tularensis tularensis constitui o membro mais virulento do gênero (LOPES,
2009)
F. philomiragia era a antiga espécie Yersinis philomiragia, que após análise molecular e com base em seu
ADN foi transferida para o gênero Francisella
(I. Lopes, 2009).
Francisella é composto por
cocobacilos Gram-negativos pequenos, sendo pleomórficos, aeróbios estritos,
apresentam capsula lipídica delgada. São imóveis e exigentes do ponto de vista
nutricional. Sua detecção em cultivo necessita de um período de incubação de ao
menos três dias. Exigente para o crescimento em meio de cultura, necessitando
de substancias contendo sulfidril para o crescimento (considerado um organismo
fastidioso) (MURRAY, 2007).
É parasito intracelular que pode sobreviver por períodos prolongados nos
macrófagos do sistema reticuloendotelial devido à inibição da fusão do
fagossomo com o lisossomo. Cepas patogênicas possuem uma cápsula
antifagocitária rica em polissacarídeos, e a perda da está associada a
diminuição da virulência. A cápsula protege as bactérias da destruição mediada
pelo sistema complemento durante a fase com bacteremia (presença de bactérias
no sangue) da doença. Possui endotoxina como todo bastonete Gram-negativo, sendo
menos ativa que em outros (MURRAY, 2007).
Possui distribuição ao longo do Hemisfério Norte, desde o círculo Ártico
em direção ao Sul, até aproximadamente a latitude de 20 graus Norte. E tularensis é encontrado em diversos
animais selvagens, aves e artrópodes hematófagos; focos mais comuns são
encontrados em coelhos, carrapatos, lebres, roedor do campo, ratos almiscarados
e castores. A tularemia humana é adquirida mais frequentemente pela picada de
um carrapato infectado ou pelo contato com um animal selvagem ou doméstico que
atacou um animal infectado. Também pode ser adquirida pela ingestão de carne ou
água que estão contaminadas ou pela inalação de um aerosol infeccioso. Para a
infecção por F. tularensis são
necessários apenas 10 organismos quando a exposição ocorre pela picada de um
artrópode ou contaminação da pele íntegra, 50 organismos quando inalados e 108
quando ingerido. Representa um grande perigo, pois pode ser utilizada como arma
biológica por apresentar fácil dispersão por meio de aerossóis (MURRAY, 2007).
O objetivo deste trabalho
foi apresentar informações a respeito doa sintomatologia, epidemiologia e
controle de Francisella sp.
DESENVOLVIMENTO
Sintomas
Os sintomas começam subitamente de 1 a 10 dias (geralmente 2 a 4 dias)
após o contato com a bactéria. Os sintomas iniciais incluem cefaleia, náusea,
vômito, febre de até 40 °C e o intenso esgotamento. O indivíduo apresenta
fraqueza extrema, calafrios recorrentes e sudorese profusa. Em 24 a 48 horas,
aparece uma bolha inflamada no local da infecção (geralmente em um dedo da mão,
em um braço, em um olho ou no palato), exceto nos tipos glandular e tifóide da
tularemia. A bolha enche-se rapidamente de pús e rompe, formando uma úlcera.
Sobre os membros superiores e inferiores pode aparecer uma única úlcera,
enquanto que na boca e nos olhos comumente surgem múltiplas úlceras.
Geralmente, apenas um olho é afetado. Os linfonodos em torno da úlcera aumentam
de volume e podem produzir pus, o qual, posteriormente, é drenado. Os
indivíduos com pneumonia tularêmica podem apresentar delírios. Contudo, a
pneumonia pode causar apenas sintomas leves, como a tosse seca que produz uma
sensação de queimação na região central do tórax. Em qualquer momento durante a
evolução da doença, pode ocorrer uma erupção cutânea. (MURRAY, 2007)
Epidemiologia
A tularemia é amplamente distribuída no Hemisfério Norte, sendo evidente
em muitas espécies selvagens como lagomorfos, roedores, insetívoros, peixes,
entre outros (I. Lopes, 2009). Pessoas que trabalham em laboratórios,
agricultores, veterinários e pessoas que manuseiam carne crua possuem maior
risco de infecção. (LOPES, 2009).
A doença causada por F. tularensis
se subdivide em diversas formas de acordo com a apresentação clínica:
ulceroglandular, oculoglandular, glandular, tifoide, pneumônica e orofaríngea
ou gastrointestinal. Pode apresentar variações destas apresentações (MURRAY,
2007).
A tularemia ulceroglandular é a manifestação mais comum, a lesão cutânea
começa como uma pápula dolorosa que se desenvolve no local da picada do
carrapato ou da inoculação direta do organismo na pele. A pápula forma uma
úlcera com centro necrótico e bordas elevadas, Linfadenopatia localizada e
bacteremia também podem estar presentes (MURRAY, 2007).
A tularemia oculoglandular é uma forma especializada da doença resultado
da contaminação direta do olho. O organismo pode ser introduzido no olho por
dedos contaminados ou pela exposição a água ou aerossóis. O paciente apresenta
conjuntivite dolorosa e linfadenopatia regional (MURRAY, 2007).
A tularemia pneumônica resulta da inalação de aerossóis infecciosos e
está associada a alta morbidade e mortalidade, a menos que o organismo seja isolado
rapidamente em hemoculturas, mas de difícil detecção em culturas respiratórias
(MURRAY, 2007).
A infecção é de difícil confirmação por exame laboratorial, tem-se maior
ocorrência nos meses de verão, com aumento drástico nos casos de infecção após
um inverno quente e um verão chuvoso, aumentando assim a população de
carrapato. Pessoas com risco de infecção são caçadores, profissionais de
laboratório e pessoas expostas a carrapatos (MURRAY, 2007).
A suspeita da presença de infecção por F. tularensis se dá quando um indivíduo desenvolve certos sintomas
súbitos e as úlceras características dessa infecção após ter estado exposto a carrapatos
ou ter tido contato (ainda que ligeiro) com um mamífero selvagem, especialmente
um coelho. As infecções que as pessoas que trabalham em laboratórios contraem
apenas nos gânglios linfáticos ou nos pulmões são difíceis de diagnosticar. O
diagnóstico pode ser confirmado observando o crescimento das bactérias nas
amostras obtidas a partir das úlceras, dos gânglios linfáticos, do sangue ou da
expectoração (MURRAY, 2007).
O diagnóstico laboratorial é um processo perigoso tanto para o médico
como para o profissional do laboratório, pois na coleta, processamento e
isolamento para cultivo o microrganismo pode penetrar na pele intacta e mucosas
em virtude de seu pequeno tamanho. A tularemia é rara, mas o contágio em
laboratório é comum (MURRAY, 2007).
O meio de cultura mais recomendado para F. tularensis é o CHAB (Agar de
cisteína enriquecido com sangue achocolatado (9%), apresentando crescimento
característico neste meio (LOPES,2009).
A detecção por coloração Gram quase sempre falha, devido o organismo ser
extremamente pequeno e corar-se fracamente. Para uma detecção mais específica é
usado coloração direta da amostra com anticorpos marcados com fluoresceína
contra o organismo. Também estão sendo desenvolvidos ensaios baseados em PCR (reação
de polimerase em cadeia) (MURRAY, 2007).
Tratamento
O tratamento se dá pelo uso do antibiótico estreptomicina, para todas as
formas de tularemia com exceção de situações de meningite (LOPES, 2009). Embora
esta droga não esteja amplamente disponível e apresenta grande toxidade. A
gentamicina é usada como uma alternativa, penicilinas e cefalosporinas
apresentam pouca eficácia (MURRAY, 2007).
Para evitar a infecção, deve-se evitar os vetores e reservatórios da
infecção. A utilização de vestuário de proteção e uso de repelentes de insetos
reduz o risco de exposição. Pessoas com risco devem receber antibióticos
profiláticos (MURRAY, 2007).
CONCLUSÕES
Através deste trabalho foi possível informar sobre os sintomas em
decorrência da contaminação por Francisella
spp., das formas de infecção, informações sobre o patógeno causador da
tularemia e a bactéria Francisella
sp. A necessidade de cuidados no manuseio de carcaças de animais e também de
carne é indispensável para a diminuição da possibilidade de infecção.
É importante salientar o risco para uso como arma biológica que é
oferecido por Francisella sp. visto
que a dispersão ocorre com muita facilidade inclusive através do ar. A
necessidade identificação e tratamento são importantes para evitar a morte do
paciente.
LITERATURA CITADA
LOPES, I.C.Tularemia,
Acta Medica Portuguesa. 22(3):281-290. 2009.
MURRAY, P. R. et al. Microbiología
médica. 5 ed. Elsevier, 2007.
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