segunda-feira, 24 de junho de 2013

Trabalho Acadêmico: Sintomatologia, epidemiologia e controle de Francisella sp.



CARLOS CESAR DA SILVA
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas
Junho de 2013.




INTRODUÇÃO

O gênero Francisella consiste em F. tularensis, causador da doença tularemia ou febre do coelho, F. novicida e F. philomiragia (anteriormente Yersinia philomiragia) estão associados com septicemia e infecções invasivas sistêmicas, Francisella tularensis e Francisella philomiragia (MURRAY, 2007).
 F. tularensis é o agente etiológico da tularemia, também chamada febre glandular, tanto em animais como em humanos. F. tularensis é subdividido em quatro subespécies. A espécie Francisella tularensis tularensis constitui o membro mais virulento do gênero (LOPES, 2009)
F. philomiragia era a antiga espécie Yersinis philomiragia, que após análise molecular e com base em seu ADN foi transferida para o gênero Francisella (I. Lopes, 2009).
Francisella é composto por cocobacilos Gram-negativos pequenos, sendo pleomórficos, aeróbios estritos, apresentam capsula lipídica delgada. São imóveis e exigentes do ponto de vista nutricional. Sua detecção em cultivo necessita de um período de incubação de ao menos três dias. Exigente para o crescimento em meio de cultura, necessitando de substancias contendo sulfidril para o crescimento (considerado um organismo fastidioso) (MURRAY, 2007).
É parasito intracelular que pode sobreviver por períodos prolongados nos macrófagos do sistema reticuloendotelial devido à inibição da fusão do fagossomo com o lisossomo. Cepas patogênicas possuem uma cápsula antifagocitária rica em polissacarídeos, e a perda da está associada a diminuição da virulência. A cápsula protege as bactérias da destruição mediada pelo sistema complemento durante a fase com bacteremia (presença de bactérias no sangue) da doença. Possui endotoxina como todo bastonete Gram-negativo, sendo menos ativa que em outros (MURRAY, 2007).
Possui distribuição ao longo do Hemisfério Norte, desde o círculo Ártico em direção ao Sul, até aproximadamente a latitude de 20 graus Norte. E tularensis é encontrado em diversos animais selvagens, aves e artrópodes hematófagos; focos mais comuns são encontrados em coelhos, carrapatos, lebres, roedor do campo, ratos almiscarados e castores. A tularemia humana é adquirida mais frequentemente pela picada de um carrapato infectado ou pelo contato com um animal selvagem ou doméstico que atacou um animal infectado. Também pode ser adquirida pela ingestão de carne ou água que estão contaminadas ou pela inalação de um aerosol infeccioso. Para a infecção por F. tularensis são necessários apenas 10 organismos quando a exposição ocorre pela picada de um artrópode ou contaminação da pele íntegra, 50 organismos quando inalados e 108 quando ingerido. Representa um grande perigo, pois pode ser utilizada como arma biológica por apresentar fácil dispersão por meio de aerossóis (MURRAY, 2007).

O objetivo deste trabalho foi apresentar informações a respeito doa sintomatologia, epidemiologia e controle de Francisella sp.
     
DESENVOLVIMENTO
Sintomas
Os sintomas começam subitamente de 1 a 10 dias (geralmente 2 a 4 dias) após o contato com a bactéria. Os sintomas iniciais incluem cefaleia, náusea, vômito, febre de até 40 °C e o intenso esgotamento. O indivíduo apresenta fraqueza extrema, calafrios recorrentes e sudorese profusa. Em 24 a 48 horas, aparece uma bolha inflamada no local da infecção (geralmente em um dedo da mão, em um braço, em um olho ou no palato), exceto nos tipos glandular e tifóide da tularemia. A bolha enche-se rapidamente de pús e rompe, formando uma úlcera. Sobre os membros superiores e inferiores pode aparecer uma única úlcera, enquanto que na boca e nos olhos comumente surgem múltiplas úlceras. Geralmente, apenas um olho é afetado. Os linfonodos em torno da úlcera aumentam de volume e podem produzir pus, o qual, posteriormente, é drenado. Os indivíduos com pneumonia tularêmica podem apresentar delírios. Contudo, a pneumonia pode causar apenas sintomas leves, como a tosse seca que produz uma sensação de queimação na região central do tórax. Em qualquer momento durante a evolução da doença, pode ocorrer uma erupção cutânea. (MURRAY, 2007)

Epidemiologia
A tularemia é amplamente distribuída no Hemisfério Norte, sendo evidente em muitas espécies selvagens como lagomorfos, roedores, insetívoros, peixes, entre outros (I. Lopes, 2009). Pessoas que trabalham em laboratórios, agricultores, veterinários e pessoas que manuseiam carne crua possuem maior risco de infecção. (LOPES, 2009).
A doença causada por F. tularensis se subdivide em diversas formas de acordo com a apresentação clínica: ulceroglandular, oculoglandular, glandular, tifoide, pneumônica e orofaríngea ou gastrointestinal. Pode apresentar variações destas apresentações (MURRAY, 2007).
A tularemia ulceroglandular é a manifestação mais comum, a lesão cutânea começa como uma pápula dolorosa que se desenvolve no local da picada do carrapato ou da inoculação direta do organismo na pele. A pápula forma uma úlcera com centro necrótico e bordas elevadas, Linfadenopatia localizada e bacteremia também podem estar presentes (MURRAY, 2007).
A tularemia oculoglandular é uma forma especializada da doença resultado da contaminação direta do olho. O organismo pode ser introduzido no olho por dedos contaminados ou pela exposição a água ou aerossóis. O paciente apresenta conjuntivite dolorosa e linfadenopatia regional (MURRAY, 2007).
A tularemia pneumônica resulta da inalação de aerossóis infecciosos e está associada a alta morbidade e mortalidade, a menos que o organismo seja isolado rapidamente em hemoculturas, mas de difícil detecção em culturas respiratórias (MURRAY, 2007).
A infecção é de difícil confirmação por exame laboratorial, tem-se maior ocorrência nos meses de verão, com aumento drástico nos casos de infecção após um inverno quente e um verão chuvoso, aumentando assim a população de carrapato. Pessoas com risco de infecção são caçadores, profissionais de laboratório e pessoas expostas a carrapatos (MURRAY, 2007).
A suspeita da presença de infecção por F. tularensis se dá quando um indivíduo desenvolve certos sintomas súbitos e as úlceras características dessa infecção após ter estado exposto a carrapatos ou ter tido contato (ainda que ligeiro) com um mamífero selvagem, especialmente um coelho. As infecções que as pessoas que trabalham em laboratórios contraem apenas nos gânglios linfáticos ou nos pulmões são difíceis de diagnosticar. O diagnóstico pode ser confirmado observando o crescimento das bactérias nas amostras obtidas a partir das úlceras, dos gânglios linfáticos, do sangue ou da expectoração (MURRAY, 2007).
O diagnóstico laboratorial é um processo perigoso tanto para o médico como para o profissional do laboratório, pois na coleta, processamento e isolamento para cultivo o microrganismo pode penetrar na pele intacta e mucosas em virtude de seu pequeno tamanho. A tularemia é rara, mas o contágio em laboratório é comum (MURRAY, 2007).
O meio de cultura mais recomendado para F. tularensis é o CHAB (Agar de cisteína enriquecido com sangue achocolatado (9%), apresentando crescimento característico neste meio (LOPES,2009).
A detecção por coloração Gram quase sempre falha, devido o organismo ser extremamente pequeno e corar-se fracamente. Para uma detecção mais específica é usado coloração direta da amostra com anticorpos marcados com fluoresceína contra o organismo. Também estão sendo desenvolvidos ensaios baseados em PCR (reação de polimerase em cadeia) (MURRAY, 2007).

Tratamento
O tratamento se dá pelo uso do antibiótico estreptomicina, para todas as formas de tularemia com exceção de situações de meningite (LOPES, 2009). Embora esta droga não esteja amplamente disponível e apresenta grande toxidade. A gentamicina é usada como uma alternativa, penicilinas e cefalosporinas apresentam pouca eficácia (MURRAY, 2007).
Para evitar a infecção, deve-se evitar os vetores e reservatórios da infecção. A utilização de vestuário de proteção e uso de repelentes de insetos reduz o risco de exposição. Pessoas com risco devem receber antibióticos profiláticos (MURRAY, 2007).

CONCLUSÕES

Através deste trabalho foi possível informar sobre os sintomas em decorrência da contaminação por Francisella spp., das formas de infecção, informações sobre o patógeno causador da tularemia e a bactéria Francisella sp. A necessidade de cuidados no manuseio de carcaças de animais e também de carne é indispensável para a diminuição da possibilidade de infecção.
É importante salientar o risco para uso como arma biológica que é oferecido por Francisella sp. visto que a dispersão ocorre com muita facilidade inclusive através do ar. A necessidade identificação e tratamento são importantes para evitar a morte do paciente.

LITERATURA CITADA
LOPES, I.C.Tularemia, Acta Medica Portuguesa. 22(3):281-290. 2009.
MURRAY, P. R. et al. Microbiología médica. 5 ed. Elsevier, 2007.

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