MANCHA
OCULAR (Bipolaris sacchari) DA
CANA-DE-AÇÚCAR (Sacharum officinarum)
Alexsandro
Ribeiro Santos
Acadêmico
do curso de Agronomia
INTRODUÇÃO
A cana de açúcar (Saccharum
oficinarum - Poaceae) tem como centro de origem à Melanésia (Oceania), onde
ela foi domesticada e depois disseminada pelo homem por todo o Sudeste
asiático. As primeiras mudas de cana chegaram ao Brasil por volta de 1515,
vindas da Ilha da Madeira (Portugal), e o primeiro engenho de açúcar foi
construído em 1532, na capitania de São Vicente (na região Sudeste). Mas foi no
Nordeste, especialmente nas Capitanias de Pernambuco e da Bahia, que os
engenhos de açúcar se multiplicaram. Historicamente, a cana-de-açúcar sempre
foi um dos principais produtos agrícolas do Brasil e atualmente o País é
novamente o maior produtor mundial da cultura (CIB, 2015). A cana-de-açúcar é uma
cultura perene, podendo produzir por 4 a 6 anos. Relativamente fácil de ser
implantada e manejada, com baixo custo, podendo atingir rendimentos de massa
verde superiores a 120 t/ha/ano. Normalmente a maturação se dá durante o
período seco, quando a oferta de forragem das pastagens, é bastante limitada à
produção animal (TOWNSEND, 2000). O Brasil é o maior
produtor mundial de cana-de-açúcar, com mais de sete milhões de hectares
plantados, produzindo mais de 480 milhões de toneladas de cana, o que coloca o
País na liderança mundial em tecnologia de produção de etanol. Além de
matéria-prima para a produção de açúcar e álcool, seus subprodutos e resíduos
são utilizados para co-geração de energia elétrica, fabricação de ração animal
e fertilizante para as lavouras (AGEITEC, 2015).
A doença chamada
popularmente de mancha ocular ou “eye
spot”, tem como agente causa Bipolaris sacchari manifesta-se
nas folhas, na forma de numerosas manchas redondas, o que evidencia morte do
tecido vegetal. Quando as condições são favoráveis, a mancha ocular atinge as
folhas novas do ponteiro, causando a morte dos tecidos jovens, do colmo imaturo
e até da touceira jovem. O fungo também pode causar queda de germinação
(AGEITEC, 2015). Em lesões maduras os conídios são longos, levemente
coloridos, septados e produzem vários conídios na extremidade distal. (TOKESHI
e RAGO, 2005). Podem ter até 200 µm de comprimento, 5-8 µm de espessura, com um
ou mais cicatriz de conídios. Apresentam dimensões de 35-95 µm de comprimento,
9-17 µm de largura (MCKENZIE,2015).
OBJETIVOS
O
objetivo deste boletim técnico é descrever a sintomatologia, etiologia,
epidemiologia controle do mancha ocular (Bipolaris
sacchari) da cana-de-açúcar (Sacharum
officinarum).
DESENVOLVIMENTO
Hospedeiro/cultura: Cana-de-açúcar (Bipolaris saccharum)
Família Botânica:
Poaceae
Doença: Mancha-ocular
Agente Causal (Teleomorfo): Bipolaris Sacchari Subram.
& Jain, 1966. (E.J.
Butler) Shoemaker, 1959
Local de Coleta: Urutaí
- Goiás
Data de Coleta: 10/04/2015
TAXONOMIA:
Reino
Fungi, Filo Ascomycota, Classe Pezizomycotina, Subclasse Dothideomycetes, Ordem
Pleosporomycetidae, Subordem Pleosporales, Família Pleosporaceae, Gênero Bipolaris sp. (MYCOBANK, 2015).
SINTOMATOLOGIA:
O
sintoma mais típico manifesta-se nas folhas, na forma de numerosas manchas
necróticas, elípticas, inicialmente pardas, mais tarde marrom-avermelhadas. À
medida que crescem, as lesões tornam-se alongadas, com centro de cor palha e
frequentemente com halo amarelado. O tamanho das lesões varia de 0,5 a 3 cm. Em
variedades suscetíveis, podem aparecer longas estrias de 5 cm a 60 cm,
inicialmente amareladas que evoluem para pardo-avermelhadas. As estrias são
ocasionadas por uma toxina produzida pelo fungo. Quando as condições são
favoráveis, o ataque estende-se as folhas novas do ponteiro, causando a
completa necrose dos tecidos imaturos, atingindo o meristema apical causando a
morte do colmo imaturo e até das touceiras novas. Ocasionalmente, em variedades
suscetíveis, causa manchas necróticas na casca de entrenós imaturos. O fungo
também é capaz de atacar cariopses, causando malformações e queda de germinação
(TOKESHI e RAGO, 2005).
Figura
1. Mancha
ocular da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) causada
por Bipolaris sacchari; A. sintomas na parte aérea da planta; B. sintoma na face adaxial, manchas
elípticas cobrindo quase que total superfície da folha; C. detalhe das lesões na face adaxial; D. células conidiogênicas(cc) conidióforos (cF), e célula basal coliforme (cB);
bar = 10 µm; E. conídio alongado,
cilíndrico, conídio curvado pseudo
septados, bar = 7,3 μm;
F. conídio fusiforme; bar = 9 μm.
ETIOLOGIA:
Em
lesões maduras os conídios são produzidos em conidióforos que emergem isolados
ou em grupos dos tecidos necrosados. Estes são longos, levemente coloridos,
septados e produzem vários conídios na extremidade distal. Os conídios são
longos, afilados ligeiramente curvos com a 3 a 10 septos (TOKESHI e RAGO,
2005). Podem ter até 200 µm de comprimento, 5-8 µm de espessura, com um ou mais
cicatriz de conídios. Conídios único, em linha reta ou ligeiramente curvada,
cilíndrico ou estreitamente elipsoidal, 35-95 µm de comprimento, 9-17 µm de
largura, pálido ao marrom dourado, liso, 5-9-distoseptate (na maior parte 8),
cicatriz basal distinta 3-4,5 µm de largura (Tabela e figura 1) (MCKENZIE, 2015).
Tabela 1. Comparação das características morfológicas e
morfométricas do isolado de Bipolaris aacchari
oriundo de Urutaí-GO comparado com a descrição feita por Subram. & Jain,
1966. (E.J. Butler) Shoemaker, 1959.
EPIDEMIOLOGIA:
Se
desenvolvem em temperaturas de 10 a 25ºC, na presença de orvalho, neblina ou
chuva fina durante vários dias e aplicação exagerada de vinhoto, se dissemina
por meio do vento (PAES et al., 2007).
A
cana-de-açúcar no mundo de acordo com o banco de dados SMML (2016) foram registradas
sete espécies de Bipolaris spp. representadas
por B. hawaiiensis no Havaí, B. maydis nas Barramas e Ghana, B. papendorfii no Iran, B. sacchari na Austrália, no Brasil, EUA,
Cuba, Havaí, Hong Kong, Índia, Jamaica, Malásia, Ilhas Mauritius, Myanmar,
Nicarágua, Panamá, Papoa Nova Guiné, Filipinas, Porto Rico, Senegal, Ilhas
Solomon, África do Sul, Sri Lanka, Uganda e Venezuela, B. setariae em Bangladesh, Índia e Paquistão, B. spicifera na China, B. stenospila
no Brasil, Cuba, EUA, Guiana, Havaí, Malásia, Filipina, Samoa.
CONTROLE:
Controle Físico e Cultural
Deve-se
evitar o plantio de variedades suscetíveis nas margens de lagos, rios, e
baixadas onde o ar frio e a neblina acumulam-se durante os meses de inverno
(TOKESHI e RAGO, 2005).
Controle Genético
O
método mais prático de controle é o uso de variedades resistentes nos locais
onde a doença aparece sistematicamente todos os anos (TOKESHI e RAGO, 2005).
Para o controle genético recomenda-se a variedade RB725828, variedade RB725147
e variedade RB735275 (
Controle Biológico
A
aplicação exagerada de vinhoto nas áreas de reforma de canaviais pode favorecer
o patógeno (TOKESHI e RAGO, 2005).
Controle Químico
Para o controle químico da doença não possui nenhum
produto registrado (AGROFIT, 2015).
LITERATURA CITADA
A
origem da Cana de açúcar. Disponível
em
.
Acesso em 25 de junho de 2015.
AGROFIT. Consulta de
produtos formulados. Disponível em
Cultura
da cana de açúcar. Disponível em<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_1_711200516715.html>.
Acesso em 25 de junho de 2015.
Doenças
da cana de açúcar. Disponível em.
Acesso em 25 de junho de 2015.
MCKENZIE, E. (2013) Bipolaris
sacchari (Bipolaris
sacchari). Disponivel em < http://www.padil.gov.au>.
Acesso em 25 de junho de 2015.
PAES, J.M.V; SILVEIRA, L.C.I; BARBOSA, M.H.P.; SILVA, E.A.;
MOLINA, R.M.S.; WRUCK, D. S.M. Cana-de-açúcar
(Saccharum spp.). In: PAULA
JUNIOR, T.J.; VENZON, M. 101 culturas:
Manual de tecnologias agrícolas. Belo Horizonte: EPAMIG, 2007.
SMML Systematic Mycology
and Microbiology, Disponível em ,
acessado em 10 de fevereiro de 2016.
TOKESHI, H.; RAGO, A. Doenças
da cana-de-açúcar (híbridos de Saccharum
spp. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.;
CAMARGO, L.E.A. Manual
de Fitopatologia: princípios e conceitos. 4a Ed.,
Vol. I, São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda, 2005.
TOWNSEND,
C. R. Recomendações técnicas para o
cultivo da cana-de-açúcar forrageira em Rondônia. EMBRAPA-CPAF Rondônia,
RT/21, p.5-5, 2000. Disponível em.
Acesso em 25 de junho de 2015.
Variedades
da cana de açúcar. Disponível em
. Acesso em 25 de junho de
2015.
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