Revisão de literatura a respeito da colheita, beneficiamento e
plantas daninhas da cultura do arroz.
Matheus Abreu de Souza
Introdução
A colheita é uma
das etapas mais importantes atividades do processo de produção da cultura do
arroz (Oriza sativa). Quando mal conduzida, acarreta perda de grãos,
comprometendo os esforços e os investimentos dedicados á cultura, (lima, 2012)
O teor de umidade dos grãos por ocasião da
colheita constitui fator que leva á obtenção de melhor rendimento de grãos
internos do beneficiamento e há redução de perdas.
É
abordada alguma indicação práticas e estratégicas que contribuem para reduzir,
tanto quanto possível, a ocorrência de perdas desnecessárias na produção de
grãos, bem como, para obter produtos de melhor valor e aceitação comercial,
(Lima, 2012)
Dentre os vários fatores limitantes da produtividade do arroz,
destaca-se como um dos principais, aquele representado pelas plantas daninhas.
Por
meio de competição por água, luz e nutrientes minerais, de ações indiretas como
hospedeira de pragas e doenças e, muitas vezes, de ações alelopáticas, as
plantas daninhas ocasionam perdas significativas na produtividade do arroz.
Os
efeitos negativos sobre a produtividade são diversos, pois dependem de vários
fatores como o cultivar de arroz, fertilidade do solo e adubação, como também
de aspectos fito técnicos, ou seja espaçamento e densidade de semeadura, e
principalmente da população da espécies daninhas. Kwon et al. (1991) verificaram que o aumento
de uma planta de arroz-vermelho (Oriza
sativa) por m² corresponde a uma perda de kg ha¹ nas cultivares newbonnet
e lemont, respectivamente. Segundo McGregor et al. (1988), a produtividade de
arroz diminui em uma taxa de 18 kg ha¹ para cada aumento de uma planta de Brachiaria
platyphylla por m². O arroz é uma planta C3 que apresenta baixo ponto de
compensação luminoso e baixa eficiência de uso de água em comparação com plantas
C4 (Lima, 2012).
Essa
característica é de grande importância para o controle de plantas daninhas,
pois, época do plantio pode ocorrer altas temperaturas e altas luminosidades
que favorecem o desenvolvimento de plantas C4. Além disso, o arroz é mais
sensível á deficiência hídrica (veranico) que as plantas C4, tornando-se
obrigatório iniciar o controle das plantas daninhas mais cedo, principalmente
em áreas com altas infestações.
O objetivo deste trabalho é fazer uma revisão
de literatura (roteiro de vídeo) a respeito da colheita, beneficiamento e
plantas daninhas do arroz.
Desenvolvimento
Colheita
* Fatores
que influenciam a colheita
Uma colheita eficiente, farta e com produto de
boa qualidade somente pode ser obtida quando são tomados alguns cuidados, desde
o preparo do solo até o momento do corte do arroz (EMBRAPA, 2005)
O preparo do solo deve fornecer o
estabelecimento e o desenvolvimento da cultura, além de ser de grande
importância para os aspectos físicos, químicos e biológicos do solo. Esses
aspectos determinam a intensidade de erosão, da fertilidade, da infiltração e
armazenamento de agua, assim como do desenvolvimento e proliferação das plantas
daninhas (EMBRAPA, 2005).
Estabelecer o método e a época de preparo do
solo torna-se tão importante quanto adubar bem, pios ambos influem nos tratos culturais
posteriores e no rendimento da colheita (EMBRAPA, 2005)
A época de semeadura influencia o
desenvolvimento das plantas e reflete-se no processo de colheita, que pode ser
prejudicado se coincidir com períodos chuvosos, acarretando aumento de perdas
por acabamento, debulha e depreciação do produto. A ocorrência de plantas
daninhas prejudica a produtividade da lavoura, não só pela competição por agua,
luz e nutriente, mas também porque interfere na colheita, principalmente na
mecânica, pelas frequentes obstruções que dificultam o trilhamento e acarretam
depreciação da qualidade do produto. A utilização de método de controle
adequado é importante para uma boa colheita.
* Método de colheita
Os métodos de colheita do arroz são: o
manual, o semi-mecanizado e o mecanizado.
Colheita manual
A colheita manual do arroz requer em
torno de dez dias de trabalho de um homem para cortar 1 ha, sendo mais
difundida em pequenas lavouras. Além do corte, que normalmente é feito com auxílio
de um cutelo, outras operações, como o reconhecimento e o trilhamento, são
realizadas manualmente (EMBRAPA, 2005)
Á medida que as plantas vão sendo cortadas em
pequenos feixes, são amontoadas transversalmente sobre os colmos decepados, de modo
que as panículas não fiquem em contato com o solo e permaneçam exposta ao sol.
Os feixes devem ser colocados em um mesmo sentido, a fim de facilitar seu
reconhecimento e transporte para o local do trilhamento.
O trilhamento é
realizado em jirau de madeira, caixotes ou bancas, e consiste em golpear as
panículas até o desprendimento dos grãos. O trilhamento do arroz, por meio de
pisoteio, pelo homem ou por animais, com varas ou mesmo pelas rodas de trator,
é também utilizado.
Colheita semi-mecanizado
Neste método, pelo menos uma das etapas do
processo é feita manualmente. Geralmente, o corte e o recolhimento das plantas
são manuais e o trilhamento é feito mecanicamente, utilizando-se trilhadoras
estacionarias.
Colheita
mecanizada
Na colheita mecanizada empregam-se diversos modelos e tipos de
máquinas, desde as de pequeno porte, tracionadas por trator, até as colhedoras
automotrizes. Essas máquinas realizam, em sequência, as operações de corte,
trilhamento, separação, limpeza e armazenamento dos grãos a granel ou em
sacaria (EMBRAPA, 2005)
*Máquinas para colheita
Existem
no mercado brasileiro diferentes tipos de máquinas pra colheita do arroz como
as ceifadoras, as trilhadoras e as colhedoras.
Ceifadoras de
rabiça
São máquinas destinadas ás pequenas lavouras
de arroz, constituídas, basicamente, dos seguintes mecanismos: chassi com
rabiça montado sobre duas rodas; barra de corte com movimentos alternativos;
molinete para apoiar as plantas para a ação da barra de corte e motor a
gasolina com potência de cerca de 3,5 c.v. (EMBRAPA, 2005)
Algumas
ceifadoras possuem um deposito de plantas atrás da barra de corte, que são
descarregadas no campo de forma intermitente, enquanto outras, como a
desenvolvida na EMBRAPA Arroz e Feijão, possuem três molinetes em forma de
estrela, que conduzem as plantas para um transporte de carreia descarregá-las
no campo, de forma continua, formando uma leira (EMBRAPA, 2005)
Trilhadoras
estacionárias
As trilhadoras têm a
função de retirar os grãos das panículas de arroz e separá-los das demais
partes da planta. As máquinas especiais para o arroz apresentam fluxo de
plantas tangencial e cilindro de granador de dentes de impacto, que são mais
adequados que as barras de fricção. As trilhadoras podem ser adicionadas pela
tomada de força do trator ou por mesmo estacionário – modelos mais simplificados
são acionados no pedal (EMBRAPA, 2005)
Nas trilhadoras de
alimentação continua, as panículas e os colmos penetram na máquina através de
uma moega e os grãos são trilhados pelo impacto no cilindro trilhador, acionado
por motor estacionário ou pela tomada de força do trator. Os grãos trilhados
são separados das impurezas (palha) por meio de peneiras móveis e fluxo de ar
regulável produzido por ventilador próprio (EMBRAPA, 2005)
Máquinas, quando
operadas dentro das especificações do fabricante, geralmente permitem uma
alimentação ritmada de trabalho, apresentam boa capacidade de produção (trilhamento)
e são muito seguras para o operador (EMBRAPA, 2005)
Colhedoras
As colhedoras de arroz colhem e trilham as
plantas numa única operação. As máquinas especiais para colheita em terrenos de
baixa sustentação, como os de lavouras irrigadas, são equipadas com pneus
arrozeiros ou com pneus duplos dos, de maior superfície de contato com o solo,
ou com esteiras. Podem ser automotrizes ou montadas e acionadas pelo trator.
São caracterizadas por possuírem mecanismo: de corte e alimentação de planta; de
trilhamento; de separação; de limpeza; de transporte e armazenamento de grãos;
e de outros componentes especiais para garantir boa operação nas variadas
condições de cultivos, como a de várzeas (EMBRAPA, 2005)
O mecanismo convencional que corta e recolhe
as plantas é denominado de plataforma de corte. Pelo fato de cortar os colmos
abaixo das panículas e distantes do solo, a plataforma indicada para o arroz é
a do tipo rígido, sem movimento de flexão na barra de corte. A plataforma
possui separadores de fileiras de plantas, que divide longitudinalmente a área
de colheita dos restos da lavoura; molinete que recebe as plantas puxando-as
contra a barra ceifadora formada de navalhas serrilhadas; e condutor helicoidal
para transportar as plantas para o canal alimentador do sistema de trilha.
*Ponto de colheita
O ponto ótimo de colheita corresponde á fase
da maturação do arroz em que se obtém maior rendimento de grãos inteiros no
beneficiamento e menor perda de grãos no campo.
O rendimento industrial de grãos inteiros é
uma característica relacionada á qualidade do produto e á cultivar. Entretanto,
mesmo uma cultivar de alto potencial de rendimento de grãos inteiros pode não
manifestar essa característica em função do ambiente, dos procedimentos de colheita
e do manejo pós-colheita (EMBRAPA, 2005)
Relatos de estudos
envolvendo o ponto ideal de colheita do arroz, em função de determinados
aspectos dos grãos, como rendimento de inteiros no beneficiamento, são
encontrados na literatura. Fonseca (1998) relata que o arroz atinge o ponto de
colheita quando dois terços dos grãos da panícula estão maduros e indica que
morder os grãos ou apertá-los com a unha, pode ser um indicativo útil para
estimar seu teor de umidade (EMBRAPA, 2005)
De modo geral, apesar de as cultivares
se diferenciarem quanto á exigência ao ponto de colheita, seria recomendável
evitar colheitas muito precoces, com umidade elevada, acima de 25 por centro,
ou muito tardias, com umidade muito reduzida, pois quanto mais tempo o arroz
ficar no campo, maior o risco de sofrer perda de qualidade, especialmente
quanto ao rendimento de grãos inteiros, em função de ficar exposto a estresses
abióticos como chuva, ataque de pássaros, roedores e insetos (EMBRAPA, 2005)
*Ocorrência de perdas de grãos na lavoura
As
perdas acontecem, geralmente, em duas etapas distintas, antes e durante a
colheita. Antes da ceifa das plantas, os fatores responsáveis pelas perdas são:
estandes densos; ataque de pássaros; excesso de chuvas; ação de ventos; veranico
prolongado; e danos causados por doenças e insetos, que, além de diminuírem a
massa dos grãos, depreciam o valor comercial do arroz.
Durante a colheita, as
perdas podem ocorrer tanto quanto as plantas são ceifadas manualmente, como por
colhedoras automotrizes. Quando colhido manualmente, a perda ocorre durante o
corte, devido ao impacto causado pela ação da mão do operador e do cutelo,
sendo mais elevada quando os grãos estão muito secos. Ocorrem perdas, também,
após os cortes, quando os feixes são deixados no campo por alguns dias para
secar, expostos ás variações climáticas e ao ataque de insetos e pássaros. No
trilhamento manual, dependendo do cultivar, do arranjo e do volume ao não
trilhamento das panículas que se situam no interior dos feixes.
Na colheita mecanizada,
as perdas são provocadas pelos mecanismos externos e internos da colhedora. Os
mecanismos externos, na unidade de apanha, provocam perdas devidas á ação
mecânica da plataforma de cortes e do molinete, e os internos, de trilhamento e
de separação, pela ação do cilindro batedor, saca-palhas e peneiras.
* Recomendações técnicas
Para evitar perdas desnecessárias,
antes de proceder á colheita devem ser observados os seguintes aspectos:
Horário de colheita
Evitar que a colheita se realize pela
manhã, quando os grãos ainda se encontram umedecidos pelo orvalho. Caso ocorra
chuva, deve-se esperar que o arroz seque completamente, coso contrario pode
houver obstrução na colhedora.
Teor de umidade do grão
Segundo pesquisas de Rocha et at.
(1976), a colheita com base no teor de umidade dos grãos depende de cultivar.
Conforme o teor de umidade ideal dos grãos, para a maioria das cultivares de
arroz, deve situar-se entre 18 e 23 por centro (ROCHA et al,. 1976)
Na prática, como nem
sempre se dispõe de aparelhos para determinar o teor de umidade no campo, o
produto pode de basear-se na mudança de cor das glumas, considerando como ideal
quando dois terços dos grãos da panícula estiverem maduros. Morder os grãos ou
apertá-los com a unha pode também ser um indicativo útil. Se o grão amassar, o
arroz encontra-se ainda imaturo; se quebrar encontra-se na fase semidura, e a
colheita poderá ser iniciada.
Colheita manual
Após
o corte do arroz, deve se evitar a permanência das plantas no campo por muito
tempo, pois a perda aumenta se as operações de recolhimento e trilhamento forem
retratadas desnecessariamente. O problema tende a gravar-se, dependendo da
ocorrência de condições climáticas adversas.
Regulagem e manutenção da colhedora
É possível obter maior rendimento com custo reduzido, se forem
seguidas as instruções contidas no manual do operador, que acompanha a
colhedora, efetuando a regulagem adequada dos mecanismos externos e internos da
máquina. Deve-se atentar, principalmente, para o seu estado de conservação e
sua manutenção, verificando se há navalhas defeituosas, falta de peças
integrantes do molinete e outras irregularidades nos mecanismos de trilhamento
e abanação.
Drenagem da lavoura
Em
cultivos irrigados é de grande importância o conhecimento da melhor época para
se drenar a lavoura antes da colheita. Deve-se levar em consideração que a
drenagem antecipada, embora favoreça a economia de água, pode acarretar
decréscimo na produtividade (STONE E FONSECA, 1980).
Beneficiamento do arroz
O arroz passa por um processo de limpeza antes
de entrar no beneficiamento, a fim de retirar impurezas que não tenham sido
removidas no processo de pré-limpeza, ou tenham sido geradas nos processos
anteriores (STONE E FONSECA, 1980)
O descascamento é o primeiro processo que
acontece quando o produto chega ao beneficiamento, neste momento ocorre à
separação da casca e do grão. O processo acontece através de rolos de borracha
que se movimentam em diferentes rotações, o arroz passa por um espaçamento
pequeno, entre os rolos, e por movimento de torção acaba forçando a separação
da casca e do grão (STONE e FONSECA, 1980).
A seguir o produto é
direcionado ao separador de marinheiro, onde ocorre a divisão entre o grão com
casca e o grão descascado, além das diferenças de densidade e comprimento entre
eles. Depois o arroz descascado passa por um sistema chamado de saca pedras,
onde ocorre a remoção das partículas sólidas maiores que o grão de arroz. Deste
local, é encaminhado ao separador de perfil, que corresponde a um processo de
separação por dimensões através de um sistema de peneiras onde tudo o que for
maior que o arroz é removido (STONE e FONSECA,
1980)
O produto
selecionado segue para o brunidor, etapa em que o grão de arroz é submetido ao
processo de brandimento para remover o farelo existente na extremidade do grão
e assim aumentar o grau de polimento. Dos brunidores, o grão vai para o polidor
para que seja feita a remoção do farelo e apresente aspecto de polido. O grão
polido passa ainda para o equipamento denominado separador trieur, onde
ocorrerá a separação dos grãos quebrados e inteiros. O grão inteiro resultante
do trieur passa pelo separador de perfil para remover os grãos gessados, essa
separação ocorre pela diferença de tamanhos entre os grãos (STONE e FONSECA, 1980)
Após o polimento, que já
retira a maior parte do farelo a dos grãos, através da classificação são
retirados todos os grãos fora do padrão Prato Finos, deixando apenas os grãos
totalmente perfeitos e uniformes, livre de impurezas (STONE e FONSECA, 1980).
A próxima etapa refere-se a
caixa temper., local onde o grão descansa por aproximadamente 5 horas antes de
seguir para a seleção eletrônica. Na seleção eletrônica, os grãos são
selecionados por um sensor fotoelétrico que identifica os grãos com defeitos e
os descarta (STONE e FONSECA, 1980).
Embalagem e Empacotamento
O mesmo cuidado e preocupação com a qualidade que a
PIRAHY Alimentos tem em todo o processo de beneficiamento também é dado para as
embalagens, usadas para o arroz devem atendem os padrões exigidos pelos órgãos
reguladores e pelos consumidores. No processo de empacotamento, o arroz passa
por empacotadeiras, sistema controlador de peso, detector de metais,
enfardadeiras e paletização.
Existem três formas de
empacotamento: os pacotes de 1 kg, 2 kg e 5 kg. O processo é o mesmo, diferindo
apenas no peso, tamanho das embalagens e diâmetro das empacotadeiras. Após este
processo, os mesmos são organizados em fardos para comercialização (STONE e FONSECA, 1980).
Posteriormente, os fardos
seguem para paletização, que refere-se a organização de diversas unidades de
fardos sobre uma plataforma de madeira, com o objetivo de tornar mais ágeis e
seguras as operações de manuseio, armazenagem e movimentação através de
empilhadeiras e peleterias. A paletização pode ser organizada com 49, 36 ou 35
fardos de arroz. A PIRAHY Alimentos possui área suficiente para atender a
demanda de armazenagem, onde o controle de estoque é feito com precisão e
agilidade (STONE e FONSECA, 1980).
Plantas daninhas
Entre as espécies de
plantas daninhas que ocorrem com mais frequência na cultura do arroz
destacam-se;
Capim-pé-de-galinha
(Eleusine indica), Capim-marmelada (Brachiaria
plantaginea), Capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), Grama seca (Cynodon
dactylon), Arroz-vermelho (Oryza sativa), Capim-custódio (Pennisetum setosum ), Capim-braquiária (Brachiaria
decumbens), Caruru (Amaranthus
spp.), Trapoeraba (Commelina spp. ), Corda-de-viola (Ipomoea spp.), Leiteiro (Euphorbia
heterophylla), Joá-de-capote (Nicandra physaloides), Capim-macho (Ischaemum
rugosum ), Junquinho (Cyperus iria), Tiririca (Cyperus esculentus), Braquiária-do-brejo (Brachiaria platyphylla).
O capim-arroz, E. crusgalli e E. colona,
está extensamente difundido nas áreas de arroz em todo mundo e classificado
como as espécies daninhas número 3 e 4, respectivamente, entre as piores
plantas daninhas em nível mundial (holm et al., 1977).
Para o gênero Cyperus, predominam em solos úmidos
as espécies C. ferax, C. iria,
C. difformis, popularmente denominadas por junquinho, e Fimbristylis miliacea, denominado
cuminho. Em lavouras de arroz irrigado, as ciperáceas são bastante competitivas
na fase final da cultura, sendo a competitividade diminuída posteriormente, em
especial se a cultivar de arroz for de ciclo longo, o que permite alguma
recuperação. A reprodução dessas espécies é sexuada, diferentemente da espécie C. rotundus (tiririca), que se
multiplica vegetativamente, a partir de tubérculos e bulbos subterrâneos (HOLM et
al., 1977)
No sistema de cultivo de arroz com sementes pré- geminadas predominam
espécies daninhas aquáticas, como a Heteranthera
reniformes, Sagittaria montevidensis, e semiaquáticas, como a Ludwigia longifolia, L. octovalvis e Aeschynomene spp (HOLM et al., 1977)
As espécies do gênero Commelina
e Ipomonea,
além de serem altamente competitivas, dificultam a colheita mecânica e conferem
altos teores de umidades aos grãos (HOLM et al., 1977)
Dentre o gênero Brachiaria, destacam-se as espécies B. decumbens e B. plantaginea. O capim-braquiária, B. decumbens, é uma planta
perene que se reproduz por semente e de forma vegetativa, a partir de rizomas e
estolões. A germinação das sementes é muito irregular, pois muitas apresentam
dormência, o que complica as medidas do controle, necessitando herbicidas de
efeito residual longo. B. plantaginea,
capim-marmelada, planta anual com reprodução sexuada, também é muito agressiva,
com ocorrência em todo território nacional, principalmente na região sul, onde
recebe o nome de papuã.
O gênero Cenchrus é constituído por 23 espécies,
sendo a mais importante a C. echinatus,
timbete, com maior ocorrência na região dos cerrados. Essa espécie é altamente
competitiva na cultura do arroz e, quando estabelecida, torna muito difícil os
trabalhos manuais, inclusive colheita, pois os espinhos ferem os trabalhadores.
Dentre o gênero
digitaria destacam-se, no Brasil, as espécies D. horinzontalis, D.
insularis e D. sanguinalis. A
diferenciação das espécies em campo é bastante difícil, sendo popularmente
chamadas de milhã ou capim-colchão, exceto D. insularis, que é o
capim-amargoso.
O arroz-daninho, também conhecido como
arroz-vermelho e arroz-preto, pertence a mesma espécie do arroz cultivado, Oryza sativa (holm et
al., 1977)
Arroz-vermelho (Oryza sativa) é uma planta daninha
comum em áreas produtoras de arroz irrigado em diversos países do mundo (NOLDIN,
2000).
O arroz-vermelho é
indesejável para produtores, industriais e consumidores. É uma planta daninha
problemática na lavoura devida: a competição com o arroz comercial reduz a
produtividade; a mistura do arroz branco reduz a quantidade do produto entregue
á indústria (NOLDIN et al., 2002b).
Manejo do
arroz-vermelho
A similaridade do
arroz-vermelho com o arroz cultivado torna difícil o uso de herbicidas
seletivos ao arroz, normalmente utilizados no controle de outras plantas
daninhas. Assim, o controle adequado do arroz-vermelho só pode ser obtido com o
emprego de um conjunto de práticas integradas (NOLDIN, 2000)
*Métodos de controle de plantas
daninhas
O controle de plantas daninhas consiste na
adoção de certas práticas que resultam na redução da infestação, mas não
necessariamente, na sua completa eliminação. Tem como objetivo evitar perdas de
produção devido a competição, beneficiar as condições de colheita e evitar o
aumento da infestação das plantas daninhas na área.
A associação de métodos de controle deve ser
utilizada sempre que possível, porém é conveniente que a estratégia de
controle, melhor método no momento oportuno, esteja adaptada ás condições
locais de infraestrutura, disponibilidade de mão-de-obra e implementos e
análise de custo.
Controle
preventivo
O controle preventivo consiste no uso de
práticas que visam prevenir a introdução, o estabelecimento e\ou a disseminação
de determinadas espécies em áreas ainda não infestadas. A legislação nacional
estabelece limites para a presença de sementes de espécies daninhas toleradas e
determina as proibidas nas sementes comerciais. Isso evita que se contaminem
novas áreas mediante a utilização de sementes das espécies cultivadas com
sementes de plantas daninhas, especialmente aqueles de difícil controle (NOLDIN,
2000)
Além de utilizar
sementes livres de sementes e propágulos de plantas daninhas, outros cuidados
são necessários, tais como: uso de estrumes, palhas ou compostos isentos de
propágulos de plantas daninhas proibidas; limpeza completa dos equipamentos agrícolas
antes de entrar na lavoura ou em talhões onde existam espécies-problema; e
controle destas plantas daninhas próximo a canais de irrigação e margens de
carreadores (NOLDIN, 2000)
Controle cultural
O controle cultural consiste no uso de
praticas agrícolas que proporcionam maior competitividade da cultura com as
plantas daninhas. Diversas são as praticas recomendadas para esta finalidade.
Rotação de cultura; a
rotação de cultura, além de muitas outras utilidades, é praticada como meio de
prevenir o surgimento de altas populações de certas espécies de plantas
daninhas mais adaptadas a determinada cultura ou ambiente (FISCHER, 1993).
Cultivares; as
cultivares de arroz de porte baixo são menos competitivas com as plantas
daninhas na fase inicial de desenvolvimento da cultura. Em experimento de
campo, avaliaram a capacidade de 25 cultivarmos de arroz de terras altas na supressão
das plantas daninhas (FISCHER, 1993)
Controle mecânico
O controle mecânico
consiste no uso de práticas de eliminação de plantas daninhas por efeito
físico-mecânico, como a capina natural e
o cultivo mecânico (FISCHER, 1993)
A capina manual
somente é utilizado em pequenas lavouras. Em grandes áreas, o elevado custo e a
escassez de mão-de-obra inviabilizam sua prática. A capina deve ser feita
superficialmente, movimentando uma camada de 3 a 4 cm de solo, de forma a
destruir as plantas daninhas recém-emergidas e as que se encontram em
germinação, mas sem trazer para a superfície as sementes das camadas mais profundas.
A capina deve ser realizado, preferencialmente, em solo mais úmidos (FISCHER,
1993)
O cultivo mecânico é
feito com cultivadores tipo ‘’ bico de pato’’, tracionados por animais ou por
trator. Uma das limitações desse método é a impossibilidade de atingir as
plantas daninhas que crescem na linha do plantio, além de não ser eficiente em
épocas chuvosas, devendo, portanto, ser realizado em condições de solo com
pouca umidade. É conveniente fazer o controle quando as plantas daninhas ainda
estão na fase jovem, pois, na fase adulta, além de dificultar a operação, a
presença de um sistema radicular desenvolvido exige que o cultivo se faça a uma
maior profundidade, resultando em maior movimentação de solo e com maiores
danos a cultura (FISCHER, 1993)
Controle químico
O controle químico pelo emprego de herbicidas
tem sido um dos métodos mais utilizados para o controle de plantas daninhas na
cultura do arroz, principalmente no arroz irrigado, devido á maior praticidade
e á grande eficiência (FISCHER, 1993)
Esse
método permite controlar plantas daninhas em épocas chuvosas, ou em áreas
encharcadas, quando o controle mecânico e\ou manual é pouco exequível e, muitas
vezes, ineficientes. Por tratar-se de um método que envolve o uso de um produto
químico, subentende-se q existência de conhecimentos mínimos, principalmente
para atender a requisitos fundamentais como máxima eficiência com custo
reduzido mínimo impacto ambiental. A viabilidade econômica da aplicação de
herbicidas depende do nível tecnológico do produtor e da infestação das plantas
daninhas. FISCHER E RAMIREZ(1993) analisaram economicamente a aplicação de
herbicidas no controle de Echinochloa
spp. e concluíram que para produtores que obtém produtividades da ordem de
5.600 kg ha¹, somente nas populações acima de 20 plantas daninhas m²
justifica-se o emprego de herbicidas pós-emergência. Para produtividades de
3.500 kg ha¹, a aplicação somente é econômica nas populações superiores a 30
plantas m² (FISCHER E RAMIREZ(1993)
Por isto, para sistema
de cultivo com baixo nível tecnológico, que resultam em baixa produtividade, o
uso de herbicidas muitas vezes não é vantajoso (FISCHER E RAMIREZ, 1993).
*Época e métodos de aplicações dos
herbicidas
Os herbicidas registrados para o uso nas
culturas do arroz irrigado e de terras altas podem ser agrupados segundo a
época e método de aplicação.
*Pré-semeadura: são
aplicações realizadas para implantação do sistema de plantio direto e\ou
cultivo mínimo. Na pré-semeadura são eliminadas as plantas daninhas e\ou
cobertura verde de inverno antes de semeadura do arroz.
*Pré-plantio
incorporado (PPI): o herbicida é aplicado antes do plantio e incorporado ao
solo com grade de disco ou dentes. Esse método é utilizado na aplicação de
herbicidas votáveis ou sensíveis á foto decomposição.
*Pré-emergência: a
aplicação é feita logo após a semeadura e antes da emergência das plantas
daninhas do arroz. Nesse método, para um bom desempenho dos herbicidas, é
importante que o solo esteja úmido.
*Pós-emergência: a aplicação é feita a
emergência da cultura e das plantas daninhas. Os herbicidas usados em
pós-emergência devem ser aplicados quando as plantas daninhas encontram-se no
estádio inicial de desenvolvimento.
*Pós-emergência após
inundação (benzedura): é um método utilizado em arroz irrigado e consiste na
aplicação do herbicida sobre a lamina de água, em pós-emergência. Essa
aplicação pode ser feita por avião ou pelo método de benzedura (FISCHER E
RAMIREZ(1993)
*Fatores que influenciam a eficiência
dos herbicidas
*Solo; *Umidade do solo; *Umidade relativa do
ar; *temperatura; *Ventos.
*Principais herbicidas registrados
Na prática, as plantas daninhas são divididas
em dois grupos: as monocotiledôneas, conhecidas como plantas daninhas de ‘’
folhas estreitas’’, gramíneas e ciperáceas, e as dicotiledôneas, conhecidas
como ‘’ folhas lardas’’. As espécies separadas por esse critério e suas
respectivas tolerâncias aos principais herbicidas registrados para a cultura do
arroz, irrigado e de terra altas.
Propanil vários ,Molinite
Ordran 720E ,Quinclorac Facet PM ,Oxadiazon Ronstar 250BR ,Pendimethalin Herbadox
500CE ,Oxyfluorfen Goal BR ,2, 4-D
vários ,Bentazon Basagran ,Butachlor Machete
CE ,Thiobencarb Saturn
500CE
, Fenoxaprop-pethyl Starice ,Propanil+molinate Arrozan ,Propanil+pendimethalin pendinil ,Propanil+thiobencarb Satanil E grascarb ,Propanil+2, 4-D
herbanil 368 , Trifluralin Premerlin 600 CE.
*Estratégias de controle químico de
plantas daninhas
Seletividade
O primeiro passa para o controle
químico de plantas daninhas é o conhecimento de seletividade dos herbicidas no
arroz (FISCHER E RAMIREZ(1993)
A seletividade dos
herbicidas para a cultura do arroz ocorre por alguns fatores:
* Nas aplicações em
pré-emergência, a seletividade deve-se á posição do herbicida com relação á
semente do arroz no solo.
* Nas aplicações em
pós-emergência, a seletividade é principalmente de natureza fisiológica,
através de mecanismos degradação que evitam injurias ás plantas.
*Controle de plantas daninha de folhas estreitas=
* Pré-emergência:
fundamental em áreas que, pelo histórico de utilização, sabe-se que são
infestadas.
* Aplicação sequencial
em pós-emergência e, após 30 dias, aplicação de pós-emergência. Essa modalidade
é necessária para áreas que possuem infiltração acentuada de braquiária e
timbete.
* Aplicação somente em
pós-emergência: indicada para áreas que não possuem históricos de infestação
expressivos e que ocorrem durante a condução da cultura.
* Aplicação sequencial
em pós-emergência, a primeira aos dez DAE e, a segunda, aos 30 DAE.
* Aplicação precoce aos
10 DAE de produto de pré-emergência, adicionando a outro de pós-emergência.
A melhor opção
dependerá do custo dos herbicidas, preço do arroz, população e tipo das plantas
daninhas e sistema de cultivo.
Veja alguns
tratamentos com herbicidas
O tratamento com
clomazone apresentou menor relação custo\beneficio, em virtude do seu custo
total de aplicação, embora as medidas de produtividade de grãos não tenham sido
significativamente menores. O tratamento com trifluralin, apesar do custo mais
baixo, apresentou menor relação beneficio\custo devido ao controle inferior da
planta daninha e menor produtividade de grãos.
Para o tratamento com
pendimethalin, a relação beneficia\custo também não foi a ideal, pois, apesar
de um custa baixo, a produtividade foi media. Nesse trabalho, a aplicação
isolada de pré-emergência não foi a melhor estratégia de controle.
*Controle de plantas daninhas de
folhas largas
Embora as plantas daninhas mais prejudiciais á
cultura do arroz de terras altas sejam as de folhas estreitas, podem ocorrer
infestações de plantas com folhas largas que necessitam ser controladas. Nesse
caso, as aplicações são feitas pós-emergência, apesar de alguns herbicidas
aplicados em pré-emergência, visando ao controle de plantas daninhas de folhas
estreitas, possuírem ação sobre algumas de folhas largas.
Para o controle de
plantas daninhas de folhas largas, são utilizados os herbicidas
metsulfuron-metil (Ally) e 2,4-D, aplicados em épocas diferentes.
O metsulfuron-metil
apresenta melhor eficiência de controle quando aplicado no estágio inicial das
plantas daninhas, ou seja, com duas a quatro folhas, como amendoim-bravo,
trapoeraba, corda-de-viola e, principalmente, erva-de-touro.
O 2,4-D, por suas
características de seletividade com relação ao arroz de terras altas e por ter
melhor eficiência em plantas daninhas mais desenvolvidas que o
metsulfuron-metil, é indicado também para aplicações mais tardias. Normalmente
é utilizado em infestações em que o metsulfuron-metil só controla as plantas
daninhas nos estágios iniciais, como, por exemplo, erva-de-touro.
Do ponto de vista
prático, a cultura do arroz deve ficar livre da interferência de plantas
daninhas a partir de 15 DAE. Em áreas altamente infestadas, onde a emergência
das plantas daninhas pode ocorrer junto com a do arroz, é imperativo que o
controle seja feito antes dos 35 DAE, o que inviabiliza a aplicação de 2,4-D.
Controle de
infestações mistas
Há situações de
infestação mista, plantas daninhas de folhas estreitas e largas, que necessita
ser controladas em pós-emergência. As pulverizações, entretanto, devem ser
separadas por uns sete dias, já que o latifolicida, se misturado ao
graminicida, prejudica a ação deste.
Nesse caso, o primeiro
produto a ser aplicado é aquele que controla as plantas daninhas que apresenta
infestação mais intensa, respeitando os princípios de seletividade.
Conclusão
Este trabalho
permitiu ampliar o conhecimento dor processos de colheita, beneficiamento da
cultura do arroz, assim também como as principais plantas daninhas da cultura
do arroz, a serem combatidas.
Referências
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Agropecuário. Belo horizonte. V. 14. N. 161. P. 79-80, 1989.
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da. Levantamento de perdas de grãos na
colheita mecanizada do arroz. Goiânia: Embrapa- Cnpaf, 1996. 3p. (Embrapa-
Cnpaf. Comunicado técnico, 34).
FONSECA. J.; SILVA .
J.G. Da. Perdas de grãos colheita do
arroz. Goiânia: Embrapa-Cnpaf, 1990, 20p. (Embrapa-Cnpaf. Circular técnica,
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NOLDIN, J. A.
Controle de plantas daninhas com aplicação de herbicidas em pós-emergências com
solo umedecido em arroz irrigado.In: Reunião da cultura do arroz irrigado, 19.,
1991, Balmeario Camboriú Anais...
Balmeario Camboriú- Empasc, 19.p. 290-293.
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LIMA, 2012.
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HOLM et al.,
1977
ROCHA et at.
1976
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