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sexta-feira, 2 de julho de 2010

Melhoramento de Plantas: Revisão de Literatura Sobre a Cultura do Feijão Phaseolus vulgaris L



Bruno da Silva Ferreira
Acadêmico de Agronomia

1 INTRODUÇÃO

O gênero Phaseolus é originário das Américas e possui cerca de cinqüenta e cinco espécies, das quais cinco são cultivadas, onde a mais importante é representado por Phaseolus vulgaris - Fabaceae (DEBOUCHE, 1989). A espécie P. vulgaris tem grande destaque por ser a mais antiga em cultivo e também por estar presente nos cinco continentes (YOKOYAMA, STONE, 2000).
O gênero Phaseolus contém mais de uma centena de espécies, mas apenas P. vulgaris L., P.coccineus L., P.acutifolius Gray var. latifolius Freeman e P. lunatus var. lunatus são cultivadas comercialmente. Dessas, o feijoeiro comum P. vulgaris, é a espécie de maior importância econômica, contribuindo com cerca de 95% da produção mundial de Phaseolus (MARIOT, 1989).

Esta leguminosa é considerada uma das mais importantes do mundo, sendo difundida no mundo inteiro, estima-se que representa a metade dos grãos de leguminosas consumidos no mundo sendo uma das principais fontes calórico-protéica para cerca de 500 milhões de pessoas predominantemente nas regiões menos favorecidas do planeta. O feijoeiro é importante cultura de subsistência e uma das principais fontes de proteínas na dieta humana, principalmente para populações de baixa renda, especialmente na América Latina e África. No Brasil, maior produtor mundial, o feijão é cultivado principalmente por pequenos e médios produtores, que em sua maioria utilizam de baixo nível tecnológico (BORÉM & CARNEIRO, 2006).
A média de produtividade de feijão no Brasil, em torno de 700 Kg.ha-1, é considerada baixa; entretanto, em alguns Estados esta média é superior a 1.000 kg ha-1, e os agricultores brasileiros que usam de alta tecnologia já ultrapassam a marca dos 3000 kg.ha-1. Os principais motivos dos baixos índices de produtividade da cultura estão no fato de que os métodos de produção usados pelos pequenos produtores são deficientes, como por exemplo, a adubação e o controle de pragas e doenças. O Brasil sempre esteve entre os grandes importadores de feijão, ao longo dos anos 80 e 90 (WANDER, 2005). O melhoramento de plantas é um aliado muito importante na produção vegetal. Esta técnica pode ser considerada muito eficiente e com danos praticamente escassos para o meio ambiente, o que a torna uma alternativa de produção sustentável.
2 DESENVOLVIMENTO
Dentre as limitações impostas á produção de feijão ás doenças são uma das mais importantes. Em sua grande maioria as doenças causam sintomas típicos como lesões nas folhas, frutos e até mesmo raízes o que afeta diretamente a produtividade da cultura. Nas folhas, por exemplo, as lesões diminuem significativamente a área foliar diminuindo assim a interceptação da luz a fotossíntese e consequentemente a produção final de grãos.
Além do ataque nas folhas outras partes das plantas também são alvo do ataque de agentes causadores de doenças. As raízes, por exemplo, são atacadas por fungos de solo, que encontram ambiente propicio para sobrevivência, principalmente em épocas de clima quente e úmido.
No geral existe uma extensa gama de patógenos que incidem na cultura do feijoeiro. Estes, em sua maioria são causadores de doenças o que resulta em um grande numero de doenças que incidem na cultura sendo necessário estudos nesta área. Algumas das doenças desta cultura são expostas abaixo.

2.1 Doenças de Fúngicas de Solo



As doenças fúngicas estão divididas em dois grupos com base em sua origem. Assim, temos as doenças denominadas da parte aérea e cujos agentes causais não sobrevivem no solo e, as doenças de solo, cujos agentes causais encontram-se adaptados para sobreviverem neste ambiente. (SARTORATO et al., 2003).

2.1.1 Mofo Branco

O Mofo branco causado por Sclerotinia sclerotiorum Lib. (De Bary) é o patógeno de solo mais importante nos cultivos irrigados do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, e em plantios sob cultivo convencional no Sul do Brasil. A alta suscetibilidade de todos os cultivares disponíveis, o ambiente favorável e a sobrevivência do patógeno no solo por vários anos dificultam o controle da doença e, nos casos mais drásticos, levam ao abandono de áreas infestadas. A doença ocorre principalmente em locais onde apresentam umidade relativa elevada e altas temperaturas, torna-se mais destrutiva onde ocorre abundante crescimento vegetativo, pois impede a penetração da luz solar dificultando o arejamento das plantas.

Sintomatologia

A doença começa em reboleira na área. Esse fungo causa manchas aquosas, que evoluem para podridão mole nas hastes, folhas e vagens, começando geralmente pelas partes mais próximas do solo. Sobre os tecidos infectados forma-se um micélio branco e cotonoso, que forma escleródios inicialmente de coloração clara, tornando-se preta, de dimensões variadas, visíveis a olho nu. As plantas atacadas secam prematuramente, e a produção é afetada. As sementes infectadas quando conseguem germinar morrem rapidamente por "damping off". Em estágios avançados da doença, pode ser observada a presença de micélio e escleródios do fungo no solo e dentro das hastes e vagens das plantas infectadas (AGROFIT, 2010).

Epidemiologia

A doença é mais destrutiva em temperaturas moderadas entre 15 e 25°C e alta umidade. O fungo sobrevive no solo por alguns anos, na forma de escleródios. A infecção da planta ocorre pela germinação direta dos escleródios ou, indiretamente, por meio de ascósporos e pela produção de micélio que coloniza a planta hospedeira. Os ascósporos, principal inóculo primário são produzidos nos apotécios (COOK et al., 1975).

Controle

O controle do mofo branco envolve a integração de uma série de medidas como cobertura do solo com palhada, manejo adequado da irrigação, e controle químico, entre outras (CAFÉ FILHO e LOBO JR., 2000). Mais recentemente tem-se estudado alternativas como a ILPA (Integração Lavoura/ Pecuária/ Floresta) na busca por novos métodos de controle do mofo branco. A combinação de fungicidas com diferentes ingredientes ativos já é disponível no mercado, buscando pelo sinergismo entre diferentes fungicidas, que possa fazer a efetiva proteção da lavoura, sob custos acessíveis. Procymidone, sozinho ou combinado com Fluazinam em diferentes doses é altamente eficiente para o controle preventivo do mofo branco do feijoeiro. O mofo branco no feijoeiro tem se tornado cada dia uma doença mais expressiva para a cultura merecendo cada vez mais atenção por parte de técnicos e pesquisas a fim de diminuir ou até mesmo evitar os prejuízos causados ao produtor. 

2.1.2 Podridão de Rhizoctonia

Essa doença ocorre em todos os países produtores de feijão, podendo causar perdas no rendimento, em conseqüência da podridão das sementes, que variam de 10 a 60% quando ocorrem formando complexos com outros patógenos do solo.

Etiologia

A podridão-radicular de Rhizoctonia (PRR), causada pelo fungo Rhizoctonia solani Kühn, é uma das doenças radiculares mais comuns do feijoeiro. A forma perfeita de R. solani é Thanatephorus cucumeris (Frank) Donk., causador da mela ou mucha-da-teia-micélica. Os micélios do fungo estão presentes no solo nos primeiros 10 cm superiores do solo podendo causar danos em pré e pós emergência. Os isolados que geralmente causam podridão-radicular no feijoeiro pertencem aos grupos anastomose 2 ou 4; alguns isolados do grupo 1 também podem causar podridão-radicular, porém os isolados desse grupo estão mais associados à ocorrência da mela. As perdas de rendimento ocorrem, especialmente, por causa da redução de densidade de plantas, decorrentes da podridão de sementes e do tombamento de plântulas. O fungo ocorre freqüentemente associado a outros patógenos do solo.

Sintomatologia

O patógeno pode causar podridão nas sementes, nas plântulas, nas raízes e nas vagens. Sementes infectadas mostram-se descoloridas, às vezes nem germinam, ou apodrecem ao germinarem. Em plântulas, é bastante comum o sintoma de tombamento (damping off) em decorrência do apodrecimento da região do colo. Infecções de sementes e de plântulas afetam o estabelecimento da cultura, reduzindo a densidade da população de plantas no campo. Plantas adultas infectadas têm menor capacidade produtiva. Lesões longitudinais, de coloração pardo-avermelhada, que evoluem para depressões, podem ser visualizadas no caule e nas raízes de plantas infectadas. Com isso, o caule é circundado, causando retardamento do crescimento e morte da planta. Vagens em contato com a superfície do solo podem ser infectadas e apresentar manchas aquosas e lesões deprimidas características. Na superfície das lesões, são formados pequenos escleródios de coloração parda.

Epidemiologia

A temperatura ótima do solo para o desenvolvimento as doença é 18 °C. O fungo pode ser transmitido por meio de sementes contaminadas externas ou internamente. Os escleródios funcionam como estruturas de disseminação e de sobrevivência. Estruturas do Patógeno podem ser disseminadas por enxurradas, implementos agrícolas e animais. Michereff Filho et al. (1996) observaram que a intensidade da doença em plântulas de feijoeiro correlaciona-se negativamente com níveis de alumínio tocável do solo e positivamente com o pH. Paula Jr. (2002) verificou que a severidade da doença não foi grandemente afetada pela umidade do solo, mas a sobrevivência do fungo foi maior em solos com umidade mantida abaixo da capacidade de campo.

Controle

Recomenda-se a utilização de sementes sadias e tratadas com fungicidas. A rotação com culturas não-hospedeiras, especialmente gramíneas, e as arações profundas contribuem para reduzir o inócuo do fungo no campo. Paula Jr. (2002), observou que o uso de estratégias combinadas foram efetivas no controle da doença, especialmente aquelas que permitiram rápida emergência das plântulas, como semeadura no máximo a 2-3 cm e manejo correto da irrigação; além disso, outras práticas como incorporação profunda do solo contaminado e controle biológico com espécies do antagonista Trichoderma devem fazer parte de esquemas de manejo integrado da doença.

2.1.3 Podridão-do-colo

A podridão-do-colo, também conhecida como murcha-de-sclerotium é uma doença de grande importância para o feijoiro. O patógeno possui uma gama muito grande de hospedeiros e grande capacidade de sobrevivência no solo. Segundo Bolkan (1980) alcachofra, couve-flor, caupi, amendoim, pepino, alho, cebola, melão, aveia, soja, batata, e tomate são algumas das culturas que podem ser infectadas por S. rolfsii. Cardoso et al. (1996) observam que, no centro oeste do Brasil, o patógeno geralmente encontra-se interagindo com outros fungos que causam podridões radiculares.

Etiologia

A podridão-do-colo é causada pelo fungo Sclerotium rolfsii Sacc. O fungo Sclerotium rolfsii caracteriza-se pela produção de micélio vigoroso e grampos de conexão nas hifas. Produz escleródios globosos, pequenos, medindo 0,5–1,5 mm de diâmetro.
O fungo S. rolfsii é uma sinonímia de Athelia rolfsii, onde a Atlhelia rolfsii tem como suas sinonímias o Botryobasidium rolfsii (Curzi) Venkatar, Corticium centrifugum (Lév.) Bres., Corticium rolfsii Curzi, Fibulorhizoctonia centrifuga (Lév.) G.C., Hypochnus centrifugus (Weinm.) Lév., Pellicularia rolfsii (Curzi), Rhizoctonia centrifuga Lév., Sclerotium rolfsii Sacc. (INDEX FUNGORUM, 2010).

Sintomas

Os sintomas podem ser inicialmente visualizados no solo, na região do colo da planta, na forma de lesões aquosas e escuras. Posteriormente, o fungo produz micélio branco e cotonoso, bem como escleródios brancos ou escuros, externamente ao tecido infectado. A doença pode progredir tanto em direção ao caule como em direção às raízes das plantas. Em ambos os casos, ocorre a degradação dos tecidos da planta. Sintomas como anelamento do talo, tombamento e podridão das raízes podem acontecer. Plantas infectadas também podem murchar de maneira repentina.

Epidemiologia

Umidade e temperatura altas (25-30 °C) favorecem a germinação de escleródios (estruturas de sobrevivência do patógeno na ausência do hospedeiro) e o desenvolvimento do micelial. Estruturas do fungo podem ser disseminadas por água de irrigação, implementos agrícolas, animais e sementes contaminadas. Os escleródios podem passar pelo trato digestivo de animais sem perder a viabilidade e, por conseqüência, ser transportados para outros campos de cultivo.


Controle

Recomendam-se a utilização de sementes isentas do patógeno e tratadas com fungicidas e a eliminação de outros hospedeiros do fungo na área de cultivo. Deve-se evitar o transito de máquinas e de animais provenientes de campos onde a doença ocorre. Restos de cultura contaminados devem ser eliminados. A incorporação de escleródios, mediante a aração profunda, contribui para reduzir a intensidade da doença em plantios subseqüentes. Recomenda-se também a rotação com milho, arroz, algodão e forrageiras. Segundo Abawi (1994) as informações sobre variedades resistentes ainda são limitadas.

2.1.4 Podridão-cinzenta-do-caule

A doença é considerada de menor importância na maioria das áreas de cultivo de feijão no Brasil (VIEIRA, 1983). Entretanto, nos últimos anos, especialmente nas regiões mais quentes, a doença vem causando expressivas perdas. Macrophomina phaseulina é um patógenos natural do solo, típica de regiões de temperaturas mais elevadas, que causa danos mais elevados quando a cultura é exposta a seca. Esse fungo possui ampla variabilidade patogênica e grande capacidade de sobrevivência em condições adversas.

Etiologia

A podridão-cinzenta-do-caule, ou simplesmente macrofomina, causada pelo fungo Macrophomina phaseulina (Tassi) Goidanich). Presença de pequenos esclerócios e picnídios escuros. Os picnídios podem ser mono ou multiostiolados, com conidióforos hialinos com 10-15mm. Os picnidióforos são unicelulares, hialinos retos, podendo aparecer alguns curvados, de tamanho variável. A proporção entre comprimento e largura é sempre de 3-1. Esta característica consistente é mais importante na identificação deste fungo que o tamanho e forma dos picnídios e esporos.

Sintomatologia

Os sintomas podem ser visualizados, inicialmente, na base dos cotilédones, as vezes apresentando anéis concêntricos. Com o progresso da doença, todo caule fica tomado pelas lesões, que os tornam acinzentados. O caule pode acabar se rompendo na região do cancro e o ponto de crescimento da planta pode morrer. A infecção pode seguir tanto para a região das raízes quanto para os pecíolos das folhas primárias. Cloroses, pequeno desenvolvimento, desfolha e morte da planta são sintomas da infecção em plantas mais velhas. Assegura-se do correto diagnóstico da doença quando se visualizam os escleródios negros, lisos e pequenos (50-150 µm), produzidos pelo fungo alguns dias depois do inicio da manifestação dos sintomas, no tecido infectado e sobre ele. Podem ser produzidos picnídios que são pequenas estruturas negras sobre os tecidos doentes.

Epidemiologia

As temperaturas altas e o decréscimo de umidade do solo favorecem a germinação dos escleródios e o crescimento micelial. O desenvolvimento da doença depende também da interação entre as características do solo e os estresses hídricos e as altas temperaturas durante a fase produtiva da cultura (EDMUNDS, 1964). O patógeno pode sobreviver no solo como saprófita, parasitando hospedeiros alternativos ou na forma de escleródios (CARDOSO et al., 1996). Determinados isolados do fungo também podem produzir conídios em picnídios, os quais se disseminam pelo ar e acabam por infectar plantas maduras. A disseminação do patógeno pode ocorrer também pelas sementes, por meio de escleródios e de solo contaminado.

Controle

As principais mediadas de controle são a utilização de sementes sadias e tratadas com fungicidas e a aração profunda, visando enterrar resíduos vegetais que contenham estruturas de sobrevivência do patógeno. A rotação de culturas em sido recomendada, mas parece ser medida de pequeno alcance, tendo em vista a ampla gama de hospedeiro deste fungo. Diversas linhagens e cultivares de feijão têm mostrado resistência à doença, inclusive no campo. O plantio direto e o bom manejo da irrigação contribui para reduzir o estresse hídrico das plantas e, consequentemente, a severidade da doença. 

2.1.5 Podridão-Radicular-Seca

A doença ocorria, há alguns anos, de forma generalizada em vários estados brasileiros, mas causando poucos prejuízos. Atualmente, entretanto, a doença é responsável por prejuízos substanciais à cultura do feijão. A intensidade da doença é maior na presença de nematóides ou de outros patógenos, como Pythium sp. ou Rhizoctonia solani (HUTTON et al., 1973; PIECZARKA e ABAWI, 1978).

Etiologia

A podridão-radicular-seca é causada pelo fungo Fusarium solani (Martius) Appel & Wr. f. sp. phaseoli (Burk) Snyd. & Hans apresenta (teleomorfo Haematonectria haematococca).

Sintomatologia

Inicialmente surgem, na região do hipocótilo e da raiz principal de plântulas, lesões longitudinais afiladas e de coloração avermelhadas. Com o progresso da doença as lesões cobrem todo o sistema radicular das plantas. Frequentemente surgem fissuras longitudinais ao longo do tecido lesionado. A raiz principal e a parte mais baixa do caule podem secar (Figura 1). Às vezes, acima da região inicialmente lesionada, surgem raízes adventícias, laterais, permitindo que a planta sobreviva e produza, se não houver déficit hídrico; do contrario, pode ocorrer crescimento lento, amarelecimento, queda de folhas e redução na produção. As raízes adventícias podem acabar sendo infectadas pelo fungo.


Figura 1. A. Sintomas na parte aérea de podridão seca, B. Sintomas no colo da planta de feijão.




Epidemiologia

A doença é mais severa com temperaturas em torno de 22°C. A disseminação do patógeno ocorre por meio de sementes e de solo contaminado, enxurradas e água de irrigação. O fungo produz macro e microgonídios e pode sobreviver no solo, na forma de clamidósporos ou como saprófita. A doença é mais prejudicial em áreas com solos compactados.

Controle

Recomenda-se a utilização de sementes isentas do patógeno e tratadas com fungicida. A rotação com gramíneas por pelo menos cinco anos propicia a redução do inoculo do patógeno. Outras medidas incluem o plantio em solos descompactados e bem drenados e a utilização de menor densidade de plantas. Apesar de existirem alguns genótipos de feijão com alto nível de resistência a F. solani f. sp. phaseoli, não se dispõe ainda de cultivares comerciais resistentes à doença.

2.1.6 Murcha-de-fusarium

A doença vem se destacando nos últimos anos como uma das mais prejudiciais à cultura do feijoeiro em Minas Gerais, particularmente em razão nas dificuldades na adoção de medidas eficientes de controle decorrentes da capacidade do fungo de sobreviver no solo e nos restos de cultura por longo período.

Etiologia

A murcha-de-fusarium, ou fusariose, é causada pelo fungo Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli (Schl.) Kend. & Snyder.

Sintomologia

A doença é detectada, inicialmente, em reboleiras, mas, depois de alguns anos, dissemina-se por toda a área. Os sintomas mais perceptíveis são observados na aérea das plantas. Nas horas mais quentes do dia, as plantas perdem a turgecência, as folhas amarelecem, secam e caem a partir da base da planta. As margem das folhas podem tornar-se necróticas. O sintoma mais típico pode ser visualizado fazendo-se um corte transversal no caule de uma planta doente, onde se observa o escurecimento do sistema vascular quando ocorre em condições favoráveis, nota-se uma massa de esporos do fungo, de coloração rosa-claro, ao longo do caule.

Epidemiologia

Alem dos clamidósporos, que podem resistir a condições adversas, o fungo produz macro e microconídios. Temperatura entre 24 e 28 °C, solos arenosos e ácidos e estresse hídrico favorecem o patógeno. A doença pode ser transmitida por meio de sementes contaminadas. O fungo pode ser transportado também pelas enxurradas, pela água de chuva e de irrigação e pelo solo aderido a equipamentos agrícolas. A intensidade da doença pode aumentar a presença de nematóide do gênero meloidógyne do solo, que facilitam a infecção pelo fungo.

Controle

Deve-se utilizar sementes sadias e tratadas com fungicidas, bem como evitar o transito de maquinas e implementos agrícolas provenientes de áreas contaminadas. Uma vez detectada a doença no campo recomenda-se a eliminação de restos de cultura contaminados e a rotação de culturas por pelo menos cinco anos, especialmente com gramíneas. Existe também cultivares que apresentam resistência genética a doença.

2.2 Doenças Fúngicas de Parte Aérea

As doenças que incidem sobre o feijoeiro podem atacar alem das raízes e do sistema vascular podem também estar presente na parte aérea da planta. Os principais sintomas de doenças de parte aérea são encontrados nas folhas o que pode danificar as mesmas diminuindo a fotossíntese e causando assim significativa redução na produtividade.

2.2.1 Mela

A doença esta associada à altas temperaturas superior a 23°C e elevada umidade do ar e se caracteriza por ser bastante destrutiva. As perdas na cultura do feijoeiro chega a 100% em poucos dias. Grande numero de hospedeiros podem ser infectados por T. cucumeris, inclusive diversas plantas daninhas.

Etiologia

A mela, também conhecida como murcha-da-teia-micélica, é causada pelo fungo Thanatephorus cucumeris (Frank) Donk (fase sexual de Rhizoctonia solani Kuhn).

Sintomatologia

Inicialmente, manchas aquosas de coloração parda, semelhantes às causadas por água quente, são observadas nas folhas. Posteriormente, ocorre necrose foliar e surge o micélio do fungo, de cor castanho-clara, em ambas as faces das folhas, com aspecto de teia de aranha. As hifas do fungo, persistindo as condições favoráveis acabam atingindo outras folhas, interligando pecíolos, hastes, flores e vagens, bem como plantas vizinhas. Geralmente, a folhagem seca fica aderida ás hastes pelo micélio do fungo. Nas vagens, as lesões são escuras e deprimidas e as sementes ficam malformadas. Grande numero de escleródios pequenos entre 0,2 e 0,5 mm de diâmetro, marrons de propagação da doença. Lesões foliares pequenas, circulares, de cor marrom-avermelhada, causadas pelos basidiósporos, também podem ser observadas.

Epidemiologia

A seca interrompe completamente o desenvolvimento da doenças. Os escleródios são produzidos abundantemente se um período seco ocorre logo após uma fase de alta umidade e são disseminados facilmente por meio de ventos, chuvas, animais e implementos agrícolas. O patógeno pode sobreviver no solo, na forma de escleródio, por vários anos, ou como micélio vegetativo em resto de plantas. Sementes contaminadas, externa ou internamente, podem transportar o patógeno para outros locais. Com elevada umidade, basidiósporos formados em folhas totalmente colonizadas são disseminados pelo vento, dentro de uma mesma área, aumentando a severidade da doença. A umidade relativa é o fator mais importante para o desenvolvimento da doença e, se superior a 80%, pode determinar o surgimento de sintomas, mesmo com temperaturas de 19°C no solo. O progresso da doença é mais rápido ma fase de florescimento e no inicio da formação de vagens.

Controle

É fundamental que a doença seja controlada de forma integrada, adotando-se conjuntamente diferentes medidas, tendo em vista as características da disseminação e da sobrevivência de T. cucumeris. Recomendam-se a utilização de sementes sadias, a eliminação de restos de cultura contaminados e a rotação com culturas não hospedeiras, como fumo e gramíneas. Fazer o controle da irrigação para evitar excesso de umidade no solo. O plantio em consorcio com milho também reduz a severidade da doença , por fazer com que o contato das plantas com o solo seja diminuído (MZUKU e EDJE, 1982).

2.2.2 Carvão

Etiologia

O carvão, causado pelo fungo Microbotryum phaseoli n. sp., foi identificada na cultura do feijoeiro, em 1997, na região dos Cerrados. Desde então, a doença vem sendo observada nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, em cultivos de plantio direto (PAULA JR. et al., 2004).

Sintomatologia

Inicialmente são observadas manchas pequenas na base do caule, próximo do colo da planta. Posteriormente, toda região basal da planta torna-se negra. Com o rompimento das manchas, são liberadas massas de esporos pretos, que são os teliósporos. Vagens, ramos, folhas e flores também são infectados pelo fungo, resultando na morte da planta.

Epidemiologia

Os carvões são fungos patogênicos típicos de espécies monocotiledôneas. No caso do carvão do feijoeiro, parece ter ocorrido aptidão do fungo ao feijão, em decorrência da sucessão intensa de milho e feijão em plantio direto no cerrado brasileiro. Temperaturas altas entre 28 e 33°C e alta umidade relativa favorecem a doença. Sementes contaminadas e restos de cultura podem servir de inoculo primário da doença.

Controle

Para evitar a incidência da doenças devem ser usadas sementes sadias e tratadas. Plantios de feijão em sucessão ao milho devem ser evitados. Ao fazer esquema de rotação, devem-se incluir outras espécies, especialmente em áreas com histórico da doença.

2.2.3 Mancha-angular

Etiologia

Esta doença é uma das mais importantes da cultura do feijoeiro, causada pelo fungo Pseudocercospora griseola, tem causado sérios prejuízos aos produtores. Apresenta conidióforos não muito longos encontrados geralmente agrupados (Figura 2A). São encontrados conídios hialinos e septados (Figura 2B).

Figura 2. Sinais de Mancha Angular (Pseudocercospora griseola) em folhas de feijoeiro comum. A. Conidióforos agrupados em sinêmios, B. Conídios septados.


Sintomatologia

A doença afeta folhas, ramos e vagens. As lesões típicas aparecem na face inferior das folhas, que apresentam numerosas manchas pardas, angulares, delimitadas pelas nervuras que se tornam acinzentadas com a frutificação do fungo. Folhas muito afetadas tendem a cair prematuramente, resultando em redução significativa na produção. As lesões nas vagens, inicialmente, são superficiais, circulares, marrom-avermelhadas com bordos escuros.

Figura 3. Sintomas de Mancha Angular (Pseudocercospora griseola) em folhas de feijoeiro comum.


Em seguida, tornam-se ligeiramente deprimidas, coalescem cobrindo toda a largura da vagem. Nos ramos e pecíolos, as lesões são alongadas de coloração castanho-escuras e, nelas, aparecem os carêmios. Infecção em vagens ocorrem menos freqüentemente que infecção em folhas (FITOPATOLOGIA. NET, 2010).

Epidemiologia

Os esporos do patógeno são disseminados por chuva, ventos, sementes e partículas de solo infestado. Temperaturas moderadas (18-25 ºC) e longos períodos de alta umidade relativa do ar favorecem a infecção e o desenvolvimento do fungo, enquanto a alternância com períodos de baixa umidade relativa do ar e presença de ventos favorecem a disseminação de esporos.

Controle

Para controle da doença pode ser usado resistência varietal. As variedades Aporé, Ouro e Diamante Negro, possuem boas reações de resistência à doença. Práticas culturais como rotação de cultura, principalmente com gramíneas, e adotar outras prática como enterrar os restos de cultura logo após a colheita, manter a cultura no limpo, utilizando herbicidas recomendados ou implementos mecânicos, evitando desta forma condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. No controle químico é recomendado o tratamento químico das sementes com fungicidas e o tratamento químico foliar preventivo, são medidas que podem reduzir a incidência da doença. A primeira aplicação do fungicida na lavoura deve ser efetuada na fase inicial da cultura, dos 20 aos 30 dias após a emergência, com intervalos de 10 e 15 dias. Os produtos tebuconazole e chlorothalonil têm apresentado bons resultados no controle (AGROFIT, 2010).

2.2.4 Antracnose

Trata-se de uma doenças que apresenta incidência em todas as partes do mundo onde se cultiva feijão. As lesões são mais comuns nos pecíolos e na superfície inferior das folhas, de preferência junto às nervuras. Esta doença ocorre em todas as zonas climáticas do planeta, porém é mais agressiva nas regiões temperadas e subtropicais do que nos trópicos. No Brasil, são freqüentes os ataques de antracnose nos estados responsáveis pelos maiores volumes de produção como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, sendo também importante em Alagoas, Espírito Santo, Paraíba e Sergipe.

Etiologia

O fungo Colletotrichum lindemuthianum (Sacc. et Magnus) Briosi et Cavara tem como sinônimo a Gloeosporium lindemuthianum Sacc. et Magnus. Colletotrichum lindemuthianum é um patógeno quase exclusivo das leguminosas, excepcionalmente é capaz de parasitar plantas de outras famílias, como é o caso da cebola (Allium cepa). O fungo produz acérvulos sub-epidérmicos eruptivos com setas retas ou tortuosas, pardo-escuras, septadas e abundantes. Na base das setas estão conidióforos curtos, simples, hialinos, com conídios fusiformes unicelulares, hialinos e envoltos em massa gelatinosa (SANTANA & PAZ LIMA, 2010).

Figura 4. A. Sinais de Colletotrichum sp. em sementes de feijão em germinação, B. Sinais do patógeno em plântulas de feijão comum.

Sintomatologia

Os sintomas causados pela antracnose podem ser observados em todas as partes aéreas da planta e, ocasionalmente, nas raízes. As lesões são tipicamente pardo-escuras, com contornos pardo-avermelhados. Nas folhas, as lesões ocorrem inicialmente na face abaxial, ao longo das nervuras, com pequenas manchas pardo-avermelhadas, as quais, posteriormente, se tornam de cor café-escura a negra. É nas vagens que são observados os sintomas mais evidentes, caracterizados por lesões de formato variável, normalmente circulares, de coloração pardo-escura e deprimidas no centro. Nas sementes atacadas, ocorrem manchas pardas ou negras, levemente deprimidas e de tamanho variável, podendo, inclusive, cobrir metade do grão. Os sintomas são mais notados em sementes claras e, em muitos casos, as sementes infectadas produzem lesões escuras nos cotilédones e hipocótilo, causando podridão no colo da planta. No caule e pecíolo as lesões são alongadas e deprimidas, podendo causar queda de folha e crestamento.


Figura 5. A. Sintomas Colletotrichum sp. em vagens de feijão comum.


Epidemiologia

A principal via de disseminação do fungo a longas distâncias são as sementes contaminadas, que originaram lesões nos cotilédones e atuarão como fonte de inóculo secundário, ou seja, com a infecção podendo passar para o caule, folha e vagens. Dentro de um mesmo campo, a doença é disseminada através de respingos de chuvas, orvalho - os esporos presentes nas lesões são unidos em massa gelatinosa, que só se dissolve na presença de água - ventos, insetos, homem, outros animais e implementos agrícolas que entram em contato com plantas doentes. As condições adequadas à ocorrência da doença são temperaturas amenas entre 18 e 22 ºC e alta umidade relativa do ar (92-100%). O patógeno sobrevive nas sementes contaminadas tanto externamente como internamente, sob a forma de conídios e micélio dormente, respectivamente e em restos de cultura contaminada no campo.

Controle

Existem algumas variedades resistentes a C. lindemuthianum, porém essa resistência é quebrada com relativa facilidade devido à extrema variabilidade genética do fungo. Usar sementes limpas, livres do patógeno e adequadamente tratadas; a separação manual das sementes infectadas, mesmo que não totalmente segura, é uma medida que tem dado bons resultados no controle da antracnose e, indiretamente, de outras doenças transmitidas por essa via. Nas áreas infectadas, deve-se praticar a rotação de culturas com espécies não-hospedeiras, como milho e gramíneas em geral, por um período que poderia variar entre dois a três anos, dependendo do grau de infestação do solo.
É recomendável o tratamento químico das sementes para reduzir a carga do inóculo primário.

2.2.5 Ferrugem

Esta doença pode provocar prejuízos à cultura principalmente em cultivos de seca, safras de verão-outono, pode provocar perdas significativas principalmente quando incidente antes da floração.

Etiologia

A ferrugem do feijoeiro é causada pelo fungo Uromyces appendiculatus (Pers.) Unger. Pústulas com esporos de cor amarelo-avermelhada, chamados de uredósporos, no fim do outono surge outro tipo de esporo, os teliósporos de cor quase preta que tem produção provavelmente influenciada pela temperatura, intensidade luminosa ou ambas. Os uredósporos são produzidos nas pústulas e são chamados esporos vegetativo ou de verão. Apresentam pedicelo hialino curto e são de cor café claro, unicelulado, parede delgada e ornamentada, forma globosa e elipsóide. Os teliósporos são formados nas pústulas em resposta à alteração de intensidade luminosa, temperatura e umidade, aliadas a cultivar envolvida, raça do patógeno, idade da folha ou maturidade da planta. Estes esporos apresentam pedicelo hialino curto, coloração café escuro unicelulados, parede grossa e lisa e forma globóide e completamente elipsóide.

Sintomatologia

Os sintomas são encontrados principalmente nas folhas, ocorrendo também nas vagens e raramente nas hastes. Inicialmente surgem pequenas manchas esbranquiçadas, formando suaves elevações da superfície abaxial das folhas. Poucos dias após, surgem pústulas de tamanho variável e coloração ferruginosa nas duas superfícies das folhas com exposição de grande quantidade de esporos - os uredósporos. Em infecções severas, as folhas escurecem, secam e caem. Dependendo da raça patogênica do fungo, da cultivar e das condições ambientais, as pústulas podem se apresentar circundadas de halos amarelados.

Epidemiologia

O vento é o principal agente de disseminação do patógeno. Esporos do fungo podem, ainda, ser disseminados por implementos agrícolas, insetos e outros animais, e pelo homem. As epidemias de ferrugem são favorecidas por temperaturas moderadas (15 a 25 ºC) e alta umidade relativa do ar. O patógeno pode sobreviver por muito tempo em restos culturais, onde pode esperar por um possível hospedeiro para seu ataque.

Controle

Para o manejo desta doença pode ser enquadrados práticas culturais com Rotação de cultura, remoção de resíduos culturais, redução da densidade de plantas, consorciação e escolha da época de plantio são medidas capazes de diminuir a incidência da ferrugem. Pode ser feito controle químico com o uso de fungicidas de contato usados de maneira profilática para uma ação protetora. Fungicidas sistêmicos apresentam-se eficientes em ação curativa, porém podem induzir resistência, por parte do patógeno, quando um mesmo produto é utilizado seguidamente por períodos sucessivos. No controle químico, as aplicações devem ser recomendadas de acordo com as condições do ambiente, susceptibilidade das plantas e tipo de cultivo.

2.2.6 Oídio

O oídio do feijoeiro causado por Erysiphe polygoni corresponde à fase sexuada (teleomorfo) do fungo. É uma doença de importância secundária, pois causa algum problema ao feijão da “seca”, quando as plantas estão na maturação ou se aproximam dela. O oídio raramente causa prejuízos em feijoeiros no Brasil. Entretanto, sob condições favoráveis pode levar a danos severos, principalmente se ocorrer antes do florescimento.

Etiologia

Oidium apresenta micélio externo no hospedeiro, branco, conidióforos curtos, simples, sobre os quais se formam os conídios, cilíndricos, unicelulados, hialinos, produzidos em cadeia basípeta. Erysiphe polygoni forma ascocarpos tipo cleistotécio, escuros, contendo muitas ascas e apresentando apêndices micelióides de crescimento indefinido. Os ascósporos são hialinos e unicelulares.

Sintomas

Os sintomas da doença podem ser observados nas folhas, caules e vagens. Nas folhas os sintomas são observados na parte superior, apresentando manchas com coloração verde-escura. As estruturas do fungo desenvolvem-se sobre estas manchas, que passam a apresentar coloração branco-acinzentada com aparência pulverulenta, podendo posteriormente coalescer, tomando toda a folha. A desfolha prematura somente ocorre quando as infecções forem severas, as folhas então ficam amareladas, retorcidas e posteriormente ocorre a queda. Quando as estruturas do fungo são removidas, os tecidos afetados apresentam coloração parda ou púrpura, perdendo o aspecto pulverulento. Em ramos as manchas apresentam-se com aspecto branco-acinzentado e pulverulentas. Nas vagens as manchas apresentam-se com aspecto branco-acinzentado e pulverulentas e serão pouco desenvolvidas ou malformadas caso a doença seja severa e em sementes podem causar uma diminuição em seu desenvolvimento.

Epidemiologia

A disseminação do patógeno ocorre principalmente pelo vento e por insetos. O desenvolvimento da doença é favorecido por temperaturas moderadas, baixa umidade do ar e do solo, ausência de chuvas. A penetração do fungo nos tecidos da planta é favorecida por toda causa que conduz a uma perda turgescência dos mesmos.

Controle

O controle se da por resistência varietal onde o uso de variedade resistente é recomendado, entretanto o controle poderá não ser o esperado, pois são inúmeros os patótipos que o patógeno apresenta. A maioria das cultivares de hábito determinado apresentam uma maior suscetibilidade à doença. São recomendadas práticas culturais como evitar o plantio do feijão em locais com condições de baixa umidade do ar e do solo. Nas regiões onde a ocorrência do fungo é constante, realizar a rotação com espécies não hospedeiras com finalidade de reduzir o inóculo. Pode ser usado ainda o controle químico que deve ser realizado quando forem observados os primeiros sintomas, duas ou três aplicações serão suficientes. Os fungicidas triforine, clorotalonil, tiofanato metílico, tiofanoto metílico + mancozeb, tiofanato metílico + cloratalonil e enxofre são citados na literatura para o controle da doença.

2.2.7 Mancha-de-alternária

Doença de importância secundária na cultura do feijoeiro, no entanto já foram relatados surtos epidêmicos em algumas regiões do Brasil, especialmente na zona da mata mineira e em regiões de plantio de feijão irrigado.

Etiologia

A mancha de alternária também conhecida como mancha-parda é causada pelas espécies Alternaria alternata (Fries) Kiessler e Alternaria tenuis C.G. Nees. É mais freqüente presente quando se encontra boas condições de sobrevivência como alta umidade e temperaturas amenas (PAULA JR. et al., 2004).

Epidemiologia

Alternaria alternata é um fungo necrotrófico, portanto sobrevive em restos culturais e em plantas daninhas. O fungo é disseminado através de sementes infectadas que podem introduzir o patógeno em áreas isentas. A infecção ocorre logo no início do ciclo da cultura do feijoeiro e o fungo coloniza a região estomática das folhas. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença são alta umidade e temperaturas variando de 16 a 20°C.

Sintomatologia

Os principais sintomas são manchas ou pintas pequenas e aquosas nas folhas e vagens verdes. Nas folhas, estas manchas crescem de tamanho, adquirindo forma circular, coloração marrom-avermelhada, com anéis concêntricos. Em algumas ocasiões, as regiões internas dos anéis concêntricos secam e caem, causando uma perfuração no centro da mancha. As sementes infectadas apresentam coloração cinza e riscas marrons. Num estado avançado da doença, e sob condições de alta umidade, as plantas completas adquirem uma coloração marrom a negra.

Controle

O uso de cultivares resistentes (IAPAR 14, Mineiro Precoce, Manteigão Fosco 11, Diacol Calima e Jalo) permite controlar a doença. Sempre deve-se utilizar sementes limpas, de boa qualidade e quimicamente tratadas com fungicidas apropriados. Aumentar o espaço de semeadura na linha e nas entrelinhas para facilitar a circulação do vento e remover o excesso de umidade.

2.2.8 Mancha-de-ascoquita

Etiologia

É também conhecida como ascoquitose é causada pelos fungos Ascochyta boltshauseri Sacc., Phoma exígua var. exigua Desmazieres e Phoma exigua var. diversispora (Bub.) Boerema. A doença é considerada de pouca importância no Brasil.

Sintomatologia

Os primeiros sintomas surgem nas folhas com lesões escuras, circulares e concêntricas. Sobre as lesões, é possível visualizar pontuações escuras produzidas pelo fungo, denominadas picnídios. As lesões também podem ser observadas nas hastes, nos pecíolos, nos pedúnculos e nas vagens, muitas vezes causando anelamento, desfolhamento prematura e morte da planta.

Epidemiologia

O patógeno é muito influenciado pelas condições climáticas. Temperaturas amenas e alta umidade relativa podem favorecer o desenvolvimento do patógeno, pois cria um microclima propicio ao seu crescimento favorecendo o aparecimento de sintomas.

Controle

As medidas de controle incluem utilização de sementes sadias, rotação de culturas, aumento de espaçamento entre plantas e aplicações de fungicidas. Fontes de resistências à mancha-de-ascoquita são conhecidas em phaseolus coccíneus, especialmente na subespécie polyanthus.

2.2.9 Sarna

Etiologia

A sarna do feijoeiro é causada por Colletotrichum dematium truncata (Schw.) v. Arx. Apesar de ocorrer ocasionalmente no Brasil, há mais de trinta anos, a doença vem sendo frequentemente detectada nos cultivos no plantio direto da região do Cerrado, causando prejuízos consideráveis em áreas isoladas.

Sintomatologia

Os primeiros sintomas podem iniciar-se com a formação de uma zona de tecido mais clara acima da região do colo das plântulas. Essas lesões torna-se necrosadas e crescem no sentido longitudinal do caule, tomando todo o seu diâmetro. Posteriormente, nas áreas necrosadas, podem se observados os acérvulos (estrutura de reprodução assexuada do patógeno), que também surgem nas vagens em pequenas manchas escuras. Com o progresso da doença as plantas murcham e morrem.

Epidemiologia

Temperaturas altas (28°C) e alta umidade relativa favorecem a doença, sobre tudo quando o cultivo de feijão vem em seguida ao de milho ou sorgo. Sementes infectadas e restos de cultura constituem o inóculo primário da doença. O patógeno pode ser disseminado em longa distancia pelas sementes e em curta por chuva, vento e implementos agrícolas.

Controle

Devem ser empregadas sementes sadias e tratadas. Em áreas com histórico da doença, uma opção é evitar o cultivo do feijoeiro em sistema de plantio direto após o milho ou sorgo. A diversificação das culturas que vão compor o esquema de rotação é recomendada.

2.3 Doenças Bacterianas

Muitas das doenças incidentes na cultura do feijoeiro são causadas por bactérias. Estão presentes em menor quantidade que as doenças fúngicas, no entanto, são de grande importância para a cultura. Estas doenças estão presentes na maioria das regiões produtoras de feijão e causam danos significativos à cultura o que justifica o seu estudo.

2.3.1 Crestamento-bacteriano

Esta bactéria ocorre em quase todas as regiões produtoras de feijão do Brasil, tendo maior importância nos estados do Paraná e Rio de Janeiro, zona da mata de Minas Gerais e região central do Brasil. Para o Brasil não há estimativas de perdas de colheitas causadas por essa doença. Contudo, já foram observados campos de produção de feijão bastante comprometidos (AGROFIT, 2010).

Etiologia

O crestamento-bacteriano-comum, causado pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli (Smith) Vauterin, Hoste, Kersters & Swings, que tem como sinônimo Xanthomonas phaseoli (ex Smith) Gabriel, kingsley, Hunter & Gottwald e Xanthomonas campestris pv. phaseoli (Smith) Dve é uma importante bacteriose da cultura do feijão (Phaseolus vulgaris L.).

Sintomas

Os sintomas ocorrem em todos os órgãos aéreos da planta. Nas folhas inicialmente formam-se pequenas manchas aquosas, que se desenvolvem irregularmente, tornam-se marrons com aspecto de queimadura ou crestamento. Apresentam um estreito bordo amarelo. As lesões podem coalescer tomando grandes áreas da folha. Em ataques severos ocorre o desfolhamento da planta. No caule inicialmente aparecem manchas ou estrias úmidas que aumentam gradualmente de tamanho, podendo ocorrer rachaduras sobre estas lesões com exudação bacteriana. Nas vagens infectadas apresentam manchas encharcadas que aumentam de tamanho gradualmente, formando lesões irregulares cobertas por exudato bacteriano. Nas sementes a infecção ocorre durante a formação das vagens e das sementes, as sementes infectadas apodrecem ou enrugam-se. Plântulas oriundas de sementes infectadas apresentam danos no meristema apical, ocasionando a morte da planta ou a produção de plantas raquíticas (AGROFIT, 2010).

Epidemiologia

A bactéria Xanthomonas axonopodis pv. phaseoli forma colônias normalmente amarelas, lisas e circulares. As células são bastonetes retos, possuindo um flagelo polar, Gram-negativas e aeróbicas. Temperaturas e umidade elevadas são condições favoráveis à ocorrência da doença. Essa bactéria é capaz de sobreviver em sementes, interna ou externamente, por vários anos sem perder sua patogenicidade (AGROFIT, 2010).

Controle

A maioria dos cultivares de feijoeiro utilizados no Brasil são susceptíveis ao crestamento-bacteriano-comum. Algumas linhagens de feijoeiro comum, provenientes do interespecífico de Phaseolus vulgaris e P. acutifolius, apresentam elevados níveis de resistência. São recomendadas práticas culturais como utilizar somente sementes sadias e de boa qualidade sanitária, realizar rotação de cultura com espécies não hospedeiras, incorporar os restos de cultura infectados a uma profundidade de 15 a 20 cm, eliminar plantas voluntárias, ervas daninhas e insetos disseminadores da bactéria são medidas que podem ser tomadas. O controle químico pode ser usado, o tratamento de sementes com antibióticos em pó ou pasta são eficientes somente na erradicação das bactérias localizadas externamente, não apresentando qualquer efeito sobre os patógenos que se encontram internamente (AGROFIT, 2010).

2.3.2 Murcha-de-curtobacterium

Etiologia

A doença é causada por Curtobacterium flaccumfasciens pv. Flaccumfasciens (Hedges) Collins & Jones, foi identificada em 1995 na cultura do feijoeiro no Brasil. Entretanto, ela pode estar ocorrendo há mais tempo nas áreas irrigadas do cerrado, sendo confundida com a murcha-de-fusarium.

Sintomatologia

Inicialmente podem ser observadas folhas murchas nos períodos mais quentes do dia, as quais voltam á turgescência normal no período noturno ou em condições de alta umidade e baixas temperaturas. Posteriormente, as folhas amarelecem e tornam-se castanhas, com a conseqüência murcha e morte da planta. A murcha é o resultado da obstrução dos vasos do xilema pelas células bacterianas e da degradação de suas paredes, que se tornam escuras (RAVA e COSTA, 2001).

Epidemiologia

Altas temperaturas (acima de 30 °C) e variações bruscas da umidade favorecem a doença. A bactéria pode sobreviver nas sementes e ser transmitida por ela. Em curtas distancias, é disseminada pela água da chuva e de irrigação. Chuva de granizo favorece a infecção, pois a bactéria penetra através de ferimentos, além de aberturas naturais das plantas. O patógeno pode sobreviver em restos de cultura contaminados.

Controle

Para o controle devem ser utilizadas sementes sadias. Os tratos culturais devem ser realizados de forma cuidadosa em áreas com histórico da doença, para evitar ferimentos nas plantas (PAULA JR. et al., 2004).

2.4 Doenças causadas por vírus

Representa o grupo das doenças causadas por vírus. São doenças que causam expressivos danos a diversas culturas. No feijoeiro é uma das principais doenças da cultura sendo responsável por consideráveis perdas de produção.

2.4.1 Mosaico-comum

Trata-se de um vírus altamente transmissível pelas sementes. Além do feijoeiro, a doença pode ocorrer em outras espécies de leguminosas. Em áreas onde não são usadas variedades resistentes o vírus pode causar sérios danos.

Etiologia

O vírus do mosaico comum do feijoeiro (BCMV, do inglês “bean common mosaic vírus”) pertence a família Potyviridae. O vírus possui grande variabilidade e suas estripes estão classificadas em grupos e subgrupos.
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Sintomatologia

A expressão dos três tipos de sintomas que podem ser incitados por esse vírus: mosaico, necrose sistêmica e lesões locais variam dependendo da estirpe do vírus, do grau de resistência da variedade, da idade e das condições de ambiente. Quando a planta é infectada de maneira sistêmica os sintomas de mosaico são visíveis, bem como, redução no crescimento da planta. Quando doentes as plantas produzem vagens enrugadas, pequenas e em menor numero.

Epidemiologia

Sementes de plantas infectadas servem como fonte de inoculo inicial da doença. Os vírus podem sobreviver nas sementes por período de ate trinta anos. O inoculo pode ser transmitido de uma planta a outra através de afídeos de maneira não circulativa.

Controle

Para o controle da doença recomenda-se utilização de cultivares resistentes. Práticas culturais como a erradicação de plantas doentes a fim de diminuir os focos de infecção.

2.4.2 Mosaico-dourado

A doença é problema sério em muitas áreas tropicais do mundo onde o feijoeiro comum é cultivado. No Brasil, é importante no Paraná, São Paulo, Triângulo Mineiro e Goiás. Nos últimos anos, tem causado sérios prejuízos à cultura dessa leguminosa em todas as regiões produtoras.

Etiologia

O vírus do mosaico dourado (Bean Golden Mosaic Virus BGMV) possui partículas pareadas isométricas, cujo monômero mede, aproximadamente, 18-19nm. É limitado no floema, sendo visível apenas com o auxílio do microscópio eletrônico.

Epidemiologia

A transmissão do vírus ocorre com grande facilidade pela mosca-branca (Bemisia tabaci) ou através de enxertia, porém não é transmitido por semente. A alta incidência do vetor nos primeiros 15 dias após a emergência favorece a disseminação da doença na fase precoce e tem graves conseqüências sobre a produtividade. O vírus pode sobreviver em diversas leguminosas, solanáceas e malváceas e em plantações mais velhas de feijão.

Sintomatologia

Os sintomas aparecem mais nitidamente nas plantas quando já tem 3 ou 4 folhas, formando mosaico de áreas verde-normais e amarelo-douradas. Um leve enrolamento nas folhas e nanismo da planta, com encurtamento dos entrenós podem ocorrer dependendo da variedade cultivada. Geralmente, ocorre acompanhando o mosaico, perda da dominância apical, com brotamento das gemas axilares e o retardamento da senescência foliar por tempo mais prolongado. Esses fenômenos parecem estar associados à alterações no nível endógeno de citocininas. As vagens também desenvolvem-se mal, ficando deformadas e com poucas sementes, as quais podem apresentar deformações devido à doença, desvalorizando o produto para comercialização.

Controle

Como forma de controle é recomendada a eliminação das fontes de inóculos do vírus. Isolar a plantação com outras culturas que não sejam hospedeiras do vírus ou do vetor, como milho, mandioca e sorgo. Realizar o controle do inseto-vetor (mosca-branca) pela utilização de inseticidas sistêmicos. Utilizar cultivares resistentes e efetuar o plantio de feijão em áreas distantes da cultura da soja (FITOPATOLOGIA. NET, 2010).

2.5 Doenças causadas por nematóides

São causadores de doenças nas raízes das plantas de feijão e de outras culturas. Apresenta uma ampla gama de hospedeiros e grandes prejuízos às culturas. Os nematóides podem ou não ser causadores de galhas, no entanto ambos causam severos danos da cultura do feijão.

2.5.1 Nematóide-das-galhas

Etiologia

No Brasil, os nematóides mais importantes para a cultura do feijão são Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica, conhecidos como nematóides das galhas radiculares. Tanto Meloidogyne javanica como Meloidogyne incognita são espécies encontradas em praticamente todas as regiões produtoras de feijão do mundo. A presença destes organismos provoca sérios danos nas plantas, podendo inviabilizar a exploração econômica.

Sintomatologia

O sintoma típico da presença de M. javanica e M. incognita no feijoeiro é a formação de galhas nas raízes. Meloidogyne javanica e Meloidogyne incognita possuem uma ampla gama de hospedeiras, as principais são algodão, banana, batata, café, cana-de-açúcar, ervilha, soja, tomate, etc (AGROFIT, 2010).

Epidemiologia

O ciclo de vida pode ser completado de 17 a 57 dias, dependendo de alguns fatores, especialmente da temperatura do solo. A disseminação dos nematóides do gênero Meloidogyne ocorre principalmente por enxurradas, água de irrigação e implementos agrícolas. A maior parte das áreas brasileiras cultivadas com feijão apresenta condições favoráveis para a multiplicação de M. javanica e M. incognita (solos arenosos, bem-drenados, com temperatura média de 25 a 30 °C) (AGROFIT, 2010).
No campo, devido à distribuição espacial dos nematóides e nível de infestação inicial, observa-se a formação de reboleiras. Quando a infestação é muito severa, as perdas podem ser de 50 a 90%. Nas raízes as galhas ocorrem, na maioria das vezes, ao redor do corpo do nematóide. Neste local há engrossamento das raízes, ou seja, aumento de tamanho (hipertrofia) e multiplicação de células (hiperplasia). O sistema radicular torna-se ineficiente na absorção de água e nutrientes, afetando o crescimento das plantas. As folhas podem ficar com coloração anormal, semelhante a sintomas de deficiência nutricional (AGROFIT, 2010).

Controle

O controle de M. javanica e M. incognita é muito dispendioso, principalmente devido ao fato de que a erradicação é praticamente impossível. O sucesso do controle em áreas infestadas depende de um conjunto de medidas associadas, visando principalmente reduzir o nível populacional e impedir a sua multiplicação. Práticas culturais como a utilização de adubação verde e rotação com plantas que inibem a reprodução dos nematóides. Dentre essas plantas, citam-se leucena, crotalária, mucuna, amendoim, guandu, etc. Recomenda-se também a limpeza das ferramentas e máquinas agrícolas antes de executar trabalhos nas áreas ainda não infestadas (AGROFIT, 2010).

2.5.1 Nematóide-das-lesões

Etiologia

O nematóide Pratylenchus brachyurus (Godfrey) Filipjev & Steckhoven causa lesões radiculares na cultura do feijão. É um patógeno de considerável importância econômica devido a sua ampla distribuição geográfica e ao grande número de plantas hospedeiras.

Sintomatologia

Nas raízes ocorrem lesões necróticas, escuras e alongadas. Inicialmente, essas lesões limitam-se ao córtex e, com a evolução da infecção, aprofundam-se até o cilindro central. As plantas infectadas apresentam tamanho reduzido, folhas cloróticas e murcha. No campo, os sintomas ocorrem em reboleiras.

Epidemiologia

O gênero Pratylenchus tem uma grande gama de hospedeiros, incluindo ervas daninhas, ornamentais, hortaliças, culturas anuais e perenes, essências florestais, etc. São nematóides endoparasitas migradores que se movem livremente dentro das raízes e entre as raízes e o solo. As fêmeas reproduzem por partenogênese mitótica, sendo de difícil determinação a quantidade de ovos produzidos pela fêmea, pois esta deposita os ovos um a um nos tecidos do hospedeiro ou no solo. Em solos de pousio, a longevidade desse nematóide pode ser de até 21 meses.

Controle

As principais medidas de controle são o uso de mudas sadias e de boa qualidade e a realização de rotação de cultura com espécies não hospedeiras.

2.6 Doenças Secundárias

As doenças secundárias são podem ser fúngicas, bacterianas ou até mesmo viróticas. São moléstias que apresentam importância secundaria a cultura, ou seja, ainda não causam prejuízos significativos ao produtor. No entanto, essas doenças devem ser tratadas com grande atenção, pois podem vir a se tornar de importância para a cultura.

2.6.1 Mancha-de-levedura

Etiologia

É uma doença causada pelo fungo Nematospora coryli Peglion, N. gossypii Ashby & Nowell e Eremothecium cymbalariae Borzi.

Sintomatologia

Os danos do patógeno além de ser prejudicial à aparência das sementes, as quais mostram-se manchadas e enrugadas, a doença causa redução do peso, da porcentagem de germinação e do vigor das sementes. Nos cotilédones, também é possível visualizar manchas de cor pardo-escura.

Epidemiologia

Os insetos Megalotomus parvus, Nezara Viridula, Lygus hesperus e L. elisus, ao picarem as vagens, podem transmitir os agentes causadores e afetar diretamente as sementes por meio de toxina secretadas durante a alimentação. Diversas outras culturas e também plantas daninhas podem ser afetadas pelo patógeno.

Controle

O controle da doença envolve a utilização de sementes sadias e o controle de insetos vetores e das plantas daninhas hospedeiras dos patógenos.

2.6.2 Mancha-de-cercospora

Etiologia

A Cercospora sp. pertence ao reino fungi, filo Deuteromycota, classe Hiphomycetes, ordem Moniliales, família Dematiaceae e gênero Cercospora sp.. Relataram que estes fungos pertencem ao Reino Fungi, ao grupo dos fungos mitospóricos, sub-grupo dos hifomicetos.

Sintomatologia

Os aspectos mais visíveis do ataque são manchas foliares necróticas sem formas definidas que são encontradas com freqüência nos bordos do limbo foliar podendo ocorrer também em outras partes do limbo e também em outros órgãos da planta como, por exemplo, em hastes, ramos e vagens. As lesões ocorrem principalmente nas folhas trifoliadas, embora algumas espécies possam atacar também as folhas primárias unifoliadas. As manchas foliares se tornam mais graves durante o tempo úmido e quente, porém, em favas podem estar presente o ano todo. As manchas foliares causadas por Cercospora spp. podem muitas vezes não serem percebidas, isso principalmente pelo fato de serem muito semelhantes ou de estarem associadas com as lesões causadas por Phaeoisariopsis griseola fungo causador da mancha angular do feijoeiro. No Brasil não existem dados que quantifiquem as perdas provocadas pela cercosporiose do feijão (AGROFIT, 2010).

Epidemiologia

São patógenos saprófitas facultativos, pois passam à maior parte de seu ciclo parasitando sua hospedeira. São altamente especializados e possuem restrito ciclo de hospedeiros. As principais hospedeiras deste complexo de fungos são plantas da família botânica Leguminosae (AGROFIT, 2010). No Brasil tem-se registro de Cercospora canescens, Cercospora caracallae, Cercospora vanderysti, Cercospora zonata=Cercospora fabae incidindo em plantas do gênero Phaseolus spp.. O fungo apresenta conidióforos e conídios hialinos, septados do tipo filiforme, são geralmente encontrados em feixes de dois ou três conidióforos principalmente na parte abaxial das folhas.
Restos culturais apresentam uma potencial fonte de inóculo do fungo, pois se trata de um patógeno saprófita facultativo, ou seja, em uma parte da vida pode ficar de forma latente no solo ou em restos culturais, no entanto quando houver hospedeiro ele se instalará. O fungo pode sobreviver nas sementes contaminadas e sobre os restos de colheita deixados no solo. Os conídios produzidos sobre os restos vegetais no solo podem ser disseminados pelas águas de irrigação ou serem levados pelo vento para as folhas, onde germinam e iniciam a infecção. O fungo sobre as sementes contaminadas germina junto com estas e parasita as folhas primárias, onde se formam os conídios que servirão para a infecção secundária. A formação e a germinação dos conídios e o processo de infecção é favorecido pela umidade relativa e temperaturas altas em torno de 28 °C (AGROFIT, 2010).

Controle

Existem algumas variedades de feijão obtidas no México, Colômbia e Venezuela, que são resistentes a C. canescens. Em áreas com alta incidência da doença, recomenda-se a rotação de cultura com milho e outros cereais para reduzir a fonte de inóculo primário. O controle químico pode ser indicado de acordo com a severidade do ataque da doença. Existe no mercado apenas um produto comercial indicado que é o clorotalonil (isoftalonitrila) + tiofanato-metílico, além de aplicação de fungicida cúprico nos estádios iniciais da cultura (AGROFIT, 2010).

2.6.3 Mancha-gris

Etiologia

É uma doença causada por Cercospora castellanii Matta & Belliard. Sua ocorrência foi relatada no Brasil pela primeira vez em 1965. Sementes grande como Jalo, parecem ser mais suscetível a doença.

Sintomatologia

Os sintomas podem ser visualizados na parte superior das folhas, inicialmente como lesões amareladas, geralmente delimitadas pelas nervuras. As lesões acabam se unindo, tornando-se cobertas com uma massa pulverulenta branco-acinzentada, composta por micélio e esporos do fungo. Posteriormente, essa massa torna-se densa na face inferior da folha, permitindo o fácil diagnostico da doença.

Epidemiologia

É causada por um patógeno do grupo das cercosporas sendo favorecido por temperaturas moderadas e umidade relativa do ar alta.

Controle

O controle da doenças se da com o uso de cultivares resistentes. Quando a área apresenta grande incidência recomenda-se rotação de cultura. Existem no mercado apenas um produto comercial indicado que é o clorotalonil (isoftalonitrila) + tiofanato-metílico, além de aplicação de fungicida cúprico nos estádios iniciais da cultura (AGROFIT, 2010).

3 CONCLUSÃO

O estudo de doenças de plantas é de suma importância, isso para que se possa fazer o manejo destas da melhor forma possível. Cada uma das moléstias encontradas na cultura do feijoeiro apresenta especificidades e isso faz com que cada uma necessite de manejo e especifico e adequado. As doenças são um grande entrave na produção mundial de feijão, no entanto a todo o momento são buscadas novas tecnologias que possam otimizar sua produção e melhorar cada vez mais o cultivo do grão, diminuindo custos e melhorando o rendimento do produtor.


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