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quinta-feira, 1 de julho de 2010

ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Cercospora hibiscina





“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Cercospora hibiscina”


Patrícia Vaz da Costa


A cercosporiose é uma doença comum ao quiabeiro, porém apresenta importância secundária porquue raramente causa sérios danos (Bergamin Filho, et al, 1995).


Além de ser hospedeiro para o fungo Cercospora, a cultura do quiabo serve de hospedeiro para outros fungos como: Abelmoschus esculentus, Alternaria alternata, Ascochyta claviceps, Ascochyta, Aspergillus sp., Bipolaris sp., Botryodiplodia sp., Cercospora claviceps, Cercospora hibiscina, Cercospora malayensis, entre outros (Cenargen,2010).


Existem mais de 3000 espécies encontradas na natureza, pertencentes ao gênero Cercospora sp., ao qual possui o posicionamento taxonômico da seguinte forma: pertence ao reino Fungi, divisão Insertae sedis, fungos Mitospóricos, Hifomicetos (Wikipedia, 2010).


No quiabo as cercosporioses são ocasionadas por dois agentes etiológicos representados por Cercospora malayensis e C. hibiscina (Plantamed, 2010).


A Cercospora malayensis é a espécie menos agressiva e causa sintomas de manchas foliares escuras, arredondadas e com bordos avermelhados (Hiroshi K. et al, 2005). Já a C. hibiscina é mais prejudicial e causam manchas irregulares, maiores que as anteriores. Na página inferior de tais lesões, é possível perceber um crescimento fuliginoso, constituído por frutificações e estruturas reprodutivas da fase anamórfica do fungo (Hiroshi K. et al, 2005).


O fungo C. hibiscina, foi descrita por Ellis e Everh (1895), possui os conídios bastante longos e multiseptados, sendo produzidos nas extremidades de conidióforos que se apresentam agrupados em feixes, e possui estroma na base do conidióforo. (Index Fungorum, 2010). O conídio e o conidióforo apresentam cores hialinas de tamanho variáveis e multicelulares, tendo o conidióforo a dimensão de 3-4,5 m x 150-1000 m e o conídio 3-5 x 20-80 m. Ambas as espécies são favorecidas por condições de temperatura e umidade elevadas, o que explica a maior ocorrência da doença durante verões chuvosos.(Charles Chupp, 1953).


A C. hibiscina possui duas sinonímias sendo Cercosporina Speg, e

Virgasporium Cooke, tendo a maior incidência no estado do Amazonas (AM) e Minas Gerais (MG) (Index Fungorum) (Cenargen).

Na fase anamórfica, a fase imperfeita, a reprodução é realizada através de conídios, que podem ser formados livremente a partir da hifa (Bergamin Filho, et al, 1995).


Na fase teleomórfica, a fase perfeita, o esporo de origem sexuada é formado no interior de ascos, os quais se desenvolvem no interior de corpos de frutificação, predominantemente do tipo peritécio. A reprodução sexuada desenvolve-se a partir da plasmogamia entre a estrutura feminina (ascogônio) e masculina (anterídio), dando origem à hifa ascógena. Após a careogamia, há ocorrência do processo de meiose e o desenvolvimento da hifa ascógena, que origina o asco. O conteúdo do asco diferencia-se em ascósporos. Um determinado gênero de Deuteromiceto normalmente corresponde a um gênero de Ascomiceto. Em alguns casos, porem, um único gênero do fungo imperfeito pode corresponder a mais de um gênero na forma perfeita, as relações predominantes envolvem Cercospora, que corresponde a Mycosphaerella; Colletotrichum, a Glomerella; Helminthosporium, a Cochliodolus; Botrytis, a Botryotinia; Alternaria, a Pleospora (Bergamin Filho, et al, 1995).


A C. hibiscina atua como parasita facultativo, um exemplo de hospedeiro é o fungo Abelmoschus esculenti desenvolvendo-se saprofiticamente em restos culturais e matéria orgânica existente no solo. Na fase patogênica, estes organismos colonizam os tecidos vegetais através da produção de enzimas e toxinas, que acarretam a morte e a decomposição dos tecidos dos hospedeiros (Bergamin Filho, et al, 1995).


Muitas espécies são atacadas por estes patógenos, principalmente espécies de grande importância econômica, compreendendo cereais, hortaliças, frutíferas, forrageiras e ornamentais (Bergamin Filho, et al, 1995).


Existem várias incidências no fungo Cercospora pelo mundo, na índia a indício Cercospora abelmoschus (S. Narayan, et al, 1997), no Brasil: Cercospora abelmoschi (Mendes, et al, 1998), em Brunei Darussalam: Cercospora apii, (Braun, 1999) (Sivapalan, 1999) em Dominican Republic: Cercospora hibisci (Ciferri, 1929), no Brasil: Cercospora malayensis (Mendes, et al, 1998), na Venezuela: Cercospora hibiscina (Dennis, 1970).


A disseminação dos conídios produzidos nas lesões ocorre principalmente através do vento. Normalmente, a cultura do quiabeiro convive bem com a cercosporiose, o que justifica a não adoção de medidas de controle específicas para esta doença. A prática da rotação de culturas, por manter baixo o potencial de inóculo, já é suficiente para evitar perdas com a doença.

Ocasionalmente, em surtos epidêmicos, pode-se lançar mão do controle químico através de pulverizações quinzenais com oxicloreto de cobre (Bergamim Filho, et al, 1995).

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Cercospora hibiscina.




O trabalho foi realizado no Laboratório de Microbiologia do IF Goiano Campus Urutaí-GO onde retirou-se amostras do fungo identificado como Cercospora hibiscina, comum nas folhas de quiabo (Abelmoschus esculentum) , folhas coletadas no campo experimental do Instituto Federal Goiano-campus Urutaí e levadas para o Laboratório de Microbiologia do próprio Instituto. Em seguida, foi utilizado o microscópio estereoscópico (lupa), estilete, fixador lactofenol cotton-blue: 2,6 de ml ácido acético; 62,5 ml de ácido lático; 100 de ml glicerina; 100 ml de água destilada; 1g de corante, 10 ml de água; etanol 70%, lâmina, lamínula, adesivo, microscópio, esmalte, preparou-se lâminas permanentes para análise e observação em microscópio composto.
No microscópio óptico foi analisado o fungo e classificado de acordo com suas estruturas.

Foram realizados registros macro e microscópios utilizando câmera fotográfica digital.


Após, foi feito a prancha das fotos no Power Point, com diferentes visualizações do fungo.





Figura 1. Aspectos morfológicos de Cercospora hibiscina identificada em folhas de quiabeiro (Abelmoschus esculentum), A. sintoma na face abaxial, B. conidióforos agrupados (esporodóquio) (bar=110m), C. Conidióforos e célula conidiogênica entreoblástica trética e de formato ampuliforme (bar=110m), D. Parede interna da célula conidiogênica em início de conidiogênese, E. Conídio longo e filiforme, surgindo a partir da céllula conidiogênica (bar=22m), F. Conídio filiforme, septado e presença de hilo (bar = 12m).


No tecido do hospedeiro o fungo possui uma grande quantidade de sinais fúngicos na face abaxial do hospedeiro, ocasionando um sintoma de amarelecimento generalizado que em progressivas infecções ocasionam lesões necróticas com halos cloróticos de distribuição generalizada (Fig. 1A). Os conidióforos são agrupados em esporodóquios, escuros, multisseptados (Fig. 1B), e apresentam tecido estromático sustentando a base (Fig. 1B) como foi citado por Charles Chupp, (1953). O conídio possui conidiogênese enteroblástica (parede interna da célula conidiogênica dá origem) (Fig. 1D) e com o desprendimento do conídio ao conidióforo observa-se uma cicatriz sendo este tipo de conidiogênese entreoblastica trética (Fig. 1D). Como consequencia a esse desprendimento no conídio observa-se um hilo ou cicatriz de secessão (Fig. 1F).

Os conídios germinam, formando um promicélio ou tubo germinativo que se fixa na superfície vegetal através de um apressório. A hifa originária do apressório penetra de forma direta a superfície íntegra da folha, com o auxílio de enzimas e pressão mecânica; os ferimentos e estômatos também se constituem em portas de entrada para os patógenos.

REFERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bergamin, A Filho, K. HIROSHI, AMORIM, LÍLIAN, Manual de Fitopatologia, vol. 1,3° ed. editora Agronômica Ceres, Princípios e Conceitos, São Paulo-SP, PÁG.850-851,1995.
Braun, U., and Sivapalan, A. 1999. Cercosporoid hyphomycetes from Brunei. Fung. Diversity 3: 1-27.

CENARGEN Disponível em:
Embrapa-Cenargen , acessado em 24-06-2010.

CHUPP, CHARLES, A monograph of the fungus genus cercospora, Ithaca, New York,1953,pág 371.


Ciferri, R. 1929. Micoflora Domingensis. Lista de los hongos hasta la fecha indicados en Santo Domingo. Ser. B, Bot. Estac. Agron. Moca 14: 1-260.


Dennis, R.W.G. 1970. Kew Bulletin Additional Series III. Fungus Flora of Venezuela and Adjacent Countries. Verlag von J. Cramer, 531 pages.


Farr, D.F., & Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, Disponível em:
Systematic Botany And Mycology Laboratory , acessado em 24 de junho de 2010

ÍNDEX FUNGORUM Disponível em: IndexFungorum
acessado em: 22 de abril de 2010.

KIMATI, H., AMORIM, L., REZENDE, J.A.M., BERGAMIN FILHO, A., Manual de Fitopatologia, vol. 2, doenças das plantas cultivadas 4° ed. cap. 61, pág 542, São Paulo: Agronômicas Ceres, 2005.


Mendes, M.A.S., da Silva, V.L., Dianese, J.C., and et al. 1998. Fungos em Plants no Brasil. Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, Brasilia, 555 pages.


Narayan, S., Kharwar, R.N., Singh, R.K., and Bhartiya, H.D. 1997. Some new Cercospora sensu stricto causing leaf spots on vegetable plants from Indian subcontinent. Kavaka 25: 87-92.


PLANTAMED Disponível em:
Plantamed , acessado em: 29-04-2010.
WIKIPEDIA Disponível em: Wikipédia
acessado em: 24-06-10.

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