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quinta-feira, 1 de julho de 2010

“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Rhizopus sp. ”

Lorena Natácia da Siva Lopes.

Do ponto de vista fitopatológico a classe Zigomycetes tem importância limitada. Apresenta dentro da ordem Mucorales, apenas dois gêneros fitopatogênicos de importância: Choanephora sp. e Rhizopus sp. que são parasitas fracos. O fungo é um patógeno não especializado no seu hospedeiro, que infesta um grande número de plantas; invade os tecidos através de ferimentos, apodrecendo rapidamente frutos inteiros deixando intacta apenas a cutícula. A hifa fúngica secreta enzimas pectolíticas que em condições de elevada umidade e temperatura (entorno de 25 oC) durante armazenamento favorecem o desenvolvimento de lesões (Camargo et al., 2005).

O fungo Rhizopus sp. é um sapróbio habitante do solo muito comum, ocorrendo não só em frutos, mas também em outros materiais em decomposição. É contaminante comum presente em de laboratório de manipulação de microrganismos (Bergamim et al.,1995).

Existem 158 espécies e 55 variedades de fungos pertencentes ao gênero Rhizopus sp. O fungo Rhizopus stolonifer (Ehrenb).Vuill,Revue of Muycology foi descrito em 1902. Esta espécie possui 3 variedades representadas R. stoloifer var luxurians, R. stolonifer var. lyococcus, R. stolonifer var. stolonifer. As sinonímias presentes em literatura Crinofera sp. Nieuwl, Mucor sp. Micheli, Pilophora sp. Walbi (Index Fungorum, 2010).

O fungo Rhizopus sp. pode ocasionar doenças em plantas tais como, podridões pós-colheita em frutos de tomateiro, podridões moles ou podridão-floral do-maracujazeiro qual ataca as flores recém abertas e frutos novos (BOMFIM et al., 2007). Pode ainda expressar sintomas em ameixa e nectarina. Foi verificado a não interferência na qualidade sanitária e fisiológica de sementes de abóbora variedade Menina Brasileira da incidência deste zigomiceto (Casároli, 2006).

Detectaram a incidência de Rhizopus sp. em análise sanitária de sementes de mamona em regime de luz contínua. O fungo Rhizopus sp. foi encontrado em sementes e materiais empregados no artesanato; foi relatado que este pode causar alergias humanas e coloca em risco a biodiversidade de insumos e sementes do Brasil (Felix & Resende, 2006).

Pesquisa feita por GOMES et al. (2006), constataram o aparecimento do fungo Rhizopus em sementes de amendoim comercializada em bairros de Maceió, AL .

Foi realizado em Cuiabá, MT, amostragens de grãos de soja comercializadas em supermercados, e nestas avaliou-se a incidência de microrganismos, sendo detectados nas sementes a incidência de Rhizopus sp. (KOBAYASTI et al., 2006).

BOMFIM (2006) avaliou o antagonismo in vitro dos isolados Trichoderma sp. visando o controle do Rhizopus sp., e o autor verificou que todos os tratamentos tiveram potencialidade para o controle do Rhizopus sp. (BOMFIM et al., 2006).

Os fungicidas befenil e fenilbenzeno que são utilizado na proteção de frutas para exportação reduzem grandemente a incidência de podridões causadas por Rhizopus sp. (GALLI et al., 1978). E ainda o fungicida ortofenilfenato de sódio é facilmente solúvel em água, e ainda possui relativa baixa toxidade para animais. É indicado no controle da podridões causadas por Rhizopus em cereja (GALLI et al., 1978).

A fermentação de grãos de arroz causada por Rhizopus sp foi observada por ENDRES et al. (1999).

VIDOTTO (2004) em humanos a zigomicose tem como principal agente causal o fungo Rhizopus sp. Defini-se como zicomicose uma micose com expressão clínica variada, causada por fungos pertencentes a classe zygomycetes (divisão eumycota, subdivisão zygomycotina).
Trata se de micoses gravemente deturpantes, típicas e exclusivas dos países tropicais e subtropicais (África, Indonésia, Sudeste Asiático). Sinonímia presentes em literatura ficomicose, mucormicose (Vidotto, 2004).

O Rhizopus sp ocorre tanto em hortaliças, frutíferas, gramíneas e algumas espécies arbóreas. Destas as espécies que mais teve ocorrência em diferentes estados foi na batata-baroa onde foi diagnosticado podridão pós-colheita e nas sementes e ocorreu nos estados da Paraíba, Paraná, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão. Uva diagnosticado podridão cinzenta do caule, e nas sementes ocorreu nos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Amazonas e Alagoas. Pinheiro diagnosticado nas sementes ocorreu nos estados de Goiás, Distrito Federal, Sergipe, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco. Sorgo ocorreu em sementes nos estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul. Milho causa deterioração pós-colheita e ocorre nas sementes, ocorreu nos estados do Mato Grosso do Sul, Sergipe, Pernambuco e Mato Grosso. Na soja causa podridão pós-colheita e ocorre nas sementes, nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Paraná (Embrapa Cenargem, 2010).

Existem 308 registros de ocorrência de espécies de Rhizopus sp que infectam plantas e destas as espécies que merecem destaque são: R. stolonifer, R. nigricans, R. arrhizus, R. artocarpi. Registros encontrados em todos os continentes (Farr e Rossman, 2010).

O objetivo deste trabalho é apresentar aspectos gerais e morfológicos do fungo Rhizopus.

O trabalho foi realizado no Laboratório de Microbiologia do IFGoiano Campus Urutaí-GO onde retirou-se amostras do fungo identificado previamente como sendo Rhizopus sp., extraído de uma semente.
Em seguida, utilizando-se microscópio estereoscópico (lupa), estilete, fixador lactofenol cotton-blue: 2,6 ml ácido acético; 62,5 ml ácido lático; 100 ml glicerina; 100 ml água destilada; corante: 1g 10 ml água; etanol 70%, lâmina, lamínula, adesivo, microscópio, esmalte, preparou-se lâminas permanentes para análise e observação em microscópio composto.
Foi realizado registros macro e microscópio utilizando câmera digital Canon modelo Power Shot A580. As fotos foram editadas utilizando o programa Microsoft Office Picture Manager para a edição da imagem e o Power Point para elaboração e montagem da prancha.


Figura 1. Aspectos morfológicos do Rhizopus sp. A. Esporângio, esporangióforo e rizóide (barr=22μm), B. Esporangióforos, esporângio e massa de aplanósporos (barr=22μm), C. Detalhe do esporangióforo (barr=2μm), D. Representação do esporângio e aplanósporos do fungo (barr=4μm), E. Aplanósporos estriados irregulares (barr= 9 μm), F. rizóides (barr=7μm).


Os esporos fúngicos observados são denominados de aplanósporos subgloboso, subelíptico marrons escuros e apresentam estrias superficiais (Fig. 1E), esporângios são globosos marrons escuros a negros possuem diminutas imperfeições aparentemente são subglobosos na maturidade (Fig. 1D), esporagióforos eretos simples ramificados alaranjados a marrons escuros (Fig. 1C), rizóides são conectados nos esporangióforos sendo que na ápice podem apresentar columelas esporangiais terminais (Fig. 1F), Todas essas estruturas foram observadas na (Fig. 1A), Não apresenta esporos móveis e sim aplanósporos disseminados passivamente pelo vento e responsáveis pela reprodução do fungo (Fig.1E). Este gênero apresentou uma vantajosa e eficaz velocidade de crescimento em meio de cultura.
A base ou estrutura de sustentação do talo fúngico é composto pelos rizóides que ficam imersos no hospedeiro e localizados na base do esporangióforo (1F), e a partir dos rizóides pode-se observar hifas aéreas, os estolões, que ao tocar o substrato formam novos rizóides e esporangióforos. Somente foi verificado o ciclo assexual, não sendo verificada a presença de zigósporos.
BERGAMIM FILHO, A., KIMATI, H., AMORIM, L. Manual de fitopatologia. Volume 1. Princípios e conceitos. 3ª. edição. Editora Agronômica Ceres, São Paulo SP. 1995 .

BOMFIM, M.P.,, Antagonismo in vitro e in vivo de Trichoderma sp. a Rhizopus stolonifer em maracujazeiro amarelo Disponível em

BOMFIM, P.M., SÃO JOSÉ, A.R., REBOUÇAS T.N.H., NOVAES, Q.S.DE., MATOS, M.A., Antagonismo in vitro de Trichoderma ssp. A Rhizopus stolonifer. Fitopatologia Brasileira 319(suplemento): 321 2006.

CAMARGO L. E. A. et al., Manual de Fitopatologia vol.2, 4oedição, pag.442: 2005.

CASAROL, D., GARCIAI, D.C., MUNIZ, M.F.B., MENEZES, M.L. Qualidade sanitária e fisiológica de sementes de abóbora variedade Menina Brasileira. Fitopatologia Brasileira. 31(2): 158-163 2006.

ENDRES, E., THOMAS, RWSP., PRATES, ER. Rhizopus sp na cultura do arroz, Revista brasileira de zootecnia, 28(4-6): 1999.

EMBRAPA CENARGEM Disponível em: acessado em 29 de junho de 2010.

FARR, D.F., & ROSSMAN, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, Disponível em:, acessado em 29 de junho de 2010.
FELIX, A.A.A & REZENDE, D.V., Identificação de fungos em sementes empregadas no artesanato e desenvolvimento de técnica alternativa de controle, Fitopatologia Brasileira 31(suplemento): 231 2006.

GALLI, F. Manual de Fitopatologia Princípios e Conceitos vol.1 pp. 353 e 354: 1978.

GOMES, A.K.T.L, ELOY, A.P., ALMEIDA, G.T., SILVA, J.C.,AMORIM, E.P. da R., Fungos associados ao amendoim comercializado em Maceió, Estado de Alagoas, Fitopatologia Brasileira Revista 31(suplemento):246 2006.

INDEX FUNGORUM disponível em: <http://www.indexfungorum.org/names/Names.asp> acessado em junho de 2010.

KOBAYASTI, L., CASSETARI, N.D., ALVES, T.C.U., KRUG, R., Qualidade das amostras de soja comercializados na região de Cuiabá – MT, Fitopatologia Brasileira 31(suplemento): 316 2006.
VIDOTTO, V. Manual de micologia Médica, Ribeirão Preto, SP; tecmed, 2004.

WATANABE, T. Pictorial Atlas of Soil and Seed Fungi: morphologies of Cultured Fungi and key to Species, Tokio Japan; Lewis Publis Hers.,1994.



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