quarta-feira, 30 de junho de 2010

“ASPECTOS GERAIS E MORFOLÓGICOS DO FUNGO Glomerella sp.”

Autora: Bruna Ribeiro Machado

O gênero Glomerella sp. é um gênero de interesse fitopatológico e pertencente ao Reino Fungi,divisão Ascomycotina, Classe Ascomycetes, Ordem Polystigmatales, Família Glomerellaceae. Os ascomicetos constituem o grupo mais numeroso de fungos, ocorrendo nos mais variados habitat exercendo saprofitismo e/ou parasitismo, causando diversos tipos de doenças em plantas (Bergamin Filho et al. 1995).


A característica básica da divisão Ascomycotina é a formação, após a meiose, de esporos sexuais, os ascósporos, dentro de uma estrutura em forma de saco, o asco. Comumente, os ascomicetos formam órgãos sexuais (gametângios) diferenciados. O gametângio feminino, chamado ascogônio, é uma célula multinucleada, que freqüentemente forma outra célula terminal receptiva, a célula tricógena, através do qual é feita a passagem do protoplasma proveniente do gametângio masculino - o anterídio (Bergamin Filho et al. 1995).


A classificação dos ascomicetos é baseada nas características morfológicas de suas estruturas de reprodução sexual. O gênero Glomerella sp. está situado na Ordem Polystigmatales, juntamente com outros gêneros também de interesse fitopatológico: Rhyllachora,
Coccostroma e Apiosphaeria (Bergamin Filho et al. 1995).

Hoje são válidas em literatura 103 espécies do gênero Glomerella sp., dentre eles Glomerella acutata, Glomerella cingulata e Glomerella salicis (Index Fungorum, 2010). No Brasil são conhecidos 11 gêneros de Glomerella, o gênero Glomerella sp. foi encontrado no mamoeiro no estado de São Paulo, encontrado também na mamona nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Outros gêneros como Glomerella cingulata foi encontrado em diversas espécies vegetais, como no quiabo, kiwi, cebola, graviola, fruta-do-conde, jaca, carambola, entre outras, na maioria estando presente nas sementes e causando a doença: Antracnose (Embrapa, 2010). Ao redor do mundo são registrados 2389 gêneros de Glomerella como por exemplo: o gênero Glomerella acutata foi encontrado na África do Sul, Espanha e México, o gênero Glomerella cingulata foi o gênero mais registrado, encontrado no Brasil, no Japão, na Austrália, na Córea, na Venezuela, entre outros, o gênero Glomerella salicis foi registrado somente na Rússia. (Sbml, 2010).


As características deste gênero são marcantes e muitas vezes visíveis ao microscópio eletrônico. Glomerella sp. Spald & H. Schrenk apresenta a estrutura de frutificação na forma de peritécio do tipo ostiolado, obteliforme (em formato de pêra) e sub-globosa. Particularmente, o peritécio pode estar imerso no tecido do hospedeiro simples, superficial ou agregado e algumas vezes com desenvolvimento pobre de clípio ao redor da abertura ostiolar (Hanlin, 1997).


O ostíolo, abertura por onde saem os ascósporos, é estreito, inconspícuo; curto, muitas vezes paleo, mais páleo do que o ascoma; pode ter inúmeros pêlos ao seu redor ou pode não ter nenhum pêlo, sendo classificado como glabro; apresenta várias linhas estéreis internamente do tipo perífise (Hanlin, 1997).


O ascoma, o qual abriga os ascos, possui parede pseudoparenquimatossa, outras células possuem parede fina e pigmentada, finas e hialinas. Os ascos são do tipo unitunicados de parede fina, cilíndricos a ligeiramente clavados ou elipsóides; seu ápice não é amilóide e são sésseis ou curtos. No seu interior pode conter de 4 a 6 ou 8 ascósporos (Hanlin, 1997). Os ascos são persistentes, mantendo sua parede após a liberação dos ascósporos, com o ápice contendo um anel estreito. (Bergamin Filho et al. 1995).


Os ascósporos, estruturas sexuais dos ascomicetos, são unicelulares; amerosseptados (não possuem septos); sua coloração é clara, portanto ialina; são bisseriados; seu formato é de elipsóide a sub-cilíndricos; são lisos, curvados e muitas vezes eqüilaterais, e suas dimensões são menores que 20 µmde C(Hanlin, 1997).O habitat característico do gênero Glomerella sp. é parasita ou saprófito de tecidos de plantas vasculares. Possui uma espécie representativa: Glomerella cingulata (Stoneman) Spald & H. Schrenk. A forma anamórfica (asssexual) desse gênero é Colletotrichum sp. (Hanlin, 1997).


Tanto na fase teleomórfica (sexual), gênero Glomerella sp., quanto na fase anamórfica (assexual), Colletotrichum sp., esse gênero fúngico é um importante agente causal do tipo de doença conhecida como antracnose, a qual ocorre em muitas plantas (Bergamin Filho et al. 1995).

O sintoma morfológico da antracnose é a mancha deprimida. Esta doença pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos e manchas nas folhas, hastes, frutos e vagens. Em períodos de alta umidade as partes infectadas ficam cobertas por pontuações negras, denominadas acérvulos (Alves et al. 2010).

As folhas da hospedeira pau-terra-liso, a qual apresentou o fungo Glomerella sp., foram coletadas na cidade de Vargem Bonita DF. Estas foram analisadas no Laboratório de Microbiologia do Instituto Federal Goiano campus Urutaí.

Com o auxilio de uma pinça em formato de agulha foi possível realizar o método de “pescagem direta”. A folha foi observada no microscópio estereoscópico para que, por meio deste método, fosse possível retirar amostras do fungo. Tais amostras foram colocadas em uma lâmina com duas gotas do corante lactofenol cotton blue e levadas ao microscópio ótico para serem observadas.
Sob a microscopia ótica foi possível identificar as estruturas do fungo e classificá-lo somo sendo pertecente a divisão dos ascomicetos e após várias consultas no livro Illustrated Genera of Ascomycetes, pode-se identificar o gênero do fungo: Glomerella sp. Após esta identificação foram retiradas fotos usando a Câmera Digital Canon® modelo Power Shot A580.
Com essas microfotografias e utilizando o programa Microsoft Power Point foi possível montar a prancha de fotos, ilustrando as características do fungo Glomerella sp.
Figura 1. Aspectos Morfológicos do gênero Glomerella sp. A. Mancha foliar da folha da hospedeira Pau Terra liso. B. Acérvulo observado no microscópio estereoscópico. C e F. Formato do ascoma, peritécio, contendo ascos imaturos. D. Ascósporos alantóides (bar =3µm) . E. Ascósporos dentro do asco.



DESCRIÇÃO MICOLÓGICA



O gênero Glomerella sp. encontrado na hospedeira Pau-terra-liso apresentou ascos unitunicados de parede fina tanto imaturos quanto maduros (Fig 1C), nos quais estavam os ascósporos amerosseptados, bisseriados, lisos e curvados (Fig. 1E) com formato alantóide (formato de salsicha) e de coloração clara (hialinos) (Fig. 1D). O ascoma é do tipo peritécio, onde encontraram-se os ascos e as paráfises (Fig. 1F). O asco contém de 4 a 8 ascósporos (Fig. 1E). Pode-se observar também como a doença mancha foliar causa danos a olho nu na folha da hospedeira, no caso Pau-terra-liso – Qualea multiflora – Vochysiaceae (Silva Junior, 2005) (Fig. 1A).




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:




ALVES, R.C.; DEL PONTE, E.M. Fitopatologia.net - herbário virtual. Departamento de Fitossanidade - Agronomia, UFRGS. Disponível em:http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/fitopatologia/referencia.php
, Acesso em: 22 abril 2010.


BERGAMIN FILHO, A.; KIMATI. H.; AMORIM, L.; Manual de Fitopatologia vol. 1: Princípios e Conceitos, 3ª edição, ed. Ceres, 1995.



EMBRAPA CENARGEN disponível em: http://pragawall.cenargen.embrapa.br/aiqweb/michtml/fgbd01.asp Acessado em: 26 de abril de 2010.



Farr, D.F., & Rossman, A.Y. Fungal Databases, Systematic Mycology and Microbiology Laboratory, Disponível em: http://nt.ars-grin.gov/fungaldatabases/, acessado em 26 de abril de 2010.



HANLIN, R.T., Illustrated Genera of Ascomycetes. Volume 1. ed. Apspress. St. Paul, Minnesota, 1997.




INDEX FUNGORUM disponível em: http://www.indexfungorum.org/names/names.asp Acessado em: 26 de abril de 2010




SILVA JUNIOR, Manoel Cláudio da – 100 Arvores do Cerrado: Guia de Campo, Brasília, 2005, pág. 152. Disponível em: http://www.floresdocerrado.fot.br Acessado em: 30 de junho de 2010.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Seguidores

Postagens populares da Ultima Semana